lady_giovanni Lady Giovanni

"Meu coração apertava meu peito de uma forma que parecia não caber em seu interior. Meus olhos experimentaram novamente o gosto da dor. Já não bastavam meus dias serem difíceis pela ausência de sua presença, agora teria que lidar com aquilo? Ver ele com... Saga. Não. Aquilo não podia estar acontecendo..."


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans. © Todos os direitos reservados.

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Histoire courte
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Discovery

Paixão… Uma coisa que jamais pensei que sentiria, até conhecer você.


Passei boa parte de minha vida vivendo escondido, sem que ninguém soubesse da minha existência, exceto, pelo meu irmão. Ele vivia em um lugar onde todos os respeitavam, o admiravam… Saga tinha tudo o que eu não tinha: Uma vida.


Algum tempo se passou e tomado por uma raiva que crescia cada dia mais, resolvi arquitetar um plano para usá-lo ao meu favor. Saga não era como eu, tinha um lado bondoso e o usava para ajudar as pessoas de onde ele vivia. Por outro lado, era ambicioso, tanto quanto eu, e como era facilmente manipulável por mim, resolvi finalmente colocar tudo em prática.


Não me importava com nada e com ninguém… muito menos com ele. Meu irmão sempre foi uma pedra no meu sapato e mesmo depois de tudo que aconteceu no inferno e consegui me redimir de todo mal que causei a muita gente, ainda me sinto com uma sombra. A sombra de meu irmão.


Ainda lembro como se fosse hoje, do dia em que voltei a vida, graças a misericórdia da deusa. Mediante todos meus esforços para ser um outro homem e cumprindo minha missão com um verdadeiro cavaleiro, ela se compadeceu e resolveu me dar outra chance. Poderia ser o que eu não fui e me redimir novamente diante dos tantos erros que cometi no passado. Fui revivido algum tempo depois dos outros doze e fiz questão de me esconder.


Renovei o juramento de que viveria para servi-la e pedi para que não dividisse a casa de gêmeos com Saga, pois não me achava digno para isso. Olhando para meu passado, mal consigo me reconhecer depois de tudo que fiz. Passei a viver com essa culpa e a sofrer silenciosamente todos os dias. Por mais que meu coração tivesse sido purificado, minha mente não permitia que eu vivesse em paz. Remorso? Sim. Eu não conseguia me livrar disso. Não havia um dia sequer que conseguisse deitar minha cabeça em meu travesseiro e não pensar nas consequências de todos os meus atos e que isso prejudicou muita gente.


Shion também foi revivido e continuou como grande mestre, auxiliando a jovem Atena a governar o santuário. Passei a acompanhá-lo em suas idas para Star Hill, junto ao cavaleiro, Camus de aquário. Ainda não sabia o porquê dele querer que eu me interessasse por aquilo tudo, mas quem eu era ali para contrariar ou questionar as ordens do grande mestre do santuário? Ninguém. Era exatamente assim como eu me sentia: um verdadeiro ninguém.


Lembro também, do dia em que tive contato com ele pela primeira vez... Minha sina, Afrodite de peixes. Não acreditava em destino, mas tudo aconteceu de uma forma que eu não poderia achar que fosse apenas uma coincidência. Não. Eu realmente não acredito nisso.


O mestre havia me incubido de ir até aquário, pois o cavaleiro de aquário ainda não havia aparecido. Tanto Shion, quanto eu, achamos estranho o seu atraso, já que ele costumava ser sempre pontual e nunca havia se atrasado diante de um compromisso.


Era a primeira vez em seis meses, que sairia do templo e estava um tanto receoso quanto a isso. Minha presença no santuário ainda era uma novidade para a maioria e roguei aos deuses para que não encontrasse com alguém no caminho. Talvez, esse, tenha sido o meu maior erro.


Encarei a escadaria abaixo e conforme descia os degraus, pude sentir um perfume floral no ar. Olhei para as rosas que cobriam boa parte da escadaria e parei em frente ao templo de peixes. Me comuniquei pelo cosmo com o guardião e aguardei uns instantes. Como não obtive resposta, resolvi passar.


Ao chegar próximo da entrada, senti um cosmo se aproximando e ouvi uma voz grave atrás de mim. Me virei instintivamente e fitei aqueles olhos pela primeira vez. Aquelas orbes azuis, eram de um tom anil, como a visão que costumava ter do céu visto do fundo do oceano. Tão cristalinos, tão transparentes. Me perdi nelas por um breve instante, até que sua voz me tirou daquele transe do qual eu estava preso.


— Saga? — perguntou com um olhar confuso. — Não… Você é...

— Kanon. — completei. — Me perdoe. Não quis invadir sua casa. Como não tive sua resposta, resolvi passar e…

— O que faz aqui? — me interrompeu, lançando um olhar inquisidor para mim.

— Eu precisava passar pela sua casa para ir até aquário.

— Até aquário? E, por quê? — cruzou os braços.


Comecei a ficar constrangido pela forma em que me abordou e soltei um pigarro.


— Porque ele tem um compromisso com o mestre e está atrasado. Então, eu estava indo até lá para ver se havia acontecido algo.


