haartarmy M. N.

De todas as pessoas que se achegavam ao confessionário, o jovem padre nunca imaginou que um certo alguém resolveria aparecer ali. "Se ainda lembra meu nome, devo ter sido muito marcante em sua vida, padre." [ universo alternativo ▪ top!jk, bottom!tae ▪︎ menção a flex!taekook ]


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 18 ans.

#bts #taekook #vkook #kooktae #kookv #kim-taehyung #jeon-jungkook
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Tentação

Todo meu sangue, suor e lágrimas

Meu corpo, mente e alma

Sei que eles são seus

É um feitiço que irá me punir

Pêssego e creme, mais doce que doces

Bochechas de chocolate e asas de chocolate

Mas suas asas são asas de demônio

Há um “amargo” perto do seu “doce”

~♡~

- Olá, padre Jeon. Gostaria de se confessar primeiro?

Jungkook estremeceu sobre a cadeira.

Contudo, não precisava fitar a parede esburacada e tentar distinguir a silhueta de quem se atrevia a lhe dirigir palavras tão insolentes.

Sempre reconheceria o dono daquela voz de rouquidão peculiar.

Ainda que não a escutasse há anos.

- Kim Taehyung?

O mencionado abafou a risada curta e, naturalmente, sarcástica.

- Se ainda lembra meu nome, devo ter sido muito marcante em sua vida, padre.

Jungkook inspira e expira calmamente, tentando controlar a respiração, cujo compasso já não fazia mais sentido.

Porém, as memórias do passado lhe atingiram em cheio.

Ambos haviam sido amigos durante a adolescência, pois participavam do clube de música da escola, tendo doze e catorze anos, respectivamente, quando se conheceram.

O mais novo vinha de uma família religiosa e, por sempre frequentar uma das paróquias de Daegu, era caçoado pelos colegas, sendo Taehyung um dos poucos que o defendia, alegando que "aqueles babacas" (palavras do próprio) deveriam conhecê-lo melhor antes de julgar o menino por causa de onde ia ou deixava de ir.

Naquela época, Jungkook se sentia muito grato ao amigo, para não dizer deslumbrado, sempre disposto a ouvir sobre as diferentes formas de Taehyung enxergar o mundo, compartilhando suas dúvidas, ideias e receios, apesar das eventuais divergências, mas o mais velho sempre parecia extremamente sábio e gentil aos seus olhos.

- Você tem religião, hyung? - perguntou ao rapaz que, há poucas semanas, havia entrado no primeiro ano do Ensino Médio.

Eles caminhavam até o ponto de ônibus, depois de se encontrarem na saída da escola, como de costume.

- Hã… Não. Meus pais são budistas, mas… Eu não tenho religião específica. Acho que sou agnóstico.

- “Agnóstico”? - pendeu a cabeça, confuso.

- É. Não acredito, mas também não duvido de nada. - deu de ombros - O que tiver que ser, será.

- Hm…

- O que?

- Você não se sente meio… Perdido? Como se… Faltasse uma bússula ou algo assim pra te guiar?

Taehyung riu, negando com a cabeça.

- Perdido eu ficaria se tivesse que viver dentro um monte de regras inquestionáveis. Já tive que ir em algumas igrejas, e… Me assusta um pouco ver as pessoas sendo tão escravas do medo e da culpa. É meio bizarro. - logo ele fica sem-graça, segurando um dos ombros do Jeon - Ah, mas você é legal, tá? Se fosse mais extremista, nem falaria comigo, de tão herege que sou. - completou, levemente debochado.

Jungkook sorri docemente, mostrando os dentinhos de coelho, sem fazer ideia de que este era um dos maiores pontos fracos do Kim, o qual ruborizou de leve diante da visão.

- E você é mais legal do que muita gente da minha igreja.

- Sério?

- Sério. - bufa, fazendo um biquinho - Acredita que lá eles falam que Pokémon e Harry Potter são “coisas do diabo”?

- Quê?! - o mais velho arregala os olhos, indignado - Como assim?! Porra, não sei como você aguenta.

- Olha a boca, hyung. - repreendeu, apesar de achar engraçado quando o outro falava palavrão.

- Com todo o respeito, Kookie, quem manda na minha boca sou eu. - disse, em tom de brincadeira - Ou, então… Você pode me calar de outras formas, sabe? - piscou um dos olhos - Mais gostosas, até.

- Você é ridículo! - aos risos, socava de leve o braço do amigo - Não sei por que fica brincando com essas coisas, se somos garotos.

- E daí?

- Hã?

- Quem é do mesmo sexo não pode se gostar?

- Er… - Jungkook abaixou a cabeça, repentinamente triste e confuso - E-eu não sei. Sempre falam que… É pecado. E ninguém quer ir pro inferno, né?

Taehyung ri sem humor.

- Então, por que tanta gente inferniza a vida dos outros apenas por serem quem são?

Jungkook não soube responder, simplesmente recostando na parede transparente de vidro quando chegaram no ponto.

Sentia o coração pular dentro do peito, assim como as bochechas corando cada vez que tentava fitar seu hyung por mais de dois segundos, sem sucesso.

