Notas iniciais: Então, eu sofri um bocado com esse gênero por ele ser algo bem mais visual e eu não saber exatamente como passar a imagem do que estava descrevendo. Esses dias, depois de maratonar um monte de episódios de Corrida Maluca, plim!, veio a ideia. Caso queiram saber como são os veículos, vou adicionar os links durante a história para uma experiência mais imersa! Obrigada e boa leitura!
P.s: Um agradecimento mais que especial para a Karimy por ter betado e puxado minhas orelhas quanto a primeira versão! Você é um amor de pessoa, obrigada! ♡
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O céu estava límpido e mais azul do estivera nos demais dias, como se toda as nuvens de poluição pressentissem o grande evento que aconteceria naquele dia. De seu lugar no palanque, usando um longo vestido vermelho em conjunto com um corpete que evidenciava o formato do corpo e dos seios e joias enfeitando os cabelos escuros, Yaoyorozu Momo observava o movimento apressado dos competidores. Como filha da rainha, cuja mãe estava ocupada demais para comparecer àquele evento, cabia a ela assistir à corrida e julgar o vencedor, oferecendo a ele o prêmio de integrar o exército de cientistas reais. A multidão se reunia nas laterais da pista de início, carregando faixas de apoio aos seus corredores favoritos. Ao erguer os olhos para o horizonte, podia ver a silhueta da cidade, as chaminés se erguendo e o amontoado de casinhas que rodeavam o grande castelo.
A jovem princesa se recostou mais em sua poltrona e tocou o bracelete para chamar seu fiel robô protetor. Passos pesados atingiram o palanque e as pessoas próximas recuaram, olhando assustadas para a grande e encorpada criatura que carregava uma lança e trazia nas costas uma espécie de mochila entaramelada de engrenagens e pistões que se mexiam conforme ele se movimentava.
– Toque o sinal - Ordenou. – A corrida está prestes a começar.
Na pista, os corredores se reuniam juntando seus equipamentos e conferindo os suprimentos para a corrida que se seguiria. O intento daquele evento era reunir os mais brilhantes inventores e avaliar suas criações para, então, recrutá-los e aumentar ainda mais o poderio do país. Antes, porém, havia uma breve seleção que filtrava os demais inscritos, deixando somente aqueles que trariam de fato uma vantagem à Coroa.
Junto a um veículo metálico de longas asas estendidas nas laterais estava Midoriya Izuku, que apertava as engrenagens na parte posterior e as lubrificava com óleo. O veículo possuía dois lugares, um para o piloto e um para um possível passageiro e, na parte traseira, uma pequena caldeira queimava tendo sua fumaça liberada por um conjunto triplo de chaminés. A cor verde combinava com os cabelos e os olhos do seu inventor.
– O eixo principal está bem calibrado, o vento está a favor e deve dar um bom impulso inicial, com sorte poderei atingir a velocidade 3... - Murmurava, os olhos focados à sua frente como se analisasse dados em um caderno. Levantou após terminar a tarefa e secou o suor do rosto, acenando para a multidão que carregava cartazes com o seu nome. Abriu um sorriso agradecido que fazia as sardas nas bochechas se destacarem.
A jaqueta e as calças acolchoadas que vestia eram próprias para proteger o corpo no ar, bem como os óculos ao redor de seu pescoço protegeriam os olhos além de auxiliar sua visão, ampliando e mirando determinados pontos que quisesse. Guardou as ferramentas e colocou a mochila nos ombros, todo o material de emergência, ferramentas e peças sobressalentes que seriam essenciais caso algum defeito aparecesse. Olhou para o céu e conferiu a bússola presa a jaqueta por uma corrente e sorriu, fechando o punho de forma confiante. Essa era a sua chance, não iria desperdiçá-la.
Ao seu lado direito, Todoroki Shouto acariciava lentamente a fuselagem do seu veículo, um casco que lembrava o de um barco em cuja estrutura estavam montadas três torres encimadas por longas hélices que giravam mantendo-o no ar. Era de conhecimento geral que ele era o favorito da classe mais alta e corriam boatos de que ele seria o futuro pretendente da princesa. Acreditavam que sua vitória naquele evento significaria sua entrada definitiva para a corte. A aparência era bela e régia, uma expressão séria e cabelos bicolores - brancos do lado direito e vermelhos do esquerdo - compridos, vestindo um terno bem cortado e uma cartola com óculos acoplados. O único defeito em sua face era uma cicatriz no olho esquerdo, resultado de um acidente envolvendo a explosão de uma bomba logo no início de sua carreira.
