teffychan Lilith Uchiha

Konoha era um país controlado pelos lobisomens e pelos vampiros. Duas raças bastante diferentes, mas que conseguiram conviver em paz durante séculos até o dia em que um novo vampiro foi nomeado líder e os lobisomens começaram a ser atacados. Kiba decidiu ir pessoalmente até a morada dos vampiros e ter uma séria conversa com esse novo líder que estava atacando sua alcateia, acompanhado de seu inseparável companheiro de guerra Akamaru. Nem podia imaginar o que o esperava naquele lugar.


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Capítulo Único

Durante séculos o país Konoha permaneceu em paz para a grande maioria dos seus habitantes. Os seres humanos evoluíam em sua ordem natural, se modernizando aos poucos, aprendendo a usar tecnologias cada vez mais avançadas e completamente alheios àqueles que realmente governavam o país.

A verdade é que Konoha era governado por dois Clãs diferentes. No Norte vivia os lobisomens e no sul moravam os vampiros. Eles conviviam em perfeita harmonia. Bem, na verdade eles não gostavam de se misturar, mas cada um vivia no seu canto, então não havia motivo para conflitos desnecessários. Tanto os lobisomens quanto os vampiros se alimentavam dos humanos, porém sem exageros. E como o ser humano já é naturalmente uma criatura violenta, acabava atribuindo essas mortes a assassinatos de outros humanos, pois ambos os Clãs eram espertos e nunca deixavam rastros, muito menos algo que pudesse incriminar seu “vizinho”.

Até aquele fatídico dia. Teria sido menos desagradável se tivessem deixado algo que pudesse incriminá-los, mas… aquilo com certeza era uma mordida de vampiro! Como tinham ousado morder um de seus lobos?! Os informantes contaram que recentemente um novo vampiro havia sido nomeado líder do Clã. O boato se espalhou como uma praga entre os lobisomens, e parecia ser verdadeiro.

Kiba não podia deixar isso ficar assim. Como líder dos lobisomens, precisava fazer alguma coisa a respeito. Quem aquele novo líder pensava que era invadindo seu território desse jeito e atacando seus companheiros?! Com certeza era apenas algum pirralho prepotente. Kiba faria uma visitinha a ele e o colocaria em seu lugar.

Chegar até o covil dos vampiros não foi fácil. Não apenas porque não conhecia sua localização exata (quem se dá ao trabalho de descobrir onde fica a casa de alguém que não se quer visitar afinal?), mas também porque precisava atravessar o país para chegar lá. Não sabia que Konoha era tão grande assim. Levou apenas Akamaru com ele, seu braço direito que o acompanhava em todas as missões, até mesmo as mais perigosas. Saíram ao amanhecer e chegaram apenas ao cair da noite. Muito conveniente, é claro, já que vampiros não podiam se mostrar na luz do sol.

Kiba descobriu que o covil deles, que ele imaginava como uma caverna úmida e escura, na verdade era um castelo grande e imponente estilo medieval. Um pouco antiquado talvez, mas bem melhor do que uma caverna úmida, ele precisava admitir.

Tentou ser educado e bateu na porta, Ela se abriu minimamente, o suficiente apenas para que ele pudesse ver uma garota de olhos frios e cabelos longos e azuis apontar uma lâmina contra sua garganta.

— Não me lembro de ter convidado um lobisomem para o café — sua voz era doce e fria ao mesmo tempo — É uma lâmina de prata. É melhor ir embora agora mesmo se não quiser morrer.

— Lhe digo o mesmo, mocinha — o homem que acompanhava Kiba, de cabelos brancos bagunçados e barba desgrenhada apontou um crucifixo na direção dela, fazendo a garota sibilar.

— Acha mesmo que eu não vim preparado? — Kiba abaixou um pouco o zíper do casaco, revelando um colar de alho — É fedorento, porém eficiente. Dois contra um, minha cara — ele abriu um largo sorriso. A mulher sibilou mais alto e recuou.

— Há. Que engraçado me chamarem de mocinha. Eu provavelmente sou centenas de anos mais velha do que vocês, sus pirralhos — ela tentou recuperar a pose – Esse território é dos vampiros. O que querem aqui?