Percebendo o clima estranho que se instalara, Taehyung puxou o celular do bolso da calça jeans, oferecendo um dos fones de ouvido ao mais novo.

- Aqui. Vamos ouvir nossos raps trevosos.

Jungkook sorri, principalmente pela tensão se dissipar aos poucos, ainda que não totalmente.

Continuou dividindo os fones com Taehyung enquanto estavam no ônibus e, por descer algumas paradas antes, abraçou o amigo para se despedir, como sempre fazia.

- Até amanhã, Jungkook-ah. - o mais velho falou, perto demais de seu ouvido, beijando sua bochecha com mais lentidão do que das outras vezes.

- A-até. - Jungkook respondeu, virando-se até as escadas, sem olhar para trás.

No caminho até em casa, ainda sentia um calor esquisito na região que o Kim havia beijado, e seu coração parecia prestes a explodir a qualquer momento.

Com a ponta dos dedos, tocou o local, admitindo secretamente que não era tão ruim assim ser beijado por outro garoto, desde que fosse seu melhor amigo.

E era só isso o que seriam: amigos.

Mas estaria feliz se tivesse seu hyung junto consigo, por toda a vida.

Foi a partir dali que o jeito inocente e despretensioso com o qual Jungkook via Taehyung começou a mudar, gerando um dilema interno que, por muito tempo, o assolou, perdurando por meses e meses, até aquela noite.

Obrigou-se a afastar as lembranças repentinas e, juntando forças para prosseguir, indagou, quase severo:

- O que faz aqui?

- Vim te revelar meus piores sonhos eróticos. - segura o queixo, pensativo - Ou melhores, dependendo do ponto de vista...

O mais novo coça as têmporas, procurando ter paciência e, principalmente, um mínimo de racionalidade.

- Você entendeu, Taehyung. Perguntei o que faz numa igreja.

- Acho que sou eu quem deveria te perguntar, Jeon Jungkook. - ironizou, cruzando os braços rente ao peito - E desde quando você não me chama mais de “hyung”?

- Teoricamente, eu não deveria me atentar ao nome ou à idade de ninguém que vem até mim. Estou aqui somente para ouvir e servir de ponte entre a humanidade e o divino.

- Hm…

Jungkook não sabia o que estava acontecendo, mas só queria fugir daquele lugar, e logo, pois cada minuto ao lado de Taehyung era sufocante, já que a parede metafórica que havia entre eles era pior do que a física.

Estava tão aflito que seus músculos tensionavam, as mãos suavam e o lábio inferior era rudemente preso entre os dentes, deixando-o inquieto sobre a cadeira.

- Está nervoso, padre? - a resposta vem através de um suspirar mais profundo - Ah, não se preocupe… Nosso segredo continua bem guardado. Prefiro que só eu saiba do que acontecia no escurinho do meu quarto… Ou em outros cantos também. - riu debochado.

- Pare.

- Ué, por que? Só preciso contar pra alguém depois de guardar isso pra mim por… Vejamos… Nove anos? Nossa, Jungk-, digo… Padre Jeon. - pigarreou, apesar de só chamá-lo assim num tom provocativo - Depois de meses naquilo, você simplesmente decidiu que a batina era o seu destino. Ah… Que desperdício. E que saudades senti. Porque você sumiu do mapa, sabe...

- Como me encontrou?

- Eu chamaria de “coincidência”, mas talvez tenha sido um grande milagre visitar Seul e, em pleno sábado, passar justamente em frente à igreja onde uma certa voz que cantava ao microfone me paralisou.

Silêncio.

- Então… Depois de todo esse tempo…?

- Você sempre teve uma voz de anjo, padre. Sempre que te ouvia cantar, me sentia no paraíso. Mas você também podia me arrebatar de outras formas, e não tão angelicais assim…

- Taehyung…

- Lembra, padre? Lembra do nosso primeiro beijo?

27 Juin 2018 03:18 7 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Samuel Araújo Palmeira Samuel Araújo Palmeira
Que história!!!
January 23, 2024, 03:01
𝙰C 𝙰𝚍𝚛𝚒𝚊𝚗𝚊 Carrilho
Misericórdia! Essa será a minha palavra a cada capítulo! Hahahaha
December 21, 2023, 20:40
giiviiana Lima giiviiana Lima
Aaah, que escrita gostosa de acompanhar. E gosto tanto dessa coisa de indecisão entre o "certo" x "errado", ou "o que devemos fazer por ser socialmente aceito" x "o que devemos fazer porque queremos".
May 30, 2021, 03:24
Izabelly Pereira Izabelly Pereira
Gente do céu, que história é essa? Já tô amando 🤭
May 16, 2021, 14:04
Yoru Yoru
Eu sou agnóstica e nem sabia sksjsjsjskak Muita boa a história!
May 15, 2021, 19:37
Thayanne Thayanne
Já tô amando muito essa estória 👏👏👏 muito boa
August 03, 2019, 21:33
Jhenifer Sabino Jhenifer Sabino
Mano... adoro uma história assim, que me faz pensar que eu vou pro inferno kkkkj primeira vez neste site, adorei!!!
July 29, 2018, 03:25
~

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