teffychan Lilith Uchiha

Se apaixonar e ser correspondido não é algo fácil. É maravilhoso quando isso acontece e muitos ficariam felizes em encerrar a história aqui, mas esse é só o começo. Quando você se apaixona não vai conviver apenas com a pessoa que ama, mas também com toda a família dela. E Naruto terá que aprender a lidar com o pai rigoroso, a mãe curiosa e o irmão super protetor de Sasuke. Se sobreviver ao desafio de contar para a família do garoto que está namorando com ele, é claro.


Fanfiction Anime/Manga Déconseillé aux moins de 13 ans. © Todos os direitos reservados

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Regra Fundamental: Não Seja Pego no Flagra

Minha rivalidade com Sasuke não era segredo para ninguém da Vila. Estávamos sempre disputando para ver quem acertava mais Shurikens nos alvos, quem subia mais rápido até o topo das árvores, lutando um contra o outro… o que ninguém sabia é que a grande quantidade de tempo que passávamos juntos já não era mais utilizada apenas para nos focarmos no treinamento.

Tudo bem, talvez a gente fosse um pouco lento quando se tratava de emoções. Mas, quando finalmente percebemos que nos amávamos simplesmente não conseguíamos mais desgrudar um do outro. Não dava para evitar, parece que sentíamos isso há muito tempo, apenas demoramos a perceber. Só tinha um problema: Não sabíamos como agir em relação a nada. Quero dizer, a gente conhecia a teoria, é claro, mas nenhum de nós tinha namorado ninguém antes, ou seja, zero de experiência.

Geralmente nos deixávamos guiar pelos instintos do corpo, mas ainda não sabíamos como agir diante das outras pessoas. Decidimos guardar segredo, e até que conseguimos disfarçar bem no início. Mas, quando o Kakashi-sensei e a Sakura ficaram desconfiados, começamos a nos preocupar. E, no dia em que o Kakashi-sensei flagrou a gente quando tínhamos dito que iríamos treinar na floresta mas acabamos fazendo outra coisa, foi a gota d’agua. Não tínhamos mais escapatória. Teríamos que assumir nosso romance.

— Isso não vai dar certo Sasuke — falei pela terceira vez naquela noite enquanto caminhava pelo Distrito Uchiha. Prova disso é que algumas pessoas na rua viravam-se para me encarar e cochichavam sobre eu estar andando de mãos dadas com Sasuke.

— Acalme-se, vai ficar tudo bem — Sasuke falou ao meu lado, embora não parecesse acreditasse totalmente nisso.

— Precisamos mesmo contar para os seus pais? — perguntei novamente — Eles não precisam saber agora.

— Você sabe que eu também gostaria de adiar isso, mas, agora que o Kakashi sabe, ele pode “deixar escapar sem querer” e eu não posso correr esse risco — Sasuke explicou — Além disso, a Sakura também já está desconfiada… cedo ou tarde meus pais vão ficar sabendo, e eu prefiro que seja por mim, e não através de fofocas.

— Mas e se o seu pai não gostar de mim?

— Ele não gosta nem de mim — Sasuke deu de ombros. Há tempos tinha se conformado com o fato de seu irmão ser o “favorito” e desistido de tentar agradá-lo.

— Isso não ajuda! — exclamei.

— Chegamos — Sasuke abriu a porta de casa — Não se esqueça da história. Era para ser um jantar com o time sete, mas a Sakura teve um imprevisto e não pode vir…

—… e no meio da refeição a gente solta a bomba? — completei.

— Eu ia dizer “contamos que estamos juntos”, mas… é — Sasuke suspirou.

Tivemos que soltar as mãos. Tiramos os sapatos, trocando-os por surippas e fomos até a sala onde o pai de Sasuke discutia alguma coisa sobre a Ambu com Itachi.

— Estou de volta, pai — Sasuke tentou soar o mais natural possível.

Fugaku mal olhou para ele, apenas para responder, até notar minha presença. Ele era mais assustador do que eu me lembrava. Me olhou de cima a baixo, parecendo se perguntar o que raios eu estava fazendo na casa dele.

— Hm… boa noite — dei uma risada nervosa.

— Boa noite — ele respondeu por mera educação. Voltou-se então para o filho — Sasuke, por que o trouxe aqui?

— Convidei os membros do meu time para jantar. Eu te avisei na semana passada, se lembra? — ele mentiu. Não tinha avisado porque não tinha convidado ninguém na semana passada. Porém, de acordo com Sasuke, se havia uma vantagem em nunca ser notado era que se podia simplesmente fazer uma coisa dizendo que avisou antes. Seu pai não lembraria nem se ele tivesse avisado de qualquer jeito.

— Sim, é claro — Fugaku respondeu embora ainda parecesse descontente.

— Mas Sasuke, um time é composto por três pessoas — Itachi observou. Por que ele tinha que se lembrar desse detalhe? Estava tudo indo tão bem! — Onde está a terceira?

— A Sakura teve um imprevisto e não pôde vir — eu respondi — Ela… ficou com dor de barriga…

— Precisou visitar a Ino…

Acabamos falando ao mesmo tempo. Os dois nos observavam confusos enquanto nos entreolhávamos nervosos. Fiz uma nota mental para combinar melhor a mentira da próxima vez.

— Ela o que? — Itachi ergueu uma sobrancelha.

— Ela ficou com dor de barriga —acabei insistindo na minha própria mentira — Então… então foi visitar a Ino por que…

—… ela entende de plantas — Sasuke tentou emendar a mentira — Bem, é uma floricultura, mas também têm algumas plantas medicinais lá… eu acho…

— A questão é que ela não pode vir — acabei interrompendo-o antes que a gente acabasse se atrapalhando ainda mais, o que parecia estar prestes a acontecer.

— Certo — Fugaku não parecia totalmente convencido, mas felizmente também não se importou. Ou infelizmente. Não é muito educado ser tão indiferente com uma colega de time do seu filho, eu acho — Bem, então vamos jantar. A comida já deve estar pronta.

