loryroux Lory Roux

Bakugou queria ser o melhor caçador de sua pequena aldeia. No entanto, um encontro inesperado o faz revirar sua curta e solitária existência, encontrando tudo que precisava naqueles olhos vermelhos


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#BokuNoHero #Bakugou/Kirishima #Yaoi #FanficsOtaconda
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Intense

Bakugou não tinha muitos amigos.

Costumava dizer que não se importava com isso desde a infância, preferindo se isolar em sua própria bolha de arrogância e superioridade. Havia entendido desde criança que era mais forte, mais rápido e mais inteligente que os outros garotos e não tinha medo de expor isso.

No vilarejo onde vivia, os homens e mulheres mais respeitados eram os caçadores. Eram os protetores e provisores de toda a pequena aldeia e seu sonho era se tornar um deles. Sabia que tinha mais chances do que qualquer outro porque estava em sua corrente sanguínea. Ele tinha consciência de todo o seu potencial e não podia fazer nada se os outros não podiam aceitar isso.

Aos quinze anos, estava pronto para os testes para se tornar um caçador e embora tenha arrumado confusão para participar da atividade mais cedo, teria que esperar completar dezesseis. Mesmo assim, se aventurava pela floresta que rodeava a vila para treinar sempre que podia. Sozinho, como sempre. Era bom com a lança e com o arco, mas preferia o peso da primeira. Caminhava em silêncio, observando, ouvindo, sentindo cada movimentação. O som que se seguiu foi intenso, repentino demais. Uma lufada de ar que balançou sua capa e o fez movimentar a lança antes de acertá-la diretamente no alvo.

Mas o que era o alvo?

Um som estranho cortou a floresta e Bakugou se apressou na direção de onde provinha. Chegou a uma parte próxima de uma clareira e foi quando o viu. A couraça vermelha que cobria todo o corpo, as garras, uma das asas aberta, como se estivesse tentando se livrar de algo. Foi quando Bakugou percebeu sua lança presa ao corpo do ser.

Um dragão – sussurrou – Eu acertei um dragão.

Chegou mais perto, com cuidado graças aos movimentos bruscos que a criatura fazia. O que faria? Matá-lo e levá-lo para a vila? Assim, talvez o aceitassem como caçador sem nem precisar passar por um teste.

Ei, espera aí – gritou quando o animal tentou se afastar de si – Pare de se mexer.

Foi nesse momento que os olhos vermelhos se viraram para encarar os seus. Katsuki encarou-os de volta, firmemente, porque o dragão não desviava. Sentiu algo intenso, forte o suficiente para recuar um passo enquanto os pensamentos anteriores fugiam da mente.

Seu idiota – cuspiu, de forma agressiva – Fique quieto pra eu tirar isso de você.

Bakugou deu alguns passos para se aproximar e ficou surpreso ao perceber que o dragão o ouviu e obedeceu. Olhou de novo na direção dos seus olhos, um tanto admirado e foi até a asa ferida. Procurou na bolsa de couro por algo que pudesse colocar ali quando a arma fosse removida.

Não demorou tanto para que tivesse resolvido a situação.

Acho que não via poder voar por alguns dias – disse e ouviu um resmungo vindo da garganta do dragão – Nem vem. Se não queria ser atingido não devia chegar de repente num lugar silencioso como esse.

O animal virou a cara para o lado oposto e aquilo fez Bakugou bufar. Ele parecia um humano. Um humano burro e temperamental. Mas quem era ele pra dizer alguma coisa, certo? Katsuki aproveitou aquele momento para olhar mais uma vez o corpo do ser. Ele era um pouco maior do que a si, e isso o fez chegar a conclusão de que ainda não era um dragão adulto.

É melhor achar um lugar pra você ficar. Se te acharem pode ter problemas. Nem todos são tão benevolentes quanto eu – deu um passo a frente, na intenção de voltar pra casa, mas ouviu o som dos passos pesados atrás de si – O que foi?