— Falar com o seu novo líder — Kiba respondeu — Você talvez seja mais velha do que a gente, então deve ter maturidade o suficiente para entender que o que ele está fazendo não está certo.

— Acha mesmo que podem chegar aqui, bater na nossa porta e falar com meu Mestre só porque vocês querem? Quem vocês pensam que são?

— Sou Kiba, líder do Clã de lobisomens — o homem apresentou-se — E esse é Akamaru, meu braço direito. Eu diria que é um prazer… só que não.

— Líder dos lobisomens, é? — ela ergueu uma sobrancelha — Bom, já é alguma coisa. Mas ainda assim, acha mesmo que pode pedir para falar com meu Mestre depois de criticá-lo dessa forma?

— Olha aqui, tia, a gente só está…

— Tia?!

— Akamaru, olha o respeito! – Kiba censurou.

— Mas ela disse que é mais velha do que a gente – ele defendeu-se.

— Nós também não somos crianças — Kiba lembrou — Olha senhora, desculpa vir sem avisar, mas precisamos mesmo falar com o seu… hã… Mestre, ou seja lá como você o chama. Ele anda mordendo nossos lobos então, se não quiser começar uma guerra, é melhor deixar a gente conversar.

— Ah… isso de novo não — a expressão dela mudou — Entendi. Venham, é por aqui.

Os dois seguiram a garota em silêncio por corredores que davam várias voltas, fazendo o castelo parecer um labirinto. Até que chegaram a um enorme salão com poucos móveis, um tapete vermelho antigo que cobria a maior parte do chão e um majestoso trono no centro do cômodo. Lá estava um rapaz com cabelos negros, usando uma capa longa com a gola tão alta que cobria parte do seu rosto. Parecia ter a mesma idade de Kiba, mas era impossível saber sua idade real, já que se tratava de um vampiro.

— Mestre Shino — a mulher chamou — O líder do Clã dos lobisomens e seu companheiro vieram visita-lo. Sinto muito por deixá-los entrar sem avisar antes, sei que deveria ter marcado uma audiência, mas…

— Sei, sei, estamos burlando as regras — Kiba interrompeu — Foi mal aí, mas estamos com um pouco de pressa E foram vocês que começaram.

— Não fale desse jeito com meu Mestre! – ela censurou – Mostre mais respeito!

— Está tudo bem, Hinata — o homem chamado Shino respondeu — Pode ir.

— Mas…

— Eu mandei você ir — ele falou mais sério. A mulher fez uma breve reverência e se retirou.

— Akamaru, pode me esperar lá fora? — Kiba disse em voz baixa. Ele hesitou por um instante, mas também saiu. Depois que fechou a porta, Shino voltou-se para o lobisomem, encarando-o com curiosidade.

— Eu estava mesmo pensando em ter uma conversa com os lobisomens, mas você me poupou o trabalho de viajar até o norte.

— Ora, isso é uma surpresa — Kiba tentou manter a voz calma, embora fosse óbvio pelo seu olhar que continuava zangado com o vampiro a sua frente — Por que queria nos visitar?

— Para me apresentar. Como pode ver, sou o novo líder do Clã dos vampiros.

— Estou vendo — Kiba respondeu — Infelizmente não vim aqui para te dar parabéns, e sim para tirar satisfações.

— Satisfações?

— Por que seus vampiros estão atacando os meus lobos?! — Kiba finalmente soltou as palavras que o trouxera até ali, carregadas de raiva. Nem percebeu suas presas crescendo e as garras se alongando involuntariamente. Os vampiros daquele homem estavam atacando seus companheiros. Se todos fossem como aquela mulher chamada Hinata, servos fiéis, completamente cegos aos desejos de seu novo líder, simples marionetes dele… aquilo não iria acabar bem.

— Então eles chegaram até lá? — Shino falou mais sério. Antes ele parecia ansioso, quase feliz por ter conhecido um lobisomem. Agora estava preocupado. Ou Kiba estava muito enganado, ou podia jurar que tinha visto uma breve expressão de culpa transparecer em sua face — Não são os vampiros. São os morcegos.

