nonna.ayanny Nonna Costa

Um compilado de contos diversos (alguns divididos em partes por serem longos) que se passam no Omegaverso, isto é, contexto Alfa, Beta, Ômega ou ABO. Se não gosta, não leia. Evite Plágio, é um crime babaca Fique em casa e lave as mãos. Para todas as pessoas que estão de quarentena.


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans.

#naruto #abo #omegaverse #universoalternativo #romance #comédia #diversos #yaoi
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A Esposa do Imperador

Tem gente que nasce para ser poderoso.

Tem gente que nasce para ser temido.

Tem gente que nasce para ser filho da puta.

Eu nasci para ser os três.

Meu nome é Sasuke, da Casa Uchiha, e meu atual status é de Imperador. Antes eu era rei, mas isso é o tipo de história que não tenho interesse em contar. Para resumir: conquistei, conquistei, conquistei e tripliquei as terras de meu pai, unificando a nação numa coisa só sob uma mesma coroa.

Se as pessoas concordaram com isso ou não, eu não me importo. O caso é que ante o perigo iminente e só existindo eu para decidir alguma coisa, fiz o que era preciso ser feito. E quem reclamar, está desafiado. Mas acho que a grande maioria gostou da “nova gerência”, já que não sou um soberano tão ruim quanto pode parecer, sabe?

Os impostos que eu cobro não são altos - só para quem me irrita muito eu cobro uma taxa extra de “Gastos Morais”, porque consomem muito a minha paciência e a minha boa vontade, que já são poucas, e acrescento juros de “fiança” - e eu sempre disponho recursos para o cultivo das terras, afinal 50% das produções não-perecíveis são entregues todos os meses a mim para que seja armazenado em meu armazém pessoal - com fins de evitar a fome futura.

Quanto ao resto, tenho meus próprios rebanhos e minhas próprias fontes de renda financeira, o que garante um império bem de boas.

Mas o caso é que com o peso da coroa, vem o peso das responsabilidades e, de quebra, rivalidades herdadas. Eu dou de conta de tudo? Não vou mentir: quase tudo, daí vem meu título de “Filho da Puta Imperial” - que eu tenho certo carinho porque diz muito de mim. Uma das coisas que odeio, evito e penso dez vezes para não mandar para a guilhotina quem me sugere, é a “socialização”. Tenho que fazer eventos para os nobres que são meus vassalos e comparecer com um sorriso no rosto e uma educação que não me pertence.

Eu não gosto de socializar, não gosto de ter que lidar com bajulações e trivialidades que me são inúteis. Prefiro passar o dia dormindo ou o dia guerreando do que estar no mesmo salão de nobres e reis gordos, com as caras rosadas de vinho no rabo e seduzindo mulheres com suas riquezas. Essa parte do trabalho não é para mim, nem um pouco, de modo que consigo fugir às vezes e outras não.

Agora, estou na fase do casamento. Todos os meus conselheiros, os meus generais e quem mais tiver com escalão para exigir alguma coisa de mim me atazanam a cabeça com a pergunta “E quando vai se casar para ter um herdeiro?”. Existem questões mais importantes que casar e ter filhos, como assegurar a proteção das fronteiras mais ao norte. Mas alguém lembra que estamos em guerra?

Não, claro que não, as pessoas só querem saber de eu encontrar uma mulher, fodê-la e pôr mais um monte de Uchihas mal encarados no mundo. Não, obrigado, dispenso. Já é difícil lidar com um só Uchiha, sendo eu mesmo, não quero ter que ouvir gritos de “papai, papai” quando estiver dormindo. Quero paz, Senhor, paz para vencer minha guerra e dormir tranquilo sabendo que os aldeões estão salvos, é pedir demais por algum acaso?