Ele foi até a cozinha e acertou em cheio. Sua esposa estava terminando de fazer a comida. Quando apareceu a porta para avisar que a janta estava pronta também me encarou surpresa.

— Ora, temos visitas? Você não me avisou que traria seu amigo hoje, Sasuke — ela voltou-se para o filho.

— Eu comentei com você na semana passada, não se lembra? — Sasuke respondeu, embora até eu soubesse que aquela desculpa provavelmente não iria funcionar. De acordo com Sasuke, apenas sua mãe escutava o que ele dizia.

— Na verdade não. Mas tudo bem, fique à vontade — ela sorriu, deixando esse detalhe de lado. Ótimo, um problema a menos. Se bem que a noite só estava começando.

— Desculpe o incômodo — me sentei, sem conseguir evitar de me sentir um pouco aliviado. Pelo menos ela era mais simpática.

Em pouco tempo a comida estava servida e todos estávamos jantando na sala. Fugaku e Itachi tinham retomado o assunto sobre a Ambu sobre o qual eu nada entendia e Mikoto os escutava em silêncio enquanto comia. Sasuke estava sentado ao meu lado, remexendo na própria refeição inquieto. Eu me perguntava se as refeições eram sempre assim na residência Uchiha ou se era só porque eu estava lá.

— Não acha melhor contar logo? — murmurei para ele. Estava começando a ficar desconfortável com aquele clima.

— Agora não — Sasuke sussurrou de volta — Meu pai está falando sobre a Ambu. Ele fica meio estressado quando fala sobre isso.

— Mas eu só vim aqui para contar isso…

— Contar o que?

Por pouco contive e um grito de susto ao notar a mãe de Sasuke olhando curiosa na nossa direção.

— Contar que… hã… bem… — olhei na direção de Sasuke, mas ele estava tão atordoado quanto eu — Que a comida está uma delícia! Sério, eu nunca provei nada parecido antes!

— Obrigada — ela sorriu — Mas não era só isso que você queria contar, não é?

— Bem, na verdade…

— Ah, é mesmo. Faz tempo que não me contam sobre as missões que o time sete tem realizado — Itachi interrompeu. Pela cara dele parecia ter se cansado de discutir com o pai — Como andam as missões, garotos?

— Ah, estão indo bem — fiquei mais aliviado em poder conversar sobre algo do cotidiano — Na mais recente nós precisamos recuperar um artefato bastante raro para um senhor feudal.

— Foi uma sorte termos conseguido, você quase quebrou ele — Sasuke recordou.

— Mas aqueles caras tinham raptado a Sakura. Eu não podia deixar uma colega de time para trás — me defendi. Não importa o quanto nos amássemos, ele nunca iria parar de ficar me alfinetando desse jeito — O que queria que eu fizesse?

— Que salvasse ambos.

— E foi isso que fizemos! — eu exclamei. Na verdade foi isso que Sasuke fez. Ele recuperou o artefato e nocauteou o homem que prendia Sakura. Logo tratei de tirá-la de perto dos inimigos e derrotei boa parte deles usando os clones das sombras.

— Recuperando artefatos para senhores feudais? É isso que vocês têm feito? — Fugaku indagou — Que tolice. No meu tempo os gennin já eram guarda-costas das pessoas mais importantes que vocês possam imaginar. Muitos perderam suas vidas enquanto lutavam bravamente durante as missões quando tinham apenas doze anos. E olhe só para vocês. Já estão com quatorze e ainda estão brincando de caça ao tesouro. Céus, o mundo ninja está decaindo mesmo.

— Bem, não somos nós quem escolhemos nossas missões — resmunguei — Eu estou sempre pedindo ao Kakashi-sensei para nos dar uma missão mais desafiadora, mas ele não me escuta.

— Ah, então você é do tipo que gosta de provar seu valor, garoto? — Fugaku riu convencido — Parece interessante. Sasuke, vá buscar a espada que está no meu quarto.

— O que? — eu e Sasuke perguntamos ao mesmo tempo.

— Eu tenho uma espada que é passada de geração para geração — Fugaku contou — Acho que será interessante mostrá-la a você — ele virou a cabeça para encarar o filho mais novo brevemente — Sasuke, vá logo.

— Certo… — ele apoiou a mão no meu ombro e sussurrou antes de se levantar — Aguente só um pouco. Eu já volto — colocou-se de pé e desapareceu ao virar no corredor.

E então eu me vi sozinho na sala com três adultos com quem eu mal conversava. Itachi era quem eu conhecia melhor, mas ele era muito reservado e eu não tinha ideia de como poderia reagir à notícia do meu namoro com seu irmãozinho. A mãe de Sasuke aparentava ser gentil e eu torcia muito para que fosse mesmo. Iríamos precisar de alguém compreensivo quando contássemos a verdade. Já o pai de Sasuke… era exatamente como ele descreveu. Reprovava qualquer coisa que Sasuke dizia ou fazia, até mesmo o simples relato de uma missão.

— Sabe, garoto — Fugaku falou, me sobressaltando um pouco — Aquela espada está na minha família há várias gerações. A simples ação de manuseá-la já pode ser considerada um desafio. É muito diferente de utilizar simples Kunais. No entanto, uma vez que você consegue dominar aquela lâmina, ela corta qualquer coisa que você quiser — ele fez uma pausa para comer — Até a carne mais dura fica parecendo um filé de frango perto dela.

— Isso… é impressionante… — comentei. Não era possível que ele tivesse descoberto sobre meu namoro com Sasuke e estivesse tentando me amedrontar indiretamente, não é?

— Eu a utilizava muito em missões de verdade — o pai de Sasuke continuou falando — Não essas bobagens de cuidar de senhores feudais que vocês chamam de missão. Meu antigos colegas de time possuíam alguma relíquia de família também, é claro. Era algo comum naquela época e muito honroso.

— O que aconteceu com eles? — tentei manter o assunto — Quero dizer, seus antigos colegas de time.

