aroisuk Geovanna GK.

— Eu posso te salvar, mas apenas com uma condição...Traga-me de volta e me deixe ser parte de você, e então todos os problemas irão sumir. [...] Aquela foi uma das piores escolhas de Dipper. Contudo, ela também serviu para que o seu assassino não passasse impune pelo seu erro de tentar mata-lo. E Bill, como um espectador peculiar, apenas quer ver o circo pegar fogo em Gravity Falls.


Fanfiction Dessins animés Interdit aux moins de 18 ans.

#GravityFalls #billdip #Bipper
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Pacto

— Eu posso te salvar, mas apenas com uma condição... — Essas palavras, de formas pronunciadas tão docilmente, congelaram a espinha de Dipper. Parecia que o chão tinha sumido sob os seus pés, e ele caia em direção ao nada, mas com a certeza de que, mais cedo ou tarde, iria sofrer a dor do impacto. — Traga-me de volta e me deixe ser parte de você, e então todos os problemas irão sumir.

Não. Ele não podia fazer isso, não podia fazer esse acordo. Dipper não podia confiar nele e permitir que seja transformado em uma marionete de novo, não depois do que sua família e seus amigos passaram com o apocalipse de Bill.

— Vamos lá, Pinheirinho, o que sua irmã e seus tios pensariam se te vissem morto? Seria muito egoísmo da sua parte abandona-los desse jeito.

— Eu nunca iria fazer isso, nem para salvar a minha vida! — Esbravejou, as correntes em seus pulsos apertando com mais força, trazendo a sensação gélida em seu corpo, o lembrando de que aquela não era a realidade e sim apenas uma ilusão, enquanto o seu corpo continuava afundando na água e chegava cada vez mais próximo da morte.

O demônio triangular soltou uma risada, desacreditando naquela declaração. Aquela mentira, aquela mesma mentira que todos os mortais contavam, que não temiam a morte, era uma completa farsa. Principalmente se tratando do garoto, do qual não faltava motivos para continuar vivendo.

Tic-tac, garoto. O tempo está correndo. — Anunciou de forma lenta enquanto as correntes se apertavam mais nos pulsos de Dipper, o puxando para baixo. — Diferente de mim, você só tem uma escolha. Eu ainda posso procurar outros corpos para possuir, mas você? Tsc, não tem mais ninguém que possa te salvar agora. Estrela cadente, O seis dedos, você acha que eles fazem alguma ideia de onde você esteja agora? Ou que está morrendo?

A vontade de Dipper era protestar, dizer que iria achar uma forma de sair daquela situação, mas não. O ar já estava se tornando escasso, a pressão já estava subindo em sua cabeça. O barulho de tic-tac começava a ficar mais rápido.

Ele não queria se render, não queria morrer, não queria deixar Mabel sozinha.

Eu ainda posso procurar outros corpos para possuir, refletiu sobre aquela frase, não tem mais ninguém que possa te salvar agora. De uma coisa era certa, ele não ia permitir que Bill voltasse no corpo de outra pessoa para se vingar de sua família.

Era um sacrifício que ele tinha que correr.

— Acordo feito. — Disse Dipper. Estranhamente a corrente permitiu que ele levantasse o braço para estender a mão, e assim o fez. Contudo, antes que o demônio pudesse aperta-la, ele a afastou. — Mas só se você prometer, pela sua existência, que nem você, nem eu, e nem ninguém, poderá machucar a minha família.

Ler a expressão de Bill, ou melhor, o que o seu olhar queria dizer, era difícil. Uma mistura de insatisfação com frustação e curiosidade. Se o plano dele era tramar alguma coisa contra a família Pines, bom, agora ele estava de mãos atadas.

— Isso é justo. — Concordou, continuando. — A proteção da família Pines de todo o mal por um fantoche? Você sabe mesmo negociar, garoto. — E então eles apertaram as mãos, o fogo azul característico de Bill incendiando ambas. Dipper achou que poderia sair ganhando nessa, até o triangulo soltar uma pequena risada. — Mas saiba; quem realmente saiu em vantagem, fui eu, Mason Pines.

Dipper iria abrir a boca para protestar, porém tudo ao redor pareceu se contorcer. Ele sentiu as correntes apertarem dez vezes mais, e o puxaram para baixo com brutalidade, forçando-se a segurar a respiração para não se afogar de uma vez. Mesmo assim, a sensação da morte, dessa morte em especifico, conseguiu chegar até ele, e isso era algo que Dipper nunca iria esquecer.


Dia zero


Seu corpo chegou de maneira desesperada na superfície da água, puxando o tanto de ar que seus pulmões podiam aguentar. Com dificuldades e ainda atordoado, ele fez a primeira coisa que sua mente mandava: nadar até terra firme.

Quando finalmente ficou a salvo, a adrenalina o abandonou por completo. O peso do cansaço e de suas roupas molhadas o atingiram, se jogando no chão cheio de pedrinhas do lago de Gravity Falls. Ainda assim, fez um esforço para se virar e ficar de barriga para cima, observando o céu estrelado.

Ele estava vivo. Dipper realmente estava vivo.

A vontade que ele sentia era de chorar de alivio. Não que realmente fosse um problema chorar naquele momento, afinal estava sozinho.