Ele continuou me analisando e permaneceu alguns instantes em silêncio.


— Camus atrasado... Isso não é de seu feitio.

— Foi o que pensamos. — comentei e desviei o olhar, pois o seu me incomodava.

— Pois eu vou com você, marina. Camus não costuma faltar com suas obrigações. Algo deve ter acontecido mesmo. — disse e se aproximou de mim, trazendo aquele mesmo perfume inebriante das rosas que encontrei no caminho.


Assim que ele passou, o segurei pelo braço e novamente pude olhar naqueles olhos.


— Eu não sou mais um marina, cavaleiro de peixes. Eu não sirvo mais Poseidon, e sim a deusa Atena. — respondi seriamente.


Senti sua mão tocar na minha suavemente e puxou seu braço. Ele se virou e continuou seus passos até a entrada de sua casa, até que parou e chamou minha atenção. Eu ainda estava distraído com aquele homem tão intrigante. Quase que hipnotizado. Jamais havia visto alguém tão… exótico. Se eu não soubesse que era um homem, podia facilmente confundi-lo com uma mulher. Tão belo. Tão andrógino. Era quase como um anjo.


— Você não vem? — perguntou seriamente.


Assenti com a cabeça e o acompanhei até o templo de aquário. Enquanto descíamos a escadaria, continuei minha análise sobre o que eu podia ver, já que não o conhecia. Apesar de sua aparência delicada, não havia motivos para eu crer que ele fosse afeminado. Muito pelo contrário, era tão másculo quanto eu. Isso me intrigava ainda mais. Sua presença me inquietava.


Saí de meus pensamentos novamente, quando paramos em frente ao templo. Olhei de soslaio para ele e voltei o olhar para um ponto qualquer. Não sabia dizer o porquê de me sentir incomodado por estar pensando, observando, analisando alguém por tanto tempo. Eu estava confuso.


— Vamos. Ele está lá dentro. — disse ao me olhar seriamente.


Assenti com a cabeça e o segui até o salão de aquário. Encontramos o cavaleiro de escorpião, Milo, nos aguardando e minha expressão de surpresa foi tão recíproca quanto a sua. Ele ergueu a sobrancelha e quando nos aproximamos, seu olhar permanecia o mesmo. A mesma pose. Só de vê-lo parado à nossa frente, pude sentir novamente os resquícios dos golpes que sofri, naquele dia no templo da deusa Atena. O poder daqueles ferrões, deixaram meu corpo marcado para sempre. Ainda que eu não sinta dor alguma, minha alma foi marcada pela penitência da qual fiz questão de pagar pelos meus erros. Se fui tolo? Não. Definitivamente, não. Acho que as quatorze agulhadas que recebi de escorpião, foi uma pena branda, comparada ao que eu realmente merecia.


— Kanon? Você…

— Sim, Milo. Eu também fui revivido, assim como vocês. — disse seriamente.

— Mas, como? — descruzou os braços e se aproximou. — Eu não fazia idéia...

— Não me pergunte isso, cavaleiro. Eu ainda acho que não sou digno de tal feito.

— Vocês se conhecessem? — perguntou Afrodite ao interromper nossa conversa.

— Sim, Afrodite. Nos conhecemos, quando tive conhecimento de sua presença no santuário. Fiz questão de procurá-lo, pois na época ele era considerado um…

— Milo, por favor… — o interrompeu. — Por que você não pode ser apenas direto, ao invés de explicar coisa por coisa? — revirou os olhos.


Vi pela expressão carrancuda de Milo, que não havia gostado do que ouviu e abaixei a cabeça, tentando conter meu riso. Não sabia que aquele homem também poderia ser daquela forma. Relaxei com aquele pequeno momento de descontração e passei a admirá-lo inconscientemente.


— Onde está Camus? Estou preocupado com ele. Kanon me disse que ele tinha um compromisso com o mestre e que estava atrasado. Isso não condiz com o que conheço do meu vizinho.

— Ele não está bem Estava cuidando dele, até vocês chegarem. Ele me pediu para que eu viesse até aqui para recebê-los.

— Entendo. — disse e nos deixou ali, caminhando em direção aos aposentos de Camus.

— Ei! Onde você vai? — perguntou Milo, indo logo atrás.


Suspirei frustrado e fui atrás deles. Quando cheguei no quarto, vi Camus sentado em sua cama e Afrodite ao seu lado, enquanto segurava sua mão. Olhei para Milo, que chamou minha atenção por bater um dos pés sem parar e achei aquilo um tanto suspeito. Parecia até incomodado com aquela situação.


Me aproximei de Camus e não sabia o porquê de sentir inveja dele. Ciúmes, talvez? Afrodite estava sendo tão carinhoso e aquela troca de olhares, realmente estava me incomodando.


— Como você está, Cam?

— Estou bem. Bem melhor. — sorriu timidamente.

— Que bom. Quando soube que você estava atrasado para um compromisso com o mestre, fiquei preocupado com você. — pegou uma mecha de seu cabelo e deslizou os dedos sobre ela. — Você não é de faltar em seus compromissos.

