norbertosilva Norberto Silva

Estamos de volta ao universo do manga/anime Yu Yu Hakusho, anos após seu término. Agora acompanhamos como estão Yusuke Urameshi e seus amigos, enquanto o detetive espiritual se vê às voltas com uma criatura assassina.


Fanfiction Anime/Manga Interdit aux moins de 18 ans.

#yuyuhakusho #yusukeurameshi #botan
Histoire courte
3
174 VUES
Terminé
temps de lecture
AA Partager

O Detetive Espiritual está de volta.

O homem andava pelas ruas da periferia de Tóquio de forma trôpega, deixando claro que havia exagerado na bebida.

Antes dele começar a andar por entre as ruas e becos mais escuros e perigosos da cidade, Shiro estivera comemorando a promoção de seu emprego em vários bares, tentando, em vão, conseguir companhia para algumas horas de sexo descompromissado.

Sonoros “Não” foram todas as respostas para suas patéticas tentativas, por isso resolveu continuar sua comemoração com apenas álcool, o que fez dele a presa perfeita, para quando uma linda mulher o abordou na saída do décimo bar de onde ele acabara de ser expulso.

Ela surgiu cheia de compaixão e carinho, ajudando—o a se erguer, ajeitando sua roupa, acariciando seus machucados.

Imediatamente ele se ofereceu para levá—la a um dos hotéis baratos próximos, tendo sua libido reacendida pela beleza da mulher.

— Hotel? Uma cama macia? Para que isso?

Assim que as palavras deixaram sua boca carnuda e vermelha de batom, ela o enlaçou num beijo profundo e literalmente o arrastou para um beco escuro.

Poucos minutos depois ele andava daquele jeito por um dos mais perigosos bairros da cidade, as vezes até deixando notas altas de yens pelo caminho.

O objetivo foi alcançado e logo um grupo de cinco jovens delinquentes o cercavam e, dessa vez, com muita violência, Shiro foi arrastado para outro beco.

— Aí tiozinho... — um dos jovens puxava um canivete, logo depois de jogar Shiro contra uma caçamba de lixo. — É bom tu ainda ter grana na carteira depois de tanta bebida... Senão...

A frase foi interrompida quando Shiro, ainda sentado numa poça de chorume, começou a gargalhar histericamente, primeiro com uma voz aguda, que foi engrossando conforme ele se erguia.

Diante dos horrorizados olhos dos jovens ladrões, Shiro ia aumentando de tamanho e entre gemidos de dor e prazer, misturados com o som de ossos se quebrando e pele sendo rasgada, seu corpo se transformava em algo inumano.

— Vocês se acham perigosos, não é? — a voz era inumana, ameaçadora. — Deixa eu mostrar o que é divertido... Digo... Perigoso...

Shiro agora exibia uma pele acinzentada, com rasgos imensos que deixavam os feixes de nervos e a musculatura à mostra, as falanges dos dedos cresceram, estourando as pontas e se transformando em longas garras.

Garras essas que avançaram visando as gargantas dos delinquentes, que agora se encontravam paralisados de medo.

O monstro exibia um imenso sorriso, antecipando o prazer da matança que se avizinhava, mas, antes de concluir seu intento, o braço inteiro explodiu, encharcando os jovens delinquentes de sangue negro e mal cheiroso.

Isso os fez despertar do torpor em que haviam sido colocados pelo monstro, mas suas pernas ainda se recusavam a se mexer.

— Ô molecada! — da entrada do beco um homem vinha se aproximando com passos firmes, como se não estivesse diante de uma cena tão bizarramente incomum. — Tão esperando o que? Rala peito. Agora.

Não foi preciso falar duas vezes e logo o monstro e o recém chegado estavam a sós no beco.

— Minha mão...

— Não reclama não ô bicho feio... Tu vai ficar ainda pior já, já... A não ser que desista e se renda... Daí a gente acaba num vapt vupt...

A frase mal foi dita e a criatura saltou na direção do homem que, despreocupadamente, jogou no chão o cigarro, ainda pela metade, esmagando-o antes de ser atingido pelo ataque que vinha rápido em sua direção.

