Havia um sufoco implícito naquele ar modesto que apenas os dois transmitiam e entendiam quando estavam juntos. Aquela cumplicidade, atônita e curiosa, digna de dois confederados¹, que apenas em olhares dos quais mais ninguém poderia compreender — ao menos era isso que achavam, pois era de entendimento da turma do 1A que a variável sentimental existia ali — travavam.
Naquela noite de natal em especial, todos entregavam seus presentes com um costumeiro amigo secreto, com direito desde a xingões por parte do loiro até a agradecimentos modestos pelos presentes recebidos. Algo que por si só fazia parte da sua personalidade. Ainda assim, nessa mesma noite tão típica e decorada faltava um presente, ou no caso um que ele queria muito, mas que não esperava e/ou achava que iria ganhar. Como poderia esperar que Eijirou lhe desse algo, se ele próprio continuava a lhe dizer palavras grosseiras? Como deveria se sentir da forma como se sentia ao desejar algo vindo do ruivo?
A cumplicidade e irmandade deveriam significar apenas um laço de amizade, um elo eficaz e infinito por si só. No entanto a essa altura Katsuki saberia dizer que um borbulhar de estômago e um calor súbito no rosto — deveras incômodo — indicavam que a necessidade de uma relação muito mais íntima se formava em si. E por causa da noite tão anedótica e cheia de comoções, esperou pacientemente até que o ruivo entregasse todos os presentes, já que por causa de sua personalidade animada e festiva não foi difícil com que tivessem o pegado como "papai noel". Talvez o próprio tivesse se responsabilizado como tal, mas desse detalhe o loiro não sabia porque tentava não se aventurar nessa animosidade dos colegas.
Assim que todos permaneceram jantados e rodeados por seus presentes, Bakugou estava prestes a explodir. Ele queria por si só ter entregado o que havia comprado a Kirishima para o mesmo, todavia ainda não tinha o feito pois esperava que a atitude da entrega de presentes partisse deste.
"Ele não era o papai noel da classe, afinal?" contestou em pensamento sabendo que no fim ele estava errado, pois não custava nada além de um rubor e umas borboletas no estômago para que entregasse a sua lembrança. Mas não daria o braço a torcer, ou no caso, achou que não daria, pois assim que a noite já estava acabando entregou a caixa embalada da forma que pôde — não sendo bom com pacotes —, esperando que este abrisse e se deparasse com o belo boneco de Crimson Riot em sua edição ilimitada.
— Bakugou! — desferiu o nome surpreso e estampando um sorriso enorme no rosto. Ele era o único que estava recebendo um presente do garoto explosivo além do amigo secreto obrigatório. — Não precisava — gesticulou sem graça enrubescendo tanto quando Katsuki, terminando de rasgar a embalagem. — Isso, nossa…. Eu não tenho palavras. Deve ter custado muito caro.
— Dinheiro não me importa — respondeu em seu tom de desdém, ou tentou já que por pouco sua voz não falhava consideravelmente.
— Eu… Hm, sobre o seu presente — o ruivo gesticulou olhando os colegas sorrirem enquanto esvaziavam o cômodo.
— Não me importa, eu só queria entregar isso e agora vou indo — talvez ter visto o sorriso radiante e pontiagudo de Eijirou tenha sido o presente real que poderia ter naquele noite. No fim, graças à isso, não se importou se este havia comprado ou não algo para ele.
— Não! Eu tenho um presente pra você, é só que… — chamou a atenção do loiro para si e pareceu muito mais amedrontado do que o normal. Se aproximou vagarosamente e lhe depositou um beijo na bochecha, torcendo minimamente para que Katsuki não explodisse consigo sobre o gesto.
Explodir com Kirishima? Nunca, pois ele estava explodindo a si mesmo de todas as formas possíveis, ainda que essa não fosse a real faceta de como gostaria que aqueles lábios dessem de encontro com os seus sentidos.
— Idiota — respondeu até mais agressivo do que gostaria, puxando-o para mais perto quando notou a pequena alegria de Eijirou ao ter lhe beijado a bochecha. — Se você quer me conquistar não precisa dessa merda toda, pode partir pro rumo que quiser! — explicou da melhor forma que pode, finalmente colocando em palavras o óbvio que existia ali. Ambos Kirishima e Bakugou fluíam desejo, amor, carinho e paixão, e eles próprios enxergavam isso um no outro; embora nunca tivessem tido coragem para expressar em palavras e assim darem continuidade ao amor já iniciado. Sem delongas o explosivo selou seus lábios aos do ruivo num toque rápido, tão frenético e absorto que quem o visse internamente não diria ser a mesma pessoa no exterior.
Se separou rápido e pensou como gostaria de morrer por ser tão impulsivo, contudo Eijirou sorriu de orelha a orelha, respondendo a investida inicial de seu cúmplice.
— Assim? — perguntou agarrando-o pelo colarinho e grudando novamente a pele rugosa de suas bocas para que aprofundasse o beijo. Retirou o fôlego, a alma e a pose de Katsuki, que virou um pimentão só enquanto correspondia desesperadamente e de forma atrapalhada. Novamente ao se separarem, agora em busca de fôlego, pôde por fim ouvir daquela mesma parte avermelhada que tocara, até mesmo um pouco inchada devido a pressão do ósculo, o que ele tanto queria: — Feliz natal, Bakugou!
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