syzuss Carla Alessandra

Joshua Zummach é o clássico fracassado da escola: notas baixas, físico ruim, melhor amigo falhado, alvo de piadinhas e sem namorada. Cansado de ter seus pais e irmão zombando de sua realidade, ele cria Aurora em sua mente para ocupar o cargo vago em seu relacionamento amoroso. Entretanto, de forma inexplicável, Aurora aparece em sua escola como uma nova aluna. E como nem tudo na vida são flores – no caso de Joshua, apenas espinhos –, a personalidade de Aurora é completamente diferente de como o rapaz havia imaginado.


Fiction adolescente Déconseillé aux moins de 13 ans. © Todos os direitos reservados
3
246 VUES
En cours - Nouveau chapitre Tous les 15 jours
temps de lecture
AA Partager

Aquele da Namorada Imaginária

Olhava as horas em seu relógio de pulso digital. Estavam dez minutos atrasados. Batia o pé freneticamente num sinal de irritação e sua boca se formava numa linha fina constantemente. O mundo desabava lá fora, e toda vez precisava sair do lugar onde estava, pois a cada quinze segundos uma gota de água caía em sua cabeça. Bufou pela vigésima nona vez ao ouvir gritos histéricos da parte das muitas garotas que se encontravam próximas a si. Pôs-se na ponta dos pés, imitando-as, e pode ver a razão dos gritos: Oliver estava vindo em sua direção.


— Ei, Joshua. — Chamou ao se ver próximo ao irmão. — Vou pra casa com o Steve. Até mais.


Joshua bufou outra vez, completando assim a trigésima. Saiu da quadra pisando firme e com raiva. Tinha esperado uma hora para nada. Tentou não correr para o estacionamento, mas foi impossível. Se demorasse um pouco mais, nunca chegaria a tempo. Sentiu as pesadas gotas de chuva caírem desvairadamente sobre seus ombros e cabeça. Menos de um minuto lá fora e já estava todo ensopado. Levou certo tempo até destrancar o cadeado da bicicleta, já que tudo estava molhado e escorregadio.


O celular apitou em seu bolso, o que lembrou o rapaz de guarda-lo em sua mochila. Não que fosse fazer muita diferença, afinal, ao abrir o apetrecho pôde ver como seus livros e cadernos tinham ficado um tanto molhados. Ao olhar para os lados viu luzes de um automóvel se aproximando. Steve poderia dar-lhe uma carona? Claro que poderia, mas ele era descolado de mais para ser legal. Joshua voltou-se à sua bicicleta, concentrado em conseguir colocar a chave na abertura do cadeado sem tremer, escorregar ou deixar a chave cair.


O carro se aproximava perigosamente. Menos de um minuto depois, Joshua sentia uma onda de água bater contra seu corpo de costas para o resto do estacionamento. Oliver e seus amigos babacas aprontaram outra vez. Não que ser molhado por água de poça fizesse diferença, afinal, estava chovendo e ele não tinha um guarda-chuva, mas agora estava fedendo.


Finalmente conseguiu destrancar o empecilho. Guardou a chave no bolso e subiu na bicicleta, pedalando o longo caminho que tinha da escola até sua casa. Deslizava várias vezes, por conta das ruas de asfalto molhadas, e quase caía encima de uma senhora se não tivesse colocado o pé no chão para obter equilíbrio.


Chegou em casa muito tempo depois, guardando o seu meio de transporte pessoal na garagem e adentrou a casa. Correu até a sala, mas seu pai e Oliver já estavam sentados assistindo ao final das internacionais. Além de passar por tudo isso, não chegou a tempo de assistir seu desenho favorito.


— Joshua! O que está fazendo? — Annabeth apareceu no cômodo. — Vá já tomar um banho, está molhando todo o meu chão. E eca, está fedendo. Vá rápido!


E ele, como o bom filho que era, correu até o banheiro para tomar um banho. Suspirou quando sentiu a água quente escorrer pelo seu corpo. Esfregou com calma, lavando bem. Enxaguou os cabelos e desligou o chuveiro, pegando a toalha branca debaixo do gabinete da pia e checou seu celular. Edgar havia mandando uma mensagem vinte minutos atrás, perguntando se, quando a chuva acalmasse, poderia passar lá para zerarem o jogo que compraram no final de semana. Joshua respondeu, dizendo que sim, poderia. Foi prontamente contraposto com outra mensagem, esta dizendo que chegaria em trinta minutos.