— Morcegos?

— Assim como vocês têm seus lobos como companheiros vivendo junto do seu Clã, nós temos nossos morcegos. Eles são maiores e mais fortes do que os morcegos comuns que você encontra por aí, nos zoológicos dos humanos, por exemplo. E mais famintos também — Shino explicou — O líder anterior comandou o Clã durante muitos séculos. Ele era um ótimo líder, você deve saber disso. Mas os anos foram passando e ele não conseguiu mais dar conta do recado. Conforme o tempo foi passando ele começou a se esquecer das coisas, não dizia mais coisa com coisa…

— Ele ficou caduco?

— É, acho que você pode chamar assim — Shino respondeu, embora não tivesse gostado da expressão — Então eu assumi o lugar dele. Você deve pensar que eu apenas aparento ser jovem porque sou um vampiro, e que tenho centenas de anos… mas na verdade ainda sou muito novo para liderar o Clã. Os morcegos não me obedecem completamente ainda. Estão mordendo mais humanos do que deveriam, é verdade, mas… jamais pensei que chegariam ao território dos lobisomens. Lamento pelo seu companheiro.

Foi então que Kiba encarou Shino não como o líder dos vampiros, mas como um homem pela primeira vez desde que entrou ali. Não… na verdade ele era apenas um garoto tentando liderar um monte de vampiros que juraram obediência a ele, mas que na verdade não conseguia nem controlar uma aglomeração de morcegos. Provavelmente era mais jovem do que ele. Àquela altura suas garras e presas já tinham encolhido, mas ele continuava encarando o rapaz fixamente. Lembrava-se de quando tinha sido nomeado líder dos lobisomens. Foi quando o líder anterior morreu. Sempre achou que Akamaru seria mais indicado para o serviço, por isso o escolheu como seu braço direito. Ser líder não era uma tarefa fácil. Você era responsável pela vida de centenas de pessoas. Será que aquele garoto tinha um braço direito também? Hinata, talvez? Ela não parecia estar ajudando muito em dar conselhos. E aquele rapaz parecia estar precisando de alguns.

— Ah, cara… ser líder é uma droga mesmo. Puro estresse, eu sei como é — Kiba coçou atrás da cabeça, bagunçando ainda mais os cabelos — Talvez você devesse arranjar… não sei um conselheiro ou algo assim. Akamaru me ajuda com isso, quando estou em um dilema ele sempre me ajuda a tomar a melhor decisão.

— Acha que é disso que eu preciso na minha vida? Um conselheiro?

— Sim, com certeza! Um que te ajude a tirar os morcegos do meu território de preferência, ou vamos ter problemas.

— Pois eu acho que é de outra coisa que eu preciso — sem esperar por uma resposta, Shino aproximou-se do rapaz tão rápido quanto sua velocidade de vampiro permitia e o beijou.

Kiba ficou sem reação por um momento. Era difícil processar a informação de ter um vampiro te agarrando pelos cabelos com uma das mãos enquanto enlaçava sua cintura com a outra quando o motivo da sua visita era fazê-lo parar de matar seus companheiros. Como as coisas acabaram desse jeito?

O cérebro do lobisomem demorou alguns segundos pra entender o que estava acontecendo, e quando o fez, ele empurrou Shino para longe de si com violência.

— Mas que droga você pensa que está fazendo?! — Kiba exclamou, cobrindo a boca com uma das mãos.

— Eu posso explicar — Shino levantou as mãos em um sinal de quem se rende.

— Acho bom mesmo!

— Quando eu disse que não sabia que os morcegos tinham invadido o seu território… eu meio que menti.

— Você o que?! — Kiba rosnou — Então você realmente mandou os seus morcegos nojentos atacarem meus companheiros, não foi? E como se isso não bastasse ainda me agarrou! Eu vou te matar, seu depravado! — Kiba avançou contra ele, exibindo as garras.

— Eu sou um vampiro, tecnicamente já estou morto — Shino lembrou, tentando se desvencilha dele.

— Não importa, eu te mato de novo! — Kiba arranhou seu peito com as garras, rasgando-lhe a camisa.