O dragão tombou a cabeça para o lado. Bakugou retomou o caminho, e mais uma vez foi seguido.

Você ouviu o que eu disse? - berrou – Não pode vir comigo. Argh. - novamente o olhar vermelho daquela criatura o pegou desprevenido. Ele estava sozinho – Vamos achar um lugar pra você, imbecil.

Demorou algum tempo até acharem uma caverna ideal. Era próxima o suficiente para que Katsuki pudesse voltar lá quando fosse preciso sem ter muitos problemas, mas distante e escondida o bastante para que não esbarrassem como ele pelo caminho.

Eu vou voltar amanhã – Bakugou ajeitou as armas e a bolsa prestes a deixar a caverna – Vê se não me segue.

E, mais uma vez, era como se a criatura tivesse compreendido o que ele disse.

Bakugou visitava a caverna todos os dias sem falta. Levava mantimentos que o dragão, apelidado de Red Riot, ficava muito feliz em aproveitar. Naquele meio tempo, ajudava a criatura com a asa machucada e com o passar dos dias, já era possível ver uma melhora.

Saíram da caverna certa vez para que Red Riot tentasse voar e Bakugou sorriu quando viu a criatura se erguer pelos ares dando voltas no ar. O dragão voltou ao chão, parando em frente ao loiro. Os olhos vermelhos encontraram-se outra vez. O animal baixou a cabeça, afagando os chifres curtos e escamosos no corpo do loiro.

O que você quer? - perguntou Katsuki – Quer que eu suba?

Bakugou tentou esconder o entusiasmo, mas não teve muito sucesso ao perceber que era isso que o dragão queria. Revirou os olhos antes de dar um sorrisinho e montar a criatura. Segurou-se firme enquanto sentia o vento cortar seu rosto com força ao passo que Red Riot alçava vôo.

E a visão do céu era absolutamente incrível. Sobre as costas do dragão, cortando os céus, sentia-se o dono do mundo de uma forma que nunca sentiu antes.

Não era porque se sentia melhor. Era porque se sentia livre.

As cores que tingiam os céus e a sensação de estar flutuando era a melhor coisa que já tinha visto e experimentado na vida. Passaram-se longos minutos até que voltassem para a entrada da caverna. Bakugou mal podia sentir seus membros tamanho o êxtase. Red Riot cavou a terra e estar de volta ao chão fez a expressão satisfeita deixar o rosto do loiro aos poucos.

Você já está bom – disse, voltando a encarar os olhos do dragão – Já pode ir embora.

Parecia que o ar tinha parado, mas ainda era frio ali. Tudo estava gelado. A criatura voltou a se aproximar e Bakugou ficou parado, atento a movimentação. Novamente, sentia a couraça alisando-o na altura do peito e não conseguiu impedir as mãos de fazer um carinho breve em sua cabeça.

Aquilo era uma despedida?

Sentia algo estranho invadí-lo. Uma sensação que ainda não havia experimentado, pelo menos, não daquele jeito. Não queria que ele fosse embora. Por isso, quando viu o dragão entrar de novo na caverna e dar algumas voltas no mesmo lugar, achando uma posição para dormir, sentiu-se profundamente aliviado.

Sorriu pequeno, antes de dizer com suavidade incomum.

Eu volto amanhã.

Os meses se passavam e Bakugou continuava indo até a caverna.

Algumas vezes, convencia o dragão a voarem por aí, apenas pela sensação e sabia que ele também gostava. Havia algo agradável e natural em estar com ele. Por mais que não pudesse dizer nada, Red Riot o ouvia. Katsuki nunca havia se atentado tanto ao fato de estar sozinho até perceber como era ter a companhia dele.

Era estranho que se sentisse tão próximo de uma criatura mítica, mas aquilo o agradava de alguma forma. Naqueles dias, descobriu que ele cuspia fogo, e quando as noites frias surgiram, aquilo viera muito a calhar. A cada dia, os testes para caçador se aproximavam e Bakugou ficava animado com isso. Algumas vezes, caçava com a ajuda de Red Riot que o guiava pelos céus.