Saiu do banheiro ainda enrolado na toalha, a mãe não deu oportunidade para que o garoto subisse até o quarto e pegasse suas roupas – o chão poderia ficar ainda mais molhado. Subiu as escadas rapidamente e entrou em seu quarto, fechando a porta. Colocou sua blusa e calça de moletom, pretos, e uma meia cinza que achara jogada no guarda-roupa. Pegou a toalha que jogou em cima da cama e secou os cabelos. Deitou-se no tapete branco e felpudo, com preguiça em demasia para continuar a viver o dia que estava e os outros que seguiriam.


Fechou os olhos, adentrando em um universo completamente diferente. Adorava seus devaneios, as estórias e situações que criava com sua imaginação, os personagens. Sua vida era, sem sombra de dúvidas, muito melhor na sua cabeça. Ignorou o som alto da televisão no andar debaixo, com o narrador aos berros narrando cada passo dos jogadores. Ignorou o barulho das panelas vindo da sala. Ignorou o barulho da chuva fraca batendo na sua janela. Concentrou-se em si mesmo e em seu próprio mundo. Por um momento, seu corpo pareceu perder todo o peso e ele se sentiu flutuando por todo o quarto, mas logo caiu de volta no tapete e à realidade quando a porta de seu quarto foi aberta. Sentou-se e olhou para a porta, observando seu melhor – e único – amigo sentar-se ao seu lado, jogando as costas para trás, apoiando-as na cama.


— Cara, o mundo parecia que ia cair hoje. — Edgar comentou enquanto Joshua ligava o Playstation.


— E eu não sei? Oliver e seus amigos me molharam com água de uma poça que fedia a esgoto. — Voltou a se sentar ao lado do amigo, dando-lhe o controle do Player 2.


— Por isso sua mãe estava reclamando na cozinha do cheiro quando eu cheguei?


— Não sei. Pode estar reclamando do suor do meu irmão também, ele fede. — Riram. — Eddie — Chamou o amigo pelo apelido, não recebendo a atenção total deste, já que estava concentrado demais em tentar matar seu inimigo —, qual é o nosso problema?


— O seu é ser irmão do capitão do time de Futebol, o meu eu não sei. — Deu de ombros. — Presta atenção Joshua, vamos perder por sua causa!


— Nossa, falou o cara que nem sabe dar o especial. —Ridicularizou o outro enquanto pressionava os botões do controle sem pausa alguma.


Passaram horas jogando, mas Joshua já estava com a cabeça no dia seguinte, em como faria para sobreviver a mais uma sessão irritante de piadinhas dos populares da escola. Claro que poderia conversar com seus pais e pedirem para darem um jeito em Oliver e em sua galera, mas isso era pedir para morrer. E se, por algum milagre do destino eles realmente deixassem-no em paz, acabaria com a hierarquia escolar, e automaticamente subiria ao topo com a fama de “O garoto que salvou os jovens nerds”, e ele não queria isso. Não mesmo. Atenção é com certeza a última coisa que o Zummach mais novo gostaria de chamar. Pensou nas lições que teria de entregar, algumas passadas semanas atrás, mas ele não se importava. Sua casa e escola eram o inferno na Terra, sem chances de juntar os dois em um lugar só. E não conseguia decidir qual era pior: estavam empatados no primeiro lugar. O melhor lugar do mundo, mesmo ficando em um dos piores, era seu quarto. Ninguém, absolutamente ninguém além dele – e Eddie, quando vinha para jogar em sua casa – entrava ali. Nem sua mãe para limpar, ele mesmo o fazia. Até mesmo o trancava quando saía de casa.


A chuva voltou com força, acompanhada de trovões e relâmpagos. Os meninos nem sequer perceberam que esta havia cessado, e só notaram que estava de volta quando o barulho se fez muito intenso. Desligaram o aparelho e o tiraram da tomada, para evitar uma tragédia e mais um item para a lista de vacilos de Joshua – afinal, ele era uma máquina. Acompanhou o amigo até a porta, entregando um guarda-chuva. Edgar pegou meio descontente, mas não disse e nem deixou transparecer nada, seria indelicado. Voltaria para casa encharcado até os joelhos, as ruas já estavam todas alagadas e o objeto dado pelo mais novo era tão vagabundo que assim que saísse na chuva com ele, teria certeza que rasgaria. Despediram-se com um “Até amanhã” e Joshua fechou a porta.