— Não se esqueça do nosso acordo, Pinheirinho. — Sua boca se mexeu involuntariamente, saindo dela uma voz que não era sua. Um arrepio gigante percorreu seu corpo, um susto tão grande que nem o cansaço pode segura-lo de se sentar no chão. Seu primeiro pensamento sendo de olhar o reflexo no lago.

Congelou no lugar assim que viu a sua imagem refletida, um dos olhos amarelos e com aquela pupila fina, se assemelhando à de um gato. A risada de Bill ecoou em sua cabeça, zombando de sua reação ao se lembrar de que apenas estava vivo pelo acordo.

Dipper piscou umas três vezes antes de focar novamente a imagem. Seu olho já tinha voltado ao normal, contudo ainda conseguia sentir a presença do demônio por perto.

Como ele tinha previsto, a dor do impacto o acertou em cheio. Agora não tinha volta, nem para onde correr ou ao menos se esconder. Ao menos ele continuava vivo e tinha a certeza onde Bill estava a todo momento. O único problema: ele também sabia.

— Ora, ora. Não fique tão lamuriento assim, Pinheirinho. — A imagem de Bill apareceu para si, bem à sua frente, flutuando por cima da água. Curiosamente não possuía nenhum reflexo, claro, Dipper supôs, era só na sua mente que Bill poderia se formar. — Nós dois saímos ganhando nessa, deveria estar feliz por continuar respirando e não dormindo com os peixes. Literalmente falando, é claro.

Aquela piada foi tão ruim que fez Dipper repensar se deveria voltar para a água ou não. Contudo, decidiu ignora-lo, finalmente se levantando do chão. Agora, parando para analisar a situação, questionava como ele havia chegado no meio do lago e ficado preso no fundo da água.

Revirou sua mente em busca de lembranças, não recordando de muito a não ser de sons e sensações. Suas mãos atadas, um saco na cabeça impedindo sua visão, e vozes. Vozes ligeiramente familiares.

— Está em busca de vingança? Que ótimo! Adoro uma boa vingança cheia de sangue, morte e fogo! — A empolgação na voz de Bill acabou por desconcentrar Dipper, que o encarou com um olhar crítico. — Qual vai ser o plano para a nossa vingança?

— Eu não estou em busca de vingança. Aliás, eu ainda nem sei quem foram os responsáveis por isso. — Rebateu, percebendo que o demônio triangular não pareceu gostar de sua escolha. Na verdade, Dipper tinha a certeza que qualquer decisão não violenta de resolver as coisas o desagradava. Isso poderia ser um problema.

Bill iria dizer algo, até que sua imagem se desfez por um segundo na visão de Dipper, voltando em seguida, e então aconteceu de novo. Logo depois os pingos d’água também atingiram o garoto, parecia o começo de uma tempestade.

É melhor voltar para casa, agora. A voz de Bill soou na sua cabeça, não contrariando a ordem.

Dipper não tinha muita certeza se estava correndo na direção certa para chegar a cabana do mistério, apenas que precisava sair debaixo daquela tempestade e voltar logo para casa antes que sua família ficasse preocupada. Por ser noite, ele deveria ter ficado sumido por uma ou duas horas.

Por sorte, um pouco depois da chuva tê-lo pego o garoto conseguiu chegar até a cabana. Entrou pela portas do fundos e a fechou de forma com que fizesse um barulho enorme, não sendo difícil de ser ouvida pela casa inteira. Parou por um segundo, se apoiando nos próprios joelhos para poder tomar folego. Aquilo era estranho, se sentir tão cansado em tão pouco tempo e sem nem ao menos com noção do que realmente aconteceu nas últimas horas.

Demorou um pouco mais para se recompor dessa vez. No entanto, quando recuperou completamente o folego, ainda estranhou o fato de ninguém ter aparecido. Por um momento se perguntou se estava sozinho na cabana.

Dipper subiu as escadas e, no instante em que iria chamar pelos seus tivôs, uma ponta de espingarda aparece apontada na sua cara na curva do corredor no segundo andar. Por pouco não dando um salto para trás ao ponto de rolar degrau abaixo. Pelo menos o seu tivô Stanley estava sempre preparado para enfrentar um conflito.

Então as luzes do corredor se acenderam, assustando o velho que, há poucos segundos, não possuía nada mais do que uma cara carrancuda e raivosa. Não muito diferente de seu irmão que estava com os dedos no interruptor.

— Dipper? — Disse Stanley em um tom desacreditado, abaixando a espingarda. Por um momento Dipper pensou que estivesse encrencado, porém se surpreendeu quando seu tio-avô se aproximou dele e o abraçou. — Eu não acredito! Pensei que alguma coisa grave tivesse acontecido com você. — Não aconteceu nada demais, só sua morte por afogamento. Ouviu Bill pronunciar em seu pensamento, quase o contrariando em voz alta se não fosse pelo contato físico. — Você sumiu por muito tempo. Nós te procuramos por toda parte feito loucos a noite toda! Onde estava? E por que está encharcado?

— Bem, eer... — Dipper tentou pensar em uma resposta rápido. O que ele poderia dizer? Que ficou embaixo d’água o tempo todo? — Estava.... No lago de Gravity Falls. — Não era uma completa mentira, já que ele realmente estava lá.

— Por cinco horas? — Dessa vez quem se pronunciou foi Stanford, se aproximando dos dois. A cara de surpresa de Dipper não passou despercebida por nenhum dos dois. — Nós passamos pelo lago e não te encontramos. Tem certeza de que não está mentindo?