— Morreram — ele respondeu. Engoli em seco, ignorando o arrepio desagradável que senti — Um morreu ainda bem jovem durante uma missão, dando a vida para proteger os segredos da Vila. Uma morte honrosa na minha opinião se quer saber — ele contou — A outra chegou a se casar, mas morreu durante o parto, logo após dar a luz a gêmeos. Bem, ela sempre teve uma saúde frágil, mas pelo menos conseguiu dar continuidade ao clã antes de morrer.

Eu não sabia o que responder depois de ouvir aquilo. Principalmente sobre a parte de “dar continuidade ao clã”. Se ele era um homem que se preocupava com esse tipo de coisa provavelmente não ficaria muito feliz em saber que seu filho estava namorando um garoto.

— Lamento pelos seus companheiros — foi tudo que consegui dizer.

— Não precisa se lamentar. Ninjas morrem todos os dias, é bom entender isso desde cedo — ele apontou os hashis na minha direção — Além do mais, isso foi há muito tempo.

— Não precisa falar desse jeito, pai. Naruto ainda é uma criança — Itachi falou ao lado dele, fazendo com que eu me sentisse ainda mais desconfortável.

Eu não era mais uma criança. Não depois das coisas que andei fazendo com Sasuke. Estava começando a duvidar seriamente se era mesmo uma boa ideia contar a verdade para eles. Fugaku aparentemente queria herdeiros e, embora nem Itachi e muito menos Sasuke tivessem idade para se casar ainda, ele não ficaria feliz ao saber que um de seus filhos não se interessava por garotas. Itachi ainda pensava em mim como uma criança. Se soubesse as coisas que eu andava fazendo com seu irmão… era melhor nem pensar nisso. E não faço a menor ideia de como a mãe de Sasuke pode reagir diante dessa notícia.

— O que aconteceu com o Sasuke? — Fugaku perguntou para ninguém em especial, me trazendo de volta à realidade — Não é possível que aquele garoto não consiga nem encontrar uma espada…

— Eu vou chamá-lo, não se preocupe! Eu já volto! — forcei meu melhor sorriso e deixei a sala o mais depressa que pude, tentando não parecer desesperado para fugir dali.

Virei no mesmo corredor por onde Sasuke tinha ido antes e caminhei devagar, ainda imerso em preocupações. Talvez eu pudesse convencer Sasuke a adiar aquela conversa. Preparar o terreno melhor antes de soltar a bomba pelo menos. E se os pais dele nos proibissem de nos vermos? Não, isso não era possível, já que estamos no mesmo time… mas poderiam muito bem proibir nosso namoro. Não duvido nada de que eles poderiam ser capazes até de mover alguns pauzinhos para nos colocar em times diferentes se desejarem, Uchihas são imprevisíveis. Eu sei disso melhor do que ninguém. Namoro com um afinal.

Não, eu estou pensando demais. Não posso me deixar levar pelas preocupações desse jeito. Tenho que manter o foco no que vim fazer aqui e, se tudo der errado, aí sim vou me preocupar, e céus, como vou. Mas não adianta sofrer por antecedência. Balancei a cabeça, tentando afastar as preocupações e cheguei ao fim do corredor, que levava até uma escada. Era mais comprida do que me me lembrava, mas achei melhor parar no segundo andar, onde eu sabia que ficava o quarto de Sasuke. Os outros quartos provavelmente ficavam no mesmo andar.

— Sasuke! Ei, Sasuke! — saí gritando pelo corredor — Seu pai está reclamando que você está demora…

Não consegui terminar a frase. Fui puxado para dentro de um dos quartos, tão rápido que nem tive tempo de gritar com o susto. A porta do cômodo se fechou e pude vislumbrar o rosto de Sasuke pela fraca luz que entrava pela janela.

— Ei, você me deu um susto! O que houve?

— Fale baixo — Sasuke sussurrou nervoso — Acho que você tinha razão, Naruto. Talvez não seja uma boa ideia contar a eles.

— O que? Vai dar para trás agora?

— Eu disse para falar baixo — ele repetiu — Não é que eu esteja dando para trás. Eu quero contar. Quero mesmo, mas…

— Está com medo da reação deles? — não consegui evitar a pergunta. Como Sasuke não respondeu e apenas desviou o rosto para o lado, conclui que sim — Acha que pode ser tão ruim assim?

— Eu não sei… quando meu irmão começou a namorar a Izumi meus pais encheram a coitada de perguntas — Sasuke contou — Eu não lembro muito bem o que eles falaram, ainda era muito novo na época, mas ela parecia assustada. E meu irmão ficou bastante constrangido. E agora vamos ter que passar pela mesma coisa.

— Bem, não sei quanto a sua mãe, mas o seu pai parece ser do tipo rígido mesmo — eu queria dizer assustador e careta, mas seria falta de educação. Estava tão nervoso quanto Sasuke, mas fazia o possível para não demonstrar.

— Minha mãe provavelmente vai ficar bastante surpresa… talvez chocada — Sasuke arriscou. Céus, se aquela mulher que parecia ser tão gentil entrasse em choque eu não queria nem ver a reação do pai dele — Mas acho que não vai ser contra nem nada do tipo. Talvez faça algumas perguntas embaraçosas, mas é coisa típica de mãe — Sasuke comentou — E eu não ligo para o que meu pai pensa. Não importa o que eu faça, nunca é bom o suficiente… meu irmão sempre será o favorito então não me importo com o que ele vai dizer. Só estou preocupado que ele tente me proibir de te ver ou alguma idiotice do tipo.

Ainda que ele dissesse isso eu sabia que Sasuke estava mentindo. Ele sempre se importou com a opinião do pai e desde criança tentava impressioná-lo. Era verdade que desistiu de tentar agradá-lo nos últimos anos, mas não significava que tinha deixado de se importar com o que o pai pensava sobre ele.

— Isso não vai acontecer — acariciei o rosto dele, tentando tranquilizá-lo — Vamos contar de um jeito que faça com que seus pais entendam que nós realmente nos amamos. E não que estamos… hã, como foi que o Kakashi-sensei disse mesmo?

— Que estamos nos pegando?