Eu não estou me negando a transar com mulheres, veja bem. Eu gosto de sexo. Sexo é bom. Mas com o sexo vem os filhos e eu não gosto de crianças. É só por isso que evito. Meu padrinho era um guerreiro poderoso que me ensinou tudo e um pouco mais do que sabia, mas gostava demais de companhia femininas - não que seja errado gostar delas, na verdade é muito bom. O que aconteceu? Pimba, a mulher aparece anos depois com um moleque que é praticamente gêmeo do meu padrinho quando ele mesmo era moleque. E aí? Foi obrigado a largar tudo e virar Conde para casar e ser pai.

Gosto da guerra, da batalha, do tintilar das espadas e dos machados, gosto de estar na linha de frente e ver o medo no rosto dos meus inimigos, gosto de saber que pelo meu esforço e a minha coragem, outros homens serão inspirados a proteger a nossa nação, eu gosto de tudo isso.

Se eu casar, adeus. E eu acho que está muito cedo para dizer adeus para a vida que construí e glorifiquei em 20 anos. Mas, por mais que o deserto queira ficar seco, mais cedo ou mais tarde a chuva vem, já diz meu padrinho. A vantagem é que eu posso escolher “a chuva que vai cair no meu deserto”, então tem uns dois anos que venho usando a desculpa de não gostar das mulheres que me são oferecidas para evitar o casamento. Sempre que posso digo “Não, essa não será boa rainha. Não, essa não é boa parideira. Não, essa não vai ajudar em nada no reino.” Toda desculpa é válida.

E quando alguém usa o argumento de “é bom criar alianças sólidas para proteger o reino”, uso um dos milhares de sobrinhos que meus irmãos deixaram como forma de assegurar tais alianças.

Eu sei. Eu sou muito filho da puta. Enquanto houverem sobrinhos, sobrinhas, primas e primos em idades matrimoniais, eu os uso como moeda de troca. Achou ruim? Lide com isso porque eu não estou nem aí e, até agora, ninguém reclamou da minha postura. Só o meu padrinho, mas ele não conta.

Já deu para entender algumas coisas a meu respeito, mas existem outras que eu preciso falar logo agora para não ter ninguém dando chilique no futuro.

Não foi da noite para o dia que me tornei rei. Na verdade, minha subida ao trono foi bem conturbada porque meu pai, apesar de ser um ótimo rei para o nosso povo, tinha mil e uns inimigos. Antes de eu nascer, vivíamos tempos conturbados de constantes batalhas que reduziam nossas fronteiras naturais e limitavam o nosso poder, além de matar muitos dos nossos inocentes. Os Uchihas já não eram tão fortes quanto antes porque faltava uma presença militar para dar força aos exércitos. E foi aí que apareceu meu finado irmão mais velho.

Ele era poderoso e o mais habilidoso guerreiro que já vi - inclusive, foi meu mestre assim que aprendi a andar e a segurar uma espada. A esperança voltou para nossas terras e os aldeões sentiram fé em nosso sangue, conclamando a Casa Uchiha como soberana de novo. Era tudo o que meu pai precisava: da fé do nosso povo para reinar e do respeito dos soldados para reconquistar.

Meu irmão foi o maior general dessa terra - mesmo que muitos digam que sou eu porque converti um reino em império -, pois graças à sua inteligência superior e às suas habilidades em batalha que o caos foi reduzido e nossa nação respirou.

Meu sonho era ser como ele, então eu o imitava, eu seguia suas instruções à risca, eu estudava e treinava até quando o sol não estava mais no céu para merecer um dia estar lado a lado com meu irmão e ser digno da honrosa presença dele e, aos poucos, ele mesmo me reconheceu com um guerreiro de sangue nobre, que merecia o brasão Uchiha.

Puta merda, eu era uma criança muito feliz e muito habilidosa na luta e nos estudos. Você não tem noção do quanto meu ego ia para as estrelas quando eu o ouvia dizer “Um dia, você será invencível e nem eu serei capaz de negar isso”. Foi quando, numa noite, uma voz chamou meu nome e eu, sem perceber, a segui até o Lago Sagrado.