— Eu estava explorando! — Seu tom de voz rápido e um tanto quanto alto apenas serviu para deixar dúvidas estampadas nos rostos dos dois velhos. — Quer dizer... A caverna secreta na cachoeira. Entrei nela e acabei me perdendo, nem vi o tempo passando.

Que desculpa mais esfarrapada, apenas se eles forem idiotas de acreditarem nisso. Por incrível que pareça, Dipper tinha que concordar. Não tinha nenhum jeito dele sair daquela ileso.

Stanley já iria abrir a boca para falar algo, mas parou quando Ford colocou a mão em seu ombro. Chamando a sua atenção no mesmo instante.

— De qualquer forma ficamos felizes que tenha voltado sã e salvo, Dipper. — A expressão de Stanley era uma mistura de indignação com interrogação, mais do que óbvio que ele não concordava em deixar o garoto passar impune dessa. Contudo, Ford parecia ter outra ideia em mente para discordar. — Agora, sugiro que tome um banho e depois vá para o seu quarto, sim? Sua irmã vai ficar feliz em te ver de novo depois do seu sumiço.

Antes que Stanley pudesse protestar sobre aquilo Dipper obedeceu as ordens do tio, na forma mais rápida possível por assim dizer. Hehe, você tá ferrado. Essas foram provavelmente as palavras mais honestas de Bill durante toda a sua existência, infelizmente não foram usadas em um proposito positivo.

Mas essa não era realmente a questão que ficou na cabeça de Dipper naquele momento. Desaparecido por cinco horas? Ele podia jurar que no tempo em que foi jogado no lago e então fez o pacto com o Bill não passou de alguns poucos minutos. Tinha algo errado ali, não apenas pela questão do tempo como o pacto também. Se você pensar muito e não prestar atenção no que está a sua frente vai acabar de cara na porta, foram as palavras do demônio naquele momento.

— Espera, o qu... — E ele realmente acabou de cara na porta do próprio quarto. Eu te avisei, garoto estúpido. Zombou, aquilo não parecia ter incomodado nem um pouco a Bill, já que Dipper conseguia ouvir uma risada discreta ecoando dentro de sua cabeça, mas justamente por sair de lá que parecia que ela vinha de todos os cantos. Aquilo era um tanto quanto esquizofrênico.

Dipper só torcia para que conseguisse se acostumar rápido com aquilo.


Dia três.


Viver na presença de um demônio o tempo todo era, no mínimo, irritante, mas não chegava a ser a pior — e mais estranha — coisa que estava acontecendo consigo. Por algum motivo desconhecido, ele se sentia cansado, muito cansado, mesmo sem ter feito quase nada o dia todo. Suas noites de sono também não ajudavam, já que quase sempre tinha algum tipo de pesadelo.

Seus tios notaram a pequena mudança em seu comportamento, se preocupando e perguntando se não havia nada de errado com Dipper. Esse insistindo que estava bem e que era apenas um problema temporário. O demônio triangular ria quando ouvia essas afirmações. Ele sabia de algo.

E mesmo assim, Bill provocava o garoto. Como ele era o único que podia ouvi-lo, Dipper tinha que carregar esse fardo sozinho. As vezes perdia a cabeça com suas provocações e não conseguia se controlar, ficando com uma imagem de quem perdeu a sanidade na frente dos tios e da própria irmã. Também não era como se ele simplesmente pudesse ignorar o demônio triangular, já ele conseguia fazer as coisas piorarem quando era ignorado.

Ainda assim seu dia continuava movimentado. Como sempre, Dipper precisava trabalhar na loja de seu Tivô Stan, agora gerenciada pelo Soos, com a sua irmã. As coisas prosseguiam em um ritmo normal, como se nada tivesse acontecido e nem que agora ele possuía um pacto com um Demônio.

Porém, para a sua desconfiança, Gideão apareceu na cabana aquele dia para visitar Mabel. Depois do “Estranhagedom” ele não era mais considerado inimigo da família Pines, mas Dipper ainda desconfiava de sua pessoa quase tanto quanto desconfiava de Bill.

E o seu espanto por ver Dipper trabalhando na loja apenas serviu para aumentar a sua desconfiança.


Dia sete.


Os pesadelos ficaram mais constantes e realistas. Tanto que, no meio da noite, Mabel acordou Dipper quando ouviu seus pedidos, ou melhor, gritos de ajuda. Aquela não seria a última vez que ele iria acordar daquele jeito.

Seu corpo estava enfraquecendo mais se comparado com os dias anteriores. Não conseguia comer, não conseguia ao menos ficar de pé. Stanley teve que suspende-lo do trabalho depois da primeira queda de Dipper por tontura. Apenas outra oportunidade para Bill importuna-lo o dia todo.

Pelo menos ele estava sozinho e não tinha ninguém para achar que Dipper estava ficando louco.

— Eu pensava que você fosse mais forte do que isso. — Bill pairava por cima da cabeça de Dipper. Sua forma estava mais brilhante e solida do que nos dias anteriores, parecendo que ele estava mesmo ali e não que era uma imagem criada diretamente por sua mente. Sua voz carregando o sarcasmo característico de sua personalidade. — Bem, no final das contas você é igual a qualquer outro humano: fraco e patético.