Num movimento ainda mais rápido, o homem acertou um tapa no braço que restara da criatura, cortando-o no meio e agarrou-lhe a garganta, mantendo-o imobilizado.

— Mas tu tá se achando hein, filhote? Posso tá velho, mas ainda dô um caldo rapá! — ele então aumentou seu aperto, fazendo o monstro engasgar e sufocar. — Agora vai lá e solta o verbo... Cadê a piranha que te fez isso?

Mesmo afrouxando um pouco sua mão, a criatura continuava sem conseguir falar, deixando claro ser uma maneira de silencia-lo em caso de captura.

— Ô diabo... Não consegue né? Bom... Então tá legal, fazer o que?

Dito isso, vendo que a criatura à sua frente, que um dia fora um humano, continuava sufocando, ajoelhado no chão imundo do beco e já tendo visto muitos casos como aquele, que nunca mais poderia reverter à forma humana, ele já sabia o que fazer.

Não havia outra escolha.

Após alguns instantes de concentração, o punho do homem começou a brilhar e, com um potente soco de cima para baixo, a cabeça da criatura explodiu, espalhando pelo beco carne, ossos e massa encefálica.

Ele balançou a mão, jogando sujeira pelo chão, mas nem se preocupou muito, pois em instantes os restos mortais do monstro começaram a se transformar em uma poeira mal cheirosa que foi se espalhando pela brisa da noite.

— Agora é só aguardar... Um... Dois...

O celular tocou e ele atendeu já mantendo o aparelho a uma distância segura da orelha direita.

— YUSUKE! SEU ESTRUPÍCIO!

Yusuke Urameshi manteve o celular longe até que o ataque histérico inicial abrandasse e seu interlocutor baixasse o tom de voz o suficiente para que ele aproximasse o aparelho.

— Koenma! Meu querido!

— “Meu querido” meu ovo, seu cretino! Eu falei pra você que devia ter prendido esse demônio prá ele nos levar até a desgraçada que tá por trás desses ataques!

— Calma fiote... Tá tudo nos conformes... Quando você mandou a Botan me avisar desse caso, eu consultei meus contatos e eles me sugeriram fazer assim e...

— Tu falou com o idiota do Kuwabara né não?

— Idiota?!

— Opa... Mal aí Koenma, coloquei ele na conversa...

— Quem você tá chamando de idiota ô seu bebezão, chupador de chupeta dos infernos!

— Olha como você fala comigo ô filhote de cruz credo! Se tu acha que essa cadeira de rodas me impede de ir até aí e encher a mão na sua lata...

Enquanto a costumeira troca de ofensas ocorria entre seus amigos, Yusuke pegava seu maço de cigarros do bolso interno da jaqueta, colocava um na boca e, após uma longa tragada, teve sua atenção chamada por uma pequena esfera de luz que surgia de onde o monstro havia caído.

— Ih... Olha só... O Kuwabara tinha razão...

— Cuméquié?

— Eu sempre tenho razão, seu miserável...

— Olha, vou desligar... Kuwabara, valeu mesmo! Koenma, avisa a Botan que, depois dela me trazer seu último recado, ela deixou outra calcinha em casa... Então lembra ela prá ir lá buscar... E avisa que não é assim que eu vou topar a ideia dela ir morar comigo belê? Bom... Vou nessa, mas vocês podem continuar o papo super amigável aí tá? Beijo, me liga!

Yusuke terminou a ligação no mesmo instante em que a esfera de energia, ainda flutuando de forma precária, começou a se afastar do beco.

De forma animada, sentindo uma ansiedade, velha conhecida, crescendo no peito, aquela que surgia quando ele estava prestes a entrar numa briga das boas, o velho detetive sobrenatural começou uma estranha perseguição pelas ruas escuras da periferia da cidade.

Enquanto isso, com sua já conhecida arrogância, Kuwabara revelava a Koenma o que havia passado para Yusuke quando ele havia entrado em contato, revelando a missão que haviam lhe passado.