— Seja mais racional e me escute, seu lobo estúpido! — Shino segurou seus pulsos com o máximo de força que conseguiu, embora estivesse tendo dificuldades em dominar Kiba. Por que… por que estava se sentindo tão fraco? Aquele golpe não podia ter causado tanto estrago assim. Foi então que ele olhou para baixo e viu o casaco aberto pela metade e arregalou os olhos — Um colar de alho. Seu trapaceiro…

— Trapaceiro nada, sou é esperto — Kiba se desvencilhou dele e afastou-se alguns passos — Bem, você disse que tinha uma explicação, não é? Estou ouvindo.

— Muito bem — Shino respirou fundo, tentando recuperar suas energias — Eu não menti sobre não conseguir controlar completamente os morcegos. Também não sabia que eles tinham ido até o seu território. O caso é que eu fui até o território do Clã dos lobisomens. Disfarçado na forma de um morcego.

Você?! — Kiba repetiu incrédulo — E o que raios você foi fazer lá?

— Estava curioso — Shino encolheu os ombros — O líder anterior sempre disse para evitar o território dos lobisomens. O antecessor dele dizia a mesma coisa, que o território dos lobisomens era perigoso e que era melhor não ir até lá. Eu queria saber o que tinha de tão especial naquele lugar que ninguém podia ver. E então eu vi.

— Ah, é? — Kiba ergueu uma sobrancelha — Viu o que?

— Você — Shino apontou para o lobisomem — Sabe, os vampiros são todos muito rígidos. Temos leis muito antigas e precisamos seguir todas ao pé da letra. Por causa disso, acabamos sendo um tanto frios uns com os outros, mesmo sem querer. Ninguém é realmente muito próximo um do outro. Mas, quando eu vi você… Kiba, você é um líder nato. Não apenas protege e se preocupa com seus companheiros, mas também gosta deles, convive com eles e conversa com todos como um de seus semelhantes. São todos amigos tão próximos. Eu passei a te observar porque também queria ser assim. Mas acabei me esquecendo do meu objetivo inicial por que… bem, porque acabei me interessando por outras qualidades suas além do seu talento para liderança. Seu otimismo, seu carisma, sua coragem… antes que percebesse, acabei gostando de você mais do que deveria.

O queixo de Kiba caía mais e mais ao ouvir aquelas palavras. Um vampiro apaixonado? Por ele? O líder dos lobisomens? Aquilo não fazia o menor sentido! Por vários motivos diferentes. Mas aquele rapaz parecia estar sendo tão sincero… não podia ser verdade, podia?

Céus, aquela visita estava sendo mais complicada do que Kiba imaginou.

— Shino… você sabe que esse é um amor impossível, não é? — Kiba disse por fim — Nós dois somos líderes de Clãs diferentes que nunca se deram muito bem. Você só se a-apaixonou por mim porque andou me stalkeando. E isso não explica como os seus morcegos chegaram ao meu território, aliás.

— Ah, sim… eles provavelmente me seguiram enquanto eu ia até o território do seu Clã – o vampiro respondeu — Mas isso não importa — ele ignorou completamente a questão que tinha trazido Kiba até ali — Você… por acaso sente alguma coisa por mim?

Não havia nenhuma resposta satisfatória que Kiba pudesse dar ao vampiro. Na verdade ainda estava abismado com o que tinha ouvido. Ele não era o tipo de pessoa que gostava d magoar os outros, mas estava bastante irritado com Shino no momento por tê-lo beijado sem mais nem menos. Isso sem falar no ataque ao seu Clã. Bem, era melhor se concentrar em responder a pergunta dele primeiro. Uma coisa de cada vez.

— Olha, cara… não tem como eu sentir alguma coisa por você. Quero dizer, nós nos conhecemos hoje — Kiba coçou atrás da cabeça sem graça — Quero dizer, eu te conheci hoje. Você anda me seguindo há sei lá quanto tempo. É melhor você partir para outra. Foi mal.

— Entendo — Shino falou cabisbaixo — É uma pena. Eu gostei mesmo de você. Sem falar que você beija muito bem, devo dizer.