— Isso! — exclamei. Kakashi-sensei disse muitas coisas esquisitas quando nos pegou no flagra e nos deu vários conselhos, mas não entendemos quase nada do que ele disse. Ele usava termos estranhos que nem eu e nem Sasuke conhecíamos — Vou garantir que seus pais entendam que eu realmente gosto e que me importo com você. E, se a coisa ficar feia, podemos dizer aquilo que o Kakashi-sensei nos contou! A nossa arma secreta.

— Acha mesma que aquilo vai funcionar?

— Usaremos só em último caso — prometi — Agora tire essa cara de preocupação e me dê um sorriso.

— Como se fosse fácil deixar as preocupações de lado de uma hora para a outra — Sasuke resmungou.

— Vamos lá, sorria para mim — pedi novamente, mas dessa vez era mais uma provocação. Estiquei o canto dos lábios de Sasuke com os dedos, mas ele me afastou com um empurrão — Sasuke, sorria… ou então já sabe… — estiquei as mãos de forma ameaçadora.

— Espera, Naruto. Não temos tempo para isso agora — ele lembrou e podia até ser verdade, mas sabia que não iria me deter só com isso. Comecei a mover os dedos nas laterais de seu corpo enquanto avançava na direção dele, principalmente embaixo dos braços, tentando lhe fazer cócegas — Para, você sabe que eu odeio isso — Sasuke se segurava o máximo para não rir, mas falhava miseravelmente.

— Eu sei, você odeia rir na frente dos outros. Mas não vou parar até você tirar essa expressão preocupada do rosto — respondi rindo também, apoiando a cabeça no ombro de Sasuke.

Eraengraçado como nosso relacionamento funcionava. Em um instante eu estava agindo como se ainda fôssemos apenas amigos e estivesse tentando animá-lo de um jeito bobo e infantil, e fazer com que ele se esquecesse das preocupações. E no instante seguinte me deixei levar pela situação. O cheiro de Sasuke tão perto de mim fazia com que eu desejasse ficar ainda mais próximo, fazer mais coisas com ele embora eu não soubesse exatamente o que.

Uma parte de mim, a que não estava inebriada com o perfume de Sasuke e que ainda desejava fazê-lo sorrir percebeu que ele não estava mais gargalhando, fazendo com que eu descesse as mãos pelo corpo dele, decidindo fazer cócegas na barriga para ver se funcionava.

Foi igual à ocasião em que nos demos conta de que nos gostávamos, e a outras em que percebemos as coisas que desejávamos fazer um com o outro. Começamos com um tipo de brincadeira inocente que acabou levando a outra coisa. Toquei Sasuke por debaixo da blusa, mas lhe causei uma reação bastante diferente. Senti Sasuke ofegar e paralisei por um momento, mas logo voltei a deslizar a mão por debaixo da camisa dele.

— Ei, você tem a pele bastante macia, Sasuke — comentei surpreso. Simplesmente não conseguia parar de tocá-lo, nem desviar os olhos dos dele.

— Que comentário idiota é esse? Ela é normal — o coração de Sasuke batia rápido e eu duvidava muito que fosse por causa das risadas que provoquei nele. Eu podia sentir sua pele se arrepiar em cada ponto em que eu o tocava.

— É sério. A minha não é assim, olha — sem pensar muito no que fazia agarrei uma das mãos de Sasuke e a enfiei por dentro do próprio casaco. Sasuke apenas ofegou de surpresa por eu mesmo ter colocado sua mão na minha cintura, tocando na pele dessa vez. Pensando bem, por que eu fiz isso? Bom, não importa. Deixar Sasuke embaraçado era sempre divertido.

— Naruto, não temos tempo para isso agora… precisamos descer — ele puxou a mão de volta, mas eu não queria fazer o mesmo. Sim, eu sabia que ele estava certo, mas a curiosidade sempre falava mais alto quando eu estava com ele. Era como se eu estivesse hipnotizado.

— A gente não pode esperar só mais um minutinho? — perguntei em tom manhoso. Era golpe baixo, eu sei. Mas também sabia que era impossível para Sasuke resistir quando eu falava daquele jeito. Ele ainda parecia indeciso então aproveitei para avançar mais um passo em sua direção, encurralando-o contra a parede. Toquei-o no meio das costas, levantando um pouco mais a camisa.

— Então, já que é para esperar… — Sasuke deixou a frase incompleta. Me roubou um beijo rápido. Depois outro. E antes que nos déssemos conta já estávamos nos beijando sem nos importarmos com mais nada.

Embora aquilo fosse a coisa que mais fazíamos, era irritante como eu era péssimo no assunto. Sasuke era relutante na maioria das vezes (provavelmente uma timidez mal disfarçada), mas ao mesmo tempo era mais habilidoso então, quando eu conseguia convencê-lo, apenas me deixava guiar. Não reclamava mais quando Sasuke puxava meus cabelos como estava fazendo agora, embora doesse pra caramba, percebi com o tempo que aquilo era uma tentativa de nos aproximar ainda mais. Porém ainda era um pouco preocupante quando ele se empolgava e mordia meu lábio inferior, precisávamos dar um jeito nisso.

Entreabri os lábios e permiti que a língua dele envolvesse a minha e conduzisse o beijo. Gostaria de poder fazer isso ao menos uma vez, ah, como gostaria, mas essa parecia ser uma habilidade exclusiva de Sasuke. Eu nunca sabia o que fazer quando ele fazia aquelas coisas, mas de alguma forma Sasuke conseguia cuidar muito bem da situação. Sasuke enlaçou meu pescoço com força e logo percebi que não tinha escolha além de desfrutar do sabor dele enquanto Sasuke intensificava o contato.

Não que isso fosse um problema, muito pelo contrário. Era um pouco frustrante quando ele conseguia me fazer gemer, mas estava tão empenhado nisso que mal percebia onde eu o tocava. Ou tinha deixado de se importar, era difícil saber. Mas não reclamou quando levantei a camisa dele até a metade do corpo enquanto acariciava seu abdômen.

E então a porta do quarto se abriu.

