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Expulsão

   O vilarejo era pequeno e se escondia em meio ás montanhas coberta por florestas da região. No vilarejo, Bakugo Katsuki se criou sem pai e sem mãe, vitimas de uma tragédia quando ainda era apenas um bebê.

   

   O loiro, quando criança, vivia livre pelos arredores do vilarejo, correndo entre as arvores, pulando de raiz em raiz, escondendo-se entre os arbustos e grama alta sem se preocupar com nada. Um verdadeiro cachorro do mato; como o denominavam.


   Muitos diziam que seria um alfa; isso com certeza, pois desde sempre teve uma personalidade forte, curiosa e arisca, raramente tendo medo de alguma coisa, sendo sempre bastante astuto.


   Tal comportamento acabou trazendo uma imagem negativa para si, onde os próprios moradores que um dia o ajudaram a criar-se, viram-se na obrigação de afastar seus filhos do próprio loiro, alegando que ele era uma má influencia. Aos poucos, Katsuki via-se sozinho naquela vila, onde não adianta mais pedir por ajuda ou qualquer coisa. Via-se na situação de se virar completamente sozinho, aprendendo a viver em meio a floresta e usufruir de seu instinto de sobrevivência.


   Mas ainda assim, mesmo com toda essa negação que o povo do vilarejo tinha consigo, um certo alguém recusava-se escutar os outros e afastar-se de si, e esse alguém era seu melhor amigo, Midoriya Izuku.


   O esverdeado não era nada comparado á si quando se tratava de personalidade e força. Franzino e gentil, o garotinho de cabelos verdes tinha fortes expectativas em ser um ômega, onde em quase todas as vezes que brincava com Katsuki, ficava atrás o seguindo, nunca tomando iniciativa de nada e sempre o admirando.


   Talvez a única coisa que se equiparava á Bakugo, era a curiosidade. Por ser curioso, Izuku se destacava por ser bastante inteligente.


   No decorrer dos dias, Bakugo sempre procurava por Midoriya, e os dois sempre ficavam correndo em volta do vilarejo, correndo para dentro da mata sem medo de se perderem ou algo do tipo, destemidos em desbravar os mistérios do lugar onde viviam.


   Bons tempos eram aqueles que viviam brincando.


   Anos se passaram, e assim que atingiram os treze anos de idade, Bakugo e Midoriya perceberam mudanças em seus corpos e comportamento, até o dia que finalmente apresentaram-se como alfa e ômega.


   Bakugo mostrava-se mais agressivo e hostil, sempre mantendo no auge sua presença alfa quando sentia-se ameaçado. Agia como um verdadeiro cão selvagem, como os moradores do vilarejo diziam.


   E apesar de tudo, Midoriya e Bakugo continuavam a se ver, porém não com muita frequência.


   -Você já tem um ômega em mente, Kacchan? –Perguntou Midoriya enquanto andava ao seu lado, numa de suas caminhadas floresta adentro.


   -Não, por que? Eu deveria?


   -Não acha? –Questionou novamente, passando a olhar para o loiro. Juntou suas mãos, entrelaçando seus dedos –Apresentaste como alfa faz poucos meses e logo sentirá desejo de acasalar... –Suas bochechas coraram ao tocar num assunto tão intimo –Me pergunto se já escolheu alguém do vilarejo.


   -Eu não tenho essa necessidade, Deku –Revirou os olhos –E você? Tem?


   O jovem garoto não respondera de imediato, pois movimentava os ombros e os dedos das mãos de forma acanhada. Por fim, balançou a cabeça positivamente –Sabe quando eu fiquei uns três dias trancado em casa sem poder sair?


   -O que tem?


   -Pois então...


   -Oh~ -Levantou as sobrancelhas, entendendo o que ele quis dizer –E você escolheu algum alfa do vilarejo?


   -Não exatamente, mas eu tenho alguém em mente... –Coçou a nuca, nervoso –T-talvez você não vá gostar muito do que eu vou te dizer mas, naqueles três dias, eu estava pensando em-


   Sua fala ficara incompleta quando percebera que Bakugo já não prestava mais atenção em si, e sim numa cobra que rastejava perto de seus pés.


   Sem perder tempo, o loiro a agarra pelo cabeça, vendo a mesma enrolar-se em seu braço.


   -Olha só que irado!


   -WAAAHHH, TIRA ISSO PERTO DE MIM!!! –Gritou assustando, afastando-se do loiro e arruinando todo o momento emotivo que havia preparado.


   Sabia que era evidente que um dia iria desenvolver um sentimento mais forte que amizade para com o loiro. Midoriya vivia o seguindo para cima e para baixo quando eram crianças; capturando ovos de pássaros, colecionando besouros, subindo em arvores e caçando animais pequenos como coelhos, ratos e peixes.


   Convivendo tanto com ele e cultivando um sentimento de admiração, sabia ele que logo menos aquilo se transformaria em algo mais intenso que admiração.