“Os dados do caso que o Yusukle me passou...” o antigo lutador, agora preso a uma cadeira de rodas, depois que os anos de abuso e lutas, muito além de sua categoria de poder, haviam cobrado seu preço, falava de forma controlada, quase catedrática, um hábito que ele havia desenvolvido na faculdade.

“Depois de analisar tudo várias e várias vezes, percebi, no modus operanti, do Yokai, ou melhor, da Yokai, que a criatura responsável pelas mortes recentes, só pode ser uma succubus na verdade... Ela transforma homens e mulheres em escravos, que assumem forma monstruosa também e, após fazer suas vítimas, os monstros se dissolvem e enviam para sua mestra a energia acumulada nos assassinatos...”

Koenma, filho do grande Enma Daioh e atual rei do mundo espiritual, escutava com atenção e admiração ao ver como o antigo amigo, mesmo depois de tantas tragédias pessoais, primeiro com o corpo entrando em colapso, depois sua amada Yukina acabando por dar a vida para que ele se recuperasse, mas sem levar em conta a extensão do estrago que o lutador havia sofrido, nos anos em que agiu ao lado de Yusuke e os demais amigos, ela havia conseguido apenas que ele continuasse vivo, mas paralisado da cintura para baixo.

Orgulhoso como era e sem conseguir encarar Hiei e os demais, ele se focou totalmente em terminar a faculdade e, com certeza, seria apenas mais um cadeirante preso a um escritório, onde ele terminaria seus dias após um provável ataque cardíaco, não fosse seu amigo Yusuke que, também depois de amargar muitas tragédias, ao retomar o posto de detetive espiritual, aos serviços de Koenma, começou a requisitar a ajuda do antigo amigo.

Kuwabara ansiava voltar a ação e, mesmo que fosse da segurança de sua casa, se ele pudesse usar a mente, que ele afiou na época dos estudos, ele não negaria ajuda ao amigo.

Foi assim que ele conseguiu reunir um vasto conhecimento a respeito de yokais, monstros e afins.

“Segundo o que eu apurei...” ele continuava, chamando a atenção de Koenma, perdido por alguns instantes nos corredores da memória “Os servos desse tipo de demônios, se não conseguem alimento, ou quando são vencidos sem absorver vidas, enviam a energia da própria vida...”

— Por isso falei que o jeito mais rápido do Urameshi achar a verdadeira responsável era dar um cacete no bicho e depois fazer o que ele deve tá fazendo...

— Seguindo a bola de energia até a fonte! Genial! Olha, nunca imaginei que, um dia, tu ia dar uma tão dentro assim... Na verdade a gente só apostava quando você ia morrer, enquanto continuasse andando com o Yusuke e o resto do pessoal.

— Ora seu...

— Vamos aguardar prá ver o que o Yusuke vai fazer... Mandou bem Kuwabara! Agora fui!

Alheio à conversa, apenas soltando alguns espirros quando seu nome era mencionado, Yusuke não perdia de vista a esfera de energia, mesmo que acabasse por trombar com algumas pessoas que, por azar, acabavam em seu caminho.

— Foi mal!

Estar de volta à ativa era exatamente o que Yusuke precisava, depois da tragédia que havia acontecido a alguns anos, que fez com que ele se isolasse do mundo, tendo sido encontrado por Botan, caído em meio ao próprio vômito, excrementos e a várias garrafas de bebidas baratas num bar imundo num dos recônditos do Makai.

Ela o tomou nos braços, ficou ao seu lado enquanto ele se livrava do que ainda tinha no estômago e, com a ajuda de alguns servos demônios de Koenma, o arrastou até uma casa em Tóquio, onde não saiu do lado do amigo nem por um minuto.

Certa manhã, quando o rei do mundo espiritual havia cansado de tentar entrar em contato com os dois, foi até a casa segura e, depois de aparecer dentro do quarto, acabou flagrando-os na cama.

Algumas horas de gritos histéricos entre o Koenma e sua subordinada, a respeito de comportamentos e relações inapropriadas, enquanto Yusuke apenas foi até a cozinha, pegar uma cerveja, bebendo tranquilamente enquanto esperava a situação se acalmar.