— Não se preocupe, mon ange… Foi só um mal estar. — disse e baixou o olhar um tanto ruborizado. Ele estava com vergonha?


Afrodite sorriu e abaixei a cabeça. Soltei um pigarro, chamando a atenção de ambos, já que pareciam ignorar nós dois ali.


— Me desculpe interromper o momento de vocês... mas eu vou voltar para o templo. Tenho que avisar o mestre de sua condição. — O fitei seriamente.

— Está bem, Kanon. Diga ao mestre, que peço perdão por não ter avisado antes. Assim que for possível, irei até o templo para conversarmos.


Assenti com a cabeça e me virei, saindo dali o mais rápido que pude. Estava um pouco irritado com o que presenciei naquele quarto. Por que eu sentia me sentia incômodo? Por quê? O que tinha de mais naquele homem?


Enquanto subia os degraus até peixes, senti uma mão segurar a minha e inspirei aquele perfume novamente. Meu coração bateu forte. Palpitava com aquela súbita aproximação. Ainda estava de costas e não sabia como encarar aqueles olhos.


— Por que você fez aquilo?


Me virei e o encarei, sem que deixasse transparecer meu nervosismo.


— O que eu fiz?


Sua expressão séria, agora havia se tornado curiosa. Ergueu a sobrancelha e cruzou os braços.


— Ainda pergunta? Saiu de lá de um jeito estranho. Bem se nota, que você é diferente do seu irmão.


Quando ele falou sobre Saga de modo que me comparasse com ele, me senti irritado. Detestava ser comparado ao meu irmão. Nós somos muito diferentes um do outro, apesar de sermos iguais na aparência.


— Não sei com que intuito você está me dizendo essas coisas… Acho melhor voltar para a casa do seu namorado. Ele deve estar esperando. Com licença. — me virei e ouvi sua gargalhada.


— Ele não é meu namorado. Apenas meu amigo, cavaleiro. — disse e passou por mim, subindo as escadas.


O acompanhei em silêncio até a metade do salão, quando ele novamente “deu o ar de sua graça”:


— Algo o incomoda?


Me virei e lhe fitei.


— Não entendi sua pergunta. — o fitei seriamente.

— Você mudou,desde que saiu de aquário. A que deve esse seu mau humor todo? — sorriu debochadamente.

— O que está tentando dizer, peixes? — cruzei os braços.

— Nada. Apenas resaltando algo que percebi.


Apertei o punho e desviei o olhar do dele. Estava tão evidente assim o quanto eu estava incomodado? Pensei e tornei a olhar para ele.


— Você é sempre assim cheio de mistérios ou está tentando me tirar do sério?

— Ora, ora… Agora sim, você falou como seu irmão. — sorriu.

— Se me permite, tenho que voltar ao templo. Fique com seus enigmas e me deixe fora deles. — respondi alterado.


Saí dali sem me despedir do cavaleiro e fui as pressas falar com o mestre. Depois de informá-lo sobre o estado de Camus, fui liberado do compromisso. Como era ainda muito cedo, resolvi ir até a biblioteca do santuário para ler um pouco. Com sorte, acharia um bom livro para ler e me distrair um pouco depois de toda aquela confusão.


Fiquei por lá algumas horas, até que adormeci. Acordei ao sentir um perfume floral no ar e levantei a cabeça devagar. Afrodite estava sentado do outro lado da mesa e passei as mãos sobre o rosto. Só o que faltava… ter de aguentar aquele homem irritante de novo.


— O que faz aqui? — perguntei ao olhar para ele.

— Bom dia pra você também, Kanon. — abriu um livro. — A biblioteca é aberta a todos os cavaleiros, mas acho que você não sabe disso, né? — Me fitou por cima do livro.

— Eu sei disso. Também sei que faz algum tempo que vivo no santuário e nunca o vi por aqui. E olha que venho todos os dias...

— Bom… Você me pegou. — sorriu e fechou o livro. — Eu não tenho o costume de vir até aqui. — voltou a olhar para mim.


Olhei para ele curioso. O que ele tinha em mente?


— O que faz aqui, então?

— Acho que ingênuo não faz bem o seu tipo, Kanon. — largou o livro sobre a mesa.


Cruzei os braços diante de sua resposta e lhe fitei seriamente.


— Realmente. E você, não faz o tipo que procura por alguém, senão tiver algum interesse.


Sua expressão mudou, o que me fez soltar um riso debochado. Podia não ter contato com os cavaleiros, mas eu sabia muitas coisas a respeito de cada um dos doze.


— Com que direito, me dirige a palavra dessa forma, marina? — se levantou e apoiou as mãos na mesa, me fitando com certo desprezo.

— O que foi, Afrodite? Por acaso, “o chapéu serviu”? — sorri debochadamente.

— Rövhål¹ — esbravejou e soltei alguns risos.


Ao vê-lo sair dali, vociferando algumas palavras em seu idioma, chamei seu nome e o vi se virar para mim com raiva no olhar. Contive meu riso e lhe fitei seriamente, colocando o indicador sobre a boca.


— Estamos em uma biblioteca. Faça silêncio, por favor. — disse e peguei o livro que estava em minha frente e fingi ler.


