aikimsoo Ai KimSoo

Minseok, o líder do chalé de Apolo, se vê em uma situação diferente. Em meio a caça à bandeira, encontra uma caçadora machucada, porém, ela não o deixa chamar por ajuda. Algo estranho a rodeia e justamente esse segredo é capaz de colocar o Acampamento Meio-sangue de pernas pro ar.


Fanfiction Interdit aux moins de 18 ans.

#gay #yaoi #mitologia #exo #xiuchen #aikimsoo #deusesgredos #pjoau
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Caça a bandeira

-MinSeok pov-


-Chalé de Apolo junto com o de Atena e Ares. – Quíron anunciou e eu tratei de olhar para meus amigos.

-Parece que vamos vencer o de Afrodite de novo. – Sehun comentou, olhando para Luhan e Kyungsoo.

-Não é porque você é de Ares, que vai vencer. Basta eu te olhar fixamente, que você se apaixona e faz o que eu quero. – Luhan rebateu e desatei a rir.

-Não quero segurar vela, então vamos indo Jongin. – saí arrastando meu amigo, que era do chalé de Atena.

Fizemos a formação e Quíron apitou, iniciando nossa caça à bandeira. Jongin tinha conversado comigo e me mandou ir por um atalho. Ele era um ótimo estrategista, como um digno filho de Athena, e sabia que eu corria rápido. Sehun ficou encarregado de se fingir de durão, o que não era difícil para ele – um filho de Ares – enquanto eu iria me esgueirar pela floresta.

Eu fiz como Jongin mandou – assim que o jogo começou e Sehun foi desempenhar seu papel - e saí correndo por um atalho. Kyungsoo, filho de Afrodite, tinha me visto e começou a me seguir, mas Jongin o interceptou. Eles dois eram muito curiosos, era melhor que assumissem os sentimentos entre si, igual o Sehun e Luhan fizeram.

Com o caminho livre e animado para vencer, corri como se minha vida dependesse daquela brincadeira. Eu estava bem no interior da floresta, quando ouvi um gemido. Levei um susto e pensei em correr, mas algo me fez ficar. Sabe o que era esse algo? A minha adorada curiosidade. Espero que ela não me mate, como fez com o gato.

O gemido tornou-se um pouco mais audível e eu decidi seguir a direção da voz. Não demorei muito a avistar a pessoa que o fazia. Pelas roupas prateada e o arco, deduzi ser uma das caçadoras de Ártemis, a irmã gêmea do meu pai. Fui me aproximando, sorrateiramente, e percebi que ela respirava de forma ofegante. Notei, também, que suas roupas prateadas estavam tingidas com um vermelho sangue.

-Por Zeus! Caçadora, você está bem? – perguntei, me aproximando dela. – É claro que não está. – resmunguei ao vê-la se retesar.

Por estar completamente assustado – e surpreso – parei para analisá-la melhor. A caçadora tinha feições marcantes e era asiática como eu. Seus olhos eram bem puxadinhos, sua pele branca, seu cabelo era curto – na altura dos ombros – e sua boca parecia ser repuxada para cima, dando a impressão de que ela poderia estar sorrindo. Ela era linda.

-Prazer, eu sou MinSeok. Entende o que eu digo? – perguntei e a vi concordar. – O que aconteceu com você? Consegue andar? – ela fez que não. – Não sabe falar? Esquece, vou te levar pra alguém que possa ajudá-la...

-Não! – ela gritou, mas sua voz pareceu um pouco mais grossa do que o normal. – Por favor, não...

-Mas você precisa, eu não tenho como te ajudar e se a deusa souber que eu estou tocando em uma de suas caçadoras, eu serei punido. – argumentei e a vi tentar se sentar, mas seu ferimento parecia grave.

Impedi que ela fizesse algo e parei, novamente, para analisá-la. Tinha uma ferida ao lado de sua cintura, onde começava sua saia prateada. Olhei para o lado, em busca do que pudesse tê-la ferido, e percebi uma flecha. Provavelmente tinha sido atingida em meio a alguma batalha, mas... Como ela tinha parado ali?

-Não posso. – ela tornou a insistir.

-Então eu vou tentar te ajudar. Precisamos estancar esse sangue. – falei e ela concordou. – Eu vou pegar um pouco da água do rio e já volto. – avisei e ela apenas assentiu.

Corri em direção ao rio. A sorte é que eu sempre carregava uma garrafinha de água, porque eu sabia que alguns semideuses levavam a caça à bandeira muito a sério e acabavam machucando alguns amigos. A primeira coisa, que eu tinha aprendido, era sempre jogar água nos machucados para evitar que eles infeccionassem.

Depois de encher a garrafinha, voltei a correr. Dei graças aos deuses por não estar muito longe da caçadora. Eu teria que ver a cintura dela, para poder jogar água e fazer algum curativo, mas... Ela era uma menina. Por que diabos ela não me deixava chamar outra pessoa para ajudar? Aish!

Cheguei perto dela e a mesma se encontrava de olhos fechados. Fiquei preocupado, mas vi seu peito subir e descer. Eu não era nenhum tarado, mas foi inevitável não perceber a falta de volume na região dos seios. Aproximei-me e a cutuquei, levemente. A caçadora abriu os olhos e me encarou. Os mesmo estavam cheios de lágrimas.

-Você tem certeza que não quer que eu peça ajuda? Você deve estar sentindo muita dor. – tentei persuadi-la. Eu estava me sentindo desesperado ao vê-la machucada.

-Só você pode me ajudar. Levante minha blusa e abaixe o cós da minha saia. Jogue a água e depois coloque essa fita por cima. – ela falou e apontou para a fita do seu pescoço. Parecia-me uma gargantilha prateada, muito linda por sinal.

-A deusa vai querer me matar. – lamentei, mas fiz o que ela pediu.

Ao levantar sua blusa e abaixar - um pouco - o cós de sua calça, notei sua barriga levemente definida. Por um momento, pensei que eu estivesse cuidando de um garoto e não de uma garota. Espantei os pensamentos e tratei de olhar o ferimento. Estava profundo e eu pensei em tentar argumentar, dizendo que ela precisava de ajuda, mas desisti ao perceber que ela não iria ceder.

-AHHH! – ela gritou, assim que joguei a água.

-Desculpa, desculpa...

-Não pare, precisamos limpar a ferida. – ela me advertiu e eu fiquei confuso. Sua voz não era muito grossa, mas também não era adequada para uma menina. As caçadoras só podiam ser mulheres né? – Desamarra essa fita, coloca por cima e depois arruma a minha roupa. – ela mandou e eu apenas a obedeci.

Levei minhas mãos até seu pescoço e desamarrei a fita prateada. Meus olhos se arregalaram - devem ter ficado quase do tamanho dos olhos de Kyungsoo - quando notei que ela tinha um pomo de Adão. Olhei para ela – que, na verdade, me parecia ele – e percebi que estava sendo fitado de volta.

Ignorei minha curiosidade e resolvi que deveria agir, não perguntar. Coloquei a fita em cima da ferida - já limpa - e levantei a saia, para depois abaixar a blusa. Como tinha sobrado um pouco de água, resolvi que seria melhor fazer aquela pessoa beber. Coloquei minha mão por trás de sua cabeça e o ajudei a se sentar, para que assim a água não fosse derramada para o lado. Seus cabelos curtos, na altura dos ombros, caíram sobre minha mão.

-Por favor, não conte a ninguém. – ele sussurrou, depois de ter bebido a água toda.

-Por que você é um menino, mas está vestido de caçadora? – questionei. Não consegui mais segurar minha língua, eu estava curioso poxa!

