Outono de 1969…
O clima na Grécia já estava mais ameno e com a virada da nova estação, a promessa de que os novos aprendizes chegariam, finalmente estava se cumprindo.
Saga e Aiolos treinavam juntos, como costumavam fazer todos os dias. Eram grandes amigos e até mesmo dividiam o mesmo quarto. Tinham em mente se tornarem grandes cavaleiros e servir em prol do amor e da justiça, ao lado de Atena.
Saga viu uma estranha movimentação, porém continuou o treinamento, ao ver que se tratava dos guardas que guardavam o templo do Grande mestre. Assim que se aproximaram, olhou para eles distraído e acabou levando um soco de Aiolos.
— Droga!
Aiolos soltou um riso e viu mais duas sombras no chão, fazendo-o ficar alerta. Se virou pronto para desferir um golpe, quando viu os mais velhos lhe encarando com seriedade.
— Saga! Aiolos!
Ambos se olharam com receio, pois apesar de serem aspirantes a cavaleiros, não deixavam de fazer suas traquinagens de vez em quando. Voltaram o olhar para os mais velhos e engoliram seco.
— Sim, senhor! — responderam ao mesmo tempo.
— O grande mestre deseja vê-los agora mesmo.
— O grande mestre… — balbuciou Aiolos, um tanto apreensivo.
Saga apenas puxou a manga da camisa do amigo e fez sinal para que fossem logo. Apesar de não saberem a razão de serem chamados, não entrariam em uma discussão com os mais velhos, ou ganhariam uma surra gratuita mais tarde.
Enquanto subiam o caminho pelas doze casas, Saga deu uma boa olhada em cada templo, conforme passavam. Ao chegar em gêmeos, sentiu um calafrio que o fez parar.
Aiolos que acompanhava os homens mais a frente, deu falta do amigo e olhou para trás, vendo-o olhar insistentemente para a entrada daquela casa. Olhou para os homens que já estavam alguns metros a frente e correu até Saga rapidamente.
— O que está fazendo? Vamos!!! — disse e praticamente o arrastou junto para perto de onde os mais velhos estavam.
Os guardas ouviram a inquietação logo atrás e olharam, vendo Aiolos sorrir assim que foi percebido. Cutucou Saga, que continuava subindo, olhando para gêmeos uma vez que outra, e falou de canto:
— Quer parar com isso?
Saga baixou o olhar e continuou focado a subir os degraus até câncer.
Ao ver a grande quantidade de degraus a frente, os homens continuaram o trajeto, enquanto conversavam sobre coisas que os menores não entendiam.
Após alguns bons minutos subindo, cruzaram a última escadaria e adentraram no templo. Shion já estava a espera dos meninos e pensava se o que tinha em mente era realmente o certo a fazer. Ouviu alguns passos ecoarem pelo salão e levantou o rosto em direção aos guardas que pararam a uma certa distância, prostando-se diante dele.
— Mestre! Trouxemos os garotos como pediu.
— Muito bem. Mande-os entrar.
— Sim, senhor!
— Obrigado.
Ao verem os guardas se aproximarem, Aiolos e Saga pararam de cochichar e ficaram em silêncio.
— O mestre aguarda vocês. Podem entrar e lembrem-se de reverenciá-lo quando se aproximar.
— Sim! — ambos responderam e entraram no salão apreensivos. Era muito raro ver o grande mestre e desde que chegaram no santuário, só viram o mais velho poucas vezes e de longe.
Shion notou o nervosismo e continuou observando por debaixo do elmo dourado que usava. Esperava poder conhecer um pouco mais sobre seus possíveis escolhidos e tirar sua conclusão depois.
Saga olhou para o mais velho com certa curiosidade e logo se pôs de joelhos. Olhou mais uma vez, notando algumas mechas brancas se misturarem com as esverdeadas e baixou a cabeça.
Será que esse velho é isso tudo que dizem?
A figura de Shion por trás daquelas vestes compridas e o elmo cobrindo a face alva, despertou um grande fascínio e admiração em Aiolos. O grego se aproximou e o reverenciou, não conseguindo conter o sorriso em seus lábios.