— Mas que droga vocês estão fazendo?!

Recuei vários passos instintivamente até chegar à outra extremidade do cômodo quando escutei o berro de Itachi. Não sabia se ele estava chocado ou furioso. Ele adentrou o quarto, fechando a porta atrás de si. Sasuke também recuou para longe do irmão, parando ao meu lado enquanto ajeitava as roupas.

— Oi Itachi… o que veio fazer aqui em cima? — dei uma risada nervosa, pensando em como lidar com a situação. Ele era a última pessoa que eu esperava encontrar.

— Meu pai estava estranhando o sumiço de vocês, então vim conferir porque estavam demorando tanto. Não imaginei que fosse por isso — ele caminhou na nossa direção. Parecia estar tentando recuperar a calma, o que devia ser bem difícil, considerando o que tinha acabado de ver.

— Olha Itachi, nós só…

— Eu faço as perguntas aqui — ele me interrompeu — O que foi aquilo?

— Nós… bem, nós… estamos namorando — Sasuke respondeu simplesmente. Sabia que ele desejava poder contar para todos de uma vez só. Sinceramente, eu também desejava isso. Não queria ter que passar por isso mais de uma vez, no entanto não tínhamos outra opção no momento.

— Certo… — ele olhou de Sasuke para mim e de volta para Sasuke. E então suspirou — Bem, isso explica porque estavam agindo tão estranho a noite toda.

— Irmão… está zangado? — Sasuke perguntou, a voz mais baixa do que o normal. Eu o olhei de canto preocupado e só então caiu a ficha. Me preocupei tanto com a reação que os pais dele poderiam ter que esqueci que Sasuke também tinha um irmão mais velho. Embora dissesse que não se importava com a opinião do pai, Sasuke não escondia o quanto admirava o irmão. Eu deveria ter me preocupado mais com a reação de Itachi e não com a dos pais dele.

— Não estou zangado — Itachi respondeu, embora não parecesse muito convincente — Não posso negar que estou surpreso, mas eu devia saber que um dia você iria crescer e deixar de ser meu irmãozinho. E também não esperava ver… aquilo — ele fez um gesto vago com a mão.

— Sinto muito por isso — cocei atrás da cabeça sem jeito, fazendo outra nota mental sobre realmente me apressar quando Sasuke disser que temos que ir a algum lugar. Principalmente quando eu for uma visita na casa de alguém.

— É bom sentir mesmo — Itachi cruzou os braços — O que exatamente vocês andaram fazendo?

— Irmão… quer mesmo saber isso? — Sasuke se remexeu constrangido.

— Nós não fizemos nada de mais, Itachi — eu respondi no lugar dele. Não soou nada convincente depois do que Itachi tinha visto — Quero dizer, eu sei que deve parecer que a gente estava… hã… fazendo coisas que não devíamos quando você chegou, quero dizer… — na verdade eu não sabia o que queria dizer. Itachi provavelmente achava que nós não deveríamos nem ter nos beijado em momento algum e acabou dando um belo de um flagra — Realmente não foi grande coisa… eu nunca fiz nada que o Sasuke não quisesse.

— Espera, você o que? — Itachi descruzou os braços e avançou na minha direção. Só então eu percebi que ele se referia apenas a noite de hoje e não ao que fizemos desde que começamos a namorar — O que exatamente você fez com meu irmão?

— Nada! Nada de mais… o Sasuke concordou com tudo…

— Concordou com o que?

— Sasuke, não está funcionando — sussurrei para ele, começando a me desesperar — Por que não está funcionando?

— Eu não sei. O Kakashi jurou que isso ia funcionar — ele murmurou de volta ao meu lado, tão assustado quanto eu.

— Responda minha pergunta — Itachi me segurou pela gola da camisa, o que não ajudou em nada a controlar meu nervosismo — Meu irmão só tem quatorze anos, Naruto. O que você fez com ele?

— Eu também tenho quatorze anos! E o Sasuke é mais velho do que eu caso tenha esquecido.

— Irmão, solta ele — felizmente Sasuke saiu do seu estado de “preciso-agradar-meu-irmão-mais-velho” e puxou o braço de Itachi, tentando afastá-lo de mim. Céus, ele deve me amar muito para ter tirado coragem sabe Deus de onde e enfrentar Itachi desse jeito. Que ele não saiba que eu pensei isso — Nós só nos beijamos algumas… ok, várias vezes, se faz questão de saber — ele falou, as bochechas tingindo-se de vermelho — E aquilo de agora a pouco… nós nunca tínhamos feito isso antes. Foi a primeira vez, eu juro.

— Realmente foi só isso? — Itachi encarou o irmão caçula, que confirmou com um aceno de cabeça e então finalmente me soltou — Bem, se você está dizendo… é melhor descermos.

Sasuke suspirou de alívio ao ver que o irmão tinha se acalmado, mas logo notou que tinha cometido um engano. Tinha ido na frente, mas Itachi o segurou pelo braço, impedindo-o de prosseguir e abaixou ligeiramente a gola de sua camisa.

— O que está fazendo, irmão?

— Só preciso ter certeza de que você não deixou nenhuma “prova” do que fizeram aqui em cima… imagino que trouxe o Naruto aqui hoje para contar sobre o namoro, então será melhor se nossos pais não verem… ué — interrompeu-se ao notar que a pele de Sasuke estava imaculada. Voltou-se então para mim e acabei recuando por instinto.

— Ei, por que está me encarando assim? — perguntei na defensiva. Ele parecia estar prestes a me revistar também.

— Vocês não… não tem…

— Não temos o que? — Sasuke desvencilhou-se dele — O que estava procurando no meu pescoço? — ele indagou. Sasuke olhou para mim e balancei a cabeça em negação. Estava tão confuso quanto ele.

— Me digam, o que foi todo aquele discurso de “eu não fiz nada que ele não quisesse”? — Itachi indagou. Agora até ele parecia confuso.