-Você não precisa saber. Fico muito grato por ter me ajudado e acredito que não vai contar pra ninguém o que acabou de descobrir. – ele insistiu e eu revirei os olhos.

-Por que não me conta? Eu salvei você! Como pode estar me intimando a proteger seu segredo, sem nem mesmo me contar a razão? – reclamei.

-Minseok né? Só... Não conte a ninguém. – implorou e eu suspirei.

-Não vou contar, você me venceu. – me dei por vencido e o vi sorrir. Ele era bonito. – Eu...

-XIUMIN! XIUMIN! – ouvi me gritarem e, na mesma hora, vi o menino arregalar os olhos.

-Eles não podem me ver. – declarou.

-Não saia daqui, ok? Eu vou ver o que querem e já volto. Vou ver se trago comida, você deve estar cheio de fome. – falei e o vi concordar.

Levantei e fui ver o que queriam. Sehun brigou comigo, porque tínhamos perdido a caça à bandeira para o time adversário.Pelo o que me contou, Kyungsoo tinha conseguido driblar Jongin, fazendo com que a gente fosse derrotado. Saber disso só me fez ter mais certeza que Jongin estava apaixonado pelo Kyungsoo, mas que não admitia.

Tive que voltar para o centro do acampamento e receber a punição do time perdedor. Estávamos encarregados de lavar toda a louça suja. Quase chorei quando soube disso, porque o menino da floresta deveria estar pensando que o deixei sozinho. Fiquei agitado e meus amigos perceberam, me perguntando o que me incomodava tanto. Eu dava respostas evasivas, mas eu sabia que não tinha enganado a Jongin e nem Kyungsoo. Os dois eram muito observadores.


-x-


Fazia uma semana que eu tinha conhecido o menino na floresta. Eu só consegui ir ao seu encontro depois de cumprir minha tarefa, mas assim que cheguei lá, tudo o que encontrei foi o nada. Ele tinha sumido. Nenhuma mancha de sangue, nenhuma fita, nenhuma presilha e nem seu arco-e- flecha. Ele simplesmente desapareceu.

Eu tinha ficado pensativo por dias, mas com o tempo acabei voltando ao meu normal. Kyungsoo e Jongin tinham assumido um namoro, o que me fez ficar muito feliz e esquecer o menino da floresta. Eu estava feliz pelos meus amigos, só não gostava quando começavam a me zombar. Eu tinha virado vela deles, mas não tinha culpa se eu não estava interessado em ninguém.

-Está irritado, hyung? – ouvi a voz de Baekhyun. Olhei em sua direção e o vi mexendo na cama de um dos meus irmãos.

-Está dando um de ladrão de novo, Baekkie? Eu sei que você é filho de Hermes, mas é um pouco ousado, da sua parte, assaltar o chalé de Apolo com o líder te olhando. – comentei sentando na cama, em que antes estava deitado.

-Você sabe que eu sou ousado né? Achei! – ele comemorou e pegou uma foto. – Uma das suas irmãs tirou uma foto do meu Channie. Não podia deixar barato.

-Você é bem ciumento hein? – provoquei e o vi me dar língua. – Mais respeito, que eu sou hyung!

-Eu sei que você é meu hyung e por isso eu vou te contar uma novidade. – ele falou e se aproximou, sentando em minha cama. – A sua tia está mandando as caçadoras dela pra cá.

-Ela é sua tia também. – retruquei e o vi revirar os olhos.

-Ela é mais sua do que minha. Ela não é gêmea do meu pai. – ele ressaltou e eu iria abrir a boca para rebater, quando ele tornou a falar. – Parece que a deusa se meteu em uma batalha e algumas caçadoras ficaram machucadas. Ela as enviou, pra que recebessem cuidados aqui.

-Caçadoras machucadas? – perguntei afobado. Será que ele estaria no meio delas?

-Sim. Quando eu vim pra cá, elas já estavam chegando. – ele respondeu e eu fiquei de pé. – Pra quê essa pressa? Está querendo arrumar uma namorada? Eu sei que o Kyungsoo e o Jongin se assumiram, que você já tem o Luhan e o Sehun como namorados, assim como eu e o Channie, mas...

-Baekkie, eu não estou procurando namorada. – o interrompi e o vi rir.

Ignorei suas piadinhas e o arrastei comigo. Saímos do chalé e fomos procurar nossos amigos. Os encontramos treinado arco-e-flecha. Baekhyun correu para o lado de Chanyeol, outro filho de Ares, e lhe amostrou a foto que tinha furtado. Eu só faria vista grossa, porque eu sabia como ele era ciumento com o namorado.

Enquanto eu os observava, um falatório se iniciou e assim eu vi as caçadoras chegando. Algumas delas estavam sendo carregadas em macas improvisadas, enquanto outras estavam sendo apoiadas pelas companheiras. Procurei o menino e não me surpreendi ao vê-lo sendo arrastado por uma menina mais alta. Dei um passo à frente e, na mesma hora, meu olhar cruzou com o dele.

-Me ajude. – pediu silenciosamente e se eu não estivesse prestando atenção, não teria feito a leitura labial.

Eu não sabia o motivo para que ele fosse um menino e uma caçadora. Não sabia se a deusa tinha conhecimento disso, mas sentia que precisava ajudá-lo. Larguei meus amigos e tentei procurar o pessoal que iria servir de curandeiro para as novas habitantes do acampamento. Demorei, mas encontrei um grupo de meninas carregando curativos. Elas eram de todos os chalés, porque cada uma tinha se voluntariado. Procurei a líder e quando vi a menina com uma fita amarrada na blusa, soube que era ela quem ditava as regras.

-Oi, Miki. – a saudei. Ela era do chalé de Atena.

-Olá! O que precisa? – ela perguntou sorridente. Ela me lembrava ao Koji, o irmão dela. Os dois pareciam gêmeos, mas insistiam em dizer que tinham um ano de diferença.

-Eu queria ajudar. – falei e a vi arregalar os olhos, por estar surpresa.

-Mas Xiumin, você sabe que a deusa Ártemis não gosta que meninos ajudem. – ela lembrou e eu fiz biquinho.

-Nem pra carregar peso? Eu sou filho de Apolo, o irmão gêmeo dela, será que não posso nem ajudar minhas... primas? – perguntei e ela gargalhou.

-Vou te deixar ajudar, mas você só vai poder carregar peso hein? – ela avisou e eu concordei.

A segui até o chalé da deusa. Na mesma hora, todas se dispuseram a ajudar alguma caçadora. Procurei o menino e vi Miki se aproximar justamente dele. Ela pareceu perguntar alguma coisa, mas não recebia resposta em troca. Ela tentou tocá-lo, mas o mesmo deu um leve tapa em sua mão e se encolheu.

-Eu preciso te ajudar ou você vai morrer. – a ouvi dizer. Eu nem tinha percebido que estava indo em direção a eles.

-Ela não sabe falar. – uma caçadora falou e eu franzi o cenho.

-Ah! Qual o nome dela? – Miki perguntou.

-Dae. – a caçadora respondeu.

-Obrigada. Dae... – Miki voltou sua atenção para o menino. – Eu preciso que você me deixe te tocar, pra te ajudar. – e novamente tentou alguma aproximação, mas foi repelida.

-Posso ajudar? – perguntei e a vi dar um pulinho de susto.

-Claro que não, Xiumin. A deusa... – ela foi interrompida pelo menino, que segurou minha mão. Eu o olhei e seus olhos estavam suplicantes. – Não acredito... Você quer que ele te ajude? – indagou e viu o menino concordar. – Aish! Eu não posso deixar, Dae! Quíron vai brigar comigo e a deusa pode me punir.