Hoje em dia, este lugar não existe mais, no entanto, era um ambiente silencioso e escondido na floresta que contorna o meu castelo. Quase ninguém sabia a localização dele, apenas os Altos Sacerdotes, mas eu cheguei lá e tive aquela sensação de já ter estado naquele lugar tão belo e tão mágico. Lembro-me bem de que ao me refletir na água, eu não vi a mim mesmo, mas a um animal muito belo e muito diferente, que esticou sua pata para tocar a minha mão quando eu espalmei a água.

Fui tomado por uma força poderosa, algo que me transformou para sempre e quando me dei por conta, havia uma espada na minha frente. Presa numa pedra. E você já viu essa história antes. Eu sei, eu li também. Fui até ela e a retirei da rocha, erguendo-a para o alto a fim de que sua lâmina fosse iluminada pela lua cheia. Senti que havia uma misteriosa conexão entre mim e aquela arma.

Quando retornei ao castelo, ele estava em chamas e alguns de meus parentes estavam crucificados no pátio. Meu irmão ainda lutava, mas logo foi derrotado e bem diante de mim. Ele implorou para que eu fugisse, para que me deixassem viver, pois eu só tinha 12 anos de idade, mas foi inútil. Os inimigos de meu pai mataram meu irmão e vieram até mim com a intenção de destruir a linhagem real para toda a eternidade.

Não lembro o que se passou quando a raiva que senti pela morte de meus pais tomou conta de todo o meu ser e me fez arder como o meu castelo. Apenas recordo que quando tornei a mim, ao raiar do dia, os invasores estavam mortos, minha nova espada e meu corpo estavam banhados de sangue e meus parentes sobreviventes me olhavam com horror. Para onde meus olhos iam, eu percebia tudo ao meu redor completamente diferente, ainda que parecesse o mesmo.

Foi o único general de meu pai que sobreviveu ao ataque repentino, a quem trato como meu padrinho, que me disse o que aconteceu comigo, o que eu fiz e no que me tornei de fato e é agora que explico outro negócio sobre o meu mundo que talvez deixe tudo com mais sentido.

-Nossa Senhora, moleque, eu nunca vi um alfa tão furioso em toda a minha vida. - Kakashi comentou ao se sentar ao meu lado, na escadaria de acesso externo ao pátio do castelo. Eu o fitei confuso. - Ah é verdade. Não deu tempo de seus pais lhe dizerem.

-Acabei de me tornar órfão… Como pode falar assim comigo? - resmunguei, limpando meu rosto com a manga da camisa. Mas me sujei mais do que realmente retirei o sangue. Por sorte, disfarçou as minhas lágrimas. Nunca gostei que me vissem chorar. - Alfa?

-Desculpe pela insensibilidade, mas você acaba de se tornar rei. - arregalei meus olhos. - Óbvio que só será coroado aos 15, é máximo que podemos adiantar haja vista que é uma boa idade para casamentos, mas agora a coroa é sua. E eu preciso que se mantenha firme para que nosso reino não caia de novo, Sasuke, é importante que mantenha o legado do seu pai e do seu irmão mais velho vivo. Por isso a minha insensibilidade nesse momento de caos.

-Claro. Farei isso. - apertei meus punhos e fitei a espada deixada entre nós dois. - Eu tenho 3 anos para chorar a morte da minha família e ficar forte para reinar. Outras famílias dependem de mim. - falei choroso, tentando parecer forte.

-Não se preocupe. Estou contigo. - me avisou ao me abraçar e eu me senti mais seguro. - Agora é o alfa mais poderoso do reino, talvez do mundo. Chore agora, mas saiba que logo uma nova era na sua vida vai começar e você tem que estar de pé.

Depois de um mês, tempo dado pelos sacerdotes ao luto real, meu padrinho começou o árduo treinamento para me tornar alguém digno da cadeira que pertenceria ao meu irmão. Ele morreu honrado, em batalha, como todos os grandes guerreiros morreram, tal como meu pai e minha mãe, então eu tinha que ser digno deles. O reino precisava de mim e eu precisava ainda mais de mim mesmo para ser rei, de modo que passei os 3 anos recluso no castelo, sob a custódia de Kakashi.

