littlefox Margot Sorensen

"Então, tudo ficou escuro. Escuro como os olhos de Shino." [Shiba]


Fanfiction Anime/Manga Déconseillé aux moins de 13 ans.

#shiba #angst #shinokiba #shinoxkiba
Histoire courte
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Capítulo Único


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A escuridão não o incomodava mais, de fato, o fazia sentir mais acolhido a cada dia que passava enfurnado naquele quarto. Não voltava para casa há semanas, provavelmente sua mãe havia tentado contatá-lo diversas vezes e já espalhava cartazes de desaparecido com seu rosto estampado por toda a cidade.

Nem aquilo parecia fazê-lo se importar; estava oco, tão vazio que duvidava que algum dia voltaria a ser o mesmo. Não sabia exatamente há quantos dias estava ali, havia parado de contar quando completou uma semana. As janelas fechadas o impediam de distinguir quando era dia ou quando era noite, não que isso importasse; não fazia diferença.

Estava deitado, olhando para o teto mofado do quarto com um olhar perdido quanto a si mesmo, porque era isso que ele estava: totalmente perdido. As lágrimas que escorriam por seus olhos mais pareciam um milagre, já que não se hidratava ou se alimentava há tempos. Simplesmente não conseguia, não tinha ânimo para tal.
Kiba havia desistido de estar vivo.

— Sabe que não pode continuar assim, certo? – a voz se fez presente em um sussurro desanimado.
O rapaz nem mesmo se dignou a olhar para o lado. Sabia que aquilo não era real, não podia ser.

— Eu não quero continuar. – confidenciou tão baixo quanto a pergunta que estava respondendo.

— Não precisa ser assim, Kiba...

— Eu não quero que seja de outra forma, Shino.

Finalmente virou-o para encarar a figura ajoelhada ao lado da cama. As feições pareciam tão preocupadas quanto as de sua última visita e, se estivesse bem, Kiba faria questão de zombar de Shino por aquela atitude. Mas ele estava longe de estar bem. Muito longe.

— Você deveria ir embora.

— Eu não posso. – Shino respondeu com a voz embargada.

—Sim, você pode.

— Você não entende...

— Você não pertence mais a esse lugar.

— Kiba...

— Shino, vá embora. – ele pediu, mesmo que aquilo fizesse com que seu coração apertasse a cada palavra dita. Ele queria pedir para que o outro ficasse, que o abraçasse novamente e que dissesse que tudo ficaria bem. Mas não podia ser egoísta aquele ponto. Shino precisava partir.

— Eu não posso.

— Shino...

— Eu não posso porque você está me prendendo aqui.

Aquelas palavras retiraram o ar de seus pulmões. Doeria menos se tivesse sido espancado, pensou. Tudo que conseguiu fazer foi fechar os olhos e deixar com que as grossas gotas escorressem. Estava fazendo tudo errado outra vez.

— Estou te libertando.

— Não, não está.

— Então o que devo fazer? – Sentou-se em um impulso, correndo as mãos pelos cabelos de forma desesperada. – O que devo fazer para que pare de me torturar dessa forma?

— Como quer que eu vá se está se matando a cada dia que passa? Como acha que me sinto vendo-o fazer esse tipo de coisa? Sem poder te impedir?

— Por que não me deixa morrer? – sussurrou inconformado, chorando ruidosamente. Os soluços agitavam seu corpo com violência fazendo com que Shino aproximasse sua mão do rosto dele em menção de toca-lo, mas desistiu da ideia ao ver Kiba se retrair. – Por que não me deixa ir também?

— Não posso fazer isso, sabe que não posso.

— Não é sua escolha, nunca foi! Eu quero ir, me deixe ir!

— Pare com isso, por favor. – pediu em súplica, não aguentava mais vê-lo sofrer daquela forma. – Sabe que não foi culpa sua.

— Eu não devia ter me distraído.

— Você não sabia.

— Eu deveria saber.

— Pare de se culpar, foi um acidente.