— O Kakashi-sensei descobriu sobre a gente e falou que, se a coisa ficasse feia quando contássemos a verdade para vocês era para a gente dizer isso — expliquei, ainda sem entender aonde ele queria chegar — Deveria fazer você se acalmar. Estava naquele livro que ele sempre carrega.

— Então era tudo coisa do Kakashi — Itachi murmurou, massageando as têmporas — Céus, vocês nem sabem direito o que estão fazendo e o Kakashi mandou os dois falarem essas coisas sugestivas para tentar justificar o que toda pessoa faz quando se namora? Vocês entendem o quão comprometedor era o que estavam dizendo?

— Hã… bom, a gente está comprometido, não é? — perguntei, torcendo para estar certo. No momento estava mais preocupado em saber se Itachi ainda estava ou não zangado do que com o significado dos conselhos do Kakashi-sensei — Quero dizer, quando duas pessoas namoram é um tipo de compromisso…

— Irmão, qual é o problema? — Sasuke perguntou, preocupado com a reação dele.

— Não é nada. Vamos descer — Itachi respondeu por fim — Ah, e não repitam essa história de “não fiz nada que ele não quisesse” se têm amor à vida — ele avisou.

Demos de ombros, ainda sem entender o que o Kakashi-sensei e o Itachi queriam dizer com aquilo e o seguimos para fora do quarto. Itachi parou para fechar a porta, deixando Sasuke ir na frente e se colocou no meu caminho, bloqueando as escadas e me impedindo de passar.

— Escute, Naruto — ele cruzou os braços — Sei o quanto a sua companhia tem feito bem ao Sasuke. Ele era solitário quando era mais jovem, mas se tornou mais alegre desde que entrou para o time sete. Especialmente quando vocês criaram aquela rivalidade e começaram a treinar juntos e disputar em tudo. Eu não sei há quanto tempo vocês estão juntos… e poderiam ter contado logo ao invés de enrolar…

— Eu realmente sinto muito por você ter descoberto daquele jeito — murmurei constrangido. Estava começando a achar que ele iria jogar isso na minha cara sempre que tivesse chance.

— Pois é. Vocês deram sorte de ter sido eu e não meu pai — Itachi respondeu — Eu não me importo com quem o Sasuke namora. Mas escute — ele se inclinou até ficar na mesma altura que eu — Se fizer meu irmão sofrer, não vou te perdoar.

— Também não vou te perdoar se fizer o Sasuke sofrer — soltei a frase antes que pudesse me conter.

— O que?!

— Ele te admira muito. Mas está sempre dizendo que você é o filho favorito — expliquei — E, por mais que diga que não se importa com a opinião do pai, sei que a aprovação dele é importante para o Sasuke. Então, se ele tentar menosprezar o Sasuke de alguma forma, dizendo que você é melhor do que ele quando contarmos a verdade… não vou te perdoar, Itachi.

— Você tem mesmo coragem, garoto — Itachi riu — Não quero nem ver o tamanho da encrenca se o meu pai for contra o namoro de vocês.

— Naruto! Por que parou no meio do caminho? — a voz de Sasuke me chamou no fim da escada e terminamos de descer.

Quando retornamos para a sala Itachi caminhou na frente, sentando-se de volta em seu lugar. O pai de Sasuke estava no mínimo irritado com nosso sumiço inexplicável. A mãe dele estava intrigada, com um leve ar de curiosidade no rosto.

— Finalmente resolveram descer — Fugaku resmungou — O que ficaram fazendo lá em cima todo esse tempo?

— Nada — Sasuke falou vagamente enquanto se sentava de novo — Quero dizer, nós só…

— Naruto — Mikoto me chamou — Não vai me dizer que não gostou da comida? Sasuke comentou uma vez que você gosta de ramen, mas eu não me lembrava que você vinha aqui hoje.

— O que? Não! — exclamei nervoso — A comida está ótima, de verdade!

— Então porque você passou metade da noite no andar de cima, garoto? Demorou tanto tempo assim para encontrar o Sasuke?

— Bom… a casa é bem grande — olhei de soslaio para Sasuke como se perguntasse mentalmente “você conta ou eu conto?”.

— Eu não devia ter mandado o Sasuke ter ido até lá. No fim das contas nem trouxe o que eu pedi — Fugaku suspirou. Realmente tínhamos nos esquecido completamente disso — Como consegue realizar as missões se nem consegue encontrar um objeto dentro do quarto, Sasuke? Você devia aprender com seu…

— Nós estamos namorando — falei abruptamente — O Sasuke e eu estamos namorando.

O pai de Sasuke calou-se instantaneamente. A mãe dele, que ainda estava jantando, deixou a comida cair dos hashis a meio caminho da boca e nos encarou com os olhos arregalados. Fugaku parecia estar tendo dificuldade para processar aquela informação. Quase era possível escutar as engrenagens girando dentro da cabeça dele. Itachi nos encarava com olhar de piedade.

— Naruto, o que está fazendo? — Sasuke sussurrou.

— Soltando a bomba — murmurei de volta.

— Sasuke — sua mãe chamou quando recuperou a fala — Sasuke, você… gosta de garotos?

— Bom, considerando que eu gosto do Naruto e que ele é um garoto, então sim, mãe — ele respondeu da melhor forma possível.

— Espera, você não tinha contado isso para os seus pais? — perguntei pasmo. Como ele tinha se esquecido desse detalhe?

— Era para soltar a bomba, não é? — Sasuke lembrou — Deixei para explodir tudo de uma vez.

— Isso é sério? Está namorando esse garoto, Sasuke? — Fugaku finalmente recuperou a fala. Quando Sasuke assentiu ele soltou um longo suspiro — Certo. Há quanto tempo exatamente isso… — ele apontou vagamente para nós — Quando começou?

— Dois me… — senti uma cotovelada nas costelas antes de concluir a frase.

— Duas semanas — Sasuke mentiu.

— Estão escondendo isso de mim há duas semanas? — a voz do pai dele trovejou, fazendo tanto Sasuke quanto eu nos encolhermos.

— Eu estava pensando na melhor forma de te contar. Por isso trouxe ele aqui hoje.

