camy Camy <3

Há muito tempo, pouco se sabia sobre medicina e ciência. Houve uma época em que as doenças eram tratadas pela religião e por achismos... Só o que se pode dizer é que não foi uma época feliz, não para Giselle.


Drame Tout public.

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O começo


Odiava quando eram crianças.


— Naquela maca ali ao canto!


Correu, mesmo com os olhos ardendo e o coração apertado. Já havia perdido mais de trinta pacientes desde que começara a trabalhar como enfermeira voluntária. Afastou os cabelos dos olhos e chegou perto da mãe e da criança.


Era um menino pequeno, talvez quatro anos, magrinho, chorando de dor. A mãe parecia desesperada, falava num italiano rápido que Giselle não conseguia entender. Viera da França passar as férias em Veneza quando pessoas começaram a aparecer doentes em todos os lugares. Muitos vinham dizendo que era um castigo divino, porém, ao olhar aquele garotinho se debater de dor, com um bubo enorme debaixo de cada braço, ela não pôde pensar no pecado que ele teria cometido para merecer isso.


— Um segundo, meu bem, o médico logo virá vos atender.


Colocou uma toalha molhada na testa dele, a fim de diminuir a febre, e segurou a mão do garoto. Fez uma oração rápida, pedindo que ele se curasse e que fosse perdoado pelo que o levara a ser punido dessa maneira. Algumas manchas negras começavam a aparecer em suas pernas; seus últimos pacientes haviam morrido poucos dias depois de as manchas aparecerem.


A sala já continha quase mais pacientes do que camas; Giselle estava começando a se apavorar, assim como o resto da população. A quantidade de moradores que fugira chegava a ser assustadora.


— Um segundo, meu bem — disse para a mulher.


Saiu à procura de um médico, e encontrou o senhor Carbone. Ele era um homem de meia idade que insistia em encarar suas pernas quando achava que Giselle não estava olhando. No fundo, porém, era um bom homem — e um médico melhor ainda; um dos poucos que verdadeiramente parecia se preocupar com seus pacientes.


— Senhor Carbone, uma mulher e uma criança chegaram. Ele tem os bubos e as manchas negras…


— Corte.


— O quê?


Ele a arrastou para perto de uma das macas, onde um homem de talvez vinte e três anos agonizava.


— Observe — senhor Carbone ordenou.


Giselle sentiu a boca ficar seca de nervosismo. O doutor falou palavras baixas e disse que tudo ficaria bem antes de enfiar uma faca pontuda no bubo perto da virilha do paciente. Ele berrou, o doutor Carbone garantiu que tudo ficaria bem de novo e continuou. De dentro da protuberância saía um líquido preto e fedido; Giselle não pôde deixar de pensar que era a alma podre daquele homem escorrendo para fora.


— Ah, meu Deus!


Ela fez o sinal da cruz e pediu proteção a Deus. O que era aquilo?


— Faça no menino e o limpe! Precisamos arrancar a doença deles!


Senhor Carbone parecia muito certo do que dizia, e Giselle não desconfiou dele por sequer um momento. Com o coração apertado, ela correu de volta à maca em que o menino ainda chorava.


— Estou de volta, meu bem. Ficará tudo certo no fim, meu bem. Aguente só mais um pouquinho, sim?

26 Mai 2019 05:25 1 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Alice Alamo Alice Alamo
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June 06, 2019, 22:51
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