— Que belo discurso motivacional, Bill. — A ironia era a única resposta que Dipper poderia dar naquele momento já que ele não tinha nenhuma paciência para aturar as brincadeiras de Bill naquela hora. Isso não pareceu agradar em nada o demônio triangular.

— Não é por que você quase desmaiou e bateu a cabeça lá embaixo que deve agir como se estivesse morrendo.

— Para você é fácil falar. Está vivendo dentro da minha cabeça e está livre de sentir qualquer dor ou mal-estar, aposto que se ficasse dois dias seguidos controlando o meu corpo também se comportaria do mesmo jeito.

— Oh, isso é um desafio, Pinheirinho? — A malicia em sua voz foi tanta que fez Dipper repensar no que acabou de dizer. Mesmo que quisesse provar para aquele triangulo interdimensional de um olho só como era passar por aquelas coisas o garoto ainda presava pela segurança de sua família, e também não confiava que Bill deixasse eles em paz.

Não, era melhor que ele continuasse dentro de sua mente o enchendo o dia todo do que dentro de seu corpo colocando o risco de fazer a cabana queimar até as cinzas.

— Não, não é. — E então se virou de costas na cama, encarando a parede e esperando que Bill deixasse aquele assunto de lado.

Para o seu espanto, aquilo funcionou.


Dia dez.


Outro pesadelo. Dessa vez, referente a sua morte. A sensação sendo muito mais realista do que se lembrava, de que era impotente e não podia fazer nada a respeito. O oxigênio acabando, a pressão aumentando. Dipper queria gritar por ajuda, chamar por alguém, mas apenas bolhas de ar saiam de sua boca.

Está tudo bem. Uma voz ecoou na sua, contradizendo completamente a situação em que estava. Dipper em reflexo olhou para os lados, procurando a origem da voz e, por um segundo se esqueceu da sensação de afogamento. Isso é um sonho e você não pode morrer nele, garoto idiota.

— B-Bill?... — O chamou por reflexo quando conseguiu reconhecer sua voz. No mesmo instante a situação no qual estava mudou, como se não pudesse sentir mais nada ou que o fato de estar embaixo d’água não o incomodava.

E então seus olhos abriram, de forma rápida e sem susto. Dipper acabou sentando na cama para refletir sobre o que acabou de acontecer. Em um minuto estava se contorcendo em agonia prestes a morrer, no outro ele tinha o completo controle sobre seus pensamentos. Mas o mais estranho: Bill havia o ajudado? Ele o fez parar de sentir... medo?


Dia quinze.


Finalmente os pesadelos pararam, de uma vez por todas. Aos poucos Dipper voltava ao normal, ou melhor, começava a ficar mais forte do que estava antes, em todos as suas características. Não sentia mais tontura ou enjoou e estava mais controlado, muito controlado. O garoto não sabia se aquilo fazia parte do pacto ou se era consequência da influência de Bill sobre a possessão de seu corpo. Mesmo assim, aquilo não parecia ser de tão ruim ao todo, pelo menos, não para Dipper.

Contudo, tudo que vem de forma muito fácil...

— Dipper, precisamos ter uma conversa. — Seu tio-avô Stanford chamou sua atenção, em um tom perigosamente sereno. Automaticamente o garoto ficou em alerta, a hipótese de seu tio estar desconfiando de algo relacionado à Bill passando pela sua cabeça igual a uma bala de calibre 32. Porém, sua expressão ainda continuava calma, facilmente controlada.

— Sim, tivô Ford? — Respondeu, abaixando o caderno no qual estava escrevendo para encarar Stanford. Igual aos diários que seu tio-avô possuía (antes de serem destruídos, é claro), Dipper também começou a fazer anotações sobre criaturas sobrenaturais e anomalias de Gravity Falls, mas, diferente dos velhos diários, ele também anotava as “magias” que agora conseguia produzir. Particularmente preferindo chama-las de habilidades adquiridas com apenas a simples presença estranha de um demônio dimensional que consegue modificar normalidades do corpo humano. A maioria sendo semelhantes aos poderes antigos de Bill, no entanto ele também possuía algumas que eram desconhecidas por ambos. Essas em questão eram as quais ele mais temia ao ponto de fazê-lo criar anotações sobre elas.

— Notei que vocês está... meio estranho, ultimamente. Tem algo acontecendo? — Era claro o tom de preocupação em sua voz, não somente em sua voz como até mesmo sua face denunciava isso. No mesmo instante o coração de Dipper se apertou, era difícil ter que esconder de sua própria família o que estava acontecendo.

— Não tem nada de errado acontecendo, tivô Ford. — Mentiu, dando um sorriso simpático. Aquele falso e maldito sorriso simpático, desde quando ele conseguia enganar as pessoas tão bem nem o próprio garoto sabia responder. — Eu estou bem, mas obrigado por se preocupar comigo.

Você é um bastardo mentiroso, Stanford ficaria decepcionado se soubesse a verdade. Novamente, a voz de Cipher na sua cabeça, e no momento mais inconveniente que poderia aparecer. Mesmo assim, ele ainda tinha razão. Agora Dipper não passava de um bastardo que escondia a verdade do próprio tio.