Era comum que saísse de casa de madrugada para ir até a caverna só pra ficar com o dragão. Ele o entendia melhor do que qualquer pessoa. E naquela noite, foi isso que fez novamente. Roubou rum dos armários secretos da mãe e rumou até o esconderijo do amigo vendo que este já estava meio adormecido.

Pode ficar aí – disse enquanto se sentava encostado ao corpo vermelho – Eu só queria vir.

A fogueira ainda estava acesa e o corpo do dragão era estranhamente quente. Tirou a rolha da garrafa de vidro e começou a beber, torcendo o rosto numa careta.

Você quer? - estendeu a garrafa na direção da criatura que bufou e sacudiu a cabeça ao sentir o cheiro forte – Seu frouxo.

Arrastou-se até perto do rosto vermelho, procurando os olhos que o chamavam tanta atenção.

Você parece gente, às vezes – sussurrou enquanto levava as mãos até as laterais escamosas da cabeça e aproximava o próprio rosto – Só que menos idiota um pouquinho.

Ouviu a criatura bufar e achou graça. Encostou sua testa no alto da cabeça e fez um carinho inconsciente enquanto tentava olhar para os olhos escarlate.

Às vezes, eu queria que fosse um humano – confidenciou baixinho – Que pudesse ir até o vilarejo e rir da cara daqueles idiotas comigo. E nós dois seríamos os melhores caçadores – alisou mais a couraça – Seria bom, mesmo que fosse apenas um dia.

Red Riot fechou os olhos e cobrou mais um pouco de carinho. Depois de mais alguns goles na bebida, Katsuki apoiou-se mais próximo do corpo escamoso e sentiu uma das asas cobrí-lo, de forma protetora. Foi inevitável cair no sono ali.

Ainda não tinha aberto os olhos pela manhã.

Só sabia que o calor que sentia durante a madrugada não estava presente e tinha certeza de que havia um braço que não era o seu próprio rodeando sua cintura. Despertou de uma vez, vendo que não estava enganado. Havia alguém abraçado consigo.

Virou-se bruscamente, dando de cara com o um garoto, provavelmente da sua idade, dormindo pesadamente. Estava completamente nu. Os cabelos vermelhos caíam pelo rosto adormecido e o corpo forte se remexeu, tateando o chão, como se quisesse que o loiro voltasse ao lugar.

Quem é você? - berrou fazendo o garoto pelado acordar no susto e se sentar.

Os olhos abriram-se, arregalados e Bakugou quase perdeu o ar. Vermelhos, intensos, exatamente como os de Red Riot. Não conseguiu dizer mais nada enquanto via o garoto olhar ao redor, como se estranhasse tudo. Depois olhou o próprio corpo, virando as mãos e movendo as pernas, ainda sentado. Parecia não se importar com a nudez e depois daqueles segundos de auto análise, mirou o olhar em Bakugou logo antes de soltar um grito.

O que ‘tá fazendo, idiota? - o loiro gritou outra vez – Quer morrer?

E, de repente, o grito do ruivo se transformou numa gargalhada. Cobriu a boca com as mãos e depois abriu-as de novo enquanto ria, passando a língua pelos dentes afiados.

Para de rir e diz agora o que fez com meu dragão.

Eu sou o seu dragão – ao ouvir a própria voz, sorriu de novo – Minha nossa, faz muito tempo que não tomo essa forma.

Mas de que porra você ‘tá falando? Quem é você?

O ruivo se pôs de pé e o loiro desviou o olhar da intimidade do outro, sem graça.

Eu sou Kirishima Eijirou – estendeu a mão – Obrigado por cuidar de mim.

Em vez corresponder o aperto, Bakugou pegou a própria capa e jogou-a no outro, para cobrí-lo.

Eu ainda não entendi nada, mas se veste.