— Como quer que eu não sinta culpa se foi algo causado por mim?! – gritou a plenos pulmões, fazendo Shino se retrair. – Eu... Não consigo. Eu sinto tanto, mas não consigo. Toda vez que fecho os olhos a cena se repete, de novo e de novo... Deveria ter sido eu, eu sinto muito.

— Kiba, por favor.

— Você precisa ir, precisa seguir em frente. Por favor, eu imploro.

— Não posso ir. Não vê que está fazendo mal a nós dois? Que está me torturando também?

No fundo Kiba sabia que estava torturando não somente a si, mas também a Shino. Era algo que ele não conseguia evitar, e saber disso fazia com que Kiba se sentisse ainda mais culpado, consequentemente, punindo-se ainda mais por tal ato — era um ciclo vicioso do qual nunca sairia, não por conta própria.

— Você não é real, vou fechar meus olhos e você vai desaparecer.

— Quantas vezes disse isso somente essa semana para perceber que ainda estou aqui? Que continuarei aqui até com que pare?

— Vá. Embora.

— Eu não posso ir até que você me liberte. – Ele disse, sem quebrar o contato visual.

Vê-lo só fazia com que Kiba se sentisse pior. Remoía a culpa de tê-lo deixado a cada vez que respirava. Talvez aquele fosse seu castigo, estar vivo. O silêncio fez-se presente no quarto, pela primeira vez em horas, nem ao menos seu choro sôfrego era ouvido. Preferia que fosse de outra forma, já que aquela quietude o estava matando lentamente, o ar parecia tão denso que ele mal conseguia respirar normalmente.

— Aconteceu dia vinte e três de setembro de dois mil e dezessete. – Shino começou com seriedade em seu tom, encostando-se na parede e fitando o nada por incontáveis minutos. – Estávamos entre amigos, passando um fim de semana na casa do lago de Hinata. Estávamos bêbados quando você saiu para comprar mais cerveja junto com Naruto. Disse que não demoraria e, de fato, não o fez. – Deu um meio sorriso antes de continuar – Antes que voltassem da loja todos decidiram que era melhor estarmos dentro de casa, pois já começava a escurecer. Eu inventei alguma desculpa para ficar do lado de fora.

— Hinata disse que você ficou para procurar as chaves do carro. – O tom de Kiba estava carregado em melancolia e o mesmo parecia perdido em pensamentos que Shino conhecia muito bem. Ele estava revivendo aquele dia em suas memórias, como fizera todas as noites dos três meses que decorreram aquele fatídico dia.

— Sim, elas estavam no meu bolso. Eu me aproximei do píer, pensei ter visto alguns vagalumes ali. Em um momento de descuido, me desequilibrei. Lembro-me do quão gelada a água estava e...

— ... do quanto eu lutei para voltar a superfície, mas foi em vão. Em algum momento, deixei de lutar; não havia sentido. Lembrei quando você se ofereceu para me ensinar a nadar, talvez se eu tivesse aceitado fosse diferente. – Completou em um tom sôfrego, sua voz embargando novamente a cada palavra proferida. Não houve resposta, então inspirou profundamente antes de continuar – Eu ouvi... Eu ouvi você repetir isso durante noventa e um dias. Todos eles, em horas diferentes, com tons diferentes. Desde seu desespero à sua indiferença. Eu não sei mais o que fazer, eu já o libertei. Eu já fiz tudo que estava ao meu alcance e você continua aqui. Estou enlouquecendo, não pode ser real!

— Eu sou real, e, no fundo, você sabe que não me libertou.

— O que mais você quer que eu faça? – gritou, exasperado, sem se importar se o hóspede do quarto ao lado o ouviria ou não.

— Você sabe o que fazer, Kiba.

— Você tem razão, eu realmente sei o que fazer. – disse com determinação, enxugando as lágrimas que teimavam em escorrer por seu rosto. Enfim, acabaria com todo aquele sofrimento. Mas, ao invés de sentir-se leve, sentia como se estivesse carregando o mundo em suas costas. Agarrou as chaves do carro, saindo apressado pela porta do quarto. Então, percebeu que era madrugada, tão fria quanto aquela em que Shino havia lhe deixado. Não havia uma estrela sequer no céu, que parecia compadecido pela dor do rapaz, tomando-a para si.