— Querido, entendo que você esteja nervoso, mas não precisava esconder isso de nós — Mikoto sorriu para o filho — Na verdade deveria ter contado bem antes. Você sabe como gosto de ouvir as coisas que acontecem com você. Nem sequer me disse que estava apaixonado.

A previsão de Sasuke estava certa. Depois que o choque inicial passou ela parecia estar aceitando bem, mas sempre tinha alguma consequência. Lá vinham as perguntas embaraçosas de mãe.

— Vamos, me contem o que aconteceu. Como perceberam que se gostavam? Foi você quem se declarou, Sasuke? Ou foi o Naruto? — ela continuou fazendo perguntas, sem se importar com a plateia.

— Espera, Mikoto — Fugaku interrompeu o interrogatório da mulher — Têm coisas mais importantes que preciso dizer primeiro — voltou-se então para o filho — Sasuke, eu sei que, embora te incentive a alcançar seu irmão, você raramente consegue, então preciso perguntar: Por acaso isso é algum tipo de ato de rebeldia?

— O que? Não é rebeldia! — ele exclamou sem conseguir acreditar no que o pai falava — Estou com o Naruto por que gosto dele.

— Sei. Olhe, eu sei que essa fase pode ser complicada. Os hormônios falam mais alto e tudo o mais…

— Por que não consegue entender que a gente se gosta? — falei por impulso, me levantando. Às vezes pensava que Sasuke estava exagerando quando falava do pai, mas agora eu via que ele tinha razão. Como Sasuke conseguia conviver com aquele homem todos os dias? — Não é uma fase, ou rebeldia… nem tem nada a ver com Itachi — apontei para Itachi que estava visivelmente desconfortável com a conversa — Ele simplesmente gosta de mim. Assim como eu amo o Sasuke.

— Você é muito atrevido, moleque — Fugaku estreitou os olhos — Eu não estava falando com você.

— Bem, mas eu estou falando com o senhor — rebati — Olhe, eu só quero ficar com o Sasuke e que ele seja feliz.

— Acha mesmo que pode fazer meu filho feliz? — ele perguntou — Só de imaginar as coisas que você fez com ele durante esse tempo…

— Bom, então não imagine. Ou melhor, pense nas coisas que ele fez comigo — falei como se isso fosse um ótimo argumento. Por mais que estivesse zangado com aquele homem, uma parte de mim não podia evitar de ficar surpresa com o fato de ele realmente se importar com Sasuke no fim das contas — Porque o Sasuke era… qual é mesmo a palavra? — perguntei para Sasuke em um sussurro.

— Ativo.

— Isso! O Sasuke sempre foi o ativo da relação — falei como se isso resolvesse o problema. Na verdade eu não sabia o que exatamente estava falando, apenas torcia para que aquela cartada final funcionasse. Só que o resultado foi bem diferente do que eu imaginei.

— Ele o que?! — Fugaku grunhiu, os olhos saltando das órbitas — Seus… moleques precoces… o que vocês fizeram?

— Não está funcionando — sussurrei, embora fosse óbvio — O Kakashi-sensei jurou que ficaria tudo bem se a gente falasse que você era o ativo.

— Os conselhos dele são inúteis — Sasuke praguejou — A gente vai ter que se virar sozinhos.

— Ah, céus — Mikoto murmurou — Meu bebê… o meu bebê fez… — e desmaiou.

— Mãe! — Itachi a segurou antes que ela desabasse no chão. Talvez ele até tivesse concluído que isso também era obra do Kakashi-sensei como fez antes, apesar de não ter nos explicado nada, mas não nos ajudaria agora.

— Vocês dois — o pai de Sasuke estava assustadoramente perto — Têm noção da gravidade do que fizeram? Você está feliz agora, Sasuke? Sua mãe desmaiou com o choque! — ele voltou-se para o filho enquanto apontava para a mulher. Voltou então a me encarar. Céus, eu juro que enfrentar aquele homem era muito mais assustador do que muitas missões que eu já tinha realizado — E você. Não tem vergonha de dizer uma coisa dessas? Você só tem treze anos!

— Tenho quatorze.

— Tanto faz! Não tem vergonha na cara?

— Hã… sim? — eu não sabia mais qual resposta ele queria ouvir — Só achei que ficaria feliz em saber que o Sasuke era o ativo em… no que mesmo?

— Não sei, o Kakashi não explicou essa parte — Sasuke sussurrou de volta — A questão, pai, é que eu amo o Naruto e que ele também me ama. Eu só queria contar isso para vocês.

— Deve amar muito para ter dado assim em apenas duas semanas.

— Ter dado o que? — perguntei, cansado de não saber por que estavam brigando com a gente.

— Vocês vão se casar, não vão? — a voz fraca de Mikoto soou pela sala quando ela acordou — Por favor, digam que vão se casar assim que completarem a maior idade.

— O que? — Sasuke sentiu o rosto queimar — Mãe, nós só temos quatorze anos!

— Não interessa! — ela exclamou de volta, fazendo Sasuke se encolher — Se vocês já estão…

— Sasuke, aonde vocês escutaram a palavra “ativo”? — Itachi interrompeu.

— O Kakashi mandou a gente falar isso se o papai fosse contra o nosso namoro — ele explicou — Ele disse que o papai e a mamãe… principalmente a mamãe ficaria feliz se a gente falasse que eu era ativo. Parece que não deu certo.

— E vocês sabem o que é isso?

— Hm… que faz mais atividades durante os treinamentos? — arrisquei, coçando atrás da cabeça — Acho que é realmente o Sasuke, ele sempre se esforça. Mas eu sou mais ativo durante as missões!

— Isso é porque você usa os clones, então não conta.

— Conta sim! — discordei. Acabamos perdendo o foco da conversa quando começamos a discutir sobre quem lutava mais durante as missões. É lógico que os clones contavam. Fui eu quem os criou afinal!

— Viram? Eles não sabem — vi Itachi apontando para nós enquanto eu ainda tentava acabar com os argumentos de Sasuke, mas não dei atenção.