-Eu posso tentar ajudar, se precisar de alguma coisa de meninas, eu te chamo. É melhor socorrê-la logo. – me pronunciei.

-Não! Dae está louca! Como ela pode querer que um menino a veja sem roupa? Fora de cogitação. Miki, não é mesmo? Por favor, peça ao seu amigo que se retire do chalé. Não era pra ele estar aqui, somente as caçadoras e as ajudantes que podem. – uma caçadora falou e ela não estava machucada, provavelmente deveria ser a líder daquele grupo.

-É verdade, desculpe. Xiumin, por favor, você pode ir? – Miki me pediu e eu suspirei vencido. Tentei me afastar, mas fui puxado por Dae.

-Vai ficar tudo bem. – sussurrei e sorri, mas o mesmo tornou a impedir que eu me afastasse.

-Dae! – a caçadora o repreendeu e me puxou, para que eu me afastasse. – É errado e como a líder, não posso deixar. Eu mesma vou cuidar de você. – e com isso fui forçado a me retirar do chalé.


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-Xiumin! – ouvi me gritarem. Eu perdi o foco e acabei errando o alvo da flecha. – Xiumin!

-Pelos deuses, Miki! Eu podia ter causado um acidente. – a repreendi e a vi fazer careta. – O que houve?

-É a Dae. Ela não deixa ninguém se aproximar e a Lya me mandou vir te chamar. – ela respondeu.

-Lya? – questionei.

-É, a caçadora líder. – ela explicou e eu concordei. – A Dae está ficando pior e não deixa ninguém ajudar. Vamos logo. – e com isso ela me puxou, fazendo com que eu corresse com ela.

Cheguei ao chalé e ele estava menos caótico que antes. As caçadoras dormiam e a única acordada era a líder. As ajudantes do acampamento não estavam mais lá.

-Ah, você chegou! – a caçadora falou assim que me viu adentrar o chalé. – Eu não sei quando a sua ligação com a Dae surgiu, mas ela está me impedindo de ajudá-la. Não me faça ficar arrependida. – ela avisou e eu concordei.

-Oi. – o cumprimentei e o vi suspirar aliviado.

Tentei fazer o curativo da melhor maneira que eu conseguia. Eu sabia que não deveria deixar nenhuma das meninas verem o corpo dele, porque poderiam acabar percebendo algo de estranho. Para minha sorte – e a sorte dele – o ferimento estava melhor do que antes.

-Ela já comeu? – perguntei e vi as garotas negarem. – Então é isso que a está fazendo ficar pálida. Precisamos de comida e bebida.

-Vou buscar. – Miki se voluntariou.

-Eu vou com você. Não tente nada enquanto eu estiver fora. – Lya me ameaçou e seguiu Miki para fora do chalé.

-Você ficou maluco? Por que fugiu naquele dia? – murmurei.

-A deusa me levou. Ela já tinha resolvido os problemas e veio me buscar. – ele respondeu e pediu para que eu o ajudasse a se sentar. – Obrigado.

-Não me agradeça. Que história é essa de não conseguir falar? Você fala muito bem. – questionei e o vi rir.

-Se eu falar, vão saber que sou um garoto né? – debochou e eu revirei os olhos. – Seu nome não é Minseok? Por que te chamam de Xiumin?

-Porque é meu apelido. – expliquei. – Agora eu gostaria de saber seu nome. É Dae mesmo?

-Jongdae, mas se falar o Jong, vão achar curioso, então é só Dae. É menos comprometedor. – ele contou.

-Ah! Por que você é uma caçadora, se na verdade é um menino? Eu ainda não entendi. Vão acabar descobrindo que você é ele e não...

-SHII! Assim as outras vão ouvir. – ele resmungou, enquanto tampava minha boca. – Eu prometo te contar tudo, mas você tem que prometer que não vai deixar ninguém cuidar de mim.

-Você viu como sua líder me fuzila com os olhos? Eu não posso prometer nada, porque nem mesmo sei se estarei vivo! – fui sincero, mas ele riu.

-Desde que eu queira sua aproximação pra cuidar de mim, Lya não vai se opor. Prometa que vai me ajudar. – pediu e eu bufei.

-Só eu que prometo as coisas, você nunca promete nada.

-Prometo te contar tudo. – ele decretou e eu concordei, mesmo que ainda estivesse com um pé atrás.

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Fazia três dias que eu cuidava de Jongdae. Ele estava bem melhor e Lya parou de me fuzilar com os olhos. Eu tinha acabado de acordar e estava indo tomar banho, quando um dos meus irmãos se aproximou e disse que tinha uma caçadora do lado de fora. Perguntei quem era, mas ele disse que ela não falava e assim eu soube que era Jongdae.

-O que está fazendo aqui? Você deveria estar deitado. – o adverti, assim que o encontrei parado na porta do chalé.

-Lya disse que seria uma boa eu começar a andar e apreciar a natureza. Pode me fazer companhia? – perguntou. Ele sempre ignorava o que eu dizia, não sei por que eu ainda o ajudava.

-Eu preciso tomar um banho...

-Não. Vamos assim mesmo. É um passeio matinal, não é como se você estivesse indo a um encontro. – ele rebateu e me puxou para fora do meu lar.

-Você nunca me ouve. Sempre me ignora. – resmunguei e o ouvi rir. – É sério! Olha o que você está fazendo comigo! Eu nem mesmo penteei o cabelo!

-Mas você está bonito. – ele retrucou e sorriu. Meu coração acelerou.

-Não é possível ficar bonito assim que a pessoa acaba de acordar. Eu devo estar com um bafo...

-A deusa sabe que eu sou um menino e foi ela que pediu pra que eu escondesse minha identidade. – ele me interrompeu e aquilo me fez parar de murmurar, para ouvir sua explicação. – Eu sou um humano.

-Mas humanos não entram no acampamento. – o lembrei e sentamos em um banco.

-Sim, mas eu estou com a bênção de uma caçadora. – ele explicou e eu concordei, porque fazia sentido. – Minha mãe era humana e foi deixada pelo meu pai. Ele não queria ter mais dores de cabeça com um recém-nascido. Minha mãe não se deu por vencida e arrumou uma forma de sustentar a mim e a ela. Seu esforço e independência fizeram com que a deusa a enxergasse. Elas viraram muito amigas e minha mãe não sabia que estava se tornando a melhor amiga de uma deusa.

-Sua mãe não sabia? – perguntei surpreso.

-Ela não fazia ideia. A deusa Ártemis estava em uma forma humana. As duas se tornaram muito próximas e com isso eu fiz um ano. A deusa me tratava bem e num certo dia, minha mãe pediu pra que a deusa me olhasse, porque ela precisava cobrir um colega de trabalho. Foi neste dia que minha mãe foi assaltada. Ela ficou muito ferida e internada por um tempo. Antes de morrer, minha mãe pediu pra que a deusa cuidasse de mim. – ele contou e olhou para o céu, deveria estar pensando em sua mãe. – A deusa prometeu sem pensar e, em seguida, minha mãe morreu. O problema de tudo, é que não tinha como a deusa cuidar de mim, sendo quem ela é.

-E foi aí que você se tornou uma caçadora. – concluí e ele concordou, passando a me olhar.