Três anos foi o tempo, também, usado para reconstruir a cidade e o castelo, focando naqueles que mais perderam - aqueles que estavam provisoriamente abrigados na parte não atingida pelo fogo em meu lar. Foi o melhor que meu padrinho, Regente, conseguiu fazer. Foram três anos difíceis, com muito racionamento de alimentos e outros recursos, mas estava claro para todos que a Casa Uchiha não fora diretamente a culpada por aquela miséria. O reino inimigo queria nos destruir da pior forma.

Foi muito triste ver meu próprio chão sangrar daquele jeito, mas eu não podia tomar qualquer atitude enquanto não tivesse idade o suficiente para carregar a coroa e Kakashi me sentenciou ao estudo intensivo e treino que tiraria o couro de qualquer um para isso.

Ele me explicou no que eu me tornei depois do evento misterioso no bosque - inclusive as árvores foram destruídas pelas chamas e o lago foi contaminado pelos corpos mortos de pessoas que foram jogadas lá. Uma merda de cortesia dos inimigos do meu pai. Eu sou um alfa. Supostamente nasci para liderar todos os outros porque, numa escala de poder, eu estou no topo, só que existem outros alfas que podem reivindicar a soberania, até mais bonitos que eu.

O que eu - naquela época, um moleque franzino de quinze anos cuja coroa escorregava pela cabeça sempre que posta e parecia um graveto num trono gigante de pedra - tinha de tão diferente para me fazer reinar sobre outros alfas, como Kakashi?

Simples. Ou parece simples. Ou Kakashi fez parecer simples. Sei lá, segue com a explicação. Eu era o que se conhece como Xamã - uma raça mística de seres humanos capazes de transmutar suas formas humanas em versões fortes de animais conhecidos - e meu Totem é a Harpia, uma das mais poderosas e perigosas aves do mundo - até mais que certas águias, segundo os romanos.

Confesso que fiquei bem macho ofendido quando Kakashi me revelou tal coisa. Todas as lendas e histórias que eu sabia sobre Harpias se referiam a mulheres e eu sou homem. Achei que essa característica iria reduzir a minha masculinidade, mas não foi bem assim.

Quanto mais eu estudava sobre minha natureza xamã e sobre a ave Harpia, mais eu compreendia porque ela existe em mim e mais eu ignorava essas questões “masculinas”. Enfim, depois do meu esclarecimento pessoal ante uma crise escrota, continuo com as explicações. Alfas comuns são fortes por causa dessa energia mística, mas os alfas xamãs são mais porque podem assumir uma forma meio animal, meio humano - tipo os lobisomens ou os centauros, sabem?

Ainda havia uma estranha situação de que os alfas xamãs, quando se enfrentavam entre si, podiam adquirir o dom do outro. É tipo quando dois guerreiros se enfrentam, um perde e o vencedor fica com a espada e a armadura do outro, entende? As marcas das vitórias surgem no corpo do alfa vencedor, seus troféus se achar mais fácil entender assim, como desenhos cravados em sua pele.

Mas para isso, para se obter a vitória, é preciso fazer algo muito pouco elegante - na concepção de Kakashi - e que eu acho muito legal - eu já mencionei que não recebi o título de Filho da Puta Imperial porque sou um bom samaritano nas horas vagas. Para se adquirir o xamã de outro alfa, como ensinaram os antigos aborígenes e selvagens das florestas densas e sombrias de onde vieram todos os alfas xamãs - inclusive os Uchihas -, é preciso comer a carne do derrotado. Eu sei, parece canibalismo, mas não é porque não se come muitos pedaços para encher a barriga, é apenas uma abocanhada generosa na marca xamã para lhe consumir o poder.

É muito bizarro, mas é muito legal, não posso negar e combina muito com a minha natureza. Quero dizer, existe coisa mais coerente com um moleque arrogante de quinze anos do que derrotar um guerreiro orgulhoso, encher a boca com a carne e o sangue dele e bancar a besta-fera enquanto é tomado por um novo poder? Claro que não. É bizarro e violento, não nego, mas coerente comigo.