Ao seu lado, um jovem de cabelos vermelhos e sorriso pontiagudo fácil conferia os cordames de seu mini dirigível. Kirishima Eijiro estava confiante, movia-se pela pista acenando e conversando com as pessoas. Seu braço mecânico constituído de grandes pistões interligados por fios e uma engrenagem vermelha unindo-o ao ombro se destacava contra as roupas simples e as calças práticas. Uma máscara estava pendurada em seu pescoço ligada por tubos a um respiradouro nas costas. Ele espiou o início da pista, onde Bakugou Katsuki resmungava, lançando olhares pouco contentes a multidão que falava cada vez mais alto e com mais empolgação. Ajeitou o colete e as calças, puxando a gravata para baixo e afrouxando o nó e pressionou mais o chapéu coco contra os cabelos loiros arrepiados. Todo aquele barulho o estava irritando e acabando com sua concentração. Encostado em um veículo que mais lembrava uma aranha com suas longas patas de metal que sustentavam um meio de madeira no qual haviam os cabos de controle e uma caldeira que alimentava a energia, ele tentava conter a irritação pela demora do início.
A última participante, no entanto, era uma exceção. Representante da parcela mais pobre do país, Uraraka Ochaco contava com um grande apoio. Havia chegado ali a base de muito suor derramado e estava pronta para fazer o que fosse preciso para ganhar e, com isso, trazer um reconhecimento e prestígio a mais para o seu povo. Sua invenção era um veículo de duas rodas, com um único assento localizado atrás de um tanque cilíndrico de cor preta. Um escapamento lançava a fumaça para trás e um farolete brilhava na frente alimentado pela energia que provinha de um pequeno cata-vento localizado na lateral. Vestia calças folgadas, um corpete justo e botas de cano longo, além de luvas compridas nas quais havia ferramentas encaixadas. Lançou um último olhar para os demais corredores e fortaleceu sua determinação. Ia ganhar. Precisava ganhar.
O sinal tocou, alto e claro, assustando os presentes, mas logo os gritos de susto se transformaram em euforia. Os participantes subiram em seus veículos e acionaram os motores, preparando-se para a largada. Do palanque, a princesa levantou-se e ergueu os braços, saudando os presentes:
– Bem-vindos a mais uma Grande Corrida por Londres! Nossos cinco participantes já estão a postos e prontos para a largada. Quem ganhará a oportunidade de se juntar a Coroa em um futuro de brilhantes invenções? Escolha seu favorito e venha torcer conosco! - A multidão aplaudiu, alucinada. - Senhoras e Senhores, em seus lugares! PREPARAR! E... CORRAM!
A voz atingiu a pista e os participantes dispararam, forçando os motores e tentando obter uma vantagem logo de início. A invenção de Uraraka parecia levar a melhor frente as demais e ela logo assumiu a liderança.
A pista era composta de três variáveis que atravessavam toda a cidade para que dessa forma pudessem se avaliar todo o potencial dos veículos e assim definir aqueles que teriam maior utilidade. O primeiro percurso era a parte terrestre e exigia agilidade e boa mobilidade. O segundo era junto ao rio e exigia criatividade diante as situações adversas. E, por fim, a última parte se dava no ar, sobre os telhados das casas e por entre as chaminés que emitiam constantemente sua fumaça, exigindo uma versatilidade que permitisse um maior número de escolhas durante uma perseguição. As invenções estavam sendo avaliadas conforme o seu desempenho nessas áreas e somente uma sairia vencedora.
Ainda no percurso terrestre, as enormes pernas metálicas do veículo de Bakugou mantinham os demais competidores que voavam baixo afastados. Elas afundavam no solo, fazendo-o tremer no intento de desequilibrar Uraraka e tomar sua posição. Pelo ar, Midoriya forçou as asas a se moverem com mais força, aproveitando-se das correntes de vento favoráveis que sopravam, assistiu o tecido se esticar e respirou aliviado por ele não rasgar. Logo atrás, Todoroki alimentou a caldeira com mais carvão, incitando as hélices a girarem com mais velocidade. Logo à frente, a ponte que se erguia sobre um canteiro vazio que em breve se tornaria um centro tecnológico de alto calibre.
Kirishima assumiu a liderança no exato momento em que eles entraram na ponte. A estrutura rangeu e Todoroki puxou os óculos e analisou os ajuntamentos vendo pequenos pontos vermelhos fixados. Imediatamente notou o que estava prestes a acontecer, mas não com rapidez o suficiente. As bombas piscaram uma última vez e explodiram todas juntas. Todos se assustaram ao verem os cabos metálicos tremerem e se partirem e toda a estrutura da ponte balançar, as partes iniciais começarem a desabar no terreno vazio abaixo, levantando grandes nuvens de poeira e cravando pedaços de metal no solo. Uma das pernas do veículo de Bakugou prendeu em uma fenda que se abria e, não querendo ficar para trás, ele apertou um botão que desprendeu a perna presa, deixando-a para trás. Eles desviaram dos destroços, e Uraraka assumiu a liderança ao lado do Eijiro. Ela forçou o motor ao máximo, conseguindo chegar ao final e suspirando aliviada por não ter sido arrastada para o fundo. Os outros a seguiram, também conseguindo atravessar, porém não sem alguns danos.