Quando estava no meio das escadas, pronto para se trancar no quarto novamente, ouviu a voz de sua mãe chamando para o jantar. Desceu todos os degraus preguiçosamente, desejando que fosse algo fácil de comer, para simplesmente acabar rápido, se trancar no quarto e deitar-se enquanto ouvia as músicas baixadas recentemente no celular no modo aleatório até pegar no sono, acordando apenas em outra vida. Uma vida com mais sorte que essa, vale ressaltar.


Sentou-se com o resto da família após passar no banheiro para lavar as mãos. Começaram a conversar sobre coisas das quais o caçula não se interessava nem um pouco, fazendo-o perder o assunto inconscientemente e retornar ao mundo dentro de sua cabeça, de onde nunca deveria ter saído. Na verdade, nunca deveria ter saído de seu quarto pela manhã. Não é como se fossem notar caso ele faltasse.


Foi puxado de volta para a chata realidade quando sentiu ser cutucado no braço por seu pai, que já tentava chamar sua atenção há alguns minutos.


— Voltou do País das Maravilhas, Alice? — Phill brincou. Era óbvio de quem Oliver puxara o senso de humor tão idiota. — Enfim, seu irmão tem um encontro amanhã. E você?


— Tenho aula de química. — Respondeu, levando a boca mais uma garfada da não tão deliciosa assim comida de sua mãe. O pai bufou.


— Precisa de uma namorada, Joshua. — Repreendeu. — Olhe para Oliver: atleta, cada semana em um encontro diferente... Isso sim é a juventude. Por que não pratica um esporte? Não sai um pouco? Precisa sair filho, vai atrofiar se continuar a ficar em seu quarto todos os dias.


— Eu saio com Eddie às vezes. — Defendeu-se, tentando cortar o bife duro em seu prato.


— Eddie... Eddie... — Murmurou descontente. — Esse seu amigo é outro também.


— Não fale assim, é o único amigo que ele tem. — O irmão debochou. O mais novo não tentou retrucar, era a verdade, de qualquer maneira. — Então família, tenho algo importante a dizer. — Sorriu largo. — Agora além de ser capitão do time de Futebol fui escolhido para ser o capitão do time de Basquete!


O pai gargalhou, dizendo o quanto estava orgulhoso. A mãe sorria largo, aplaudindo e parabenizando-o, logo dizendo que iriam sair para comemorar no final de semana.


Era o fim. Agora, além de ser infernizado pelos idiotas do time de Futebol, agora os seguidores de seu irmão do time de Basquete fariam o mesmo para impressionar o capitão. Não que não estivesse feliz por Oliver, só estava mais preocupado consigo mesmo, já que ninguém quis pegar o papel de “eu me importo com Joshua Zummach” no teatro da vida, mas era entendível, já que não era um papel importante: todos querem o papel do protagonista ou de quem é próximo a ele, ninguém gostaria de ser o cara que se importa com um secundário. Porque era isso o que ele era. Não podia ser o personagem principal nem de sua própria vida, que também girava em torno da existência do irmão.


Voltou a comer enquanto os outros ao seu redor ainda celebravam, tentando não pensar sobre muita coisa e se concentrar em terminar o jantar para voltar a seu quarto; talvez para desenhar, jogar ou simplesmente dormir e esperar o amanhã chegar.


— Querido, você participa de qual clube? — Annabeth perguntou, colocando mais um pouco de salada em seu prato.


— Nenhum, mãe.


— Por que não participa de um dos clubes de esporte? — O pai sugeriu, tentando instigar o filho mais novo.


Joshua poderia citar todos os motivos, entre eles a falta de interesse, falta de força de vontade, falta de talento e não querer se misturar com os babacas da escola; estupidez pega, era o que ele pensava, mas ao invés disso apenas resumiu, soltando um:


— Não é pra mim.


Phill suspirou, seu desapontamento estava claro, entretanto, voltou ao assunto anterior. — Mas me diga, quando vai arrumar uma namorada?


