bhpoiano B. H. Poiano

Bruce trabalha como bombeiro em uma colônia lunar chamada Bralis, depois de apagar um incêndio suspeito decide acompanhar as investigações.


Science fiction Tout public.

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O Incêndio

Eu comia com minha família naquele dia. Heloisa, minha esposa, comprara e assara um frango, pois era uma ocasião especial. Arthur, nosso filho, completara cinco anos e sorria enquanto comia uma coxa maior que seu antebraço. Não era sempre que tínhamos a oportunidade de comer algo assim e sempre guardávamos para dias especiais, os quais, nos últimos anos, eram todos relacionados a Arthur.

Comíamos assistindo um programa histórico sobre como as pessoas viviam nas antigas cidades terráqueas. Assim que acabamos Heloisa retirou a mesa, não lavei a louça pois nosso estoque de água estava em apenas trinta porcento. Na tela, comerciais passavam, mas um em particular chamou minha atenção. Um rapaz moreno, novo e saudável, vestia terno e em seu dedo um anel dourado. Ela mostrava suas qualificações, áreas que estudou, o histórico de sua família e origem. Falou de seu pai, de como ele o inspirava e de como sentia falta de sua mãe.

– Sou esforçado e sei fazer minha parte. Se seu negócio precisa de ajuda especializada, me contate, terei o prazer de me juntar a sua empresa, ou melhor, sua família! – Números e códigos apareceram na tela e uma opção para salvar o anúncio. Salvei.

– Quem é, amor?

– Não se preocupe. – Assisti o comercial novamente, um sorriso brotou em meus lábios.

Heloisa levava Arthur para tomar banho quando fui até o deposito pegar as minhas ferramentas. Sai de casa e a lua estava tão iluminada quanto era possível, estávamos na fase diurna, ficaríamos ainda mais uma semana tomando sol, então seguiremos para duas semanas no escuro.

Com minhas ferramentas, subi no telhado e já descobri o problema. Heloisa me falara hoje que os níveis de energia não estavam subindo como o esperado, que devia ter algum problema com os painéis solares. Ela tinha razão, e olhá-los cheios de areia lunar, me lembrou que eu não coloquei uma máscara. Desci até minha casa e encontrei meu capacete pendurado na porta. Vesti-o e senti seu peso.

Subi até o telhado novamente e comecei a aspirar a areia fina, uma camada de poeira subiu e fiquei feliz de ter escolhido meu capacete ao invés da máscara respiratória, se essa areia entra nos meus olhos é uma semana ou mais afastado do meu serviço. Do teto de minha casa observei o céu escuro e a Terra, distante e azul, tão linda quanto as histórias contam. Olhei o resto do bairro. Éramos milhares de casas que circulavam o centro, onde dezenas de prédios, tão altos que chegam a tocar a redoma, dividiam e compartilhavam espaço aéreo. Para terminar passei um pano sobre os painéis.

Antes de entrar em casa, bati a poeira do meu corpo o máximo que pude, mas antes que eu pudesse abrir a porta, no meu capacete a voz aflita de Lucy chamou-me.

– Bruce! Emergência. 60200. – A porta abriu e todas as luzes da minha casa acenderam. Automaticamente corri para o armário onde meu uniforme estava. – O Caminhão estará aqui em dois minutos para te buscar.

– Quais grupamentos foram chamados? – Perguntei colocando meu uniforme.

– Decimo terceiro, quarto e quinto.

– Amor? – Heloisa soava preocupada.

– Houve um incêndio, Bruce está indo para o local. – Respondeu Lucy antes que eu pudesse pensar numa resposta.

Escutei a sirene do Caminhão se aproximando. Ele buzinava incessantemente. A porta se abriu quando sai do armário, corri para fora. Vi a gigantesca nave se aproximar. Todo o bairro se iluminou. Eu sabia que ele não iria parar, quiçá diminuir. Estiquei a mão, o uniforme se fortaleceu e no meu antebraço um eletroímã ativou-se. Lucy contou regressivamente e no último número senti segurarem meu braço com força.

A nave subiu e eu fui puxado para cima do veículo. O Caminhão subiu acima dos trens, dos carros. Em um espaço onde somente nós tínhamos permissão para voar, e acelerou fortemente. Nossas naves eram as únicas com permissão para serem dirigidas. Lucy nos dava informações sobre o tamanho do prédio, seus arredores, a temperatura da chama, a quantidade de vítimas, se houve morte ou soterramento.

Antes mesmo de chegarmos perto do prédio já o víamos de longe, não era um dos maiores, mas as chamas estavam assustadoras. Chegamos ao local antes das outras naves, antes mesmo dos médicos. Pessoas corriam de dentro do prédio em pânico, ao ouvirem a nossa sirene abriram espaço correndo em todas as direções. O Caminhão parou e eu pulei. Lucy liberou as mangueiras.

– A chama já consumiu cinco porcento do oxigênio. – Disse Lucy. – Dióxido de carbono já chegou na redoma.

Tínhamos procedimentos bem específicos para essas situações, e os treinávamos a exaustão. Três apagavam a chama por fora enquanto dois entravam no prédio trabalhando de dentro para fora e se houvesse alguma vítima ali, a salvamos.

Lucy abrira as portas do prédio e Sergio e eu entramos jogando espuma em qualquer foco de chamas que encontramos. Avançamos pelo primeiro andar. Lucy avisava onde havia pessoas que não conseguiram fugir e trabalhávamos nosso caminho até elas. Em uma das salas havia dois homens escondidos embaixo de uma mesa. Madeira. Socorri ambos colocando máscaras nos mesmo e os acompanhei até a saída, onde naves médicas atendiam as pessoas. A polícia cercara o local.

As duas outras naves já haviam chegado e eles se preparavam para entrar no prédio.

– Oito porcento do oxigênio consumido. – Anunciou Lucy.

– Já estamos no primeiro andar. – Disse aos que chegaram. – Entrem no quinto e decimo, vão descendo. – Eles assentiram.

Voltei para o prédio com mais máscaras. No primeiro andar quase não saia mais fumaça, a espuma que jogávamos além de apagar o fogo, grudava na fumaça impedindo-a de subir e se espalhar, deixando uma mistura grossa e preta no chão.

No segundo andar encontramos três garotas escondidas na cozinha, e no terceiro, um homem. Do quarto para cima já não havia ninguém. Apagamos a chama do prédio todo em menos de dez minutos.

– Apenas treze por cento do oxigênio da redoma consumido. – Anunciou Lucy. – Bom trabalho, Bruce.

– Obrigado. – Disse retirando o capacete. Limpei o suor e me aproximei das naves. – Quem foi o último a chegar?

– Desculpe Coronel. – Um dos homens se aproximou. – Tive problemas com meu uniforme. – Me aproximei dele a passos largos, encarei-o de cima a baixo com autoridade.

– Tem noção do perigo que você colocou esse estado? – Encarei toda a tripulação daquela nave. – Diga a eles quanto de oxigênio fora consumido, Lucy.

– Treze, Coronel. – A voz dela soou em todos os capacetes.

– Quanto teria sido consumido se tivessem chegado na hora?

– Dez, Coronel. – Eles ouviam de cabeça baixa.

– Dá próxima vez o deixem para traz. – Disse tentando manter a calma. – Vão e limpem toda a fumaça que subiu e então ficaram um mês de suspensão sem salário. Você. – Virei para o praça. – Vai ficar um mês preso.

15 Décembre 2019 00:56 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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