   Já apresentado como um ômega, Midoriya sentia os efeitos que Bakugo causava em si e sua presença forte de alfa, porém, parecia que o loiro não percebia. Geralmente preocupava-se mais em capturar caranguejos nos lamaçais recém formados pelas tempestades de chuva.


   Todavia, houve um dia que os jovens garotos enfrentaram juntos uma situação que definiram um ponto crítico em suas vidas a partir daquele momento.


   Um alfa viajante havia adentrado o vilarejo, e estava atrás de um ômega. Os moradores, humildes, não tinham coragem para enfrentar alguém tão grande e forte como aquele alfa.


   Bakugo, vendo aquele homem andar pelo vilarejo esbanjando sua forte presença, sentia-se ameaçado, pronto para atacá-lo por puro instinto, porém, não o fizera ainda por conta de Izuku, que segurava sua manga assustado.


   -Se ele chegar perto da gente, eu o mato... –Disse baixinho num rosnado para que apenas Midoriya escutasse.


   -K-kacchan?


   Incomodado com uma certa presença arisca que aos poucos fazia-se presente naquele lugar, o grande alfa estranho, olhava para os lados, fitando todos os moradores até mirar Bakugo.


   -O que está fazendo, pirralho? –Bradou com sua voz grossa, o alfa desconhecido –Como ousa me encarar desta maneira, esbanjando sua presença alfa raquítica comparada á minha!


   -Kacchan, vamos embora... V-vamos correr para a casa de minha mãe –Midoriya murmurava temeroso, tentando puxar Bakugo para si e sair correndo.


   -Não vou a lugar nenhum, fica fora disso –Respondeu no mesmo tom, não desviando o olhar do potente adversário que andava em sua direção.


   -O que foi, está querendo desafiar-me? –O alfa sorri confiante –Eu não terei piedade em matar uma criança!


   Encarando aquilo como desafio, Bakugo empurra Midoriya para trás, desvencilhando de seu aperto e correndo em direção ao alfa estranho.


   Todos do vilarejo que olhavam se assustaram com o movimento repentino do loiro, inclusive o próprio alfa que se surpreendera com a coragem do garoto em partir pra cima de si sem medo algum. Parecia não estar afetado com sua presença.


   Num movimento rápido, pegou um punhado de terra do chão e atacou nos olhos do inimigo, que logo sentiu um forte incomodo cegar-lhe por alguns momentos.

Mesmo com a grande diferença de tamanho, Bakugo saltou até alcançar o pescoço, empurrando-o, e o jogando no chão. Uma grande poeira de terra levanta-se, cobrindo os dois corpos que brigavam.


   O garoto sentira um murro ser desvencilhado em seu rosto, causando uma forte dor que deixou metade de sua face dormente. Olhando para o lado, viu que havia uma pedra mediana. Sem pensar duas vezes, num ato de completa ira, agarrou-a e começou uma série de golpes sendo desferidos na cabeça do homem desconhecido.


   Não apenas a cena violenta assustava os moradores, mas os rugidos de Katsuki também.

Perdendo a consciência, o alfa gritava: -Piedade, piedade!!! E-eu me rendo, eu me rendo!!!


   O jovem garoto parecia não querer parar, e sentindo os braços doerem por causa da tensão e o peso da pedra, abandona a mesma, jogando-a para o lado. Seus fios loiros estavam bagunçados, esvoaçantes como uma juba; seus olhos escarlates brilhavam com a fúria, expressando um ar selvagem juntamente com a carranca que enrugava a face.


   -P-por favor... –Murmurou uma ultima vez, sentindo o corpo trêmulo por causa da dor que sentia.


   -Vai pro inferno –Observou rapidamente em volta, vendo que o alfa carregava consigo uma espada amarrada na cintura. Roubou-a e desembainhou, cravando a lâmina no pescoço do alfa sem remorso algum, cortando-lhe o pescoço que esguichou uma grande quantidade de sangue em direção ao seu rosto, tingindo-o de vermelho, deixando-o com uma expressão mais aterrorizante possível.


   Tal cena violenta chocou profundamente o povo humilde do vilarejo, cujo alguns vomitaram ou desmaiaram, enquanto os mais fortes encaravam tudo com total horror e medo.


   Midoriya, por outro lado, não conseguia tirar os olhos do melhor amigo que havia se transformado completamente. Logo sentiu seu braço ser puxado pelo desespero da mãe.


   -Vamos embora pra casa, Izuku! –Gritou a mulher, assustada.


   -Não, mãe, espera!


   De repente, Bakugo sente um baque de consciência acordar de seu transe quando escuta os moradores desferir-lhe ofensas.


   -MONSTRO!


   -CACHORRO IMUNDO!


   -DEMÔNIO!


   -SAIA DE NOSSO VILAREJO, ÉS UMA MALDIÇÃO EM PESSOA!!!


   -NÃO LUTASTE COM HONRA, MOLEQUE SELVAGEM!