— Tem certeza? Mabel me disse que anda preocupada com os seus pesadelos, e que você também não tem andado comendo muito bem ultimamente. — Stanford se aproximou mais de Dipper, sentando ao seu lado na mesa da cozinha. Por alguma razão o garoto acabou se sentindo nervoso com a aproximação, apertando o caderno fechado em suas mãos com força. — Dipper, você não está escondendo nada da sua irmã, ou de seu tio Stanley, ou de mim. Não é?

Sim, ele estava. Era tão medroso, tão covarde, tão fraco que preferiu virar um fantoche do seu inimigo ao invés de se entregar para a morte de uma vez. Agora ele sofria as consequências de viver com um demônio vinte e quatro horas por dia, passava por paranoias, seu corpo sofria alterações enquanto sua mente estava se rachando. Em resumo; ele nem poderia mais ser chamado de Dipper, ou ao menos, o antigo Dipper que ele era antes do pacto ser feito.

Era essa a sua vontade de desabafar. Porém, igual as suas emoções, ele aprendeu a esconder todas as suas vontades e desejos, principalmente os mais íntimos.

— Eu nunca esconderia nada de vocês, tivô Ford. Afinal, vocês são minha família. — E, novamente, aquele falso tom de honestidade. Ah, como ele queria poder costurar a própria boca para nunca mais poder falar daquele jeito. — Eu não seria nada se não pudesse confiar em vocês.

Finalmente, Stanford se convenceu. Ele colocou a mão no ombro do garoto, em um gesto satisfeito.

— Você tem razão. Talvez eu só esteja me preocupando demais. — E então se levantou da cadeira. Ainda sem deixar de encarar o rosto de Dipper, prosseguiu. — Mas, se precisar de algo, qualquer coisa, não hesite em pedir ajuda. Tudo bem?

O garoto apenas concordou com a cabeça. Era óbvio que não estava nada bem.

A noite chegou, e ficar sozinho em seu quarto, apenas refletindo sobre aquilo, não ajudava em nada. Naquela noite Mabel saiu para uma festa do pijama na casa de uma de suas amigas. Dipper insistiu que ficaria bem, que não tinha com o que ela se preocupar. Bom, fisicamente ele continuava ótimo, porém, na sua mente...

Você não vai ficar pensando nessa bobagem de “sinceridade e confiança” a noite toda, não é? A voz de Bill, irritantemente sarcástica, preencheu novamente o silêncio em sua cabeça. Saindo do nada e indo em uma direção que ninguém além dele poderia escutar. Você mentiu por quinze dias para a sua família que morreu e esconde um pacto com um demônio, não tem exatamente nada com o que se preocupar ou nenhum motivo sequer para colocar toda essa culpa em suas costas.

— O seu senso de moral me impressiona algumas vezes. — Dipper deixou claro o tom de ironia em sua voz. Em sua mente pode escutar algo como um murmúrio irritado. — Vê se me deixa quieto por um segundo.

E perder a oportunidade desse maravilhoso silêncio para te importunar? Nem pensar! Se Dipper não conhecesse bem Bill — O que estava começando a conhecer nos últimos dias — sua forma de dizer aquela frase iria passar batido, mas o garoto sabia que ele estava com algo em mente.

— E o que exatamente você planeja fazer para me importunar? — Foi direto ao ponto. Paciência era uma das poucas coisas que, infelizmente, ele não conseguiu melhorar nos últimos dias. Pelo contrário, ela estava ficando mais curta ultimamente.

— Na verdade pensei em o quão divertido é usar o corpo de outras pessoas para benefício próprio. — Seu olho esquerdo brilhou em amarelo e a sua voz saiu modificada sem a sua intenção. Ah, claro, usá-lo como marionete sem o seu consentimento.

Wow, esse é o seu grande plano maligno para passar a noite? — Se sentou na cama, encarando a palma de sua mão esquerda, ocasionalmente sendo essa controlada por Bill naquele momento. — E o que vai ser dessa vez? Perfurar garfos e facas no meu braço? Me fazer colocar o secador de cabelo ligado dentro da banheira com água? Arrancar meus dentes?

— Haha, você tem boas ideias suicidas e autodestrutivas para alguém que entregou o domínio do próprio corpo para salvar sua patética e fútil vidinha miserável. Mas não, não é isso que tenho em mente agora.

Aquilo chamou a atenção de Dipper de forma definitiva, não sabendo se ele deveria se aliviar ou ficar preocupado. Bill nunca pegava leve quando decidia aprontar alguma coisa, então por reflexo, o garoto aprendeu a esperar pelo pior.

Até que a sua mão esquerda começou a se mexer, mais precisamente em direção ao seu rosto. Por um instante, Dipper pensou que ele iria passar por um estrangulamento, contudo, o que realmente aconteceu em seguida acabou o pegando de surpresa.

Ele estava... acariciando o seu rosto?

— O que exatamente você espera conseguir com isso? — Questionou, tentando não deixar o seu nervosismo transparecer.

Hmm? Oh, isso não é óbvio? — Seu falso tom inocente só provava que Bill realmente tinha segundas intenções, não que precisasse ser um gênio para ver isso. — Só quero casear a minha curiosidade.

Antes que Dipper pudesse dizer qualquer coisa em protesto, Bill jogou o corpo para trás, deitando novamente na cama. Em reflexo o garoto tentou se levantar, porém, a magia de Bill o prendia na cama, incapacitando de levantar mais do que a sua cabeça permitia.