— Hã… bom… obrigado, eu acho — Kiba espantou-se com o “elogio”. Mal percebeu que seu rosto tinha começado a queimar — Você… você também não beija nada mal… não, não é isso! — ele bagunçou ainda mais os cabelos, embolando-se com as palavras — Pare de dizer asneiras, seu idiota!

— Mas você também não acabou de dizer a mesma coisa? — Shino exibiu um ínfimo sorriso. Aquela era a primeira vez que o rapaz sorria desde que Kiba o vira. Não ficava nada mal assim — Agradeço o elogio.

— De nada — Kiba falou emburrado. Francamente, nem sabia mais o que estava dizendo — Bem, acho que já está na hora de eu ir embora. E não se esqueça, trate de manter os seus morcegos longe do meu território, ou vamos ter problemas!

— Só os morcegos?

— Preciso mesmo ser mais claro do que isso? Você também fique longe de mim, seu stalker! — Kiba apontou um dedo acusador para ele. Depois deixou a sala, batendo os pés com irritação — Ei, Akamaru! Vamos embora! — ele abriu duas portas laterais no fim da sala — Akamaru, o que raios…?!

Kiba arregalou os olhos diante da luta que se desenrolava no pátio do castelo. Akamaru tinha assumido sua forma lupina e agora travava uma intensa batalha contra Hinata, que o atacava sem piedade com uma adaga de prata.

— Acho que esses dois não se deram tão bem quanto a gente — Shino surgiu ao lado dele, apoiando a mão sem eu ombro e observando a luta com uma tranquilidade impressionante.

— Nós não nos damos nem um pouco bem, seu idiota — Kiba desvencilhou-se dele — Peça para sua amiga parar de atacá-lo.

— Por quê? Hinata está apenas se defendendo.

— Mas que droga— Kiba resmungou, caminhando até o pátio — Muito bem, já chega vocês dois! Akamaru está na hora de irmos embora! — ele tentou acalmar o amigo antes que ele a atacasse novamente. Akamaru latiu alguma coisa que apenas Kiba compreendeu — É eu sei. Mas já terminei de conversar com aquele pervertido, então é melhor não lutarmos sem necessidade — ele disse. Akamaru latiu de novo — Depois eu te conto com calma.

— Aonde pensa que vai, seu vira-lata? — Hinata avançou contra Akamaru, que tinha voltado sua atenção para Kiba e dado as costas para ela — Acha mesmo que pode escapar ileso depois de ter me insultado daquele jeito?

— Eu disse que já chega. Não ouviu, tia? — Kiba a encarou irritado, segurando o pulso da mulher com mais força do que o necessário, fazendo com que ela derrubasse a adaga. Soltou-a assim que ela deixou a adaga cair. Droga tinha exagerado na força de tão irritado que estava… logo ele, que não gostava de lutar com mulheres. Bom, mas ela tecnicamente já estava morta, então não tinha problema, não é?

— Seu lobo sarnento… como ousa…?!

— Hinata, por favor, já chega. Está me causando dor de cabeça. E olha que eu já estou morto — Shino pediu, massageando as têmporas. Ela calou-se a contragosto — Vocês dois — Shino voltou-se para os dois lobisomens — Por que não passam a noite aqui? Fizeram uma viagem longa, não foi?

— O que?! — Kiba e Hinata exclamaram ao mesmo tempo. Akamaru latiu algo incompreensível junto com eles. Provavelmente também tinha dito “O que?!” na língua dos lobisomens.

— Você só pode estar brincando! — Kiba exclamou — Eu quero voltar para casa.

— Vai conseguir voltar nessas condições? Vocês viajaram o dia inteiro, devem estar cansados. E, graças à Hinata, seu amigo parece estar mais exausto do que você — ele apontou. Realmente, Akamaru arfava com a língua para fora e estava pingando de suor.

— Só um instante — Kiba se abaixou de modo que ficasse em uma altura próxima do amigo — O que você acha? — ele perguntou. Akamaru latiu alguma coisa — Eu sei, mas ele é um pervertido. E a tia é uma psicopata, você viu. Pode tentar nos dar uma facada no meio da noite — Kiba argumentou. Akamaru latiu com mais insistência — Você sempre está com fome! Se bem que eu também estou com um pouquinho de fome, devo admitir — ele murmurou. Akamaru latiu outra vez — Ah é, tem isso também. Isso é um problema.