-A deusa resolveu me vestir de menina e me colocar pra ficar ao seu lado. Enquanto eu era uma criança, eu podia falar normalmente. Vozes de crianças sempre são confundidas, então não tinha problema. Só que eu fui crescendo e ela me pediu pra não soltar mais nenhum “ai”. Ela me contou a história toda e eu fiquei muito grato. As outras caçadoras pensam que eu perdi o dom da fala em alguma batalha e a deusa sustenta isso, pra que eu não seja perturbado por elas. – ele explicou e sorriu. – Essa é a minha história.

-Ual! – foi tudo o que consegui dizer. – Isso é loucura! Você não se sente incomodado por ter que agir como uma garota? Por não poder nem mesmo falar?

-É chato não falar, mas já estou acostumado. Devo minha vida à deusa. Quanto a me comportar como uma garota, eu não vejo nada demais.

-Eu não quis dizer no sentido de ser ruim. – apressei-me a explicar e ele riu. – É sério! Eu só estava me referindo ao fato de você se sentir desconfortável por ter de fingir ser o que não é.

-Eu te entendi, Min. – ele me assegurou e riu. Eu arregalei os olhos, estava surpreso, porque era a primeira vez que ele me chamava daquele jeito. – Obrigado por ter me aturado e cuidado de mim. Graças a você, protegi meu segredo e não comprometi a deusa. – e com isso eu recebi um beijo no rosto.

Corei. Corei muito. Devo ter ficado mais vermelho que um tomate. Olhei para Jongdae e ele estava um pouco corado também, porém, sorria. Eu gostava de seu sorriso. Ele estava muito bonito com os cabelos – curtos – trançados e enfeitados por uma tiara prateada. Eu nunca veria um garoto ficar tão bem vestido de menina, como ele ficava.


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Fazia uma semana e meia que Jongdae estava no acampamento. Ele tinha melhorado bastante, porém, ainda não podia entrar em campo de batalha. Eu aproveitava isso para ficarmos conversando. Ele sempre fugia dos olhos de Lya para me encontrar. Eu estava começando a cogitar que ele poderia ser meu melhor amigo, mesmo que eu tivesse os outros meninos.

-Bu! – ele sussurrou em meu ouvido e eu quiquei no chão.

Costumávamos nos encontrar de noite, um pouco longe dos chalés, porque durante o dia era muito agitado e eu participava de vários treinamentos. Jongdae costumava reclamar que ele ficava entediado me vendo praticar arco-e-flecha, porque ele não podia fazer o mesmo.

-Mas que susto! – resmunguei e o vi se sentar ao meu lado.

-Estava muito pensativo, aconteceu alguma coisa com você? – ele questionou e me olhava. Seus olhos eram bem puxadinhos e seu sorriso era encantador. Jongdae se assemelhava a uma fada bondosa com suas atitudes de ajudar o próximo. Não era à toa que meus amigos gostaram dele de primeira. Quer dizer, dela né? Já que ninguém sabia que ela, na verdade, era ele.

-Eu estava só olhando o céu. Como você se sente? Seu dia foi divertido hoje? Desculpa não ter ido praticar, mas tive que resolver problemas no chalé. – me justifiquei.

-O dia foi divertido. Chanyeol e Baekhyun são dois atentados. Eles me fizeram rir bastante enquanto a gente roubava as coisas dos outros semideuses. – ele contou animado.

-DAE! Você não pode fazer isso, roubar é feio! – o repreendi e ele gargalhou. Sua risada era escandalosa e melodiosa.

-Mas é divertido! A gente devolve tudo depois. E os meninos precisam de uma menina silenciosa pra assaltar as garotas do acampamento...

-Você não é uma garota, Dae. Tem que tomar cuidado com isso. Se te descobrirem...

-Eu sei. Eu nunca abro a boca e nem tiro a roupa, então estou protegido! – falou de maneira confiante e eu revirei os olhos.

-Ok. – murmurei contrariado.

-Isso é ciúme de mim, senhor Minseok? – ele perguntou, bem próximo do meu ouvido, e isso me fez ficar arrepiado.

-Por que eu estaria com ciúmes? – rebati. Minha voz saiu um pouco alterada.

-Porque o Luhan e o Kyungsoo estão dizendo que, como filhos de Afrodite, eles estão percebendo o amor no ar. – respondeu e se deitou no chão. Seus cabelos estavam espalhados pela grama.

-Kyungsoo disse isso? – indaguei rindo.

-Ele concordou com o que o Luhan disse, então...

-Ata! Kyungsoo é o filho de Afrodite mais despreocupado com o amor que eu já conheci.

-Mas ele tem o Jongin e sempre que estou com os dois, eu percebo o quanto são apaixonados. – ele argumentou e eu parei de fitar as estrelas, para olhá-lo.

-Kyungsoo é apaixonado por Jongin e vice-versa. Acontece que a maioria dos filhos de Afrodite costumam ser cheios de frescuras e muito “amor, paz, amor”. O Kyungsoo não gosta disso. Ele diz que detesta mimimi. – expliquei.

-Ah! Isso é verdade. – ele concordou. – Mas não fuja do assunto, Minseok! Está com ciúmes de mim? – ele tornou a provocar e eu bufei. – Estou começando a achar que está com ciúmes de mim...

-Vai te catar! Gostava mais de você calado! – mandei e ele gargalhou, levantando-se do chão e me abraçando por trás.

-Minnie está com ciúmes de mim! Minnie está com ciúmes de mim! Lalalalala... – ficou cantarolando e me balançando junto consigo. Meu coração estava acelerado e eu não tinha certeza do motivo, porém, eu desconfiava. Jongdae podia ser ele e não ela, mas para mim, ele começava a se tornar algo a mais.


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-XIUMIN! XIUMIN! – um menino corria atrás de mim. Eu estava indo encontrar com Jongdae na floresta, porque tinha cumprido todo o meu trabalho no acampamento e queria relaxar.

-O que aconteceu, Koji? – perguntei.

-Dioniso está atrás de você. Parece que o seu pai pediu uma missão e ela se dirige, exclusivamente, ao líder do chalé de Apolo. – ele contou e eu arregalei os olhos.

-Uma missão? Eu nunca fiz missões...

-Apenas vamos, porque o deus está te chamando e eu não quero ter que ficar lavando louça depois. – Koji resmungou e saiu me puxando.

Eu não tinha como mandar uma mensagem para Jongdae, avisando que eu não poderia ir, porque nenhum semideus usava aparelhos eletrônicos. Era melhor para nossa segurança.

Fui - a contra gosto - murmurando sozinho. Koji queria se livrar do que lhe fora pedido e por isso corria comigo. Assim que chegamos ao refeitório, o deus do vinho me chamou com o dedo. Koji me empurrou, para seguir em direção ao deus, e se afastou.

-Boa tarde. – saudei e Dioniso fez cara de indiferença.

-Seu pai mandou uma missão pra você. Parece que um semideus, filho do seu pai, está com dificuldade pra chegar ao acampamento por culpa de harpias. Escolha dois semideuses pra te acompanharem na missão. Comunique a Quíron e isso é tudo. Até! Ah! Vocês vão amanhã mesmo. – ele decretou e fez um gesto com a mão, que claramente indicava que era para eu me retirar.

Eu detestava quando Dioniso era tão indiferente a tudo, ou seja, eu o detestava o tempo todo. Eu queria mais detalhes, uma direção e saber com o que eu lidaria exatamente. Só harpias? Ciclopes? E quem eu poderia levar? Sair em missão sempre era arriscado e eu nunca tinha ido em nenhuma. Suspirei pesadamente, ao tempo em que saía do refeitório.

-Por que está de cabeça baixa? – ouvi perguntarem e pela voz, deduzi ser Jongin. Quando me virei, para olhá-lo, vi que não estava errado.

