Chovia muito naquela noite. Não sabia se realmente queria continuar com aquilo, era a minha primeira missão sozinha e tudo me dizia que seria fácil: só precisava completá-la logo e seria promovida para Homicídios. Não aguentava mais fazer apenas rondas, eu queria logo prender aquele homem!
Meu celular apitou com uma mensagem: "Estou aqui", curta e grossa.
“Mamãe, papai? Onde vocês estão? Eu não quero mais brincar disso! Por favor, mamãe, me tira daqui!” Lembro que chorei até dormir naquela noite. Mas não era hora de me atentar às lembranças do passado, tinha que focar no presente, para descobrir meu futuro.
— É agora!
Vi o alvo se aproximando do ponto de entrega de drogas. Era minha última missão na Divisão de Narcóticos de Konoha (D.N.K.), havia me infiltrado em um dos maiores cartéis de drogas do Japão; essa era minha missão final, meu ultimato e meu passe para Homicídios. Saí do meu esconderijo e fui em direção a ele.
— Ok! Está tudo pronto, estamos com ele na mira, comandante! — Acenei a cabeça, demonstrando que havia recebido o recado e que minha escuta funcionava perfeitamente.
Cobri meus cabelos com um capuz, já que a cor me entregaria. Daquela forma, estava parecendo um homem, com uma roupa bem larga e uma jaqueta grande que peguei do meu superior quando saí de sua sala. Era agora ou nunca, minhas mãos suavam de ansiedade. Não que eu não gostasse de trabalhar na Narcóticos — eu gostava! —, mas se continuasse lá, jamais chegaria até ele, e eu tinha que fazê-lo pagar por tudo. Estava decidida a respeito disso e não ia voltar atrás.
— Comandante! Comandante! Abortar missão, abortar missão! — Ouvi pela escuta um dos meus homens gritar.
Fiquei atônita, não sabia o que fazer, pois já estava de frente a ele. Não podia me comunicar com meus agentes pela escuta na frente de um dos braços direito do maior traficante de Konoha, então decidi que minha melhor opção era continuar com a missão, mas sem finalizar.
— Você trouxe? — disse, forçando minha voz para disfarçar. O homem estava encapuzado, impossibilitando de eu poder ver seu rosto.
— Trouxe, sim — ele falou enquanto levava as mãos nas costas. Fiquei apreensiva: eles podiam ter descoberto o meu disfarce, podiam estar armando para mim.
Fui tirada do meu devaneio quando bem alto ele esbravejou:
— D.H.K! Mãos ao alto. Você está preso!
— Mas o que…? — Minha mente girou.
Quer dizer que um dos braços direito do maior traficante de Konoha era um agente da Divisão de Homicídios de Konoha?
— Ei! Você não pode me prender! — gritei de volta.
— Cala a boca! Você quer estragar meu disfarce? — gritou ele.
— Mas é você quem está gritando, falando que está disfarçado! — berrei de volta a ele.
Em um movimento rápido, ele se pôs atrás de mim, e com as mãos tapou minha boca.
— Hmmmmm, ahhhhhh, hummmm! — tentei gritar com ele, falar que eu era do D.N.K, mas não consegui pronunciar uma palavra sequer.
— Mas que problemático, trate de ficar quieto até eu te levar para a central!
E assim foi a minha maior vergonha, e na minha primeira missão sozinha. Adeus Homicídios!
Fiquei tão perdida em pensamentos, que não percebi que o carro parou.
— Você, fique aqui bem quietinho, que eu já volto. — Ele demonstrava irritação.
Não entendia o que estava acontecendo, só sentia meu coração aflito. Não seria dessa vez que ingressaria no escalão da Homicídios e nem sabia se um dia conseguiria Imaginava o quanto o pessoal na sede deveria estar fazendo piadinhas sobre isso.
Fiquei por um momento afogada em minhas próprias decepções.
[...]
Estava na sala de interrogatório e continuei o tempo todo de cabeça baixa; quem sabe assim eu poderia salvar minha reputação? Fiquei pensando no cara com quem eu me encontrei. Quer dizer que a Divisão de Homicídios de Konoha estava envolvida com esse caso também. Como nunca ficamos sabendo disso, melhor ainda, como nunca desconfiamos? Mas é claro que a D.H.K. se envolveria, não era de hoje que essa quadrilha vinha maquinando planos contra o nosso governo. E assassinando várias pessoas.
Pelo que eu me lembrava, até estavam por trás de um grande caso de assassinato de um casal de melhores agentes de Konoha. Claro que a D.H.K estava envolvida e apagaram todos os dados do casal, e ninguém nunca soube quem eram e o que aconteceu de fato.
Estava perdida em meus pensamentos quando vi um pequeno alvoroço que acontecia do lado de fora do pequeno quadrado de vidro da porta da sala. Era o Kakashi com vários outros agentes.
Espera, Kakashi?
Agora, sim, minha reputação já era!
Lembrava do momento da minha discussão com ele. Kakashi sempre foi como um pai para mim. Quando meus pais se foram, Kakashi ainda era o investigador que cuidava do caso dos meus pais e, depois que o arquivo foi fechado, ele assumiu minha guarda e desde então cuidava de mim. Quando disse para ele que queria ser uma policial boa que nem ele, no dia das profissões que teve na escolinha, ele chorou de emoção, e no dia que eu tive meu primeiro sangramento, ele quase morreu do coração porque não sabia o que fazer. Sempre fomos só nós dois. Ele era mais que um guardião para mim, ele era o pai que eu não tive na minha infância.
Devido ao trabalho dos meus pais, eles quase nunca estavam presentes, e eu ficava aos cuidados dos meus avôs, mas quando meus pais se foram, eles não quiseram mais saber de mim. Quando contei a Kakashi que queria ir para a Homicídios, ele quase teve um troço do coração, porque eu não estaria mais sob a sua vigia, mesmo que em casa ele continuasse vigiando todos os meus passos.
Agora estava eu aqui, manchando a imagem do meu superior e do homem que me criou como filha. Bati no vidro com a intenção de chamar sua atenção.
— Meu Deus, Sakura, então é verdade? — ele falou atrás do vidro.
— Me tira logo daqui! — esbravejei.
— Eu vou lá falar com o Itachi. Lembra dele? Ele que é o chefe aqui — disse Kakashi para mim.
— Claro que lembro, a Rapunzel, né? Vai logo, estou começando a sentir ataques de pânico trancafiada aqui dentro — falei, me abanando com a mão.
Vi Kakashi sair da frente da porta e seguir reto pelo corredor, depois eu voltei para a cadeira e me debrucei sobre meu braço, escondendo meu rosto.
A espera seria longa.
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