— Você entende mesmo o que ele está falando? — Shino perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— É lógico. Também sou um lobisomem, caso tenha se esquecido — Kiba respondeu, colocando-se de pé — Bem, aceitamos seu convite, mas partiremos pela manhã. Mas temos um pequeno problema.

— E qual seria?

— Akamaru disse que as roupas dele rasgaram quando se transformou para lutar com a… — ele viu a mulher fazendo cara feia quando ele estava prestes a chamá-la de "tia" outra vez — Com a Hinata — ele decidiu chama-la pelo nome — Então ele vai ter que ficar assim.

— Ah, então vocês ficam sem roupa quando voltam ao normal depois de uma transformação?— Shino falou — Interessante.

— Eu não vou me transformar. Não conte com isso — Kiba falou de cara feia.

— Eu jamais pensaria nisso — Shino mentiu — Não se preocupe, posso emprestar algumas roupas para o seu amigo. Mas vamos comer primeiro.

— Agora você falou a minha língua! — Kiba abriu um largo sorriso.

Os quatro retornaram para o interior do castelo. Para a surpresa de Kiba, os vampiros não se alimentavam apenas de humanos. Eles tinham um pequeno lago nos fundos da casa onde criavam patos e, perto do lago, também havia um galinheiro. Disseram que era sempre bom ter uma reserva de sangue para “tempos de crise”. Eles assaram alguns animais para os lobisomens e beberam o sangue.

Depois de emprestarem uma roupa para Akamaru, o jantar mais estranho que já se viu correu surpreendentemente bem. Provavelmente o primeiro jantar onde vampiros e lobisomens sentavam-se lado a lado sem tentarem se matar. Até mesmo Hinata e Akamaru estavam se comportando (ela tinha parado de ter ataques psicóticos depois que os lobisomens pararam de fazer piadas com a idade dela). A conversa fluiu naturalmente e a irritação de Kiba desapareceu. Ele até mesmo começou a simpatizar com Shino.

Era uma pena que os visitantes precisassem ir dormir durante a noite, quando Shino ficava acordado.

Pelo menos essa era a ideia. Kiba rolava de um lado para o outro em sua cama no quarto de hóspedes, mas não conseguia dormir, e não era por causa dos roncos incessantes de Akamaru. Aquele beijo não saía de sua cabeça. Ainda conseguia sentir o gosto de Shino em sua boca mesmo depois de ter comido aquele delicioso pato assado. O gosto de Shino era muito melhor, e olha que o pato estava muito bom… ah droga, no que ele estava pensando?! Em nada, como sempre, Kiba é que estava sendo o pato da história! Caiu como um patinho bobo no charme vampiresco de Shino! Sim, devia ser isso. Já tinha ouvido várias vezes a lenda sobre os vampiros possuírem um poder sobrenatural de seduzir as pessoas a fim de sugarem seu sangue. Shino com certeza tinha usado esse charme sobrenatural para seduzi-lo!

Mas então… por que não tinha sugado seu sangue?

Kiba precisava de uma resposta. Levantou-se da cama, vestiu-se apressadamente e saiu do quarto. Caminhou por vários corredores, e só então se deu conta de que não fazia a menor ideia de onde ficava o quarto de Shino. Ele tinha ido parar no salão onde estava o trono. E, para sua sorte, Shino estava lá. Estava de costas para ele olhando pela janela que oferecia uma visão privilegiada da lua cheia.

— Por acaso vocês só conseguem se transformar quando é lua cheia? — Shino perguntou ao ouvir os passos de Kiba se aproximando. Não precisou virar-se para encará-lo. Depois de tanto tempo infiltrando-se em seu território para observá-lo, sabia que era ele.

— Não. Podemos nos transformar quando quisermos — ele respondeu — Mas é na lua cheia em que ficamos mais fortes.