Em seguida, ele saiu dali ainda mais bravo e voltando a esbravejar em seu idioma. Larguei o livro e comecei a rir. Fazia tanto tempo que não me divertia e mais uma vez, aquilo tinha sido por obra dele: Afrodite de peixes.


Me levantei e fui até a prateleira, colocando o livro exatamente onde estava quando o retirei. Segui meus passos até meus aposentos para tomar um banho e depois cumprir minhas obrigações com o mestre.


Algum tempo depois, outro sentimento oculto despertou em mim e eu não sabia lidar: Saudade. Quando a noite chegava, a brisa noturna trazia com ela o perfume de. Ficava minutos, horas, parado na janela. Apenas sentia seu cheiro e aquilo me enlouquecia. Tinha urgência de vê-lo e sabia que não podia sair do templo sem o consentimento do GM. Estávamos tão perto um do outro e ao mesmo tempo tão longe...


Então, certa noite não aguentei aquela maldita espera e saí de meu quarto. Fui até a saída do templo e se Shion resolvesse me punir pela minha desobediência, não me importaria. As consequências que ficassem para depois. Olhei para baixo, tendo a visão das doze casas e desci as escadarias rapidamente. Quando me aproximei do templo de peixes, tive uma surpresa: Ele não estava sozinho.


Saga… o que você faz em peixes? Pensei e me anunciei pelo cosmo, não me importando se atrapalharia ou não, os planos de ambos. Depois de uns instantes, vi uma silhueta se aproximar e quando vi de quem se tratava, suspirei. Meu irmão. Ali estava ele. Olhou seriamente para mim, como se estivesse procurando uma resposta para a minha presença e retribuí o olhar da mesma forma, porém, friamente.


— Kanon… Soube por Afrodite que você voltou, mas custei a acreditar que isso fosse verdade.

— Escute, Saga... Não é com você com quem quero falar. Quero falar com Afrodite. Não entendo o porquê de você estar aqui, ao invés dele.

Ficamos em silêncio até o cavaleiro de peixes quebrar a tensão entre nós, ao aparecer com uma taça de vinho na mão. Parou ao lado de Saga e me fitou com um sorriso nos lábios, que quase me fez perder o foco de tudo.


— Boa noite, Kanon.


O ignorei e tornei a fitar meu irmão. Ele ainda não havia dito o porquê de estar ali.


— E, então? Não vai falar nada?

— Acho que quem deve explicações aqui, é você.


Olhei para Afrodite e vi que escondia o riso através da taça. Aquilo me deixou enfurecido. Abaixei a cabeça, tentando me conter e levantei o rosto, encarando os olhos de meu irmão.


— O que eu vim tratar com Afrodite, não te diz respeito, Saga.

— Pode falar, Kanon… Eu não tenho segredos com Saga. — disse e tocou em seu ombro, o que fez com que sua cintura fosse envolvida pelo braço de meu irmão e trocassem um beijo.


Olhei aquilo e me senti irado. Se eu não soubesse disfarçar minha raiva, naquela altura poria tudo a perder. Sorri cinicamente para Afrodite e sei que ele percebeu algo, pois seu olhar dizia tudo.


— Pois bem, peixes… Vim até aqui para dizer que eu quero você.


Afrodite entreabriu seus lábios surpreso e deixou a taça cair no chão. Saga se aproximou de mim e me encarou.


— O que está planejando agora, Kanon? Por acaso, quer arruinar a minha vida novamente?

— Planejando? — soltei um riso debochado. — Meu querido irmão… Eu não perderia meu tempo precioso para ficar “planejando”... — fiz as aspas com os dedos. — … coisas que envolvam você. Não se ache tão importante, pois pra mim você não é nada.

— Como é? — me puxou pela gola, mas Afrodite nos apartou.

— Impressionante, como o amor fraternal de vocês é recíproco. — ironizou. — Kanon, eu acho melhor você ir embora.

— Não precisava dizer. Eu já estava indo mesmo. — disse e dei as costas, subindo as escadarias sem olhar para trás.


Ao chegar em meus aposentos, senti que iria explodir de tanta raiva. Fechei meus olhos ao lembrar daquele beijo e apertei meus punhos tão forte que pude ouvir as juntas de meus dedos estalarem. O ódio cresceu em mim rapidamente, me fazendo quebrar tudo que estava ao meu alcance. Soquei paredes, o chão. Chutei cadeiras. Nada fazia parar o que eu estava sentindo, até que desabei no chão.


Meu coração apertava meu peito de uma forma que parecia não caber em seu interior. Meus olhos experimentaram novamente o gosto da dor. Já não bastavam meus dias serem difíceis pela ausência de sua presença, agora teria que lidar com aquilo? Ver ele com... Saga. Não. Aquilo não podia estar acontecendo.


Soquei o chão mais algumas vezes, até que as lágrimas escaparam de meus olhos e me fizeram cair de vez. Eu não sabia lidar com sentimentos, essa era a verdade. Não costumava desabafar. Se para outras pessoas isso era algo normal, para mim não. Tudo que sinto, só diz respeito a eu mesmo e não ganharia nada expondo minha vida para alguém. Quem iria entender, já que eu mesmo não me entendo?


