Ajoelhada diante da miséria,
a alma lutava para permanecer em pé
enquanto o corpo pendia ao solo,
como se fossem dois seres
a discordarem se a vida valia à pena viver
Os olhos se fechavam,
na dolorosa decisão de não mais se abrirem
embora o coração, revoltado,
teimasse a continuar a bater.
Os ouvidos foram os primeiros a notar
as vozes curiosas,
as sirenes apressadas,
os flashes midiáticos,
o assombro diante daquilo pelo qual todos ainda viriam a passar
A alma se partia e,
quebrada em mil pedaços,
ansiava por juntar seus cacos e abraçar-se,
segurando-os firme na vã esperança de se recompor.
A boca
Que boca?
Não falava, não soluçava, ainda que o peito clamasse pelo choro.
Não gritava, mesmo que a dor o dilacerasse.
Não implorava, apesar do arrependimento
Os olhos nada viam.
Os ouvidos tudo escutavam.
A boca se calava e, aos poucos,
o corpo se unia ao asfalto,
a alma deixava cair seus pedaços, um a um.
Tudo que restava era
apenas mais um fato curioso,
mais uma sirene ligada em vão,
mais flashes a registrar a comum tragédia
daqueles que o mundo tanto rejeita.
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