— Bill, para com essa porra. — Disse em um tom sério e irritado. Aquele, definitivamente, não era um bom dia para suportar as brincadeiras de Bill. Em contra partida o demônio apenas ria baixo, deixando metade do seu rosto com uma expressão sarcástica. — É sério, você não pode simplesmen—

Não conseguiu terminar o seu sermão com a sensação gélida de sua mão fria percorrendo sobre o seu peito, embaixo de sua camisa. O que aquele maldito triangulo tinha na cabeça? Pensou, automaticamente conseguindo uma resposta.

— Eu já te disse: é óbvio. Mas parece que eu preciso mostrar para o Nerd para que ele consiga entender tudo claramente. — Por algum motivo, mesmo usando aquele tom sarcástico de sempre, Dipper tinha a impressão de que Bill estava falando mais sério do que aparentava. E que, muito provável, seja lá o que ele estivesse planejando, não ia voltar atrás. — Vocês, humanos, dão um destaque importante para os seus próprios prazeres. Conseguem ser egoístas ao ponto de não terem um limite para se satisfazerem. É engraçado ver como vocês se comportam diante de sensações tão passageiras e fúteis, isso aumenta a minha curiosidade para saber se é realmente tão bom quanto parece.

Não precisou de muito para o garoto ligar os pontos depois disso, enrubescendo na mesma hora. Ele definitivamente preferido ter continuado sem entender aonde Bill queria chegar.

— Não! Sem chance! Você não vai fazer isso com o meu corpo. — Dipper se debateu na esperança de conseguir levantar da cama, insistente, tentando de maneira inútil sair do controle que a magia de Bill tinha sobre si. — Eu NÃO concordei com isso quando fiz o pacto.

— Ei, ei, garoto. Pare de fazer barulho se não vai acabar chamando a atenção dos seus tios. — O corpo de Dipper foi pressionado com mais força contra a cama, a magia sendo aplicada de forma exagerada para imobiliza-lo. — Você já deveria esperar que algo assim fosse acontecer quando topou ser a minha marionete pela eternidade, se lembra?

— Mas eu não achei que isso também envolvesse algo no sentido sexual. Caralho, Bill! Você é um triangulo de outra dimensão, não deveria sentir algo assim.

— Exato, por esse motivo quero experimentar essa nova sensação usando o seu corpo. — Naquele momento Dipper só queria bater no lado esquerdo de seu rosto para que aquele maldito sentisse dor, não iria ajudar em nada, mas ao menos iria tirar um pouco de sua raiva. Ele realmente se superou em ser um ser abominável. — Ei! Não é como se eu fosse algum tipo de pervertido ou coisa assim, só estou curioso.

— Curioso?! Desde quando você tem curiosidade nesse tipo de coisa? Pelo amor de deus, você tem a idade do universo e ainda vem com a desculpa de que nunca experimentou algo assim?

— Em primeiro lugar: sou mais velho do que o universo. Em segundo lugar: não, e qual o problema nisso? É apenas uma vez, não é como se fosse perder a mão no liquidificador ou qualquer coisa do tipo. — Dipper queria argumentar contra, queria gritar consigo mesmo ou apenas bater a cara na parede até sangrar. Ele odiava essa ideia, odiava o fato de Bill conviver com ele o tempo todo e definitivamente odiava o fato de ser um simples fantoche que não servia para mais nada além de ser uma base para Bill continuar em seu mundo. — Eu prometo que vai ser só uma vez, pinheirinho, e depois nunca mais tocamos no assunto.

Ele suspirou. Bem, não era como se tivesse muitas escolhas, não é mesmo?

— Vai ser mesmo só essa vez?

Yup.

— E apenas pelo simples fato de que está curioso?

Yup.

— E você nunca vai me lembrar que isso aconteceu um dia, não é?

— Você vai ou não vai deixar eu te masturbar, bebê chorão? — Bill transpareceu impaciência. Apenas a simples menção à aquela palavra fez Dipper enrubescer novamente, querendo afogar a cara no travesseiro. Timidamente balançando a cabeça em sinal positivo. — ótimo.

Eles fechou os olhos com força. Não podia impedir o ato de acontecer, mas pelo menos poderia fechar os olhos e ficar o menos envergonhado possível, não é?

Errado. Bill não seria ele mesmo se não fizesse as coisas serem menos complicadas e desconfortáveis para Dipper.

— Ei, não ouse fechar os olhos dessa forma. Assim vai perder a graça da experiência. — Ele teve que respirar bem fundo antes de abrir os olhos. Aquilo nunca ia dar certo. — Está tudo bem, não precisa ficar com tanto medo assim. Apenas... relaxa.

Sua mão começou a se mover com cuidado por cima de seu peito, apresentando uma delicadeza que Dipper nunca pensou que Bill seria capaz de ter. As pontas dos dedos estavam quentes, provocando sensações boas em seu corpo e, involuntariamente, se arrepiou com o toque. Aos poucos ficava menos tenso, tentando não pensar em absolutamente nada, ou então toda a preocupação poderia voltar de uma vez.

— Está vendo? Não é tão ruim assim... — Disse de forma mansa, ao mesmo tempo um pouco suspirante. Começou a descer vagarosamente a mão pelo seu corpo enquanto o calor em seus dedos parecia aumentar. Até que chegou próximo de sua bermuda, esperando que ele colocasse sua mão embaixo dela de uma vez, porém começou a subir, focando novamente em seu peito.