— Lobisomens são mesmo fascinantes — Shino virou-se para encará-lo — Por que ainda está acordado? Pensei que lobisomens dormiam durante a noite.

— Não consegui dormir — Kiba encolheu os ombros. Realmente pensou em perguntar sobre o charme vampiresco para Shino, mas agora que estava diante dele, aquilo parecia uma ideia idiota — Estava pensando…

— Sim? — Shino aproximou-se alguns passos dele.

— Por que você se interessou por mim? — Kiba perguntou enquanto o outro caminhava lentamente em sua direção — Quero dizer, com tantos lobisomens lá… é porque eu sou o líder?

— Também — Shino admitiu — A princípio, estava buscando uma inspiração, uma pessoa que servisse de exemplo para liderar um Clã tão grande. E você é um ótimo líder, Kiba — ele respondeu, fazendo o outro enrubescer levemente. Engraçado, Shino já tinha dito isso antes, Mas Kiba não tinha ficado embaraçado na ocasião anterior — Mesmo depois de já ter aprendido o suficiente sobre como liderar um Clã, continuei voltando lá porque me interessei em você como pessoa. Mas sabia que não podia dizer isso porque teria que contar que andei te espionando.

— É, isso foi uma péssima ideia — Kiba concordou.

— Foi com a melhor das intenções, eu juro — Shino encolheu os ombros como quem se desculpa. Ele tocou o rosto do lobisomem com uma das mãos. Kiba sentiu a pele estremecer com o toque gelado do vampiro — Isto… também não tem nenhuma má intenção — ele trouxe o rosto de Kiba para mais perto e o beijou outra vez.

Dessa vez Kiba correspondeu o beijo. Sua teoria devia estar correta, vampiros tinham poderes sedutores. Ele não conseguiu sequer hesitar em agarrar Shino com força, a fim de aproximar seus corpos, suas garras arranhando o corpo dele involuntariamente enquanto o beijava lentamente, um tanto desajeitado, sentindo os lábios gelados do vampiro tocando os seus.

Agora Shino entendia o que Kiba quis dizer sobre lobisomens serem mais fortes na lua cheia. Não estavam lutando, mas ele podia perceber a tremenda força do rapaz ao abraçá-lo. Pensou em aprofundar o beijo, mas as presas iriam atrapalhar. Curiosamente Kiba não pareceu se importar com isso e tratou ele mesmo de beijá-lo mais vorazmente, embora um tanto desajeitado. Que engraçado. Logo ele, que resistiu tanto. Mas era melhor Shino aproveitar enquanto Kiba tinha mudado de ideia. Não sabia quanto tempo aquilo ia durar. Talvez apenas aquela noite.

Kiba arrepiou-se ao sentir os dedos escorregadios do vampiro descer até sua cintura e abraçá-lo, aproximando ainda mais seus corpos, se é que isso era possível. Falhou miseravelmente ao tentar conter um gemido rouco que escapou por sua garganta e puxou os cabelos curtos de Shino pela nuca com força. Surpreendeu-se ao sentir um leve gosto de sangue na boca. Droga, as presas realmente estavam atrapalhando. Tinha se empolgado demais, era melhor acabar com aquilo.

Eles encerraram o beijo e Kiba recuou um passo. Levou alguns segundos para recuperar o fôlego, até que disse:

— Ei… por acaso é verdade aquela lenda sobre os vampiros? — ele perguntou — Sobe vocês seduzirem suas vítimas para depois sugarem o sangue delas?

— O que? É claro que não — Shino espantou-se com a pergunta — De onde foi que tirou isso?

— Meu pai disse isso quando eu era criança — Kiba respondeu — E agora você me mordeu.

— Isso foi porque você se empolgou demais — Shino teve dificuldade em conter uma risada. Ele enxugou um filete de sangue que escorria dos lábios de Kiba — Você não me empurrou dessa vez. Significa que você também gosta de mim?

— Faz diferença? — Kiba virou o rosto enrubescido para o lado. Droga, não queria admitir, mas Shino tinha razão. Como ele foi acabar se apaixonando por um vampiro? — Shino… nós dois somos líderes de Clãs de raças diferentes, que nunca se deram muito bem. Você disse que queria ser um bom líder para o seu Clã, não é? O que os outros vampiros diriam se soubessem o que acabou de acontecer?