— Depois a gente se acerta sua doida… E quanto a você Yusuke… Vamos conversar que eu tenho uma proposta prá ti…

A esfera de energia dobrou uma esquina, retirando Yusuke momentaneamente do fluxo de memórias, enquanto fechava os punhos, se preparando assim para o que quer que estivesse esperando-o.

O detetive sobrenatural não conseguiu esconder a surpresa quando, ao adentrar numa rua escura, percebeu a esfera flutuando ao redor de uma pequena menina que não aparentava ter mais de dez anos.

— Eu sabia! Sabia! Sabia! Sabia! — ela batia os pés num sinal claro de birra, fazendo até mesmo um biquinho típico de criança contrariada, não fosse os dois chifres retorcidos que saíam de sua fronte, se torcendo até atrás da cabeça, ela passaria tranquilamente por uma criança normal. — Você não prestava nem para ser devorado, quem dirá para recolher comida para mim!

— Ô pirralha! Chega de birra! Então é você quem tá transformando humanos em monstros é? Bom, cabô a moleza… Vamos! — Yusuke cobriu os metros que os separava e segurou firme no braço da pequena succubus. — Bora que tá na hora!

Ele conseguiu arrastá-la por poucos instantes, até perceber que a força dela ia aumentando pouco a pouco, assim como o pulso que ele segurava.

— Eita! Mas como tu cresceu!

Diante do detetive agora estava uma mulher adulta, uma succubus totalmente desenvolvida, os chifres muito maiores, os músculos estavam evidentes, ainda deixando-a extremamente feminina e atraente, asas coriáceas surgiam de suas costas, as roupas que a menina usava jazia no chão, esfarrapadas.

Ela puxou o braço, trazendo Yusuke para mais perto e, mesmo sem libertar o braço que ele segurava, ela conseguiu acertar o rosto do detetive com as costas de sua mão livre.

Yusuke foi lançado longe, acabando por ter o corpo cravado numa parede, saindo lentamente, batendo na jaqueta, espalhando restos de concreto e poeira pelo chão da ruela.

— E olha só! Tu é bem fortinha mesmo…

— Eu finalmente estou livre… — a succubus então se concentrou e o ar ao seu redor começou a se distorcer, assumindo uma coloração escarlate, conforme ela emanava uma sinistra energia. — Você nunca vai conseguir me prender com vida…

— Ai, ai, ai… É só comigo mesmo… Vai ser do jeito mais difícil então filha? Por mim tudo bem…

Yusuke levou a mão para dentro do bolso da jaqueta, sobressaltando a succubus, que sibilou em tom ameaçador, os dentes e a língua de ponta bifurcada à mostra.

O semblante dela foi substituído por uma expressão de confusão quando o detetive puxou um pequeno aro de metal, jogando-o no chão, no espaço entre os dois.

— Se eu fosse você, me segurava em alguma coisa viu?

— O que você…

A frase foi interrompida e em seu lugar um grito agudo ressoou, conforme um portal se abria embaixo dela e de Yusuke, fazendo com que ambos caíssem por alguns segundos, até pousar sobre uma rocha de aspecto avermelhado.

Pousando calmamente, como se já tivesse feito aquilo várias vezes, o detetive se manteve de pé, puxando um cigarro, acendendo-o e tragando demoradamente, enquanto esperava sua presa recuperar a compostura.

— O que? Onde? Como?

— Calma filhinha… Deixa com o pai aqui que eu te explico tudo… vamos por partes… O que aconteceu foi que eu não podia lutar com você lá em Tóquio por que, com certeza, a gente ia causar um baita estrago na cidade e acredite… As broncas que eu tomei das vezes em que isso aconteceu foram pesadas…

A succubus tinha certa dificuldade para se manter de pé, além da ligeira confusão mental, ela sentia o corpo inteiro à mercê de um profundo desequilíbrio corporal.

— Sobre o Onde… Fala sério né? Não tá reconhecendo o Makai?