Sequei minhas lágrimas e me levantei. Não podia agir feito um idiota que sofre por estupidezes. Eu não gostava de sentimentalismo. Aquilo, definitivamente não servia para mim. Saí novamente, desobedecendo as ordens do mestre e fui até Star Hill. Eu conhecia o caminho e por mais perigoso que fosse, não me importava se minha vida estaria em risco ou não. Não temia mais nada desde que fui revivido e isso me bastava para seguir em frente.


Algum tempo depois, acabei chegando exausto no observatório. Me deitei no chão e contemplei a visão do céu daquele lugar. Olhei para a constelação de peixes e suspirei. Nesta noite, em particular, estava iluminada como nunca. Fechei meus olhos e permaneci assim por alguns instantes, até que adormeci.


Despertei ao sentir uma mão sobre minha cabeça e como era dia, a claridade dificultou minha visão, impedindo que eu identificasse quem estava ali. Quando senti seu cosmo, suspirei frustrado. Sabia muito bem o que estava por vir.


— Mestre...

— Kanon, o que você está fazendo aqui? Você sabe que é proibido vir sem a minha permissão.

— Eu sei, mestre. Me perdoe. Não acontecerá mais. — abaixei a cabeça.

— Eu fiquei preocupado com você, pois achei tudo quebrado em seu quarto. O que aconteceu, afinal?

— Se não se importa, eu não gostaria de falar sobre isso. Trabalharei para custear o que eu estraguei. Não se preocupe.

— Kanon… esse não é o problema. Você me desobedeceu e arriscou a própria vida ao vir pra cá. Você tem conhecimento disso. Por que, Kanon? — insistiu.

— Eu sei, mestre. Mais uma vez, peço-lhe desculpas. Não vou infringir mais nenhuma regra e estou disposto a cumprir minha pena por desobediência.

— Pensarei sobre isso depois. Vamos. — estendeu a mão para mim e a segurei.


Após esse incidente, Shion abrandou minha pena e proibiu minha ida até a colina. Já não o acompanhava mais, mesmo quando ia para lá sozinho sem a presença de Camus. Sentia falta daquele lugar, pois lá eu conseguia ficar em paz com meus pensamentos. Minhas missões que eram raríssimas de acontecer, agora se tornavam constantes. Vivia mais fora do santuário, do que dentro e digo que isso foi bom por um lado.


Os rumores de que Afrodite e meu irmão estavam juntos, aumentaram com o passar do tempo. Sabia da fama de conquistador que peixes possuía e da sua vasta coleção de ex amantes. Cavaleiros de ouro, prata e até mesmo bronze. Amazonas aos montes. Ele realmente não se importava, se aquilo poderia manchar sua reputação. Eu tinha plena convicção de que tudo isso se devia a falta de algo. Essa busca incansável por divertimentos, usando as pessoas do jeito que fazia para sua própria satisfação… No fundo, Afrodite devia ser uma pessoa vazia.


Minha última missão durou cerca de oito meses e ter a vista das doze casas ao pé do monte, me trouxe sensações nostálgicas. Era fato que estava cansado de ter que sair para viajar e os intervalos entre uma e outra, eram pequenos. Mal conseguia descansar, mas eu não tinha escolha. Tinha de cumprir com as missões, afinal, eu também sou um cavaleiro de Atena.


Passei sem demora pelas doze casas, notando que alguns dos guardiões não estavam. Não estranhei, pois eles também eventualmente saíam para alguma missão. Visualizei a entrada de peixes e suspirei. Quisera eu,bque ele não estivesse também, mas pude sentir seu cosmo de lá. Anunciei minha presença e pedi passagem, esta que foi concedida quase que de imediato.


Entrei no salão de peixes e aquele perfume se fez presente mais uma vez, visto que ele estava ali. Afrodite estava encostado em uma das pilastras, enquanto segurava uma de suas rosas e sentindo o perfume dela. Não fiz questão de cumprimenta-lo e apenas ignorei, seguindo meus passos até a saída da casa. De repente, senti meu ombro ser tocado e parei. Me virei e senti suas mãos deslizando pelo meu peito.


— Por que me ignora? — perguntou e levou a mão até meu rosto.

— Não ignorei. Apenas não tenho nada pra falar com você. — retirei sua mão e me afastei. — Se não tem mais nada a dizer, boa noite. — disse e me virei, mas repentinamente ele me puxou pelo braço e me empurrou contra a parede.

— Você acha que me engana com esse jogo duro, Kanon? — disse e colocou uma de suas mãos, apoiada ao lado de minha cabeça.

— Jogo duro? — ri — Acho que não sou bem eu, que anda fazendo “joguinhos” aqui, cavaleiro. — O afastei, mas ele insistiu e me empurrou de volta.

— Esse seu excesso de confiança não me engana, marina! — disse seriamente.


Bufei irritado e segurei seus braços forte e inverti as posições, empurrando-o contra a parede. A mesma acabou rachando com o impacto e vi aquele velho sorriso debochado impregnado em seus lábios. Fitei seus olhos seriamente e me aproximei de forma intimidadora.