Kirishima sorriu novamente, aproximando o rosto do tecido que lhe fora jogado e aspirou. Gostava do cheiro de Bakugou. Passou a capa pelo próprio corpo, brincando com a peça até o loiro se virar novamente pra si. Não foi preciso que ele dissesse mais nada. Kirshima voltou a se sentar e tentou explicar melhor.

Eu não consigo me lembrar direito de tudo. Faz muito tempo. Minha família e minha antiga aldeia era caçadora de dragões e fomos amaldiçoados. Todo mundo. Eu ainda não tinha me tornado caçador, mas parece que a feiticeira em questão não ligava muito pra isso, então…

E onde está sua família?

Dessa vez o rosto do garoto adquiriu uma expressão triste.

Nos perdemos e… Bem, eu acho que não sobreviveram. Como eu disse, na minha antiga aldeia caçavam dragões.

Deu de ombros. Tinha conseguido escapar e por pura sorte encontrara Katsuki. Não fosse isso, era provável que também não tivesse sobrevivido.

E como foi que voltou ao normal… Assim, do nada?

Eu não lembro muito bem o que aquela velha louca disse – brincou com a penugem na gola da capa – Mas acho que tinha algo a ver com fazer um humano gostar de você, mesmo sendo dragão. Acho que seu desejo de ontem quebrou o feitiço.

Bakugou nunca fez tanto esforço para não ficar vermelho, o que era surpreendente, porque ele não se envergonhava. Mas lembrar que estava daquele modo próximo do dragão na noite anterior e ter consciência de que ele era, na verdade, um garoto, fez o sangue subir para suas bochechas automaticamente.

E o que vamos fazer agora? - desviou o olhar, mirando a caverna – Você não pode ficar aqui. Vai acabar pegando uma doença e morrendo – arriscou olhar para o garoto outra vez, percebendo o olhar perdido. Ele não tinha pra onde ir – Você vai ter que vir comigo.

Sentenciou, impulsivo. O rosto do rapaz se iluminou enquanto se levantava, deixando mais uma vez a parte íntima aparente. Bakugou desviou o olhar de novo.

E vamos ter que arranjar algumas roupas pra você.

Kirishima puxou mais uma vez a calça larga.

Não que seu corpo fosse muito diferente do loiro, mas ele sempre usava roupas maiores do que seu tamanho ideal, o que fazia o ruivo se irritar um pouco. Andavam pelo vilarejo em busca de mais roupas que lhe coubessem porque ele não podia usar apenas as de Bakugou. Ainda cogitou aquela possibilidade com a frase sem vergonha que saiu enquanto o ruivo se vestia. “Eu gosto do cheiro das suas roupas”. Mas isso pouco importava e estava agora pelas pequenas lojinhas que haviam naquele centro.

Compraram pouca coisa porque dependiam das moedas que Katsuki ganhava com suas caçadas fora de época e aquilo não dava pra muita coisa, mas era o bastante. Saíram para comer em algum lugar e no estabelecimento, encontraram alguns companheiros de treinamento que o loiro não podia chamar de amigos.

Fez questão de se sentar sozinho com Kirishima, mas parece que ter companhia foi o suficiente para aguçar a curiosidade dos outros jovens. O primeiro a se sentar ao seu lado foi Kaminari, parecendo desproporcionalmente animado diante da situação. Mina e Jirou sentou-se de frente para eles. Bakugou revirou os olhos.

Não convidei ninguém – respondeu, rudemente.

Kirishima deu-lhe uma cotovelada, pedindo com o olhar que o apresentasse aos demais. O loiro revirou os olhos.

Apresente-se você.

Foi a vez do ruivo bufar e sorrir em seguida.

Sou Kirishima Eijirou – o sorriso grande tomou o rosto e aquilo fez as pessoas ao redor apresentarem-se imediatamente.

Parece que como humano ele era ainda mais simpático. Merda.