A ponte ruiu atrás deles e os corredores prosseguiram para os bairros mais pobres da cidade, pessoas saíam das casas e se debruçavam nas janelas para vê-los. Shouto tomou a liderança sendo seguido de perto por Kirishima e Uraraka. Bakugou apertou um botão e duas das patas de seu veículo se esticaram para frente, formando uma espécie de pinça que tentava agarrar Uraraka. Ela desviou, evitando por pouco de uma das rodas ser pega, mas acabou abrindo espaço o bastante para que o loiro a ultrapassasse.
Logo à frente, o rio Tâmisa se estendia em sua profunda cor escura. O local por onde passariam estava marcado por uma fileira de navios a vapor, estacionados na água em uma perfeita fila. Todoroki foi o primeiro a chegar, lutando pela liderança com Kirishima. Bakugou puxou uma alavanca que retraiu as patas, deixando que a estrutura de madeira batesse na água ativando um par hélices acopladas na parte traseira. Midoriya ultrapassou Uraraka, que diminuiu a velocidade tempo o suficiente para apertar um botão no painel que lançou um forte jato de vapor na parte inferior do veículo, fazendo-o pular no ar nos exatos segundos que as rodas viravam de lado e continuavam a girar, o vapor antes lançado pelo escapamento no final sendo convertido para elas.
Agora que os cinco se encontravam cruzando o percurso aquático, as laterais dos navios que os rodeavam se abriram, exibindo vários canhões negros e potentes. Um calafrio percorreu o corpo de Midoriya quando ele percebeu o que aquilo significava. Primeiro a explosão na ponte e agora os canhões apontados para eles. O nível da corrida havia se elevado a um sobreviva se puder. Ele apertou um botão na lateral dos óculos e viu a mira se ajustar, preparando-se para desviar das balas. Todoroki perdeu a posição, uma das hélices girando de maneira pouco firme, consequência de um pedaço de metal resultante da destruição da ponte tê-la atingido. Agora Kirishima liderava, seguido de perto por Bakugou e Midoriya.
Nesse momento, os canhões dispararam e os cinco foram obrigados a executar diversas manobras para desviar dos tiros. Midoriya ultrapassou os demais, as asas flexíveis lhe forneciam maior mobilidade, porém à sua frente surgiram cabos metálicos estendidos de um navio a outro, que faiscavam com eletricidade. Eles o forçaram a retrair as asas e mergulhar em direção a água sem controle, apenas para não ser eletrocutado. No último minuto, quando já estava quase em cima de Uraraka, Izuku puxou os controles com força, inclinando o corpo para trás, e as asas se abriram pouco antes que ele atingisse a água. Os outros, cujos veículos vinham pelo ar, precisaram diminuir a altura para que pudessem passar.
Atingiram o outro lado com Midoriya na liderança, seguido por Uraraka e Bbakugou. A última parte do percurso se aproximava conforme eles se dirigiam para o distrito industrial com suas altas torres de queima de carvão quase formando um labirinto.
Eles se dividiram, cada qual escolhendo o caminho que julgava ser melhor. No ar, duas pequenas máquinas quadradas subiram com as hélices voltadas para os corredores, girando forte e rapidamente e lançando uma corrente de ar contrária, diminuindo a velocidade dos veículos aéreos. Os terrestres tinham outras preocupações, lança-chamas surgiram das aberturas das torres, cuspindo fogo em intervalos regulares. No ar, Midoriya calculou a força do vento e ajustou o ângulo das asas para que pudesse deslizar melhor.
Os outros dois se atrapalharam, sendo mais prejudicados enquanto o Izuku seguia em frente se juntando aos outros dois no solo em sua missão de desviar das chamas que surgiam de lugares aleatórios. As rodas do veículo de Uraraka haviam voltado a posição original, e ela foi obrigada a se abaixar para desviar de um jato que passou bem acima da sua cabeça. Midoriya temia que uma pequena fagulha daquelas labaredas atingisse o tecido das asas, tinha medo que o material isolante que utilizara não fosse o suficiente. Por outro lado, hesitar agora podia significar sua derrota e isso seria um desperdício de tempo e trabalho. Não. Agora era tudo ou nada. Os três desejavam a vitória e não se contentariam enquanto não a conquistassem.