Um dos poderes mais importantes, o segundo que dominei com os anos de estudo - pois o primeiro foi obviamente o de me transformar em Fera -, foi a Bestialidade - nome dado por Kakashi, não ria. Basicamente consiste na capacidade de manifestar na forma humana as características mais importantes ou que mais se destacam dos Animais Totens. Meu padrinho me ensinou que quando a força do homem falhasse na batalha, eu deveria usar o meu poder, mas nunca revelá-lo à toa, pois poderia ser meu trunfo sobre legiões inteiras.

A velha tática do ataque surpresa, a rasteira que ninguém viu: quando o inimigo pensa que te venceu, você faz uma marota reviravolta ao mostrar sua carta final.

Kakashi me explicou que tal dom que me foi concedido pelos espíritos mágicos do antigo Lago Sagrado, que suspeitavam da queda repentina do nosso reino, era a prova de que eu era rei por direito, por mais que houvessem primos meus mais velhos.

Não havia um ou dois alfas ansiando esquentar o trono de meu pai com suas bundas patéticas, mas um “bocadinho” e eu soube disso no meu aniversário. Quando a minha 15° primavera chegou, fui despertado pelo instinto da harpia. Havia alguém em meu quarto e este alguém tentou me esfaquear enquanto eu dormia, mas ele não contava com o fato de que eu não era mais o moleque de 12 anos assustado e sonhador que vivia uma utopia. Eu era uma puta harpia perversa, pronto para estraçalhar o pescoço de quem quer que aparecesse em meu caminho e quisesse me desviar do meu destino.

Matei o príncipe de um reino vizinho que se dizia aliado de meu pai e jurou lealdade à coroa. Naquela madrugada, eu entendi que diplomacia e bondade não salvariam meu reino, não no começo. Tentaram me matar na sacanagem, então eles mereciam um rei filho da puta e violento.

Passei os 5 primeiros anos de meu reinado treinando os meus exércitos, ressuscitando as antigas artes de combate físico e de guerra esquecidas na biblioteca. Trouxe do exílio os mestres da luta e das armas para me treinarem e me tornarem o guerreiro mais habilidoso que podia existir. E eu praticava muito, defendendo as nossas fronteiras com o poder da Harpia, a ave caçadora que toca o terror desde os tempos de Homero.

Meu irmão sempre me disse: “Ser o melhor de todos, Sasuke, é nunca parar de lapidar o seu corpo e a sua mente, pois sempre haverão aqueles que sabem mais do que você em alguma coisa”.

Meus exércitos entraram na dança, por assim dizer, e os líderes de cada pelotão que me atendia foram igualmente treinados. Quando completei 20 anos, e já havia aderido mais de 5 ducados e 2 reinos ao meu, e eu comandava o mais poderoso exército que um alfa poderia criar, embasado na lealdade, no respeito e no terrorismo. Percebi que meu desejo de vingança pelo fim injusto que a Casa Uchiha recebeu não era razão suficiente para motivar milhares de soldados.

Respeito e lealdade eram boas razões - com bem dosadas pitadas de medo de mim.

Depois eu toquei o terror - e deixei que os alfas generais tocassem também - para que os “novatos” não estragassem a minha obra de arte. Para garantir também, eu enfrentei um ou dois alfas xamãs, que quase me mataram por serem mais fortes e mais experientes que eu, e venci com muita dificuldade. Eu ficava mais forte a cada batalha, ficava mais sábio a cada ano, entendia melhor as coisas com o tempo e quando completei 30 anos, já era Imperador proclamado pelo povo.

Acumulei ao longo dos anos mais cinco animais de poder e cheguei ao ápice do meu próprio dom, chegando a criar dois tigres para intimidar meus inimigos. Como viram, além de filho da puta, virei um temido e poderoso rei. Eu disse que podia ser as três coisas sem nenhum problema, porque eu nasci para ser as três coisas sem medo de ser feliz e sem derrubar uma gota de vinho.