— Quando for feita a versão feminina de mim. — Respondeu, sorrindo ladino. Sabia que o pai não tinha ficado satisfeito com a resposta, mas quem disse que ele se importava?


O garoto de quinze anos terminou sua refeição, não tardando a levantar, colocar seu prato na pia e subir para o quarto, atirando-se na cama. Rolou pelo colchão macio, bagunçando os lençóis. Fechou os olhos, suspirando. Talvez se arrumasse uma namorada, o pai finalmente desistiria de pegar no seu pé toda vez que sentam juntos à mesa para ter uma refeição.


Primeiro, ela teria que se fascinar facilmente. Pouparia esforços do parceiro. Teria que ser gentil e carinhosa e, principalmente, autossuficiente. Joshua gosta de ficar sozinho, odiaria que sua companheira grudasse em si como chiclete, seria um incômodo. Teria que gostar de hambúrguer, batata frita e café e, principalmente, ter o mesmo gosto musical que ele. Ótimo, agora precisa de um nome, pensou. Pegou o celular, pesquisando por nomes bonitos no aplicativo de pesquisas.


Aurora.


Um sobrenome não era tão fácil assim de achar, e após muitas sugestões achou o ideal.


Beaumont.


O nome dos sogros podia ser qualquer um. Elisa e Sebastian.


Sem irmãos, não quer nenhum cunhado.


Deitou a cabeça no travesseiro com mais jeito e cobriu o corpo. Não demorou a pegar no sono.


Deveria se envergonhar. Que rapaz de sua idade arranjaria uma namorada imaginária? Estava realmente muito maluco para ter uma ideia dessas, mas é como dizem “ninguém entende os adolescentes, nem eles mesmos”. Estava dentro de casa jogando, dormindo ou assistindo desenhos. Suas notas não eram as melhores, ele sabia, mas não é como se estivesse disposto a estudar para aumentá-las. Sabia também que não estava nos padrões impostos para jovens do gênero masculino de sua faixa etária. Seu pai, assim como todos atribuem que deveria ser, esperava que ele frequentasse festas tarde da noite e voltasse apenas no dia seguinte; que praticasse esportes e tivesse um corpo saudável; que tivesse mais de um amigo e que, principalmente, não fosse mais virgem. Tudo o que Oliver era, ou talvez não, não sabia se o irmão já tivera uma – ou mais de uma – relação sexual e não se interessava em saber.

 


Seu celular tocou na cômoda ao lado da cama. O a luz do Sol invadia o quarto, sendo pouco contida pelas cortinas de cor creme – ou branca, ele não via diferença – incomodando seus olhos recém-abertos. A noite passou tão rápido que mais parecia que havia somente piscado e acordado no dia seguinte. Levantou preguiçosamente, se arrastando até o guarda roupa, quase caindo no caminho ao tropeçar em uma pequena pilha de livros de ficção que estava jogado no chão. Vestiu-se, e saiu para o banheiro. Lavou o rosto e as mãos, logo descendo para ter a primeira refeição do dia. Sentou-se a mesa, estranhando não ter ninguém ali àquela hora. Talvez tenham saído mais cedo ou ainda estejam dormindo, pensou.


Aqui está. — Idealizou ser servido pela namorada imaginária.


Obrigado. — Respondeu.


Comeu um pouco de tudo. Pegou a velha mochila, pendurando-a no ombro direito e colocou o celular dentro do bolso do casaco, lembrando-se das chaves quando estava já saindo. A bicicleta já estava seca na garagem, e esperava por ele. Saiu pedalando, nem tão rápido e nem tão devagar, pensando se mais tarde chegaria a tempo de assistir seu desenho preferido, já que havia o perdido no dia anterior. As pistas e calçadas estavam cheias, como normalmente estavam naquele horário: estudantes indo à escola ou matando aula, adultos indo trabalhar ou voltando do serviço, senhoras idosas jogando conversa fora no ponto de ônibus e senhores sentados às mesas externas de bares diversos jogando baralho.


O estacionamento da escola estava lotado, teve de sair da bicicleta para não atropelar algum colega avoado demais para prestar atenção ao seu redor. Joshua não os julgava, afinal, estava muito cedo para usar o cérebro. Trancou a bicicleta ao lado das outras e entrou no prédio do Bloco A, se dirigindo ao próprio armário, a fim de pegar seus livros para a primeira aula, mas claro, sem antes ser incomodado pelos seguidores abrutalhados de seu irmão. Já tinha virado rotina.