— Já disse pra não se referir a mim dessa forma, peixes. — disse e o vi tirar o sorriso dos lábios. — Quer saber? Você não vale a pena. — me afastei e o deixei para trás.


Subi as escadarias rapidamente e fui direto até meus aposentos. Chegando lá, larguei minhas coisas na cadeira e me atirei na cama. Estava exausto e para “fechar o dia com chave de ouro”, ainda tive aquele contratempo com aquele estúpido. Suspirei ao segurar meu rosto e deslizei minhas mãos até minha cabeça, apoiando a nuca com elas.


Fiquei algum tempo acordado e não parava de pensar sobre nosso último encontro. Apesar de tudo que aconteceu, das coisas que fiquei sabendo ao seu respeito e do tempo que passei longe, não conseguia tirá-lo de minha cabeça. Era difícil. Pensei que teria um pouco de sossego ao voltar pra cá, mas eu me enganei. Estava desgastado com a viagem, mas não me importaria, se amanhã mesmo tivesse que partir para outro lugar. Tudo para me desligar dele. Mesmo que fosse temporariamente. Fechei meus olhos e acabei adormecendo com a lembrança de seu rosto sorrindo.


Despertei no dia seguinte com o som dos pássaros cantando e me espreguicei na cama. Me sentei na cama e alonguei meus braços. Levantei e fui até o banheiro para tomar um banho relaxante. Um novo dia estava pra começar e eu tinha que manter o foco nas minhas obrigações. Após alguns minutos, fechei o registro e peguei a toalha, retirando o excesso de água de meus cabelos. Enrolei ela no quadril e quando saí do quarto, tive uma surpresa: Ele estava sentado sobre a minha cama.


Ao perceber minha presença ali, olhou para mim e em seguida para meu corpo. Abaixei a cabeça constrangido e fui até minhas coisas para pegar uma roupa para vestir.


— O que faz aqui? — peguntei sem me virar.


Segundos depois, suas mãos deslizaram suavemente pelas minhas costas e me abraçou. Senti meu coração palpitar e toquei seus braços. Me virei para fitar seu rosto e vi que continha uma expressão diferente das outras vezes em que o vi. Estava sério. Inquieto. Poderia até jurar que estava entristecido. Sua cabeça abaixou e toquei em seu queixo, inclinando-o.


— Não vai responder? — fitei seus olhos.

— Eu não sei porque vim até aqui. — se afastou e parou de costas.


Me aproximei e o virei pra mim.


— Você veio porque tem algo a me dizer, não é?

— Eu não sei, Kanon. A verdade é que…

— O que? — o fitei curioso.

— Eu não posso… Sinto muito. — disse e saiu dali, batendo a porta.


Suspirei profundamente e voltei a pegar as roupas para vestir. O que ele pretendia com aquilo? A cada encontro, ainda que raro entre nós, me sentia cada vez pior. Me sentia mais ligado e meus pensamentos me enlouqueciam. Queria tê-lo em meus braços, mas ao mesmo não. Eu sabia que poderia sair magoado nessa história. As chances disso acontecer eram grandes e eu não queria arriscar.


Durante o dia, fui incubido de treinar alguns aspirantes na arena. Alguns dos santos me observavam da arquibancada, mas isso não afetou meu foco. Mesmo sabendo que um deles era meu próprio irmão. Ao final do treinamento, me despedi dos garotos e segui até as arquibancadas. Peguei uma garrafa de água e tomei todo seu conteúdo. Olhei para o sol que nos castigava naquela tarde nos trazendo mais um dia quente de calor e arfei.


Joguei a toalha sobre o ombro e segui até a saída do coliseu. Subi as doze casas e fui até o templo para falar com o mestre. Pedi permissão para os guardas para eu entrar e assim que foi concedida, caminhei até o trono onde ele estava sentado. Me ajoelhei à sua frente e abaixei minha cabeça em respeito a ele.


— Mestre. Já cumpri com minhas obrigações e peço permissão para sair em outra missão o quanto antes.

— Kanon… Mas você voltou ontem.

— Mestre, por favor. Eu suplico. Me mande pra longe daqui. — disse e abaixei a cabeça.

— Tem algo lhe afligindo?

— Sim, mas não quero falar sobre isso. Por favor, mestre. Eu imploro.

— Está bem, Kanon. Eu vou ver o que posso fazer por você.

— Obrigado, mestre.

— Era só isso que desejava falar comigo?

— Sim. Por ora, sim. Peço permissão pra me retirar.

— Concedida.


Me levantei e o reverenciei. Saí dali e resolvi ir até a biblioteca para ler um pouco. Passei um bom tempo distraído por lá e não vi as horas passarem. Quando saí, vi que já era noite e precisava arrumar minha coisas, caso o mestre decidisse que minha partida fosse no dia seguinte.


Abri a porta do quarto e vi Afrodite sentado sobre a base da janela, enquanto brincava com uma rosa. Ao me notar, virou seu rosto e abaixou sua cabeça. Fechei a porta e olhei para ele.


— Suas visitas tem ficado mais constantes, cavaleiro. A que honra, devo sua presença aqui? — Tentei disfarçar, sendo debochado.