-Meu pai me mandou em uma missão. – respondi.

-Mas isso é ótimo! Estou há séculos querendo ir em uma! É pra fazer o que? – perguntou afobado.-Parece que um semideus está com dificuldades de chegar ao acampamento meio-sangue. Eu não entendi muito bem, mas acho que é uma harpia...

-Eu posso ir com você?! – ele me interrompeu e eu o encarei surpreso. – Não faça essa cara, hyung! Eu sempre quis sair em missão e essa é minha chance. Você tem que levar duas pessoas né? Sempre temos que sair em um grupo de três. Me leva com você!

-Se ele te levar, saiba que vou junto. – Kyungsoo apareceu e abraçou Jongin por trás. Era um ato tão amoroso, que só desse jeito que eu me lembrava que Kyungsoo era filho da deusa do amor.

-Mas sair em missão é perigoso, Soo. – Jongin argumentou.

-Justamente por isso que eu não estou feliz. Eu não quero levar nenhum de vocês, porque podem se machucar. – confessei.

-A gente se machuca e depois fica bem. Vou atrás de néctar. – Kyungsoo avisou e se afastou.

-Aish! Por que o Soo é assim? – Jongin resmungou e eu acabei rindo.

-Dê crédito a ele.

-Então isso quer dizer que podemos ir com você? – logo se animou e eu suspirei, me dando por vencido. – OBA! Vou atrás dele e buscarei mais néctar! – com isso saiu correndo animado.

Eu deveria ser um frouxo, porque era o único que não estava feliz em ir para fora do acampamento. Lamentei por alguns minutos, até que lembrei de Jongdae. Eu precisa ver se ele ainda estava me esperando


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-Dae, fala comigo, por favor! – eu pedia.

Por culpa da minha reunião com o deus e depois com Quíron, me atrasei para ir ao encontro de Jongdae. Ele estava irritado e me ignorava completamente. Fiquei surpreso que o mesmo tinha me esperado por mais de duas horas. Eu tinha ficado surpreso e feliz.

-Você disse que me preferia calado. Então assim seja! Já que nossos amigos não conhecem minha voz, você vai esquecê-la também. Eu vou embora do acampamento uma hora ou outra mesmo. – jogou na minha cara e aquilo me atingiu.

-Você já sabe quando vai embora? – perguntei e só assim para que ele me olhasse.

-Sim. Vou embora amanhã, por isso eu queria passar o dia todo com você. – respondeu e eu senti sua mágoa. – Eu nunca tive com quem conversar e desde que te conheci, sou mais feliz. Fiz amigos, mesmo sem pronunciar uma palavra, e ainda tinha você pra brincar. Por que estragou tudo?

-Mas você ainda não está totalmente curado. Por que resolveram ir embora? – questionei afobado, ignorando sua acusação.

-Já ficamos tempo demais aqui. – respondeu e voltou a ficar de costas para mim, mas, dessa vez, andava olhando para o sol se pondo no céu. – Essa é nossa despedida. Seria legal se você pudesse me dizer a razão que o fez demorar.

-Eu recebi uma missão. – comecei. – E tive que resolver tudo. Eu também vou partir amanhã e junto comigo vai o Kyungsoo e o Jongin. – contei.

-Então parece que hoje realmente é a nossa despedida né? Não vou poder nem te abraçar quando estiver indo embora. – ele sussurrou, mas por estarmos em silêncio, eu consegui compreender facilmente.

-Não fale assim. Eu não quero ir, mas estou sendo obrigado. Se eu pudesse, não teria nem mesmo me atrasado.

-Eu sei, só... – deu uma pausa, parou de andar e olhou para mim. – Fiquei irritado que as coisas saíram do meu controle. Eu tinha planejado passar o dia com você, queria que a gente pudesse brincar de alguma coisa e até mesmo queria te ouvir cantar. Soube, pelos meninos, que você canta e dança bem. Mas no fim... Nosso dia vai se resumir em poucas horas.

-Mas eu posso cantar e dançar! Você também vai ter que fazer isso. – falei tentando ficar animado. Com o pouco tempo que eu tinha conhecido Jongdae, eu percebi que ele detestava quando as coisas fugiam do que ele planejava e por isso era melhor animá-lo logo. Eu também precisava me animar.-Mas eu nunca cantei ou dancei. – ele argumentou e eu dei de ombros.

-Pra tudo existe uma primeira vez. – comentei e assim pedi que ele sentasse.

Jongdae se sentou no chão e eu me endireitei todo, pensando em que música cantar. Resolvi escolher uma alegre. Eu não tinha uma coreografia em mente, então apenas improvisei e estava completamente engraçado. A risada de Jongdae ecoou pelo silêncio do lugar. Fiz um pequeno show de 3 músicas, para logo em seguida me jogar no chão. Eu estava exausto.

-Você realmente tem talento. – ele elogiou e sorriu. Eu adorava seu sorriso.

-Agora é sua vez. – mandei e ele fez bico. – Bora, bora! – continuei insistindo e quando ele iria abrir a boca, ouvimos uma movimentação. – Quem está aí?

-Olá, hyung! Olá, Dae! – Jongin apareceu. Ele segurava a mão de Kyungsoo, que estava emburrado.

-Eu falei pra você não atrapalhar eles. – Kyungsoo resmungou.

-Mas eles estavam aqui, oras! É bom, porque precisamos conversar com o hyung sobre a missão de amanhã. – Jongin insistiu e se sentou perto de nós. Kyungsoo permaneceu em pé, mostrando claramente sua irritação.

-Vocês ouviram alguma coisa? – perguntei. Jongdae estava tagarelando antes e se eles tivessem ouvido a voz dele...

-Não. Estava se declarando pra ela? – Kyungsoo questionou e logo tratou de sentar, como se esperasse uma confirmação. Nem parecia estar fazendo birra antes.

-Vocês estão chatos hein? – praguejei e eles riram.

-Tsc! – Jongin estalou a língua e sorriu. – Eu já arrumei as coisas que precisaremos pra amanhã. Vamos que horas?

-Iremos de manhã. – respondi. Eu não entendia como os dois ficavam animados com a missão. A gente iria ter que lutar contra harpias! Podíamos morrer! Uma coisa era participar de treinamento, outra muito diferente, era ir para uma batalha.

-Soube que as caçadoras vão embora amanhã de manhã. – Kyungsoo comentou olhando para Jongdae, que confirmou com um balançar de cabeça. – Iremos sentir sua falta, Dae.

Depois disso, voltamos a conversar sobre a missão. Como Kyungsoo e Jongin estavam animados, acabei me fingindo de ansioso. Eu não queria ir, tinha um pressentimento ruim. Eles ficaram por mais um tempo e Jongdae não falou nada. Ele não podia.

-Então, eu já vou dormir. Jongin, vamos! Amanhã acordaremos cedo e precisamos estar dispostos. Vê se não fica acordado até tarde, hyung. – Kyungsoo aconselhou e ficou de pé, puxando Jongin para ir embora. – Acho que não nos encontraremos amanhã, Dae, então... Foi um prazer te conhecer. Espero que a gente possa se ver novamente.

Demos tchau para o casal - que se afastava - e suspiramos. O silêncio retornou e o clima pesou. Eu não estava satisfeito com a missão, com o Jongdae indo embora e com mais nada. Eu estava injuriado.

-Se franzir muito a testa, vai ter rugas. – Jongdae quebrou o silêncio e eu o olhei. – Está com medo da missão né?

-Como é lutar de verdade? – perguntei.