— Ei, Joshua! — Steve chamou. — Gostou do banho de ontem? — Perguntou, arrancando risada dos demais.


— O que eu tomei com a sua mãe? Estava ótimo. — Respondeu, arrependendo-se logo depois. Odiava ser um adolescente e não pensar antes de fazer merda. Poderia simplesmente ignorar, mas não. Maldita idade.


Era essa a desculpa que usava quando agia feito um idiota: ser adolescente. De qualquer jeito, é isso que adolescentes fazem, qual é o problema de culpar essa fase da vida?


— Desculpe Olivia Palito, mas a minha mãe gosta de caras malhados. — Saiu gargalhando e recebendo tapinhas nas costas de seus companheiros de time, que diziam coisas como “mandou bem, cara” ou “você acabou com ele”. Pôde ouvir os risinhos abafados de outras pessoas ali presentes.


Bufou balançando a cabeça negativamente, voltando a andar pelos corredores que pareciam não ter fim. Virava tantas e tantas vezes e passava por pessoas que falavam tão alto, na esperança de ouvir umas as outras que deixava seu trajeto cansativo e barulhento. Chegou, finalmente, ao seu armário, destrancando-o e pegando os livros necessários, trancando logo depois. Por sorte, a sala de química ficava próxima. Se fosse aula de física teria que atravessar todo o Bloco. Poderiam achar que estava exagerando, mas andar do ponto onde estava até a sala de física era quase como correr uma maratona.


Sentou-se em seu lugar, não muito a vontade por conta da cadeira dura. Não tinha essa aula com Edgar, então teria que aturar o professor ranzinza e estourado sozinho. Bocejou enquanto observava seus colegas de classe adentrarem a sala com o mesmo entusiasmo que ele, ocupando quase todos os lugares. Alguns conversavam entre si, talvez falando do jogo da noite anterior ou perguntando se o professor havia passado alguma lição de casa na aula passada. Joshua estava apenas deitado sobre o próprio braço, de maneira desconfortável. Suspirou de tédio ao ouvir o sinal tocar. Os alunos se acalmaram e o professor entrou na sala, acompanhado.


— Alunos. — Bateu as mãos uma nas outras, chamando a atenção de um grupinho que continuava conversando. Conseguiu o silêncio absoluto depois de muitas tentativas. — Temos uma nova aluna na sala. Apresente-se, senhorita.


A garota deu um passo a frente ao sentir a mão do senhor em suas costas. — Me chamo Aurora, Aurora Beaumont.


Joshua levantou a cabeça imediatamente, com os olhos arregalados. Poderia ser mera coincidência e apenas teria que mudar o nome de sua namorada – o que seria uma pena, pois tinha gostado bastante desse – mas não era apenas isso. Os mesmos olhos, o mesmo corte de cabelo e cor também, as mesmas feições e o mesmo sorriso. Talvez estivesse sonhando acordado outra vez e não se deu conta. Beliscou o braço; nada aconteceu. Mordeu o lábio inferior; nada. Deu dois fortes tapas nas bochechas; nada novamente. Inclinou-se para o garoto ao seu lado. Ele certamente o acharia doido, mas não custava nada, e ele também não se importava com o que ele achava ou deixaria de achar.


— Você está vendo aquela garota ali? — Perguntou, esperando ter como resposta uma face desconfiada e um “que garota? Você enlouqueceu?”.


— Claro que estou, ela é linda. — Respondeu, encarando a novata com um sorriso ladino, não tendo noção do quão ridículo estava.


Os olhos de Joshua não se aquietavam e ele esfregava uma mão na outra, estralando os dedos de vez em quando. Estava nervoso. Quais eram as chances de isso acontecer?

 

7 Mai 2020 00:00 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
2
Lire le chapitre suivant Aquele do Plano

Commentez quelque chose

Publier!
Il n’y a aucun commentaire pour le moment. Soyez le premier à donner votre avis!
~

Comment se passe votre lecture?

Il reste encore 9 chapitres restants de cette histoire.
Pour continuer votre lecture, veuillez vous connecter ou créer un compte. Gratuit!