ichygo-chan ichygo Chan

Eu deveria ter prestado atenção aos sinais, ter percebido o que estava fazendo de errado, mas simplesmente não consegui ver o que estava claro. Não consegui notar os detalhes, o sorriso que deixou de acompanhar a minha chegada, os pedidos de companhia que já não vinham mais com tanta frequência, a casa vazia quando eu retornava, pois para mim não havia nada de errado em tudo isso. Claro que estranhei o comportamento cada vez mais distante e menos caloroso de Hinata, mas julguei ser algo normal, afinal cedo ou tarde nosso relacionamento cairia na rotina e isso inevitavelmente aconteceria, o que não quer dizer que não haveria amor. Se eu soubesse que não haveria mais volta não teria deixado chegar ao fim.


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 21 ans.

#naruto #angst #divórcio #depressão
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Desalento

Fiz essa fic depois de ler a sensacional "Na sua estante" escrita pela magnifica Ariane Munhoz, uma escritora por quem tenho extrema admiração por sua habilidade de nos fazer viajar com suas histórias, então sugiro que leiam antes ( até porque super a recomendo) para entrar no clima.

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A casa estava vazia, silenciosa e escura.

Assim como o coração de Naruto naquele momento.

A passos trôpegos ele caminhou novamente para a cozinha onde buscou a garrafa de sakê em um dos armários. Sorriu fraco antes de sentir as lágrimas descerem pesadas ao se dar conta que Hinata jamais permitiria que ele a consumisse em casa na frente dos filhos, ainda mais sabendo que ele não possuía um estômago forte e acabava se embriagando com facilidade. O coração apertou ao lembrar que ela já não estava mais ali para ralhar com ele daquele jeito único dela: zangada e fofa, parecia até um coelhinho felpudo se disfarçando de lobo mal. Os olhos arderam com o pensamento. Lembrar dela fazia as lágrimas descerem amargas. Nunca em sua vida havia imaginado sentir um desespero tão profundo como naquele momento.

Chorava desconsolado, apoiado a bancada da cozinha.

Estava sozinho novamente. Hinata o havia deixado, e levara com ela tudo o que ele tinha, o que mais lhe importava: sua família. A casa sempre barulhenta pelas conversas e brigas constantes entre seus dois filhos agora estava mergulhada em um silêncio doído. Não podia culpar a esposa, jamais atribuiria a ela o fracasso do casamento , afinal se alguém era culpado era ele sem dúvida. Falhara como marido e pai. Não conseguira manter sua promessa de estar sempre próximo a ela como havia jurado em seus votos de casamento. Havia fracassado.

Não deveria estar surpreso, no fundo ele parecia estar destinado a solidão. Deveria estar contente e grato de ter vivido com Hinata por tantos anos. Tinha se iludido com a certeza de que seria feliz e completo para sempre.

Como desejava estar ouvindo as reclamações de Boruto ou as perguntas e conversas insistentes de Hinawari. Daria tudo para poder ouvi-los mais uma vez todos os dias, reclamando e cobrando, enchendo seus ouvidos com lamurias infinitas. Sentia falta do calor deles, de chegar em casa e saber que eles estavam lá, mesmo que já estivessem dormindo. Ao menos poderia dar-lhes um beijo de boa noite como sempre fazia. Todavia o único som que ouvia naquele instante era o do próprio choro angustiado, recheado de soluços.

Não havia sido um pai relapso por toda a vida. Mesmo tendo que cumprir missões constantemente não deixava de estar presente na vida de suas crianças. Contudo não havia conseguido gerenciar seu tempo após se tornar hokage e acabou negligenciando a casa e a família. Imaginou que em poucos meses conseguiria se organizar e voltar a estar com os filhos e com a esposa que tanto amava. Porém o trabalho parecia quadruplicar e lidar com questões burocráticas nunca havia sido seu forte. A obrigação de ser chefe da vila o engolia cada vez mais como um monstro faminto. Chegou a odiar o trabalho de hokage que estava lhe exaurindo física e mentalmente, mas no fundo sempre soube que o culpado era ele mesmo.