   -MORRA, ESCÓRIA!


   Confuso, Bakugo olhava para todos um tanto desacreditado. Intercalava seu olhar para o corpo decapitado abaixo de si e para os moradores que o ofendiam.


   -CARROCHO LOUCO!


   -N-não... Eu matei ele!


   -SAIA JÁ DAQUI! SUMA!


   -M-mas eu...


   -MORRA DE UMA VEZ, CACHORRO MALDITO!


   -Eu salvei vocês de um alfa mau!


   -SAIA, JÁ!!!


   -KACCHAN!!!


   Escutara um grito sobressair mais alto que os outros, chamando sua atenção.


   Encarou Midoriya, e percebera que o mesmo estava assustado com a situação, porém seu olhar não lhe julgava. Tentava, o esverdeado, sair do aperto dos braços de sua mãe e correr em sua direção, porém não conseguia.


   Assustado, Bakugo levantou-se e pensava correr para Midoriya, conseguir qualquer tipo de conforto que pudesse aliviá-lo, todavia, sentiu uma pedra acertar seu ombro. Olhou em volta, notando que todos os moradores seguravam pedras e objetos para atacá-lo.


   -SUMA DE NOSSO VILAREJO!!!


   Sentiu uma pedra acertar sua cabeça.


   -Parem com isso! –Gritou, protegendo a cabeça do montante de pedras que eram atacadas em si.


   -VÁ EMBORA, DEMÔNIO!


   -SEUS MALDITOS!!! –Gritou o garoto em plenos pulmões –MORRAM TODOS VOCÊS, MORADORES IMBECIS!


   Com raiva, começara a correr daquele vilarejo sem olhar para trás, sentindo as pedras lhe acertarem até uma distancia que as mesmas não podiam alcançar.


   Naquele dia, Bakugo Katsuki foi expulso da vila, e desde os treze anos de idade, teve de aprender a sobreviver sozinho em meio a floresta densa e selvagem.


   Durante a noite, naquele mesmo dia, Midoriya Izuku permanecia chorando em sua cama, inconformado com o que fizeram com seu amigo.


   -Pare de chorar, Izuku... Não entende que isso foi o certo a se fazer?


   -Não, não foi! –Berrou –Expulsaram o Kacchan sem qualquer remorso! Ele ajudou todos da vila ao matar aquele alfa cretino!


   -Mas ele era um garoto perigoso! Viu a forma que ele decapitou aquele alfa? Katsuki não era uma criança normal, nunca foi. Sempre agia de forma agressiva com os outros! Logo menos se tornaria um problema que não poderíamos controlar!


   -Descordo! Kacchan não é mau, ele sempre foi bom para mim! Vocês não entendem!


   -Que absurdo, Izuku! Falando deste jeito até parece que... –Deu uma pausa, engrandecendo os olhos, temendo o pior. Aproximou-se mais do garoto e o puxou pelo braço, obrigando-o a encarar-lhe –P-por acaso ele...


   -Não! –Gritou, sentindo as bochechas corarem –Não... –Murmurou sôfrego, passando a secar as lagrimas que caiam incessantemente de seus olhos –Mas eu gostava do Kacchan... E-eu queria ficar com ele!


   -O que diabos está dizendo, Izuku!?


   -Não escolherei outro alfa a não ser Kacchan! –Disse destemido, encarando a mãe como forma de desafio.


   -Está sendo rebelde... –Suspirou, cansada. Desviou o olhar, pretendendo dar espaço ao filho –É apenas uma fase, filho... Katsuki não poderá mais retornar ao vilarejo, então, por favor, esqueça-o.


   -Impossível... –Disse baixinho, soluçando contra o travesseiro.

                                                                           


                                                                           xXx


   Naquela manhã, o sol estava alto, brilhante como nunca. Das copas das arvores, podia enxergar um volto correr sorrateiramente entre os galhos sem qualquer dificuldade.


   Lá de cima, encarava sua preza que lhe serviria de café da manhã.


   O coelho, corria como nunca. Pulava entre as pedras e raízes, procurando logo um buraco onde pudesse esconder-se. O predador não corria atrás de si, mas vinha de cima. A sombra do mesmo ora ou outra cobria-o, dando a entender que era bastante rápido.


   De repente, num piscar de olhos, uma capa vermelha corta o ar entre os grandes troncos das arvores, e o corpo pesado choca-se ao chão, fazendo a terra tremer e folhas secas voarem.


   O coelho que antes corria, agora estava morto entre seus dedos que o apertavam.


   Os olhos escarlates misturavam-se com o sangue que pingava. Com os dentes, puxava a pele fofa, cuspindo os pelos que o incomodavam. Bruto, arrancava a carne com os caninos, deliciando-se com o bom gosto e temperatura que o coelho lhe trazia. Aos poucos, o estômago que roncava ficava mais tranquilo.


   Francamente, havia se tornado um verdadeiro cão selvagem. 

27 Février 2018 00:53 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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