Migalhas, era disso que ele se alimentava. Ele não se lembrava se algum dia tivera algum banquete para si, a única coisa da qual se lembrara eram das migalhas. Vivia a fitar envolta das mesas onde os outros se banqueteavam, sempre a espera das migalhas e as vezes conseguia se empanturrar dessas, se sentindo completo.
As migalhas de pão doce lhe eram as preferidas. O pouco de açúcar refinado as mascaravam e as faziam parecer uma maravilhosa refeição, embora no fundo ainda fossem apenas migalhas.
Por vezes se questionava se não merecia mais do que apenas as migalhas, mas ao olhar para os da mesa logo lhe vinha a revelação. Não era tão importante quanto aos que ali se sentavam, nem mesmo tinha a desenvoltura e carisma destes. Vivia nas sombras rezando para não ser visto, com medo de aparecer e ficar sem suas migalhas e com isso morrer de fome.
Já chegou a se questionar se o que faltava para ganhar o seu próprio banquete não era justamente aparecer mais, se fazer ser visto e respeitado como alguém merecedor de mais do que apenas migalhas. Porém, toda vez que nisso pensava, ria de si mesmo e de sua prepotência. Onde já se viu, ser tão insignificante merecer mais do que as migalhas? Aquiete-se ao seu lugar e não sonhe com o que não é plausível para alguém como você, engula suas migalhas e dê-se por satisfeito por ainda ter, pelo menos as migalhas para alimentar a sua triste existência.
Tais pensamentos de grandeza iam e vinham as vezes, mas no fim ele sempre se convencia que as migalhas era o máximo que merecia e que teria na vida. Recolhia-se novamente nas sombras e esperava a próxima migalha cair da mesa, rezava para que fosse pelo menos as migalhas do seu amado pão doce.
Merci pour la lecture!
Nous pouvons garder Inkspired gratuitement en affichant des annonces à nos visiteurs. S’il vous plaît, soutenez-nous en ajoutant ou en désactivant AdBlocker.
Après l’avoir fait, veuillez recharger le site Web pour continuer à utiliser Inkspired normalement.