-É como os treinamentos de vocês, só que a vida está em jogo. – ele respondeu e aquilo fez meu coração acelerar ainda mais.

-Você... Gosta de estar em campo de guerra? – indaguei baixinho.

-Nenhum pouco. – foi sincero e estendeu a mão, pegando a minha. Senti um leve arrepiar. – Você parece estar tenso com a possibilidade de lutar pra valer. – observou.

-E eu estou, mas Jongin e Kyungsoo estão tão animados, que estou começando a me achar um idiota. – confessei e ele riu.

-Você não é idiota, Min. – me tranquilizou. – Acontece que você está com medo e isso é normal. Não é porque somos semideuses, que não somos humanos. Quer dizer, você e os outros são semideuses né? – ele brincou e eu ri. – Mas isso não muda que vocês são humanos. Apenas lembre- se dos treinamentos, evite ficar perto das garras das harpias e use a arma que você levar. Ah! Procure sempre ficar com as costas coladas nas do Jongin e Kyungsoo. Os dois são bons em campo, não que você não seja, é porque isso serve pra proteger vocês e impedir que fiquem indefesos em batalha. – ele me aconselhou e eu concordei.

Jongdae passou - o resto das nossas horas juntos – me dando dicas de defesa em campo de batalha. Ele era o único que conhecia as minhas inseguranças e eu era grato por ele não me julgar. Jongdae era um ótimo amigo e me doía pensar que aquela era nossa última vez juntos. Doía mais ainda por eu estar começando a ter certeza do que sentia por ele.


-x-


Não fui dormir muito tarde, porque Jongdae e eu precisávamos acordar cedo no dia seguinte. Nossa despedida não foi muito demorada - no dia anterior -, porque preferimos agir como se fôssemos nos encontrar no outro dia, mesmo sabendo que estávamos apenas nos enganando.

Nos enganando da mesma forma que eu fazia comigo no momento. Eu esperava, na entrada do acampamento meio-sangue, Jongin e Kyungsoo enquanto pensava no sonho que eu tinha tido. Sonhos para semideuses nunca eram coisas boas.


-Flashback do sonho On-


Corria e corria. Não encontrava um lugar que pudesse me esconder. A harpia me perseguia e eu sabia que ela iria me pegar. A floresta parecia um campo sem fim, sem saída, sem esconderijo e sem vida.Eu estava ofegante, não aguentava mais fugir. Ergui o rosto, uma última vez, e vi que não tinha saída. Eu não tinha onde me esconder. Era o fim, então por que eu continuava correndo?

Decidi parar. Era melhor morrer de uma vez, do que ficar me forçando a ficar com medo. As harpias já iriam me pegar mesmo. Parei, no meio da floresta, com as mãos no joelho e a respiração descompassada. Era o fim.

Esperei minha morte chegar, mas nada aconteceu. Estava demorando e eu lembrava que a harpia estava bem próxima de mim. Com essa inquietação, olhei para trás e...


-Flashback do sonho Off-


-HYUNG! - fui tirado dos meus devaneios pelo chamado de Jongin.

-Oi? - falei desnorteado.

-Estamos te chamando há tempos! Está se sentindo bem? - Kyungsoo perguntou. Seus enormes olhos me analisavam e por isso decidi sorrir.

-Estou sim. Vamos?

-Não vai esperar a Dae? Soube que ela vai embora em 10 minutos...

-Não sei lidar com despedidas, Kyungsoo. Ela também não, então apenas vamos. - falei e vi o casal concordar.

Saímos do acampamento. Não pronunciamos nenhuma palavra, porque agora estávamos indefesos e precisávamos prestar atenção em qualquer ruído. Nós éramos um ponto claro no meio de um breu.

Foi então que a calmaria, que estranhávamos, ganhou vida. Ouvimos um grito estridente e horripilante. Olhamos uns para os outros e depois para frente, vendo um menino de pele clara, feições infantis e baixinho, jogando pedra em um bicho monstruoso. Uma harpia.

-Não vamos nos separar, agora é a hora de ficarmos juntos. – Jongin anunciou e puxou sua espada, enquanto Kyungsoo pegava seu soco inglês. Ele era ágil, por isso conseguia lutar corpo a corpo. Eu peguei meu arco e puxei uma flecha. – Vamos lembrar de todos os treinamentos que já tivemos. Vamos! – chamou e nós saímos correndo.

O menino tinha acabado de cair e a harpia iria pegá-lo, quando eu consegui mirar a flecha e a acertar. O garoto olhou para nós e quando tentou gritar algo, Jongin foi erguido no ar. Eram duas harpias e não uma.

-Jongin! – Kyungsoo e eu gritamos, mas não tivemos tempo para nos preocupar com ele, porque uma terceira harpia havia aparecido.

Colei minhas costas a de Kyungsoo e nos preparamos para lutar. Acertei uma flecha na harpia mais próxima, enquanto Kyungsoo tentava cravar a lâmina - do seu soco inglês - na outra. Um grito estridente foi ouvido e olhamos para o som. Jongin tinha cortado o braço de uma das harpias e rolava pelo chão.

Por culpa da nossa distração, vi que uma das harpias iria pegar o menino indefeso. Atirei minha flecha e senti Kyungsoo desgrudar das minhas costas. Não pude olhar o que o fez se afastar, mas um barulho foi o suficiente para entender que ele era quem estava sendo carregado no ar.

-Hyung, atira a flecha! – Jongin gritou e eu mirei minha flecha na harpia, que segurava Kyungsoo pelos braços, impedindo que ele fizesse qualquer movimento.

-CUIDADO! – o garoto gritou e em seguida senti meu corpo ser arremessado para o lado.

-DAE! – Kyungsoo gritou e meus olhos se arregalaram.

Olhei para trás e lá estava Jongdae sendo arremessado pelo ar. Tentei correr até ele, mas Jongin me segurou e fez que não. Fiquei desnorteado, porque era para Jongdae estar indo embora e não aparecendo ali. Foi em meio a essa confusão, que Jongin me fez colar nossas costas, resultando com que eu despertasse da confusão mental, para começarmos a atacar. Jongdae levantou, com dificuldade, e ergueu seu arco e flecha. Kyungsoo tinha se livrado da harpia, mas agora lutava corpo a corpo com ela. Eu não sabia como, mas aquela tinha ficado sem asas.

Minhas flechas e as de Jongdae eram a cobertura que Jongin e Kyungsoo precisavam para conseguir fazer um combate corpo a corpo. Eu protegia a retaguarda de Jongin e Jongdae a de Kyungsoo. Haviam momentos em que precisávamos correr e, no meio dessa confusão, consegui chegar ao meu irmão. Ele estava ferido e fraco, provavelmente era consequência do tempo que deveria estar resistindo aos monstros.

-Consegue correr? – perguntei.

-Sim. – ele respondeu e eu concordei com um acenar de cabeça.

Eu amparava seu corpo, enquanto nós dois corríamos. Era melhor tirá-lo da batalha e deixá- lo em segurança, do que ficarmos tendo que proteger mais uma vida. Minhas flechas já tinham acabado e tudo o que eu conseguiria fazer, era lutar com uma adaga que eu sempre carregava na cintura.-Consegue seguir sozinho agora? – perguntei e o vi concordar. – Vai, eu preciso ajudá-los.

Vi o garoto correr - pelo pouco espaço que nos separava do acampamento -, enquanto eu corria desesperado para voltar à batalha dos meus amigos. Puxei a adaga da minha cintura e, assim que cheguei ao meu destino, vi que duas harpias estavam mortas - se tornando poeira - e meus três amigos estavam de costas um para o outro.