Ela então se ergueu o suficiente para olhar ao redor, vendo que o outro falava a verdade, ao reconhecer a paisagem única e caótica do reino dos Yokais.

— Eu não podia voltar para cá… Vou te matar seu desgraçado…

— Se eu ganhasse uma moeda cada vez que alguém fala que vai me matar… — o detetive retirou então a jaqueta e a camisa, deixando-as sobre uma pedra próxima. — Bora então vai… Cai dentro!

A succubus então voltou a se concentrar, foi visível a mudança em seu corpo, exibindo partes que pareciam se tornar metálicas, os olhos brilhavam em um vermelho vivo.

Yusuke ergueu os punhos, mantendo-os na altura da cabeça, aguardando o ataque, mas então sua oponente usou outra estratégia.

Ela ergueu o braço direito e o desceu com violência contra o chão rochoso à sua frente, causando uma explosão, que fez subir uma nuvem de poeira e destroços.

No instante seguinte, à direita de Yusuke outra explosão aconteceu, depois à esquerda e logo uma imensa cortina de destroços e poeira se ergueu, impedindo assim que o detetive visse onde estava sua oponente.

Ele mantinha os olhos atentos, sabia que o ataque poderia vir de qualquer lugar e então, de repente, um deslocamento no ar, logo atrás dele, indicou o surgimento da succubus, a mão, com as imensas garras abertas, pronta para cortar a cabeça do detetive.

No entanto, ela segurou apenas o ar ao fechar o punho, pois seu inimigo já não estava mais lá.

— Uma tática boa pacas! Mas vamos lá… Vou te mostrar como se faz…

As palavras mal alcançaram os ouvidos da succubus e logo ela levou um violento golpe no estomago, que a fez quicar várias vezes até finalmente parar a metros de distância de Yusuke.

Ela se ergueu a tempo de cruzar os braços diante do corpo, conseguindo assim se proteger de um soco direto, quando o detetive cobriu a distância entre eles, com o que pareceu um único movimento do corpo.

O som, do punho energizado contra a pele metálica, ecoou pelo ar e então os dois deram um salto para se distanciarem novamente, tirando alguns instantes para analisarem o que deveria ser feito a seguir.

— Tu até que manda bem! São poucos que aguentam uma porrada minha e ficam inteiros…

— Digo o mesmo… Até hoje ninguém havia conseguido se defender de um ataque meu… Você é bem veloz… E forte… — ela então sorriu. — Isso só me anima mais ainda com a briga!

— Há! Sabia que tu era das minhas! — era a vez de Yusuke se empolgar, apertando os punhos e fazendo os dedos estalarem. — Agora eu vou com tudo hein? Não vale chorar depois…

— Pode vir!

Ambos energizaram seus punhos e partiram para o combate.

Yusuke levou o primeiro golpe, um gancho bem encaixado, que o fez cuspir sangue, mas que nem assim tirou o sorriso do seu rosto, enquanto respondia o ataque da oponente com um chute no flanco direito, seguido de um soco de cima para baixo, fazendo o corpo dela abrir uma cratera no chão.

Ela então apoiou as penas no chão repleto de rachaduras e saltou, acertando um violento soco no queixo do oponente, ambos voltando a se afastar, agora para retomar o fôlego.

— Guria… Tu é boa mesmo de porrada!

— Nunca encontrei alguém como você… Como é o seu nome?

— Eu sou Yusuke Urameshi!

— Yusuke… Espera aí! O filho de Raizen, um dos grandes reis demônio do passado? ESSE Yusuke?

— Tamos aí.

— Mas você é uma lenda! Aquele que enfrentou e sobreviveu a confrontos épicos com um dos irmãos Toguro e até com um dos reis do Makai, o Yomi?

— Garota… Isso tudo aí é passado e… O que tu tá fazendo menina?

A succubus fazia uma reverência exagerada, deixando claro o tamanho de sua admiração pelo lutador à sua frente.

— Eu sou Ketsueki… Enfrentar alguém com esse nível de poder é um sonho antigo! Se eu te vencer, se eu conseguir absorver sua essência… Poderei até desafiar o rei do Makai! Muito, muito obrigada!