Shion olhou para Saga, contendo o riso internamente e olhou curiosamente para Aiolos. Ambos estavam quietos, pensando sobre o motivo de estarem ali, quando se assustaram com a grave voz do louro.
— Vejo que não me precipitei na minha escolha. Um velho nunca se engana, não é mesmo?
Saga sentiu o rosto corar e notou que aquilo tinha sido uma indireta para ele.
— Saga, senhor.
— Saga… muito bem, Saga. Vejo o quanto é destemido e corajoso… mas também ambicioso. — Saga sorriu, mas logo ficou sério com o comentário do mestre. — Cuidado com isso. A ambição pode ser boa, mas até certo ponto... Grandes homens caíram por conta da vaidade e ambição. Leve isso com você. — disse e esfregou o queixo.
Olhou para Aiolos e viu que fitava o amigo com um certo orgulho, apesar daquele aviso.
— Você é?
— Aiolos, senhor!
— Aiolos… você também tem muita coragem, meu jovem. Vejo lealdade em você. Isso é muito importante, se um dia quiser mesmo ser um cavaleiro de Atena.
Aiolos sorriu cheio de si e olhou para Saga. O geminiano sentiu ciúmes daquelas palavras e sorriu por um momento, apenas para agradá-lo. A grande verdade é que tinha vontade de questionar o mais velho sobre aquelas palavras, mas sabia que aquilo poderia significar sua morte prematura. Respirou fundo e voltou a olhar para Shion.
— O que fizemos, mestre?
Shion olhou para Saga e novamente o analisou por alguns segundos.
— O que fizeram? Tem algo para ser revelado, jovem Saga?
— Não, senhor. Nada.
— Ótimo. Então… vejo em seus olhares o quanto anseiam por saber o motivo de lhes chamar até aqui. Dois garotos, aspirantes a cavaleiros…
Saga soltou um pigarro e estufou o peito.
— Por enquanto, senhor. Se me permite dizer, creio que um dia conquistarei o maior posto que um cavaleiro possa ter aqui no santuário.
Shion voltou a esfregar o queixo e assentiu.
— Também acho, meu jovem… mas para isso, terá que persistir e provar o quanto é digno de uma armadura dourada.
Aiolos levantou o olhar e olhou para Shion.
— Também desejo este posto, senhor… mas tenho outros propósitos, além do orgulho de pertencer a dinastia dourada.
— Tem?
— Sim! Ajudar minha família… ou o que restou dela. — suspirou.
— Pois bem. — bateu as mãos e olhou para eles. — Já estão aqui há um bom tempo e acho que ambos tem condições de treinarem os novos garotos.
— Novos garotos? — Aiolos pergutou.
— Sim. Como vocês, terão treinamento, estudo e desenvolvimento do cosmo com o passar do tempo. Já me decidi e serão vocês dois os responsáveis por eles.
Aiolos e Saga se entreolharam e sorriram com a notícia.
— Então? O que me dizem?
— Eu aceito, senhor. Darei o melhor de mim! — Aiolos respondeu com um sorriso no rosto.
— Também aceito e farei o meu melhor.
— Ótimo! Então a primeira missão de vocês dois será buscá-los no vilarejo.
Saga olhou surpreso e perguntou:
— E quando chegam?
Shion olhou para ele e pôde ver um sorriso se formar em seus lábios.
— Hoje. Ou melhor, já devem estar chegando… isso se já não chegaram.
Aiolos e Saga se levantaram no mesmo instante e reverenciaram o mais velho.
— Obrigado, mestre! Vamos, Saga! — disse e puxou o amigo que olhou para trás e acenou para Shion.
— Obrigado, mestre! Não se arrependerá da escolha! — disse e desapareceu com um Aiolos afoito que apressava os passos para descer as escadarias. — Era disso que falava com você, Olos! Os deuses estão a nosso favor!
— Sim! Estão! Agora, vamos!
Shion continuava sentado em seu trono, pensando sobre sua decisão e sobre os escolhidos para aquela missão. Lembrou do olhar de Saga sobre ele e soltou um suspiro.
Espero ter feito a coisa certa.
Merci pour la lecture!
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