-Onde está a outra? – perguntei me aproximando.

-Ela sumiu. – Kyungsoo respondeu.

-Venha logo pra cá, não vamos...

-YAAAAAAAA! – o grito da harpia foi ouvido, interrompendo o que Jongin diria, fazendo com que nos agitássemos.

-MIN! – Jongdae gritou e apontou a flecha para mim. Entendi que deveria me abaixar, mas a harpia me ergueu antes do tempo, fazendo com que minha adaga caísse e Jongdae não atirasse a flecha.

Comecei a me debater, mas a harpia era forte demais. Suas garras estavam sendo cravadas em meu ombro, porque ela me usava de escudo para si. Ela começou a se aproximar dos meus amigos e eu me desesperei, mas antes que qualquer um pudesse fazer algo, ela me arremessou para cima de Jongin e Kyungsoo.

-DAE! – Kyungsoo gritou e quando consegui sair de cima dos meus amigos, vi a harpia arremessando Jongdae para longe. Ela estava disposta a ir somente em cima dele.

Levantei, correndo, peguei uma flecha no chão – a de Jongdae – e corri com toda minha velocidade. Jongdae tinha se chocado contra uma árvore e a harpia tentava agarrá-lo pela cintura, enquanto ele se debatia da maneira que podia. Ele sangrava muito.

-MORRA! – gritei, pulando em cima dela e fincando a flecha em suas costas.

Ela se arqueou para trás e gritou de dor. Puxei a flecha para fora e voltei a cravá-la nela. Jongin apareceu ao meu lado e enfiou sua espada no ponto certeiro da harpia. Ela parou de se mover e começou a se dissolver. Estava morta e voltaria para as profundezas do Tártaro.

-Ela morreu? – Kyungsoo perguntou receoso.

-Sim. – respondi, saindo de perto dela e olhando para Jongdae. – Pelos deuses! – gritei e saí correndo em sua direção, que estava estirado pelo chão da floresta e sangrando.

-Jongin, onde está o néctar?! – Kyungsoo gritou se aproximando. – Dae, Dae, não fecha os olhos! Olha pra gente.

-Eu não posso... Não posso... – ele sussurrava e vi os olhos de Kyungsoo se arregalarem. Ele, provavelmente, estava começando a achar a voz muito grossa para uma menina. Além de se surpreender com o Jongdae falando.

-Aqui o néctar! – Jongin apareceu com a bebida azul e Jongdae se remexeu, afastando-se e gemendo.

-Não... – ele insistiu e eu lembrei. Ele era humano e não um semideus.

-Não! Ele não pode tomar! Ele não é um semideus! – falei desesperado. Meu desespero estava aumentando. Ele não era semideus, precisava de um médico. – Precisamos levá-lo a um hospital!-Como ele não é um semideus? E como é ele? Dae é uma caçadora, então é ela... – Jongin protestou, mas logo se calou. – Espera... Você...

-Isso não vem ao acaso agora, Jongin! Ela ou ele precisa de cuidados. Vamos pro acampamento! – Kyungsoo interrompeu ao namorado e tentou ir até Jongdae, que tornou a tentar se afastar.

-Não posso. Eles não podem descobrir. – argumentou.

-Desculpa, mas agora isso é o que menos importa. – retruquei e me agachei. – Jongin, Kyungsoo, o ajude a subir em minhas costas. Precisamos ir pro acampamento.

-É melhor ele vir na minha. – Jongin argumentou e eu percebi que era verdade. Jongin era mais alto e mais forte.

Kyungsoo e eu tentamos erguer Jongdae, que continuava a não deixar. Ele murmurava que não podia entregar o segredo da deusa, mas nós o ignorávamos. Depois de colocá-lo nas costas de Jongin, Kyungsoo deu um pouco de néctar ao namorado, bebeu e me deu também. Após estarmos um pouco melhores, apressamo-nos a correr para o acampamento meio-sangue.


-x-


As feridas de Jongdae tinham sido graves. Ele estava com hemorragia, por ter aberto a mesma ferida de antes, e por isso tinha desmaiado nas costas de Jongin. Fazia dois dias que Jongdae não despertava e estávamos começando a cogitar a ideia de levá-lo para um hospital. Um semideus - que era um médico renomado fora do acampamento - tinha levado todos os tipos de aparelhos para a recuperação de Jongdae, mas nada estava surtindo efeito.

-Talvez seja a hora de levá-lo para o hospital. Se ele continuar desacordado, não vamos poder mantê-lo aqui. – o médico avisou e eu suspirei.

O doutor e Quíron saíram da enfermaria, do acampamento meio-sangue, me deixando sozinho com Jongdae. Eu não saía do lado dele desde que tínhamos chegado ali. Fiquei o olhando e vendo como suas expressões estavam tão sem vida. Ele era sorridente, alegre e agora estava sem nenhum brilho.

Relembrei o desespero do sonho, que eu tinha tido antes de irmos para a missão, e senti meus olhos marejarem. No meu sonho, Jongdae tinha sido perfurado por uma harpia e – como todos os sonhos de semideuses – aquilo tinha sido um aviso do que iria me acontecer.

Quando chegamos ao acampamento, todos tinham ficado confusos e eu tive que explicar - por alto - que Jongdae era um garoto humano e que por isso não poderia beber néctar. Quíron me pediu explicações melhores, mas eu estava tão atordoado, que só consegui explicar no dia seguinte.

Lya tinha aparecido no acampamento no dia que eu expliquei tudo, porque ela tinha dado falta de uma caçadora e veio buscá-la. Foi onde todos descobriram a verdade por trás da caçadora Dae.

-Ele ainda não acordou? – Baekhyun perguntou. Assustei-me, porque eu estava sozinho antes.

-Ainda não. – respondi. Minha voz estava embolada, por culpa da minha falta de uso.

-Ele vai ficar bem. Jongdae suportou anos como caçadora, escondendo quem realmente era, e não vai ser uma harpia que vai derrubá-lo. – Baekhyun me consolou e eu sorri. Era um sorriso muito forçado. – Suho veio comigo.

-Quem?

-Suho, o menino que vocês resgataram. – ele explicou e eu me senti mal por não ter nem perguntado seu nome. – Ele queria ver como você e o Dae estavam.

-Ah... E onde ele está? – questionei e vi a confusão no rosto de Baekhyun.

-Ué? Ele estava aqui. – ele murmurou e virou, saindo do quarto e depois voltando. – Para de graça, Suho! Xiumin é uma pessoa boa! – Baek falava e arrastava o garoto.

-Olá. – o cumprimentei e fiquei de pé. – Sou Minseok, líder do chalé de Apolo, mas pode me chamar de Xiumin. – me apresentei.

-Eu sou Junmyeon, mas me chamam de Suho. – ele falou e sorriu sem jeito. – Desculpe pelo o que aconteceu. Eu...

-A culpa não foi sua. Lidar com os monstros é muito difícil e você suportou bastante. – interrompi e coloquei a mão em seu ombro. – Não se culpe por nada.

-Mas seu amigo...

-Ele vai ficar bem. – lhe assegurei, mesmo que não estivesse tão convicto.

-Vou mesmo. – uma voz baixinha se fez presente e todos olhamos para o dono dela.

-Dae! – gritei e corri até ele. – Você está bem? Está sentindo alguma coisa?

-Eu...

-QUÍRON! QUÍRON! – Baekhyun saiu gritando do quarto. – ELE ACORDOU!

-É melhor não ficar muito perto, pode sufocá-lo. – Suho aconselhou e eu me afastei.