E chegamos ao atual ponto da minha vida em que tenho que lidar com uma crise terrível no Norte e com uma crise chata no pé do meu ouvido. Uma das melhores táticas que tenho para escapar é a de me enfiar debaixo dos lençóis e fingir que não é comigo ou que estou de mau humor. Isso funciona com todo mundo, exceto com meu padrinho - que no auge dos seus 53 anos já devia ter morrido e me deixado em paz - porque eu deixo ele me irritar.

-Sasuke Uchiha! - as portas do meu quarto quase foram derrubadas e por elas passaram zunindo meus dois tigres de estimação, Izanami e Izanagi, que saltaram sobre mim para me acordar, e Kakashi. - Tem cinco segundos para sair da cama antes de eu te derrubar com Mil Anos de Dor.

Tal qual um macaco, eu saltei do móvel e corri para o ponto mais distante do quarto, protegendo a minha retaguarda do castigo terrível que seus dedos unidos podiam provocar.

-Nunca falha. - ele riu e escancarou a cortina. Eu fui para o outro lado, sempre protegendo a minha bunda já não mais virgem e pura por culpa desse velho safado, e encurtei meu olhar, atento. - Muito bem, meu único, querido e babaca afilhado, se apronte e coma bem. Conseguimos cercar o fronte central e agora é hora do golpe de misericórdia.

-Já era hora de eles se renderem. - suspirei aliviado e fui para o banheiro, deixando Izanami de guarda caso Kakashi resolva atacar. Fêmeas sempre são mais protetoras e agressivas que os machos. - Então… A família real vai se entregar por bem?

-Não. - eu sorri enquanto me lavava. - Eles são um povo muito orgulhoso, mais do que você, e vão deixar para última hora para decidir se vai ser mel ou cabaça. - que lindo, pensei ao me secar e vestir minhas roupas de batalha, que basicamente consistem numa calça negra, uma camisa branca por baixo de uma túnica de couro, botas e luvas.

-Quem sabe quando você disser que vai usar os Mil Anos de Dor, o rei não ceda. - sugeri e Kakashi gargalhou por trás do cachecol que esconde sua cara patética de guerreiro velho. - Papo sério. - imitei as posições de seus dedos e gesticulei uma enfiada bruta. - Pode funcionar mais que minha cara de mal. É pior que muita espada afiada. Digo por experiência própria.

-Vou guardar como golpe surpresa. - concordei de imediato e comecei a vestir minha armadura com a ajuda de Kakashi. - Lembre-se…

-“Dê uma chance de desistir”. - falamos juntos e eu revirei meus olhos. - Eu estou há 20 anos nesse ramo, meu caro, devo ter algo de experiência. Sei negociar de forma eficiente e persuasiva. - uma vez pronto, fui para a sala de jantar comer alguma coisa e então partimos para o Norte.

Foram 3 dias a cavalo para o meu padrinho, mas eu fui voando, porque tenho que chegar com estilo é claro. Tem um ditado que minha avó dizia que Deus não dá asas à cobra, mas ele me deu, então eu chegarei voando como o próprio Anjo da Morte. Só para constar, o primeiro e mais difícil alfa xamã que derrotei era uma cobra e admito que é uma ironia dos infernos.

Não matei o alfa em questão, depois que perdeu seu poder, pois ele era um digno guerreiro. Comer a carne do alfa não implica diretamente no ato de matá-lo, é algo facultativo nesse ritual curioso. Infelizmente, anos depois por ele mesmo, sua vida foi tirada e nunca me foi dito por quê. O alfa não morre ao perder o dom xamã, mas fica bem fraco por um tempo.

Quando eu cheguei ao campo de batalha, estava uma verdadeira bagunça do lado de lá, pois uma chuva pesada tinha caído pela madrugada e criado um verdadeiro lamaçal. Meu exército atacava de longe e sobre animais - cavalos no caso, calma, não pense besteira - para evitar o caos que se instaurou do outro lado da briga. Puta que pariu, cadê o orgulho do qual eu ouvi tanto falar que a Casa Uzumaki ostenta como a joia máxima de sua coroa de ouro?