— Eu… — a succubus continuava fazendo sua reverência, agora com as mãos unidas em sinal de agradecimento, o que havia pego de surpresa o velho detetive. — Então… Tá né? — ele chegou a baixar a guarda, surpreso por encontrar uma “fã”. — Olha, o Koenma me pediu pra te encontrar e te levar pra ele, pois você tá tocando o terror lá na terra e… Ô diacho!

Pego se surpresa, Yusuke mal conseguiu evitar que as garras metálicas de Ketsueki cortassem seu ombro, desenhando um arco escarlate de sangue no ar.

Agora ela se encontrava às costas do oponente, abaixada, uma das mãos no chão, a outra erguida para trás, se preparando para um novo ataque, no rosto o sorriso estava humanamente impossível, exibindo uma longa fileira de dentes afiados.

— Não posso deixar você disparar o seu Leigun… Socos eu consigo defender, mas o seu famoso ataque de energia, deve ser demais para mim…

Conforme ela dizia isso, sem dar chance de um contra-ataque, ela se jogou na direção do detetive, que só teve tempo de erguer um dos braços, evitando o pior do golpe, mas novamente tendo sua carne cortada.

A empolgada succubus voltou a atacar, mal dando chance para que Yusuke se defendesse, que acabou com seu corpo repleto de ferimentos, alguns superficiais, mas de outros o sangue escorria farto.

— Você está se contendo por eu ser mulher? — Ketsueki circundava seu oponente, atenta a todos os movimentos dele, mas sua curiosidade foi maior que a vontade de encerrar logo a luta. — Tudo bem que você tá velho, mas, caramba, eu já falei do Leigun, mais de uma vez e até agora você só tá tentando me acertar com essas porradas… Será que… Não… Será?

Yusuke nada disse, uma das mãos tentando conter o sangramento do ombro esquerdo, o rosto repleto de ferimentos, um dos olhos ligeiramente fechado.

— Não me diga que o todo poderoso Yusuke Urameshi, filho de um dos maiores reis do Makai, tá tão velho que não consegue mais disparar o Leigun?

A gargalhada debochada se ergueu acima de todos os sons e vendo que seu oponente apenas ajeitou o corpo e permaneceu parado, a succubus decidiu que era hora de encerrar aquela luta.

Ela se concentrou, fez suas garras crescerem ainda mais, infundindo-as com mais poder, poder esse que seria capaz de destruir centenas de yokais inferiores.

Ketsueki avançou, e Yusuke permaneceu parado.

Com o sorriso aumentando a cada instante, as garras começaram a desenhar um arco na horizontal, ela queria partir o corpo do famoso detetive ao meio, sugar suas energias direto da medula e, tamanha era sua empolgação, que ela não percebeu algo errado até ser tarde demais.

Os olhos de Yusuke começaram a emitir um brilho e conforme a intensidade aumentava, algo ia surgindo por detrás dele.

Ele apenas moveu o corpo um pouco para o lado e então Ketsueki apenas obteve um vislumbre do que estava acontecendo.

Atrás de Yusuke estava a forma espiritual de sua finada esposa, Keiko, a mão direita estendida para frente, da mesma forma que o detetive fazia antes de disparar um de seus golpes característicos.

"LEIGUN!"

A voz, apesar de soar etérea, lembrava o vigor com que o detetive gritava antes de liberar uma imensa e poderosa rajada de energia que, sem dar chance para que a succubus desviasse, atingiu-a em cheio.

— Valeu mesmo Keiko… — com os olhos ainda brilhando Yusuke, depois de recuperar e vestir sua jaqueta, caminhou até onde jazia uma Ketsueki sem sentidos e, depois de sentar nas costas dela, acendeu um cigarro, fitando a imagem de sua amada, que ia se desfazendo pouco a pouco. — Eu juro que não desisti de achar o desgraçado que te matou… E assim que eu o achar, ele não vai mais ameaçar a sua alma… Daí a gente se despede direitinho e você poderá descansar… Eu… Tô fazendo tudo o que eu posso...