— Soube que você vai sair em missão novamente.

— Nossa! As notícias realmente correm por aqui… — soltei uma pequena risada.


Ele levantou sua cabeça e me fitou com o mesmo olhar de hoje mais cedo. Tirei o sorriso dos lábios e lhe fitei seriamente.


— Bom, o que quer de mim, afinal? Já é a segunda vez que vem até aqui hoje. — cruzei os braços.


O vi descer da janela e caminhar em minha direção. Novamente senti meu coração palpitar com sua aproximação e tentei controlar o pouco de nervosismo que senti naquele momento.


— Kanon… — disse ao parar em minha frente. — Já faz algum tempo que venho pensando sobre algumas coisas…

— Que coisas?

— Não são bem coisas… São sentimentos. — abaixou a cabeça depois de me olhar sem jeito.

— Como assim, Afrodite? E o que eu tenho a ver com isso?


Ele inclinou sua cabeça e tocou em meu rosto, o que me fez arrepiar.


— Eu… peço que não vá.

— Afrodite…

— Por favor! — suplicou com o olhar cheio de lágrimas.


Meu coração apertou ao vê-lo daquele jeito, mas como poderia saber se ele não estava mentindo? Pensei e amparei as primeiras lágrimas que caíam de seus olhos.


— E por que eu não devo ir? — instiguei.

Senti meu corpo ser abraçado forte e fiquei sem reação diante de seu ato.

— Afrodite… — sussurrei.

— Por favor, não vá. — disse novamente com a voz embargada.


Eu não sabia mais o que fazer naquela situação. Era difícil de acreditar que alguém se fingisse daquela forma para ter o que quisesse, mas e se eu estivesse errado?


— Você ainda não respondeu minha pergunta, peixes.

— Eu descobri da pior forma que estou apaixonado por você.


Surpreso com sua confissão, me afastei e olhei para ele. Eu estava atônito.


— Como? E meu irmão? Vocês não estão juntos?


Ele abaixou sua cabeça e deixou mais algumas lágrimas caírem.


— Eu amo você, Kanon. Desde o momento em que nossos olhares se cruzaram em minha casa naquele dia.


Ainda estava chocado com aquilo e não consegui dizer nada. Permaneci imóvel no mesmo lugar, tentando assimilar as coisas.


— Mas… E meu irmão? — voltei a perguntar.

— Eu comecei a ficar com o seu irmão sem muitas expectativas. Tudo começou por um capricho meu, pois eu queria ter a sensação de ficar com o gêmeo da pessoa que mais me incomodava. E, antes que me pergunte… Sim, sua presença me incomodava. — colocou uma mecha de seu cabelo pra trás de sua orelha e abaixou sua cabeça. — Eu nunca havia gostado de alguém antes e não sabia se estava certo disso. — secou suas lágrimas. — O que começou por brincadeira, foi ficando mais sério. Com a confirmação de meus sentimentos por você, eu senti a necessidade de ter seu irmão mais perto de mim, porque ele me lembrava você.

— Então você estava apenas o usando?

— Me envergonho disso, mas sim. Eu queria na verdade é ter você ao meu lado. — disse e abaixou o olhar, limpando o rosto.


Depois de ouvir suas palavras, não sabia o que pensar a respeito de Afrodite. Não sabia se ficava feliz por mim ou com raiva, por ele ter enganado Saga. Por mais que nós não nos entendêssemos, continuava sendo meu irmão. Senti nojo de sua atitude imatura, mesquinha, egoísta… Mas eu não era ninguém para julgá-lo. Eu fui muito pior. No fundo, acho que ele esteja pagando por fazer tantas pessoas sofrerem por sua causa. E, eu era uma delas por ironia do destino. Ele veio gostar de mim, pois havia se superado em seu capricho.


Toquei em seu rosto e lhe fitei seriamente, sentindo suas lágrimas escorrerem por meu dedos.


— Escute, Afrodite… — sequei suas lágrimas. — Eu não sei se posso acreditar em você, diante de tantas mentiras. Como posso confiar em você, depois de tudo que você me contou? Fora as coisas que sei ao seu respeito e que não vem ao caso...

— Kanon… Por favor, acredite. Eu jamais havia me confessado à alguém antes. Acredite em mim.


O afastei de mim e fui até a janela. Olhei para as estrelas no céu e pensei se eu pudesse ao menos decifrá-las como o mestre costumava fazer. Eu só queria um sinal. Somente um. Ouvi alguns passos e a porta bateu. Olhei para trás e vi que ele não estava mais ali. Talvez fosse melhor assim.


Olhei para a base da janela e vi a rosa que segurava, antes de começarmos aquela conversa. A peguei com cuidado e toquei em suas pétalas. Senti seu perfume nela e fechei os olhos. Por que ele estava fazendo isso comigo? Justo agora que pedi pra sair novamente… Por que, Afrodite? Por quê?


Ainda sem respostas para minhas perguntas, resolvi procurá-lo. Eu não queria mais ficar em dúvida e se tivesse que quebrar a cara, pelo menos teria tentado. Primeiro as ações e depois as consequências. Talvez pudessem ser boas desta vez.