Isso aqui está digno de pena. É melhor que eu dê fim a essa zona antes que os dois lados percam soldados sem necessidade nenhuma. Como eu estava pousado numa árvore na forma de homem, corri pelo galho grosso até chegar o fim e saltar para o meio da contenda. Já caí por cima de uns 3 inimigos e puxei meu machado para combatê-los. Claro que não vou entregar a surpresa da minha espada, que batizei de Excalibur só por causa da tal lenda que parece com a minha.

-É o rei!!! O Imperador Negro!!! - gritou um dos meus. Negro porque minha armadura é dessa cor tal qual a maioria das minhas roupas. Estou de luto eterno por causa do que se passou naquela noite? Estou. E se reclamar, está desafiado. - Falei que ele viria e lutaria conosco!!!

-Estou entre os mais dignos para mais uma vitória! - falei alto para que me ouvissem e o exército inimigo foi se reagrupando. - Um rei jamais foge à luta na porta de sua casa! - apontei para a linha de soldados à minha frente. - Meu machado vai cantar! Loucamente!

Com um grito de guerra - porque se você está no meio de uma batalha de exércitos e não grita, não está lutando direito - corri na frente de todo o pelotão para dar os primeiros golpes. Infelizmente foi na lama? Foi, mas quem nunca sujou as mãos quando foi fazer alguns pães? Pois é. Derrubei os três da frente com um golpe só ao girar o meu corpo e já me preparei para atacar os que me rodearam, dançando o machado em minhas mãos de forma habilidosa.

Ouvi o impacto dos cavalos contra as pessoas e me afastei, para não ser pisoteado. A ideia era matar poucos, derrubar muitos e causar uma boa impressão para que os aldeões não pirassem. Sem pilhar. Não sou soberano de hordas de bárbaros, pelo amor de Deus, de selvagens vorazes. Somos do mal? Talvez, na maioria das ocasiões. Mas somos civilizados do mal e eu não vou permitir que isso mude logo na reta final da minha conquista.

Eu me diverti tanto tentando não morrer e não matar, resistindo ao desejo de invocar meus poderes xamãs e de usar a minha espada, que nem vi o tempo passar e a batalha acabar em vitória.

-Vida longa ao Imperador! - berrou um dos soldados que esteve ao meu lado por todo aquele tempo, protegendo a minha retaguarda. Não a minha bunda, mas o ponto cego do meu estilo de luta. - Vencemos! - todos urraram e eu apenas sorri. Meus soldados receberam o direito de se divertirem naquela noite no acampamento e eu fui me limpar da lama.

As pessoas só sabiam que eu era o Imperador porque alguém dizia, pois se dependesse da minha aparência, nem eu saberia que sou eu caso me olhasse no espelho.

Quando o sol raiou no dia seguinte, eu já estava de pé e meu padrinho chegou, armado em sua espada. Eu rio tanto dessa vontade maluca dele de lutar de novo, sem nenhuma necessidade. Do alto da colina onde a tenda real foi posta, eu mostrei-lhe a vitória do meu povo: os meus soldados levando alimentos e os médicos até os cidadãos e aos soldados inimigos feridos, como sinal de paz. Meu padrinho me abraçou rindo de felicidade por eu ter agido de maneira prudente e eu só revirei os olhos.

-Você me subestima demais, Kakashi, eu sei cuidar do meu império e sei vencer uma luta sem fazer bagunça. - comentei sentado num trono improvisado enquanto esperava. Kakashi desviou seu olhar para o outro lado e resmungou algo que não entendi.

-Não seja arrogante dessa vez. - ele pediu.

-Vou ser arrogante. - avisei.

-Não seja.

-Vou ser.

-Não seja.

-Eu sou. - cortei e ele revirou os olhos. - Eles desafiaram a minha autoridade e ameaçaram o meu reino. Lutei sem causar grandes estragos, logo eles merecem a minha babaquice cavalar. - Kakashi riu e eu esfreguei as mãos. Se eu não posso matar e nem pilhar, eu posso humilhar.