Já podiam ouvir os gritos animados da multidão, o que significava que a linha de chegada estava próxima. A corrida agora estava acirrada, cada qual forçava sua invenção ao máximo tentando superar os metros finais. Um rastro espesso de fumaça sendo deixado atrás deles. A faixa vermelha estava logo à frente, e Uraraka estava na liderança, seguida de um Bakugou que xingava a falta da perna perdida para lhe dar maior impulso nessa hora crucial.
Uma comoção se espalhou pela plateia ao verem um rastro se formar no vapor, quase como se ele estivesse sendo cortado por algo a uma velocidade incrível. Todos prenderam a respiração quando, rápido como um raio, um novo veículo surgiu vindo do nada e ultrapassou todos os competidores, sendo o primeiro a cortar a faixa e, por conseguinte, conseguindo a vitória. Midoriya e Uraraka atravessaram logo em seguida, chegando Bakugou logo após. Os outros dois demoraram mais alguns minutos para chegar e um silêncio surpreso se espalhou pela multidão até que todos os competidores estivessem enfim reunidos.
A princesa desceu do palanque e se dirigiu ao estranho que havia invadido a corrida, o fiel robô protetor sempre preparado ao seu lado.
– Você! Como ousa atrapalhar um evento real?
O suspeito retirou o capacete e puxou os óculos para cima, revelando cabelos róseos batendo nos ombros e olhos com pupilas fixas. Sorriu, dando tapinhas em seu veículo que lembrava o de Uraraka em seu modo aquático, porém este funcionava com eletricidade.
– Eu sou a grande Hatsume Mei! - Gritou para a multidão, abrindo os braços como se estivesse no centro de um espetáculo, o que de certa forma não deixava de ser verdade. Todos os olhos estavam postos nela. – Não me deixaram participar com meus babys porque um médico idiota me considerou louca. Bom, agora os loucos são vocês, que saíram perdendo.
– Mas é cada louco que me aparece. - A princesa suspirou para si mesma. – Guardas! Detenham-na para interrogatório e por perturbar a corrida! - Ordenou. Os oficiais da guarda real avançaram com as armas em riste. Hatsume bateu a poeira do vestido sem parecer preocupada e se voltou mais uma vez para a multidão.
– Irei criar tecnologias cada vez maiores e melhores e todos lembrarão deste momento como o dia que deram as costas ao progresso! - E dizendo isso, encaixou o capacete na cabeça e puxou os óculos para o rosto, subindo no assento de seu veículo e encaixando as grossas luvas nos controles. – Até a próxima, otários. - Sorriu, acionou os motores e partiu em uma nuvem espessa de vapor e deixando para trás expressões chocadas e um silêncio atordoado. Ninguém entendia o que havia acontecido e aos poucos o choque se dissipava.
– Mas o que foi que acabou de acontecer?
– Eu não faço a menor ideia. - Midoriya sorriu, o entusiasmo da intrusa o havia contagiado e ele já podia se imaginar criando um novo acessório.
– Seja o que for, não posso deixar de admirar a coragem daquela garota - Uraraka comentou.
A princesa voltou a subir no palanque, o que retornou os olhares para si. Tirando a situação totalmente inesperada, a corrida havia terminado e tinham um vencedor.
– Vamos todos parabenizar o vencedor: Izuku Midoriya! - Ela gesticulou para que ele se aproximasse e prendeu um broche em seu peito com o emblema dos cientistas reais. Os demais competidores aplaudiram, exceto Bakugou, que lhe lançou uma careta pouco satisfeita. Todos concordavam que a vitória havia sido justa. – Felicitações, senhor, pode receber o seu prêmio.
E para a surpresa de todos, o vencedor assentiu e se encaminhou para Todoroki, o segurando pela nuca e tomando seus lábios. O outro se afastou, a expressão estoica rompida e os olhos arregalados em um misto de vergonha e satisfação.
– Por que fez isso logo agora?
– Antes tarde do que nunca. - O Izuku lhe lançou aquele sorriso sincero que era capaz de derreter até o mais gelado dos corações, e ele não pôde evitar sorrir de volta.
A multidão gritou alucinada e todos os olhos se voltaram para a princesa. Os boatos que circulavam de seu casamento com Todoroki sendo desfeitos bem à sua frente. Ela apenas sorriu, serena. Aquilo não era nada que já não soubesse.
– Bom, pelo menos ninguém vai poder dizer que não foi uma corrida interessante - A princesa comentou com seu protetor de metal e se juntou aos aplausos do público. Observou os dois, que agora se abraçavam, e imaginou a volta para o castelo, direto para os braços da criada que a esperava. – Uma corrida bem interessante.
Merci pour la lecture!
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