Aquilo o deixou levemente frustrado, não que fosse admitir de qualquer maneira.

Os toques quentes estavam o relaxando, e os movimentos de subir e descer lentamente contribuíam para isso. Contudo, em algum momento, Bill decidiu interromper a guarda baixa de Dipper. De uma hora para a outra, não apenas seus dedos como a mão inteira, ficaram frios como gelo, bem encima de seu peito. A mudança súbita de temperatura foi um choque, fazendo Dipper gemer alto pela surpresa.

Tapou a boca por reflexo, seu rosto borbulhou por vergonha. A sensação não tinha sido tão desagradável, na verdade foi até prazerosa, porém ele não queria ter demonstrado aquilo tão descaradamente.

— Que som mais agradável de ouvir... — Bill pronunciou com malicia, de forma baixa, quase em um sussurro. Ele não parecia se importar nem um pouco com a vergonha do garoto. — E olhe só o que temos aqui, alguém parece ter se animado. — Dipper olhou para baixo, entre as suas pernas, e a vontade de enterrar a cabeça embaixo da terra só aumentou. Ele queria sumir naquele momento, fugir até para outra dimensão se fosse possível. — Já disse, nada de querer fechar os olhos ou voltar atrás. Apenas relaxa.

Ambas as mãos desceram até a sua bermuda devagar. Uma levantou o tecido, mostrando um membro semi desperto — se a vergonha matasse, ele permaneceria morto até a quinta encarnação —, e então, com sua mão livre, Bill começou com movimentos de vai-e-vem. Realmente, aquela era uma sensação estranha, mas não ruim ao todo.

Conforme começava a acelerar, mais os pensamentos de ambos ficavam desfocados. Não demorou até que ninguém mais pudesse distinguir de quem exatamente eram os gemidos, esses que acabavam ficando um pouco mais alto a cada movimento.

Aquilo era uma novidade para Bill, que também parecia quase tão afetado quanto Dipper. As palavras descompassadas saindo de sua boca, seu corpo inteiro parecendo que estava fervendo.

Chegou uma hora que ele não conseguiu se manter quieto. O barulho estava começando a ficar perigosamente alto e, temendo que um de seus tios pudesse ouvir, Dipper trouxe a mão até a boca. Acabou mordendo-a, na esperança que a dor trouxesse um pouco da mente do demônio de volta a realidade. Contudo, ela fez o completo oposto; a dor e o gosto do sangue parecia satisfaze-lo ainda mais.

Por fim uma onda de sensações percorreu pelo seu corpo antes que atingisse o limite do clímax. Suas pernas estremeceram, e então jogou o corpo mole e exausto na cama. Seu peito subia e descia de forma pesada enquanto o sangue que descia de seus lábios continuava a manchar a camisa. Dipper olhou para a palma de sua mão, era puro vermelho vivo que saia da marca profunda de seus dentes. Passou a pontas dos dedos por cima delas uma, duas, três vezes, até que começassem a diminuir e se curar por conta própria.

— Está satisfeito agora?

— Definitivamente...


Dia vinte e cinco.


Dipper acabou se sentindo estranho nos últimos dias, não apenas estranho, mas distante. Os mistérios de Gravity Falls não o fascinavam tanto quanto antigamente, na verdade, sentia um tédio enorme quando voltava a procurar por “novas” criaturas sobrenaturais que, de forma nada surpreendente, Bill já havia mostrado para Dipper. Na verdade, Bill parecia ser, literalmente, a única coisa que o fazia se sentir vivo. Quer dizer, eles conversavam bastante, interagiam bastante, tentavam se autodestruir frequentemente. Um estranho sentimento de familiarização com ódio e egoísmo.

Os dois eram egoístas de quererem se sentir vivos provocando a dor um do outro.

Conforme o tempo passava, mais distante Dipper ficava de sua família, e mais próximo das cordas de Bill estava.

E, falando em cordas...

— Isso vai mesmo funcionar? — Questionou, encarando o penhasco sob seus pés.

— Confie em mim, vai ser divertido. — Bill incentivou, passando a corda por sua cabeça.

— Se alguém nos vir e encontrar o corpo, vamos ter problemas.

— E você está com medo? — Provocou, apertando o nó da corda no galho de árvore. — Mas não foi você que praticamente me implorou para sentir alguma coisa por que estava “morrendo de tédio”?

Dipper não respondeu, pelo contrário; apertou mais o nó para garantir que ele ficasse bem preso na árvore. O céu estava claro, sem nuvens, o sol estava brilhando, flores desabrochavam e podia-se ouvir o som de pássaros cantando. Aquela era uma bela manhã para ir ao inferno.

— Você sabe que não tenho medo de nada.

— Prove isso para mim, Pinheirinho.

Sem hesitar, sem temor, sem pensar nas consequências, Dipper deu um passo para frente e escorregou em direção ao abismo. Por um segundo, tudo ficou negro, e a horrível sensação de aperto, do coração batendo rápido, do seus pulmões desesperados para voltarem a respirar, fizeram ele se sentir vivo novamente enquanto encarava a morte. Porém, era só isso que poderia fazer; encara-la bem, bem, bem de perto. Até mesmo quando seu corpo balançou levemente de um lado para o outro no penhasco com a força do vento, ainda se mantinha consciente. A marca vermelha em seu pescoço, o coração sem bater, os pulmões vazios.