De fato, o espírito da garota parecia enfraquecer, conforme ia desaparecendo, como sempre fazia ao disparar um Leigun, poder que lhe foi confiado por Yusuke anos atrás, a única maneira de impedir que sua alma se dispersasse e para protegê-la do misterioso yokai que a atacara.

— Todos nós estamos…

— Ora, ora, ora… Quanta honra… O que traz o atual rei do Makai até essa lixeira aqui… Kurama?

Um homem de longos cabelos rosas ia se aproximando, mãos nos bolsos, no rosto uma expressão tranquila e um sorriso triste, enquanto encarava o espírito de uma velha amiga.

— Até o Hiei está ajudando Keiko… Depois que ele aceitou liderar o esquadrão de caçadores de Yokais, criado pelo Koenma, para correr o mundo, toda e qualquer pista que surge, ele segue como se não houvesse mais nada no mundo… Acredito que ele tem esperanças de esbarrar com o responsável pela morte da Yukina…

— Isso é muito bonitinho, mas não tenho tempo pra perder contigo “sua alteza” e… Ai! — mostrando que ainda era forte, Keiko acertou um soco bem no alto da cabeça de seu esposo. — Caramba mulher! Nem sei pra que eu ainda luto… Devia deixar você com todo o trabalho pesado…

Com um sorriso no rosto, Keiko mostrou a língua, conforme sua forma espiritual ia se desvanecendo até sumir por completo.

— Bom, o papo tá legal, mas eu tenho que cair fora… — sem fazer força o detetive espiritual jogou a oponente caída sobre um dos seus ombros, dando as costas para o antigo amigo. — Fica assim Kurama... Beijo me…

A frase foi interrompida, quando a energia espiritual do rei do Makai, sem aviso algum, disparou de intensidade.

Yusuke olhou para trás, esperando ver o majestoso Kurama Youko, mas percebeu que seu amigo apenas estava com as íris douradas.

— Uou! — ele então se voltou, ficando frente a frente com o outro. — Liberando todo esse poder e só os olhos mudaram de cor? Ficou mais forte Kurama… Agora… Se me der licença.

— Não posso deixar que leve Ketsueki para o Koenma… Ela é uma criminosa do Makai e é aqui que deve ser mantida presa…

Segundos tensos se passam, enquanto os dois não desviavam o olhar um do outro.

— Quer saber? Tô nem aí… — ele então deixou a succubus cair de qualquer jeito no chão. — Você que se acerte com o Koenma… Eu quero é ir pra casa e capotar…

Yusuke então retirou da jaqueta outro arco metálico e jogou-o ao chão, onde se abriu um portal para a Terra.

— Tá mandando bem de rei por aqui Kurama… A gente se esbarra qualquer hora viu? Fui!

Sem dar chance para qualquer outra resposta Yusuke Urameshi deixou o Makai e, assim que pisou na terra, ligou primeiro para seu amigo Kuwabara, passando todos os dados da luta, que seriam devidamente organizadas por ele, servindo de referência para futuras situações envolvendo esse tipo de monstro.

Logo em seguida quem ligou para ele foi o novo rei do mundo espiritual e por todo o longo caminho até sua casa, Yusuke teve de aguentar a ladainha e reclamações de Koenma, sobre como ele havia lidado com a situação.

— Tá… Tá bom… Certo.. Já falou… Tá bom… Ô saco… Deu certo não deu? Ele colocou a chave na porta e conforme ia abrindo-a decidiu encerrar a ligação. — Olha, vou entrar em casa… Tu sabe que, por causa das proteções dela, ninguém pode me achar… Então, até mais! Fui.

Assim que fechou a porta e jogou suas chaves numa tigela, o cansado detetive espiritual pegou uma cerveja gelada e foi tirando suas roupas, pretendendo tomar um banho imediato, mas antes de chegar nas calças, percebeu que não estava sozinho, seguindo até seu quarto com um dos punhos fechados.