Por volta do meio-dia, a comitiva da derrota chegou e eu os recebi bem. Sério, eu recebi da forma como a realeza bem-vinda deve ser recepcionada. Mantive-me sentado no trono e Kakashi ficou alguns passos à frente, com a mão na empunhadura da espada, enquanto as pessoas se organizavam naquele espaço para tudo parecer bacana. Aparentemente, o rei derrotado trouxe uma oferta de paz para continuar no poder como soberano.

-Oh Grande Imperador Negro, aquele que conquista a tudo e a todos com sua…

-Sem bajulação. - interrompi-o. - Vá direto ao assunto que tenho uma bagunça para limpar. Uma bagunça desnecessária que você causou. - indiquei o rei e ele assentiu veementemente.

Fez sinal para que uma das mulheres ali se erguesse e viesse até perto de Kakashi, ficando na minha frente. Ela estava com o rosto coberto por um véu branco que não me deixava notar nem suas feições, mas a forma como suas vestes se ajustavam em seu corpo revelava uma mulher formosa. Kakashi me fitou - e eu sei que ele está sorrindo que nem um idiota - e fez legal com ambas as mãos, aproveitando que todos estavam cabisbaixos.

Ela usava um vestido branco com renda azul e por cima havia uma espécie de kimono azul claro, grande e largo que lhe cobria os braços e arrastava no chão. Sua formosura estava adornada por algumas joias singelas de ouro e pedrarias combinando com as cores das roupas. De maneira honrosa, ela se ajoelhou na minha frente e se curvou sutilmente numa postura submissa que me surpreendeu.

-Ofereço minha única filha como proposta de paz, majestade. A joia mais bela de todo o reino, uma rosa rara dentre os jardins dos deuses, a mais cobiçada por todos os homens. - indicou-a e eu fitei o rei. - Aceite-a como símbolo de uma aliança entre nossos reinos e assim será a prova de que a guerra acabou. - sorria para mim como se houvesse a remota possibilidade de me vencer naquela contenda. Por que existem pessoas mais cabeças duras que um prego enferrujado?

-A guerra já acabou, Majestade, eu não preciso de nenhuma aliança com você, apenas de sua obediência como rei derrotado. - ele arregalou os olhos quando se deparou com o meu sorriso. - E se não fizer isso, vou entender como um ato de guerra e aí sim, você conhecerá as Hordas Imperiais.

Ele estava assustado e eu sei que meu padrinho luta bravamente para não rir. Fitei os homens atrás do rei e encurtei o olhar: eram os seis filhos. Curioso. Sete herdeiros, mas só uma filha. Isso sim é sorte. O derrotado começou a argumentar com muita eloquência para me convencer.

Convenceu meu padrinho e meus conselhos, ou seja, eles se reuniram comigo depois que a realeza Uzumaki foi enviada para outra tenda a fim de esperar a minha resposta.

-Vai casar. - Kakashi foi direto. Encarei-o como se pudesse obliterá-lo assim. - E nem me vem com essa cara de limão azedo, Sasuke. Vai casar. É obrigação do Imperador casar e ter herdeiros legítimos, ou você esqueceu que é o único Uchiha no mundo?

-Eu gosto de ser o único Uchiha no mundo.

-Mas não será para sempre. Pode até ser por muitos e muitos e muitos anos, mas não para sempre e cedo ou tarde não vai conseguir mais alianças. E sabe por quê? - os conselheiros me observavam com muita atenção. Eu odeio quando Kakashi tem razão.

-Porque não terei moeda de troca.

-Exatamente. - ele apoiou as mãos na cintura e arfou. - Até meus quatro filhos já se casaram e já me deram netos, o que garante a Casa Hatake e o meu condado, mas a Casa Uchiha e o império… - começou a tagarelar aquele papo político sobre hereditariedade de novo.

-Certo! Certo! Eu caso. - quase berrei. Os conselheiros bateram palmas para a desenvoltura de Kakashi, mas pararam quando eu os fuzilei com o olhar. - Pelo menos é sangue guerreiro.

22 Mars 2020 14:12 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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