— Eu vou matar o Kakashi — ouvi Fugaku resmungar enquanto Mikoto suspirava de alívio — Muito bem, já chega — ele falou mais alto, fazendo com que nos calássemos — Se vocês se gostam tanto como dizem, então que fiquem juntos. Mas chega de guardar segredos, ouviram?

— Certo! Obrigado pai — Sasuke não conseguiu conter um sorriso.

— É, obrigado!— abri um sorriso ainda maior — Prometo que vou cuidar bem do Sa… — Sasuke tampou minha boca, impedindo-me de concluir a frase. Me senti ofendido, mas talvez fosse melhor assim. Não podia arriscar falar mais besteiras.

Depois de toda aquela situação constrangedora mais ninguém estava com fome. O jantar foi encerrado pela metade e Sasuke me acompanhou até os limites do Distrito Uchiha. Não fazia mais diferença se as pessoas nos observavam de mãos dadas. Não agora que tínhamos conseguido contar a verdade para os pais dele. Paramos nos limites do local, perto de um poste onde a iluminação estava fraca e não passava ninguém a essa hora da noite.

— Eu não vou ter que passar por tudo isso de novo, vou? Quero dizer, para falar com seus primos e tudo o mais — não consegui evitar a pergunta — A sua família é bem grande.

— Não precisa. Eu mesmo falo com eles — Sasuke respondeu — Se bem que talvez nem seja preciso. Tantas pessoas nos viram andando juntos que a notícia vai se espalhar rápido.

— Bom, o importante é que deu tudo certo no final, não é?

— Acho que sim. Os conselhos do Kakashi atrapalharam mais do que ajudaram… mas deu tudo certo no fim.

— Eu ainda não entendi no que ele queria que você fosse ativo — fiz minha terceira nota mental daquela noite, sobre perguntar isso ao Kakashi-sensei depois — Ei, Sasuke — soltei a mão dele e a apoiei em seu ombro — Se não precisamos mais esconder nosso namoro… significa que podemos fazer isso em público?

Não esperei por uma resposta. Cobri a distância que nos separava e o beijei, apertando o ombro de Sasuke com um pouco mais de força enquanto o abraçava pelo meio das costas com a outra mão, trazendo-o para mais para perto. Senti Sasuke ofegar com o contato inesperado e segurar a frente das minhas roupas com força.

E por mais que eu desejasse continuar com aquilo, a única coisa em que não era bom era em conduzir o beijo. Mesmo não querendo, precisei soltá-lo. Encostei a testa na dele enquanto encarava Sasuke nos olhos com um ar divertido por tê-lo beijado no meio da rua, coisa sobre a qual ele sempre reclamava.

— Podemos sim. Mas você ainda beija mal — Sasuke provocou.

— Convencido — resmunguei— Faz melhor então.

Ele fez. Eu não sabia como Sasuke fazia aquilo, mas ele parecia ter nascido com o dom de me dominar com beijos. Atirou os braços ao redor do meu pescoço, me trazendo para mais perto enquanto movia os lábios devagar, causando as mais variadas sensações no meu corpo. Minha pele estava arrepiada, mas eu sentia calor ao mesmo tempo e não entendia como isso era possível.

Deslizei a mão que antes estava apoiada no ombro de Sasuke pelo corpo dele, juntando-a à outra, até enlaçar sua cintura. Me perguntei se Sasuke iria protestar, mas ele não o fez. Na maioria das vezes Sasuke não se importava com onde eu o tocava contanto que eu o deixasse me beijar o quanto ele quisesse, o que era ótimo. Bom, exceto quando eu ficava sem ar e precisava repor o oxigênio, mas Sasuke se recusava a parar. Era incrível como ele parecia nunca perder o fôlego.

Não foi assim que aconteceu dessa vez. Eu o abracei com tanta força que a camisa dele subiu e eu quase o ergui do chão também. Pretendia subir um pouco as mãos e tocá-lo por baixo da blusa, mas devido a confusão minhas mãos foram na direção contrária. Sasuke soltou uma exclamação abafada enquanto quebrava o contato entre nossos lábios e recuava um passo.

— O que está fazendo, Naruto?

— Desculpa, acho que me empolguei — ri sem graça, coçando atrás da cabeça. E então meu sorriso se alargou ao notar uma coisa — Ei, Sasuke. A sua cara está vermelha!

— A culpa é sua, seu idiota! — ele me empurrou. Eu não conseguia parar de rir.

Tentamos nos acalmar, respirando fundo, eu controlando as risadas e Sasuke recuperando a compostura.

— Obrigado, Naruto — Sasuke agradeceu quando a irritação passou — Por ter vindo aqui hoje… significou muito para mim.

— Ei, não esquenta. Sei como é importante esse lance de receber a aprovação dos pais — eu sorri — E você sabe que isso é apenas meio caminho andado, não é?

— Ah, Naruto… isso não…

— Eu vim falar com seus pais como você me pediu — falei mais sério — Não importa se tiver que organizar um jantar também e essa coisa toda, preciso que você faça o mesmo.

Era um pedido justo, ele não tinha como recusar. Sasuke suspirou derrotado.

— Sua mãe vai me matar.


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Notas Finais:

História postada também no Spirit e no Nyah! Fanfiction.

23 Septembre 2019 13:04 4 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
14
La fin

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Marcela Diaz Marcela Diaz
Adorei demais.... Parabéns
February 25, 2022, 16:01

  • Lilith Uchiha Lilith Uchiha
    Oi! Obrigada, fico muito feliz que tenha gostado da história! <3 Kissus e obrigada por comentar *-* March 09, 2022, 15:28
jaqueline ribeiro jaqueline ribeiro
Amei tudo preciso de uma continuação pra saber como vai ser na casa do Naru também bjs ate a próxima.
September 24, 2019, 13:19

  • Lilith Uchiha Lilith Uchiha
    Oi! Muito obrigada, que bom que gostou da história! <3 Tem a parte dois sim, já está postada^^ Kissus e obrigada por comentar *-* June 15, 2021, 15:06
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