— Finalmente você chegou… — assim que entrou no cômodo, viu que lá estava Botan, descendo de seu remo voador, trajando um quimono negro, que havia substituído o rosa que ela usara no passado, no rosto um sorriso cheio de significados. — Tô aqui a horas… Recebi o seu recado… Levei uma baita chamada do Koenma viu?

Ela ensaiou um biquinho, mas Yusuke ignorou, prestando atenção ao fato de que o quimono ia deslizando lentamente, deixando primeiro o ombro da deusa da morte à mostra, que não escondia o motivo pelo qual estava lá.

— Mas não se preocupa que não tô brava não viu? – Botan não interrompia a queda de suas roupas, no rosto um sorriso sedutor. – Até resolvi o problema de esquecer minhas calcinhas aqui...

— Ah, é? – Já Yusuke nem lembrava mais da cerveja, que ia perdendo o gelo conforme a própria temperatura do detetive ia subindo, que sorria de volta para a deusa da morte. – E qual a solução?

Sem responder ela finalmente deixou toda a roupa se espalhar pelo chão do quarto.

— Já vim sem usar nada...

Yusuke então se esqueceu do banho, ia acabar tendo companhia para uma ducha mais tarde, por isso fechou a porta atrás de si e seguiu na direção de Botan.

A noite ia demorar para acabar.

E pelo modo que ambos estavam precisando um do outro, sabiam que seria uma... Noite Infernal.

Fim?

24 Juillet 2023 17:05 4 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
4
La fin

A propos de l’auteur

Norberto Silva Um escritor tentando criar dezenas de universos a cada dia cria mais um, na esperança de fazer o maior número de leitores felizes. Venha conhecer esses universos!

Commentez quelque chose

Publier!
Lanthys LionHeart Lanthys LionHeart
Eis um anime que nunca assisti até o final e que quero reassistir desde o início novamente, quando o fizer, tenho certeza que vou gostar muito mais deste texto visto que vou reler o mesmo para pegar as referências que com certeza deixei escapar agora! Ainda assim, mesmo sem saber todos os detalhes, a trama foi excelente, o combate perfeito e a forma como tudo aconteceu e os demais personagens apareceram ou não foi fantástica também! Kuwabara inteligente foi um grande trunfo, Hiei continua ele mesmo em suas caças solitárias, Koenma chato como sempre e sem dúvidas, o vocabulário do Yusuke, completamente perfeito e fidelíssimo à dublagem maravilhosa da época! Simplesmente uma obra perfeita e maravilhosa de ser lida, parabéns por mais esse trabalho Norberto, e quando eu reler ele, irei tecer um novo e revigorado comentário! Parabéns cara!! \0/
July 30, 2023, 18:30

  • Norberto Silva Norberto Silva
    Meu amigo! Como assim não terminou esse excelente anime?!! Ele é, de longe, o meu favorito da época, não apenas pela história fantastica e personagens extremamente carismáticos, mas graças a dublagem brasileira que o deixou ainda melhor! Sim, sou muito fã do Yusuke e seus amigos. Fico feliz por você ter curtido essa pequena lembrança e homenagem e ficarei aguardando seu comentário após terminar de ver o anime. Valeu mesmo! July 31, 2023, 00:00
JIRAYRIDER DECADE JIRAYRIDER DECADE
Yu Yu Hakusho de volta nas excelentes linhas de um gênio chamado Norberto. Yusuke Urameshi de volta, em seu melhor estilo. As cenas de ação , os maneirismos, a narrativa, os diálogos. Tudo muito bem encaixado. É muito bom ver um amigo como você , produzindo. Por ser um one-shot ficou muito bom , mas com a sensação de quero mais. Nem que for mais dois capítulos ou três, merece uma continuação. Mais um grande trabalho. Onde está os estúdios da Toei Animation que não te contrata pra roteirista?. Parabéns, meu amigo! Mandou bem demais !
July 24, 2023, 22:51

  • Norberto Silva Norberto Silva
    Muito obrigado pela leitura e comentário. Fiz essa one shot por curtir demais o anime original, meu favorito até hoje. fico feliz por você ter gostado. Valeu mesmo! July 25, 2023, 01:21
~