Você veio pra festa que vai ter a noite? - Mina perguntou – É a iniciação do teste de caçadores.

Uma festa? - os olhos vermelhos brilharam.

Sim – Kaminari disse – vai ser divertido, devia ir.

Kirishima olhou para Bakugou que se recostou na cadeira antes de dar de ombros. Por que ele tinha que ter uma expressão tão… Fofa?

Eu vou pegar outra bebida – avisou antes de sair da mesa.

Kirishima o acompanhou com os olhos por algum tempo e depois voltou a comer. Tinha muito tempo que não experimentava comida como aquela.

Então – Jirou começou a dizer – Vocês se conhecem há muito tempo?

Kirishima mastigou mais uma vez antes de responder.

Alguns meses. Eu sou o… Amigo dele – estava prestes a falar sobre ser um dragão, mas acreditava que não entenderiam muito bem essa parte.

Amigo? - Mina perguntou, sorrindo em surpresa – Do Bakugou? Ele não tem amigos.

Por que diz isso? - Kirishima perguntou.

Ele não gosta de ninguém. É arrogante e cheio de si, além de…

Ele é corajoso – Kirishima interrompeu – Ele tem a boca suja, eu aprendi muitos palavões novos nesses meses, mas ele é valente, forte e inteligente. E cuidou do meu ferimento – mostrou a cicatriz no braço que antes era uma asa – Não conheço nenhum humano como ele.

Bakugou Katsuki cuidou de você? - Jirou parecia chocada assim como os colegas – Isso…

Ei, Kirishima – o loiro chamou com duas canecas em mãos – Vem, vamos logo.

O ruivo assentiu, levantou-se e pegou uma das canecas que lhe fora oferecida bebendo o conteúdo. Katsuki observou o modo satisfeito como ele aproveitava a bebida e deu uma última olhada para os que estavam à mesa, observando-os chocados.

Tinha ouvido o que o ruivo disse sobre si. Não sabia que ele o enxergava dessa maneira e não esperava que ele fosse defendê-lo para os outros. Ainda assim, não conseguiu evitar que algo se espalhasse pelo peito ao ouvir as palavras serem proferidas por ele.

Assim que terminaram de beber, saíram do estabelecimento e continuaram a caminhar pela cidade, apresentando as coisas para Kirishima que reagia de modo intenso demais a cada nova descoberta.

Passaram na casa de Bakugou, que foi apresentado de forma superficial aos pais do loiro antes de se vestirem para a festa que aconteceria a noite. Kirishima abriu o guarda-roupas do loiro tirando algumas peças de lá e deitando-se sobre a cama.

O que você ‘tá fazendo? - perguntou Katsuki.

Eu já disse. Você é cheiroso.

Para com essa merda – brigou, jogando a primeira coisa que viu na direção do ruivo – Está bagunçando tudo.

Desculpe – soltou mais uma risadinha.

Saíram da casa minutos depois, indo até o centro do vilarejo. Estava tudo pronto, alguns músicos tocavam e serviam bebidas, assim como pequenos grupos se enfrentavam em batalhas bobas. Bakugou não demorou até se meter em uma das brigas e sair vencedor, como sempre.

A música agitada corria pelo corpo de Kirishima, que puxou Katsuki para que se juntasse a ele no meio das pessoas que dançavam.

Eu não danço – avisou o loiro

Nem eu – o ruivo sorriu.

E no meio dos passos estranhos, os dois tentavam guiar sem sucesso aquela dança. Enquanto Kirishima achava graça dos erros, Bakugou estava irritado por não acertá-los.

Você fica bonito quando está com raiva – o ruivo disse mostrando os dentes pontudos.

O loiro ergueu os olhos, encontrando a expressão divertida e sabia que aquele sorriso competia com o olhar vermelho em seus pensamentos.

Pare de dizer essas coisas – reclamou, mas parou de dar atenção aos passos, deixando-se ser guiado pela batida e pelas brincadeiras do outro.

