O olhar dela era como uma miragem, ia e voltava em minha direção, tentavam despistar qualquer sinal de atenção. Seus olhos, em preto profundo, lembravam o piche de uma noite de verão estrelado.
Ela tinha aquele sorriso-divertido, que fazia par com olhos de quem desejava descobrir o mundo, e os segredos de tudo que na Terra reside, se divertindo com o processo de desvendar, sem nunca achar nada chato.
Seus olhos pousavam em mim, tentando compreender coisas não ditas entre nós, em uma sala de aula de faculdade paulistana. Porém, ela era como um pássaro beija-flor, que migrava no céu azul após noites de contemplação: para o próximo lugar.
Suas mãos seguravam as minhas, enlaçadas, em um aeroporto, e era hora de deixá-la, para quem sabe, na próxima parada da vida nos encontrarmos. Era tempo de ela ir, e tempo de eu ficar.
Seus olhos fixavam os meus, ao se afastar com um adeus acenado. O seu olhar, eu nunca irei esquecer, tinha aquele misto de tristeza-empolgação, por tudo que deixava e tudo que iria encontrar, do outro lado do mundo.
Ao sair, me veio àquela ideia louca:
Quem sabe eu deva ir, e já não seja hora de partir, e me aventurar, em um lugar desconhecido junto com você?
Aquilo me veio tão forte, tão forte, que eu só corri e paguei em grandes prestações uma passagem no próximo voo. Sem refletir, no impulso da adrenalina.
Quando te vi, naquele hotel que me disse que ficaria, me lembro do seu olhar:
Surpresa-doçura-felicidade, que pousou nos meus lábios com uma avidez de quem ficou décadas separada de mim. Assim ficamos, numa noite europeia, cheia de luzes que vinham da janela.
Todos seus olhares eu gravo na minha memória e se isso não é prova de amor, eu não sei o que pode ser.
Merci pour la lecture!
Nous pouvons garder Inkspired gratuitement en affichant des annonces à nos visiteurs. S’il vous plaît, soutenez-nous en ajoutant ou en désactivant AdBlocker.
Après l’avoir fait, veuillez recharger le site Web pour continuer à utiliser Inkspired normalement.