Tomou aquela informação como o sinal que precisava para seguir seu plano, mesmo que o espectro do rapaz que o seguia tentasse de todas as formas impedi-lo.

Conseguia ver o desespero no rosto de Shino através do retrovisor do carro, e como seus lábios se mexiam em súplicas para que ele desistisse daquela loucura. Mas Kiba não conseguia ouvir, não queria. As lágrimas embaçavam sua visão enquanto ele seguia o caminho que tanto tempo havia evitado. Sentia o peito apertar a cada quilômetro mais perto de onde tudo havia acontecido. As memórias ficavam cada vez mais vivas, fazendo com que ficasse cada vez mais difícil focar na estrada. Apertava o volante com força o suficiente para fazer com que os nós de seus dedos ficassem brancos. Sentia seu corpo todo balançar por causa dos soluços violentos que produzia.

Estava escuro, provavelmente porque ninguém frequentava mais aquele lugar desde que tudo aconteceu. Desceu do carro notando que Shino havia desaparecido — talvez desistido de insistir em fazê-lo mudar de ideia.

A vegetação rasteira estava úmida pelo sereno, o suficiente para marcar as botas pretas que calçava naquele instante. Chorava ainda mais pensando em seus familiares e amigos, já que estava a minutos de deixar tudo e todos para trás. Passou todo o caminho até o píer lembrando-se dos momentos felizes que havia vivido e se realmente estava disposto a jogá-los fora. Por mais que se sentisse culpado pelo sofrimento que causaria aos outros, a dor era grande demais para que pudesse aguentar por mais um mísero segundo.

A madeira rangia a cada passo dado, provavelmente pela falta de manutenção. Não podia culpá-los; se estivesse no lugar deles também não se importaria em trocar as velhas tábuas depois de tudo que aconteceu.

Encarou a água escura por alguns instantes; a neblina cobria a maior parte do horizonte, transformando o local em um verdadeiro cenário de filme de terror, mas nada se comparava ao que Kiba sentia naquele momento.

Fechou os olhos com toda a força que possuía e deixou com que seu corpo pendesse para frente, logo submergindo por inteiro, como se o lago o abraçasse violentamente. Não lutou contra a sensação, e deixou com que seu corpo fosse arrastado gradativamente para o fundo, junto ao resto do oxigênio que preenchia seus pulmões.

A dormência já atingia a ponta de seus dedos enquanto seu consciente lutava para que ele tentasse voltar à superfície e sobrevivesse. Seus pulmões já queimavam pela ausência de ar e, no fundo, Kiba já se desesperava com a possibilidade da morte eminente. Seus olhos, até então abertos, miravam a superfície trêmula pelas pequenas ondas que havia causado por seu mergulho.

E, como em uma miragem, não era mais o céu em sua frente e sim Shino. Olhava-o angustiado enquanto seu corpo ia cada vez mais para o fundo do lago. Conseguia ver seus lábios se movimentando novamente, em uma súplica para que emergisse.

E, antes de perder a consciência, ergueu a mão para tocar-lhe a bochecha delicadamente. Sorriu, pois logo estariam juntos novamente e nada poderia separá-los daquela vez.

Então, tudo ficou escuro.

Escuro como os olhos de Shino.

9 Juillet 2018 23:56 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Margot Sorensen Go ahead and cry little girl

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Fox Bella Fox Bella
Mainha do céu, chocada estou! Quer me matar dá um tiro que dói menos!!! Vc está andando muito com a Tatu!!! Até agora 2 de suas fics são angst e no eu perfil tem 4 POSTADAS!!!! CARALHO IZA EU QUERO TE AMAR E TE CHUTAR AGORA! TÁ LINDO MAS EU TO TRISTEEEEEE!!!
July 11, 2018, 06:47

  • Margot Sorensen Margot Sorensen
    ME DESCULPA MEU DENGUINHO, EU JURO QUE EU PARO ~esconde os 8282772 plots de angst do word~ EU TE RECOMPENSO COM UM FLUFFY, EU JURO July 11, 2018, 10:10
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