-Eu... Estou bem. – Jongdae respondeu e tentou se mexer. – Ai.

-Não se mexa! – o alertei e antes que pudesse pensar em falar qualquer coisa, o médico chegou no quarto.

-Oras, finalmente acordou! Sou Zhang Yixing, é um prazer conhecê-lo, Jongdae. – o médico se apresentou e sorriu amigavelmente.

O médico se aproximou e pediu que nos retirássemos do quarto, porque ele precisaria examinar Jongdae com muito cuidado. Mesmo relutante, acabei acatando a ordem.


-x-

-Onde ele está? – perguntei entrando na enfermaria e não o encontrando.

-É melhor você sentar. – Quíron pediu e eu o olhei desesperado. – Calma, Jongdae está vivo. – me tranquilizou e eu suspirei. – Por favor, sente-se.

-Pra onde vocês o levaram? – questionei.

-Yixing achou que seria melhor levá-lo para um hospital. Jongdae é humano e precisa de cuidados diferentes dos nossos. – explicou.

-Eu nunca mais vou vê-lo né? – perguntei e o vi ficar em silêncio. Meus olhos já ardiam de tanto que eu queria chorar. – Por que não me deixaram vê-lo antes?

-Não pudemos hesitar, Jongdae estava em um estado crítico. – respondeu e eu concordei. – Eu vou... Deixá-lo sozinho. – anunciou e eu não disse nada, apenas permaneci em silêncio.

Quando me vi sozinho, comecei a chorar. Eu sabia que Jongdae não poderia ficar no acampamento meio-sangue se fosse descoberto, mas... Não era daquele jeito que imaginei que nos separaríamos. Eu nem mesmo sabia como ele iria conseguir viver no mundo humano!

-Eu nem falei o quanto ele era importante pra mim. – lamentei e continuei chorando. Que os deuses, pelo menos, o mantivessem vivo.


-x-


1 mês depois


-Xiumin! Xiumin! Soube da notícia? – Suho perguntava. Eu tinha acabado de acordar, então apenas concordei com a cabeça, sem me dar ao trabalho de prestar atenção. – Você já sabia que vamos ter um novo irmão e não me contou nada?

-Irmão? – balbuciei.

-Sim! Quíron falou que hoje vamos receber um novo amigo no chalé. – ele explicou e eu sentei. – Ele já deve estar chegando, por que você não levanta e vai se arrumar?

-Aham... – resmunguei e levantei sem pressa.

Fazia um mês desde que tudo tinha acontecido e a única notícia que tive foi que Jongdae não tinha morrido. Eu continuava mal, por não ter me despedido, mas entendia que deveria ser grato por Yixing ter cuidado do meu amigo. Meu melhor amigo, que me fez desenvolver outros sentimentos.

Entrei no banheiro, tirei a roupa, liguei o chuveiro e tratei de me banhar. Eu fazia tudo sem pressa, porque eu andava desanimado até para respirar. Meus amigos diziam que era doença de apaixonado e, em algum momento, comecei a concordar com eles. Eu gostava de Jongdae de uma forma diferente. Meu coração acelerava quando eu o via e isso não acontecia quando eu via Chanyeol ou Sehun.

Ouvi baterem na porta e gritei que já estava acabando. A pessoa nada falou e deixou que eu terminasse meu banho. Fechei o chuveiro, me sequei, vesti minha bermuda jeans, minha blusa laranja do acampamento e penteei o cabelo para trás. Olhei-me no espelho e julguei minha aparência apresentável para um líder.

Saí do banheiro e encontrei o dormitório vazio. Olhei em volta, para ter certeza se não tinha ninguém, e vi um menino sentado em minha cama. Ele estava de costas para mim, então eu nem sabia quem era. Fui me aproximando e resolvi que era melhor anunciar minha presença, para não assustar quem quer que fosse.

-Hã... Oi? – murmurei e logo o garoto ficou de pé. Ele não era muito alto, não vestia a blusa do acampamento e por isso deduzi que deveria ser o novo morador do chalé. – Eu sou Minseok, líder do chalé de Apolo.

-Eu sei. – ele falou e virou, ficando de frente para mim.

-Quem... Jong... Jongdae? – indaguei e vi o sorriso que eu tanto admirava.

-Sim! Senti saudades! – ele declarou e correu até mim, chocando nossos corpos em um abraço apertado.

O envolvi com meus braços e o apertei mais contra mim. Seus cabelos não estavam até os ombros, ele tinha um corte de menino e se vestia como um. Seu cheiro era doce e seu corpo mais firme.

-Dae? Como você... Eu senti tanto sua falta! Você está bem? Melhorou? – perguntei assim que nos afastamos.

-Sim. Estou com uma saúde de ferro e agora assumi minha masculinidade. – brincou e fingiu exibir músculos. – Gostou do meu novo visual?

-Você é lindo de qualquer jeito. – respondi e quando percebi o que tinha falado, mordi minha língua. – Quer dizer... Você é o único menino, que conheço, que fica bem em roupas femininas ou masculinas.

-Está se embolando muito, por que não admite logo que nossos amigos estão certos e que você gosta de mim? – questionou e sorriu. – Porque, depois de ficar entre a vida e a morte, decidi que não vou esconder mais nada!

-O que... – fui calado.

Jongade tinha roubado um beijo meu. Ele juntou nossos lábios e logo tratou de movê-los. Eu não sabia o que fazer, porque eu podia ter 16 anos, mas era um total perdido em assuntos amorosos. Jongdae também parecia não saber muito o que fazer, então nos afastamos e sorrimos - acanhados - um para o outro.

-Eu gosto de você. – ele confessou e eu vi seu rosto corado. – Prometi que diria isso quando nos encontrássemos novamente.

-E-eu... – gaguejei e ele se aproximou de novo.

-Não precisa dizer nada, posso esperar todo o tempo do mundo! – me tranquilizou e segurou minha mão. – Vamos dividir o mesmo chalé agora.

-Mas como?

-Parece que a deusa Ártemis cobrou um favor ao deus Dioniso. Ela quer continuar mantendo a sua promessa, de cuidar de mim, e o lugar mais seguro que ela acontece, é o acampamento meio- sangue. Por isso... Cá estou eu. – explicou e dava para ver o quanto ele estava feliz.

-Então você não precisa mais fingir que é uma garota, não corre mais riscos de vida e vai viver no mesmo lugar que eu? – questionei e o vi concordar. – Isso é...

-Não gostou? – perguntou preocupado. Sorri e tinha certeza que todos os meus dentes estavam à amostra.

-EU ADOREI! – gritei e pulei em cima de si. – Eu não preciso de tempo, Dae! Nossos amigos estiveram certos o tempo todo!

-O que...

-Eu gosto de você. – sussurrei em seu ouvido e depois afastei meu rosto de seu pescoço. – Estou muito feliz que você esteja bem e que vamos ficar juntos.

-Isso é...

-Um pedido de namoro. – declarei e me afastei. – Aceita namorar comigo, Jongdae? – perguntei e o vi hesitar. Senti-me inseguro, mas logo o vi rir.

-Eu quase morri por você, eu seria louco de dizer não. – falou e me puxou para um abraço.

Em um dia normal, participando de uma caça à bandeira, conheci uma caçadora machucada e depois descobri que ela não era ela e sim ele. Nem mesmo semideus o menino - que se disfarçava de caçadora - era. Tínhamos tudo para dar errado. Nenhum humano podia viver no acampamento, mas...

Nenhum menino podia ser uma caçadora também.

Obrigado, deusa Ártemis.

9 Juin 2019 03:09 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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