Eijirou puxou seus braços enquanto o girava o mais rápido que podia e gargalhava. Bakugou queria reclamar, estava prestes a fazer isso quando sentiu o corpo do outro se aproximar e os lábios roçarem seu ouvido.

Quando giramos rápido assim, dá pra fingir que estamos voando.

Um arrepio lhe correu ao ouvir a voz assim tão perto e o pior é que Kirishima não se afastou depois. Ficou ali, com o corpo próximo e o loiro pode sentir o nariz correr a pele de seu pescoço devagar.

Seu cheiro… É muito bom mesmo.

Bakugou apertou o tecido da blusa que Eijirou usava, sem forças para afastá-lo. Era diferente se aproximar dele quando era dragão. Mas a sensação, o conforto, aquele sentimento de que o outro o entendia em todas as suas entrelinhas ainda estava presente. E enquanto sentia-o perto, assim, era como se tudo fosse muito mais intenso.

Sentiu a mão áspera correr pelo seu rosto e, de repente, os olhos vermelhos estavam presos aos seus. As testas se tocavam, como sempre faziam quando a forma do ruivo era a de besta e não humana. E Bakugou não conseguia desviar.

Umedeceu os lábios antes de engolir a seco e tentar se afastar.

Acho que é melhor nós irmos embora – avisou – Amanhã é o dia da caçada e eu preciso estar bem.

Certo – o outro seguiu, ainda feliz – Eu vou vir torcer por você.

Katsuki não respondeu e seguiram pra casa. O loiro colocou roupas leves e deitou-se em silêncio. Ouviu uma movimentação no quarto e, depois de alguns minutos, sentiu outro corpo afundar sua cama. Os braços passaram novamente em volta do seu corpo e Bakugou virou-se um pouco, para encará-lo.

Que isso?

Estou me preparando pra dormir.

E por que ‘tá me abraçando?

Porque eu durmo melhor quando abraço você. Não lembra? - perguntou, inocentemente, fazendo o loiro se lembrar que, como dragão, ele sempre o embalava quando dormia na caverna. Mas era diferente… Certo?

Ou não?

Talvez fosse o cansaço ou a expressão ingênua no rosto de Eijirou, mas Bakugou bufou e virou-se, permitindo que o outro o abraçasse. Sentiu a respiração pesar em sua nuca e se arrepiou novamente.

Só precisava acalmar as batidas do coração e dormir. Só isso.

Bakugou estava pronto pra começar.

Todos que fariam o teste estavam posicionados para dar início a prova de caçadores. Kirishima observava de longe, sorrindo, torcendo para que o loiro tivesse sucesso e sabia que ele teria. Os testes começaram e a floresta foi tomada por cada integrante. Bakugou queria impressionar. Além de se importar com quantidade, queria caçar algo digno dele.

Avistou um cervo, grande, imponente e sorriu. Já havia passado algumas horas e tinha uma boa quantidade de caça em seu encalço, mas queria aquele cervo. Segurou a lança, em silêncio quando ouviu outra pessoa se aproximar. Era Mina. O barulho fez o animal se assustar e avançar pra correr. Apressou-se em segurar a lança, mas o animal, em defesa, correu em sua direção para atacá-lo. O arco era inútil, a lança estava fora de alcance. Precisava pensar em algo… Rápido. Ouviu a voz da garota chamar pelo seu nome, num desespero inútil. Ergueu os braços automaticamente para tentar se proteger e fechou os olhos, mas não houve impacto.

Quando olhou ao redor, viu o corpo encouraçado do dragão vermelho a sua frente, movendo o pescoço sinuosamente, prestes a soltar as chamas pela garganta. O cervo correu, mas ainda foi pego pela flecha de Mina que o acertou e o animal caiu em seguida.

O que faz aqui? - Bakugou levantou, indo para frente do dragão – O que deu em você? Por que está como dragão outra vez? - Segurou a cabeça da criatura que o encarou.