Se soubesse que o título e trabalho de hokage tragaria sua felicidade daquele jeito jamais o teria desejado.

Quando deu por si estava indo atrás de Hinata que havia saído de casa com Boruto e Himawari. Fora em busca deles, ela o perdoou e lhe deu uma nova chance. Mas o que ele fez? Novamente falhou. Essa sua incapacidade de percepção tirou dele tudo o que mais amava.

Recostou no móvel e deixou o corpo escorregar até o chão com a mão agarrada ao peito em uma tentativa de apaziguar a dor que sentia em seu coração. Eles não estavam mais ali. Ela não estava mais ali. Estava mais uma vez sozinho, sem nenhuma companhia que não fosse Kurama, mas ela também se recusava a falar com ele depois dos últimos acontecimentos.

Sentia-se um tolo; não por chorar pois nunca se envergonhara de ser honesto quanto a seus sentimentos, e sim por não ter percebido os sinais que estavam na sua cara o tempo todo. A relação antes tão acolhedora que aos poucos se tornou distante, os olhares de Hinata que já não eram mais tão animados, as reclamações do filho mais velho que se tornavam cada vez mais insistentes. Deus! Estava ali o tempo todo o motivo do descontentamento deles! Era obvio para todos, menos para ele! Como pode não perceber que estava se tornando indiferente com a família que tanto desejou ter?! Agora restava a ele amargar sua cegueira e estupidez.

Como doía! Era como morrer em vida! Queria-os de volta! Precisava deles, eram tudo o que tinha! O cargo de Hokage, o título de herói da guerra, o reconhecimento das outras pessoas não era nada perto do que eles representavam em sua vida! Queria gritar sua dor, por ser burro e cego, por não ter percebido antes.

Infelizmente era tarde demais.

Os olhos ardiam devido ao choro descontrolado e ele só desejava que aquela dor cessasse! Puxou os fios dos cabelos sentindo o amargo da solidão bater-lhe novamente a porta. “De novo, não. Eu não suporto...” pensava desesperado. Não aguentaria viver solitário novamente. Preferiria mil vezes morrer a ter que suportar a indiferença e a decepção nos olhos de Hinata e de seus filhos.

De que lhe servia tanto poder e prestígio se estava sozinho de novo?

Abriu a garrafa e sorveu o líquido direto do gargalo sentindo a garganta queimar. O estômago se aqueceu e depois de algumas goladas sentiu os primeiros efeitos da embriaguez. Mas diferente do imaginou não se sentiu melhor, nem reconfortado. Pelo contrário, se sentia ainda mais culpado, mais idiota e solitário.

Tinha se esquecido de como era penoso não ter com quem compartilhar sua vida e alegrias. Os anos após o término da guerra com todos aqueles bajuladores que lhe inflavam o ego com as constantes adulações, lisonjeando-o o deixaram cego. Havia se sentido seguro o suficiente para se esquecer de que é preciso dar atenção a quem realmente importa.

Maldito álcool que não fazia efeito! Estava chorando mais do que antes! O corpo trepidava duas vezes mais.

Talvez se tomasse mais alguns goles surtisse efeito que desejava.

Ledo engano. A dor aumentou, assim como a sensação de não ser amado, de ter falhado, de estar sozinho...

— E-ela me abandonou.— Sussurrou entre os soluços. Isso era para ele entender que se você nasce para ser um perdedor isso não muda. Mesmo que consiga ser rei não deixará de ser idiota. Não tem como fugir de uma sina, e ser solitário e indesejado era a sua.

A casa já não estava mais silenciosa. Seus gritos preenchiam os cômodos, reverberavam e voltavam aos seus ouvidos. Já não estava mais lúcido, via as imagens se tornarem borrões, mas o amargo da boca e do coração permaneciam.