Já estava próximo de sua casa, quando parei. Saga. Ele estava lá. Senti meu sangue ferver e entrei em peixes, sem ao menos anunciar minha presença. Caminhei a fortes passos até seu quarto e abri a porta, encontrando-os abraçados. Senti um ódio sem tamanho. Como ele podia brincar comigo daquela forma? Pensei e tive vontade de acabar com os dois com minhas próprias mãos se fosse possível. Eles olharam pra mim e me aproximei, os separando. Encarei Afrodite de frente, ignorando a presença de meu irmão e vi aquele mesmo olhar entristecido.


— Eu sabia que não podia acreditar em você… Eu sabia! — gritei e apertei meus punhos.

— Kanon… Eu…

— Me esqueça, Afrodite! — o interrompi — Nunca mais me procure ou terei que matá-lo pra não ter de encará-lo novamente! — esbravejei.

— Kanon, espere… — disse Saga ao tocar em meu braço.


Olhei para ele possuído pelo ódio e antes que lhe acertasse, ele segurou meu braço e me encarou.


— Você vai me escutar agora…

— Eu não quero ouvir nada de você ou do seu amante! — gritei.


Saga me empurrou contra a parede e segurou meu pescoço.


— Eu já falei que você vai escutar e não me interrompa mais! — disse alterado.


Permaneci em silêncio e ele soltou meu pescoço.


— Afrodite estava explicando tudo o que aconteceu. Eu sei de tudo, Kanon. Na verdade eu sempre soube, mas quis correr o risco, pois o amava e ainda o amo. — disse e olhou para ele.

— Então, fique com ele! — joguei as palavras em seu rosto.

— Não! Eu não vou mais insistir nisso, meu irmão. Não quero mais ser uma sombra no caminho de vocês… Por isso, estou deixando o caminho livre pra vocês dois.


Olhei para Saga surpreso e o vi acenar com a cabeça. Ele fez o mesmo com Afrodite e saiu pela porta.


Afrodite estava sentado em sua cama com as mãos sobre seu rosto e não parava de chorar. Talvez a culpa e o arrependimento, estivessem fazendo a sua parte como castigo. Por mais pena que pudesse sentir, não podia evitar que aquilo acontecesse. Eu não era a pessoa mais indicada pra isso. Me aproximei e sentei ao seu lado. Já me sentia um pouco mais calmo.


— Me desculpe. Eu não queria…

— Não se preocupe comigo, Kanon. Eu sei que você vai partir. Eu sei.


Suspirei novamente e toquei em seu rosto, fazendo com que me fitasse.


— Você quer que eu parta?


Ele retirou minha mão de seu rosto e me fitou emburrado.


— Mas que pergunta idiota, é essa? Não fui claro o suficiente, quando te disse que n…


O interrompi e tomei seus lábios para mim. Pela primeira vez, pude saborear o gosto daquela boca e que boca... Nossas línguas se tocaram, aumentando o desejo que o tempo e a distância fizeram questão de reprimir. Nos tocávamos, ansiosos para provar um do outro. Tínhamos as mesmas ações. Beijar, tocar, saborear, sentir... Éramos dois como um.


As roupas já não eram mais um problema para nós e enquanto fazíamos amor, não desviamos o olhar um do outro. Nenhum segundo sequer. Aquela sensação tão prazerosa de que não havia experimentado até aquele momento, me tornou ainda mais ligado a ele. Me entreguei de corpo e alma, selando nosso amor com a fusão de nossos cosmos.


Horas depois, chegamos ao ápice do prazer juntos. Cobri seu corpo com o meu e apoiei minha cabeça em seu pescoço, sentindo o suor escorrendo de nossos corpos. Ofegamos juntos, quase que sincronizados. Trocamos um olhar apaixonado e sorri. Não queria parar de beijá-lo.


— Eu amo você, Afrodite de peixes.


Ele sorriu e acariciou meu rosto.


— Eu te amo, Kanon. Te amarei para todo o sempre.


Sorri e beijei carinhosamente a pinta abaixo de seu olho. Vi uma lágrima se acumular no canto de seu olho e a amparei, assim que caiu.


— Não chore mais, meu amor… — disse e beijei seus lábios.

— Não estou triste… estou chorando de felicidade… — soltou um riso e limpou outra lágrima que caiu.


Beijei sua testa e deitei minha cabeça em seu peito. Peguei sua mão, entrelaçando meus dedos nos seus e puxei até minha boca para depositar um beijo nela. Senti seu coração bater forte e sorri. Finalmente eu estava em paz comigo mesmo. Agora, eu sabia o que era amar… agora, eu sabia o que era ser amado.

13 Avril 2018 22:38:04 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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Nozel S. Nozel S.
Como sempre tudo o que você faz eu amo FoCs
April 25, 2018, 00:45

  • Lady Giovanni Lady Giovanni
    Olá, minha amada! Own *-* que fofa! Obrigada pelo seu carinho, meu amor. Fico super feliz que tenha gostado da shot. Muito obrigada por acompanhar e comentar! S2 Beijão April 25, 2018, 10:05
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