E, como sempre, leu os olhos vermelhos. Estava ali por ele, sempre por ele.

Os outros que faziam o teste, chegaram ao lugar ofegantes depois de ouvir os gritos, assim como alguns instrutores de caça.

Afaste-se Bakugou – Aizawa pediu – É um dragão…

Eu não vou me afastar porra nenhuma. Sumam daqui – apertou mais a cabeça do outro – Viu a confusão que você arrumou? Agora acham que você é do mal. Como fez isso?

Red Riot bufou.

Eu estou brigando com razão – continuou o loiro, ignorando os que estavam ao redor – Você disse que era uma maldição, certo? Que estava quebrada. Então como isso aconteceu? - sem resposta – Você desejou virar dragão pra me proteger? - a cabeça escamosa roçou seu rosto – Então deseje virar humano agora.

A criatura fechou os olhos e Bakugou tocou a testa na couraça. E lentamente, magicamente, a forma do dragão mudava, revelando o garoto. Novamente nu, Kirishima se encontrava abraçado a Katsuki, que o envolveu com sua capa.

Idiota – o loiro brigou – Isso não é mais uma maldição. É seu dom.

Talvez isso fizesse parte do feitiço – deu de ombros – Eu não lembro muito bem mesmo.

Agora vai ter que se explicar pra essa gente chata.

Tudo bem – sorriu – Se eu puder ficar com você, eu não ligo.

O coração de Katsuki novamente acelerou. Como ele dizia aquelas coisas tão naturalmente? Maldito.

O que foi isso? - Jirou perguntou, confusa – Ele era um dragão agora mesmo…

Você é da vila dos caçadores de dragões? - Aizawa perguntou.

Sim, sou Kirishima…

Kirishima Eijirou – completou o instrutor – Então a lenda sobre sua família é real. Eu não esperava por isso.

Então já sabem que ele não fez nada de errado – Bakugou gritou de novo – Deixem a gente em paz.

Quem pegou o cervo? - Aizawa perguntou.

Foi a Mina – Bakugou sentenciou, surpreendendo a garota – Eu estou ocupado agora. Então…

Foi até seus itens, pegando as cordas onde havia amarrado sua caça e entregando nas mãos do instrutor que olhou surpreso para o modo limpo como o loiro havia feito sua caçada. Os outros recrutas ainda faziam perguntas ao vento e Aizawa observou os dois rapazes se afastarem por entre as árvores sem entender o que Katsuki quis dizer com aquela sentença, estranhando seu desinteresse. Ele havia o perturbado tanto para ser caçador e agora nem ao menos desejava saber como havia se saído.

E era a verdade. Estava com pensamentos demais, sentimentos demais pra se importar com aquilo. Enquanto caminhava puxando Eijirou pela mão, só conseguia pensar em como ele era um maldito idiota que não devia estar ali,

Mas graças aos deuses estava.

Onde estamos indo? - a voz animada questionou.

E Bakugou não aguentava mais. Foi o fim. Parou ali, no meio da floresta e segurou o rosto alheio entre as mãos, grudando seus lábios de forma desesperada. Sentiu as mãos ásperas tocarem sua cintura e o rodearem, trazendo-o mais pra perto. As línguas se encontraram, fora de controle, enquanto se experimentavam finalmente.

E com as testas coladas e respiração ofegante, se encararam mais uma vez. Sem palavras.

Estava tudo ali, naqueles pares de olhos vermelhos.


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OI GENTE, ESSA FOI A MINHA PRIMEIRA KIRIBAKU, EU AMO ELA, EU AMO MEU KIRI BABY DRAGON
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO
UM BEIJO NO KOKORO E JA NEE
26 Février 2018 18:07 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
2
La fin

A propos de l’auteur

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Helena Sterling Helena Sterling
Que perfeito... *-*
March 12, 2018, 22:50

  • Lory Roux Lory Roux
    Aaaaa que bom que gostou. Obrigada ❤ March 12, 2018, 23:03
~