“Meus filhos... Hinata... eu não sou ninguém sem vocês! ”

INFERNO! COMO SOU IDIOTA!- exasperou-se lançando a garrafa na parede. Irado socou o chão até sentir os punhos dormentes. Não se preocupava, queria aquilo mesmo, sentir uma dor mais potente, que aplacasse a que sentia em seu coração. Olhou para as mãos sentindo-as formigar, sorrindo por ao menos conseguir aquilo. Estavam ensanguentadas e foi possível ver os ossos e tendões onde a pele se rompera antes que o processo de cicatrização se iniciasse. Ele odiou perceber os ferimentos se fecharem. Se ao menos o coração parasse de doer como sua mão... – Eu perdi tudo... eu... sou um idiota!

Se machucar não vai trazê-la de volta.— Kurama finalmente se pronunciou. – Ao invés de perder tempo se lamentando deveria ir até ela se desculpar.

—Ela não me quer mais, Kurama. – disse entre as lágrimas, desesperado. – Ela não me ama mais, me deixou, levou meus filhos, tudo o que eu tinha.- admitir aquela verdade era doloroso demais.

—E você pode culpá-la? – Rosnou leve como se não se importasse, escondendo sua preocupação com o estado depressivo dele.

— Não. A culpa de tudo isso é minha. – levantou cambaleante buscando outra garrafa.- Eu fiz tudo errado. Achei que estava fazendo certo, mas no final eu sempre acabo fazendo merda.

_ Eu lhe avisei muitas vezes sobre a sua sobrecarga de trabalho.

Eu sei, mas eu estava tentando! Eu tentei fazer tudo dar certo e como sempre falhei. Mesmo que eu vá atrás dela, ela não vai me querer de novo. Eu não quereria.

Encontrou mais uma bebida no segundo armário, escondida para que as crianças não encontrassem “Ela sempre pensou em tudo. Cuida muito bem das crianças. ” Não tinha dúvidas de que os filhos estariam melhor com ela, ele não dava conta nem de si mesmo. Virou o rótulo e com esforço leu o nome. Whisky.

Não beba isso. — Kurama avisou, dessa vez alarmada. – Lembre que não é resistente ao álcool. Se tomar isso pode acabar desmaiando.

—Essa é a intenção.— respondeu já com a língua embolada. – Pelo menos desmaiado eu esqueço que sou um merda que não conseguiu manter a palavra.

—Você não precisa disso, Naruto. Nunca foi de se entregar sem lutar. Vai simplesmente desistir agora?

—Você não ouviu o que eu disse antes, Kurama? Eu não tenho chances!- exasperou-se apontando para si mesmo com os olhos inconformados e marejados- Eu estraguei a segunda chance que a Hinata me deu. Viu como me colocaram para fora do clã dela? Ela me odeia, não quer mais viver ao meu lado, e eu não posso culpá-la.— Abriu a garrafa e sem cerimônia deu a primeira golada. Dessa vez o efeito foi mais potente.

— Desse jeito vai acabar chegando atrasado no escritório amanhã.

Ele não ia. Que se fodesse o escritório, os papéis, o título de Hokage.

“Que se foda tudo. Que se foda o mundo!”

Levou a garrafa a boca bebendo mais dois goles e a visão turvou. Quem sabe não dava a sorte de cair em um coma alcoólico? Pelo menos se morresse não precisaria passar por um divórcio e reconhecer que era verdadeiramente um merda. Não suportaria viver sozinho de novo, tampouco ver Hinata nos braços de outro. Mas também não tinha mais chances de reatar e não a forçaria a estar com ele contra a própria vontade. Ignorou os resmungos da raposa até que sentiu a consciência ser varrida pela embriaguez, tombando no chão desmaiado.       

19 Avril 2018 23:46 1 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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Cecilia Jarske Cecilia Jarske
AAAA olha, quando li o plot da Ari pensei que deveria ocorrer exatamente aquilo no mangá de Boruto. muita sacanagem Naruto der um merda como pai e marido. ai achei esse plot, e gostei muito desse capítulo. é bom ver Naruto sofrendo e caindo em bebedeira... será que no fim de tudo, Hinata volta com os filhos pra casa?
November 17, 2018, 19:47
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