— Eles não ficariam anda felizes — Shino não precisou nem parar para pensar.

— Meus companheiros também não iriam gostar disso — Kiba respondeu — Desculpe. Não posso ficar com você, Shino. Mesmo… gostando de você.

Kiba deu meia-volta e retornou para o quarto onde Akamaru estava dormindo. Acordou o amigo às pressas para que fossem embora o mais rápido possível, sem dar nenhuma explicação. Quando encontraram o caminho para fora da mansão, o sol já estava nascendo, acabando com qualquer possibilidade de Shino ir atrás deles.




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Alguns dias se passaram e Kiba não teve mais notícias dos vampiros. Os morcegos realmente desapareceram do seu território, o que era uma coisa maravilhosa, mas ainda assim não conseguia parar de pensar em Shino. Talvez tivesse sido duro demais com ele. Talvez devesse voltar lá e pedir desculpas por ter sido tão rude. Mas, se voltasse, poderia fazer com que o rapaz tivesse uma recaída, Shino provavelmente estava tentando superar os sentimentos que nutria por ele. Ou pior, talvez o próprio Kiba tivesse uma recaída.

Estava pensando nisso naquela noite quando recebeu uma visita inesperada. Um morcego. Droga, eles tinham parado de aparecer… será que Shino tinha perdido o controle sobre eles de novo? Não, espere… Shino tinha dito que ele próprio ia visitar o território dos lobisomens algumas vezes, sob a forma de morcego. Será que era ele?

— Shino? — Kiba chamou quando o morcego pousou em um carro.

— Errou feio — o morcego assumiu a forma humana. Para grande decepção de Kiba, tratava-se de Hinata — Vim apenas entregar uma mensagem do meu Mestre — ela estendeu um bilhete.

— Do Shino? — ele segurou o papel surpreso — Ei, por que ele não veio pessoalmente? Onde ele…? — Kiba ergueu a cabeça para encará-la, mas a mulher já tinha desaparecido. Ele pôde ouvir um farfalhar de asas ao longe. Deu de ombros e desdobrou o bilhete com cuidado:



"Um sábio líder me ensinou como cuidar do meu Clã e manter todos unidos, sem desavenças. Hoje, todos os meus companheiros estão felizes e em paz. Mas meu coração sente uma dor pungente, mesmo que tenha parado de bater há anos.

Estou partindo para o País Mizu. Descobri recentemente que tenho ancestrais por lá e irei me juntar a eles. Espero poder me tornar um líder melhor e também amenizar a dor no meu coração, pois sei que essa ferida jamais irá se fechar por completo.

Obrigado por me ensinar como os laços entre os membros de um Clã são valiosos. Obrigado também por me amar. E por aquela noite.

Shino".



Kiba encarou o bilhete de olhos arregalados durante vários minutos, sem conseguir acreditar no que estava escrito nele.

— Seu coração não bate há anos, é? Desgraçado mentiroso… e ainda teve a coragem de dizer que era mais novo do que eu — Kiba riu ao mesmo tempo em que sentia lágrimas quentes escorrerem por sua face — Você não precisava ir embora e abandonar seu território. Por que os vampiros precisam ser tão radicais? Eu disse aquelas coisas estúpidas, fui grosso com você, mas… também não precisava se mudar para outro país! Quer dizer então que não vamos nos ver nunca mais? Hein Shino?! — Kiba gritou, como se o bilhete pudesse responder sua pergunta.

No fundo ele sabia a resposta. Por mais doloroso que fosse, era aquilo que significava ser um líder. Sacrificar-se em prol de seus companheiros. Tudo o que restava agora era esse bilhete e as lembranças que se manteriam vívidas em sua memória para sempre. O destino era mesmo cruel. Kiba tinha enfim encontrado seu primeiro amor, e conseguiu ficar com essa pessoa.

Apenas uma noite.



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História postada também no Nyah! Fanfiction, no Spirit e no Ao3.

25 Août 2019 21:24 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
3
La fin

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