E então o fogo queimou a corda em seu pescoço, subindo, subindo, chegando até a árvore morta, apenas assim fazendo a corda se romper e o corpo recém-morto rolar penhasco abaixo. Igual uma boneca de pano, ossos se quebrando, feridas abrindo de forma profunda, ficando com os órgãos perfurados. Até que finalmente se espatifou no chão, o sangue escorrendo embaixo de si, formando um tapete vermelho.

Um, dois três... Apoiou as mãos no chão e pegou impulso para levantar a cabeça calmamente, olhou para trás, visão levemente embaçada, e então encarou a árvore morta pegando fogo de modo assustador na luz do dia. Provavelmente um incêndio iria se iniciar em pouco tempo.

Arrancou a corda de seu pescoço, preenchendo seus pulmões com ar de forma calma.

— Isso foi divertido. — Disse Bill entusiasmado, se levantando e limpando as roupas da terra e sangue. — Quando vamos fazer uma tentativa de suicídio novamente?

Dipper não respondeu, ignorando a pergunta de Bill. Parecia concentrado em algo, mesmo com os pensamentos claramente vazios, ainda assim, encarava o céu claro fixamente.

— Bill, você sabe quem foi, não é? — Questionou de forma repentina, apesar de sua voz mostrar um estranho vazio que não era característico de Dipper.

— Está se referindo ao assassinato, não é? Me desculpe, Pinheirinho, mas não posso dar essa informação diretamente à você.

— E por queê?

— Perderia a graça de te ver tentando encontrar o seu assassino. — Admitiu descaradamente. Mesmo entusiasmado com a hipótese de Dipper executar uma vingança, Bill gostava de dificultar o jogo e, como ele adorava aquele garoto, vê-lo descobrir as coisas por si só era uma satisfação enorme.

— Imaginei que diria isso. — Dipper não parecia frustrado ou irritado, na verdade, aceitação era o que transparecia em sua voz e expressão. Começando a caminhar calmamente dentro da floresta enquanto o fogo atrás de si começava a se espalhar. — Para alguém entusiasmado com o pensamento de vingança, você é bem paciente se tratando em jogar sujo, Bill. — O demônio deu uma pequena risada divertida, chamando a atenção do garoto para saber o motivo da graça. — O que é tão engraçado?

— Você se lembra das restrições do nosso acordo, não? — Nem eu, nem você, nem ninguém poderá machucar a minha família. — Eu só acho curioso... Que você também não pediu o mesmo para si.

Dipper parou por um momento, tentando entender o que Bill estava tentando dizer exatamente com isso. Sabia que ele tinha descoberto algo recente que o garoto não tinha conhecimento, infelizmente, sua hipótese estava certa. E parar naquele momento, foi um erro.

Em questão de milésimos, três tiros atravessaram o seu peito, e um a sua cabeça. Caiu de joelhos para a frente, o sangue manchando sua camiseta, formando uma poça no chão. Novamente, experimentou a sensação da morte naquele dia.

Ah... Aquilo era agradável para um dia ensolarado de verão.


Dia vinte e seis.


A notícia do incêndio misterioso se espalhou pela cidade de Gravity Falls com uma velocidade assustadora. Contudo, apenas nessa manhã que os bombeiros puderam controlar o estranho fogo azulado. Próximo as prováveis origens da catástrofe, um corpo carbonizado foi encontrado. O mais estranho, no entanto, foram os buracos de bala encontrados em seu corpo e, por culpa da carbonização, se torna praticamente impossível identificar quem é a vítima de tamanha brutalidade, mas suspeitas apontam que seja-

Stanley mudou o canal da TV direto para um programa que passava luta de bebês, um dos poucos programas que se podia ver naquela cidadezinha que realmente valiam a pena. Stanford, no entanto, não concordou com a escolha, pegando o controle para voltar ao canal anterior.

— Hey! Eu estava assistindo à luta! — Reclamou Stanley, tentando pegar o controle de volta.

— A cabana é minha e eu decido o que vamos assistir.

— Até parece, você só vê programas caretas.

— E por acaso luta de bebês é um ótimo programa?

Enquanto os dois tentavam lutar para conseguir o poder de escolher o canal, quem de fato conseguiu ficar com o controle em mãos, foi Mabel, mudando imediatamente para o programa “Patotive”. Até os dois velhos se darem conta de que um canal já havia sido escolhido para poder pararem de brigar, ou quase, já que ainda se olhavam torto. Continuavam brigando igual à duas crianças.

Por sorte, ninguém resistia à uma maratona do “Patotive” em uma manhã de preguiça acompanhado de cereais, nem mesmo um certo demônio triangular.

E ele vai morrer bem... Agora! Pow! E um tiro no irmão do Patotive foi acertado pelo arqui-inimigo que, na verdade, era o melhor amigo do Patotive. Uma grande reviravolta previsível. Heh, isso tem mais graça na vida real.

— Concordo.

2 Septembre 2018 21:40 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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Black Sheep Black Sheep
O que aconteceu aqui? Nossaa
September 03, 2018, 05:24
Black Sheep Black Sheep
O que aconteceu aqui? Nossaa
September 03, 2018, 05:17
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