sissialmeida0396 Síssi Almeida

Diante das situações mais inesperadas, um bando de pássaros negros de olhos sangrentos era a última coisa que Joe acharia que veria na vida.


Histoire courte Déconseillé aux moins de 13 ans.

#maldição #terror #morte #adolescente #noite #horror #morrer #assassinato
Histoire courte
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Capítulo único - Os pássaros malditos da rua 4


Frida contou as horas nos dedos, fitando o relógio, ela sabia que às 18h em ponto sua velha avó lhe deixaria sair para pegar doces, era uma noite de Halloween e a lua cheia ganhava o céu transbordando sua imensidão amarelada. O relógio apontou às 18 horas, e finalmente a bruxinha se ergueu do tapete mediévico, ela pulou nas pontas dos pés e sua avó finalmente abriu a porta, mas antes que ela pudesse sair, a velhinha abaixou os óculos e coçou o traseiro. Berrando por entre as paredes de madeira, ela grita o nome de Joe, que desce as escadas com seu mau humor aparente, ele desgruda o chiclete dos aparelhos e revira os olhos.

– EU não vou, não tente me convencer. – disse com as mãos nos bolsos.

– Se você não for eu juro que te jogo pra fora de casa.

Os olhos do garoto reviraram, ele estava completamente sem alternativas, sua avó já tinha o colocado para fora de casa por ver pornografia, e por ser uma puritana, ela achava que as necessidades de um jovem era uma constante perseguição de satanás.

Joe desceu os dois degraus, e em seguida os restantes, sabia que quando o vissem na rua com Frida sua vida social estaria acabada. Mesmo ele choramingando na porta, a velhinha doce fecha a porta com um sorriso cínico nos lábios, e Frida animada não podia mais esperar para se empanturrar com os doces grátis.

Existiam poucas coisas para se fazer na noite de Halloween na cidade de Harvenhill, um lugarzinho pacato, cheio de senhoras religiosas, e um padre que colocava medo nas crianças mais corajosas, o inferno poderia ser logo ali, na esquina, ou quem sabe atrás da loja de doces do velho Tom. A cidade era carregada por uma neblina densa que serpenteava todas as ruas, e pequenos jardins dispostos em algumas casas, uma região chuvosa, repleta de pessoas supersticiosas, que tinham algo em comum, ninguém nunca visitava a rua quatro.

As luzes se ascenderam, banhando a cidade de um tom vermelho, miscigenado com as lâmpadas das moradias, a decoração de halloween sempre era a mesma coisa, isso deixava Joe completamente chateado, ele nunca conseguia ver alguma casa extremamente sinistra, ou uma fantasia legal a ponto de o deixar com os cabelos em pé. Frida correu na sua frente, ganhando as ruas escuras, seu chapéu de bruxa fazia uma curva interessante, enquanto suas meias pretas rasgadas deixavam sua fantasia parecendo trapos da década de 70.

Joe colocou as mãos nos bolsos de novo, como era de costume, e respirou fundo por conta de todas as coisas que ele tinha que passar, observou sua prima pedindo doces e correndo de casa em casa, enquanto sua noite ia de mal a pior. Cansado de andar pelas ruas, pegou um cigarro que escondia dentro da bota, o ascendeu apesar de estar fedendo a chulé e se encostou em uma árvore velha, no entanto, ele grunhiu ao sentir que havia sido atingido por alguma coisa, virando a cabeça devagar com um xingamento na ponta da língua, ele notou que era David, seu melhor amigo.

– Precisamos ir agora, todos os caras estão indo pra rua quatro.

Joe deu um passo para trás, sentindo um bolo no estômago, ele tentou soprar a fumaça entre os lábios, mas acabou a engolindo, David ergueu a mão dando um tapa nas costas do amigo, fazendo com que ele voltasse a respirar. Tentando se recompor Joe subiu as calças e se encostou na árvore tentando soar de forma descontraída.

– Sou babá por uma noite, sabe como é - disse com um sorriso amarelo.

Apontou para a garotinha, que batia na porta e enchia sua abóbora de doces.

– Não vamos demorar, é que haverão meninas, até mesmo Mellany vai estar lá.

David o encarou com um olhar tremendamente obscuro, e ao mesmo tempo, ele estava sorrindo como um cão que nunca mais havia visto comida.

Mellany era de longe a garota mais estranha da escola, mas Joe gostava dela, simplesmente gostava e não sabia o porquê, ele olhou para Frida e resolveu curtir sua noite, ele nunca havia feito loucuras no Hallowen como a maioria dos caras, algo lhe dizia secretamente, como um zumbido fantasmagórico em seu subconsciente, que ele deveria ir.

Sem mais delongas, ambos correram em direção a esquina de intercessão da rua 3 com a rua 4, por conta de seus dias de fumo, Joe estava como um gato velho, imprestável para correr. Ao fitar a rua, ele observou a fogueira, alguns caras bebendo e Mellany sentada em um tronco de madeira no meio da rua, ele hesitou um pouco, até que por fim tomou coragem para fazer alguns passos em direção aos jovens delinquentes. Quanto mais Joe caminhava em direção a eles mais parecia que eles ficavam longe, ele franziu o cenho e coçou a nuca.

– David porque está tão longe?

Sua voz pairou em meio ao silêncio, e sem resposta ele se virou para ver porque diabos David não dizia nada.

Joe sentiu seu corpo fraco ao avistar uma coisa, tão mole que ele poderia cair, ele piscou por algumas vezes, tentando decifrar o que estava olhando, e após caminhar um pouco, conseguia ver o que era, uma silhueta há alguns metros em baixo de uma árvore.

Apreensivo, ele fez alguns passos até lá, rezando a todos os santos, mas David estava enforcado, preso por uma corda em baixo da árvore, e pelo tom de sua pele, deveria estar ali há um bom tempo. Dando alguns passos para trás por conta do susto e atordoado demais para gritar, Joe sentiu seu estômago revirando, suas mãos suadas transpiravam mais do que as axilas de sua avó, foi então que percebeu que alguma coisa estava o observando, olhos vermelhos como sangue, porém pequenos, como duas amoras, diabólicos como os olhos de alguém que ele conhecia na cidade, o padre que ficava na capela.

De repente, vários pares de olhos surgiram em meio a escuridão de forma abrupta.

Petrificado de medo, Joe sentiu as pernas bambas, quando uma brisa forte afastou alguns galhos da árvore, a luz da lua conseguiu serpentear por entre alguns galhos, revelando de forma clara o rosto de David, o garoto tinha dois buracos negros no lugar dos olhos, e dois pássaros raivosos estavam sobre sua cabeça, eles encaravam Joe como parte do cardápio, e antes que ele pudesse correr ou tentar pedir ajuda os pássaros começaram a voar em sua direção, bicando sua carne e arrancando-lhe tufos de cabelo, gritando desesperado ele correu para o meio da rua, mas os pássaros raivosos seguiram seu alvo, sedentos por sangue, desejando comer cada pedacinho do invasor.

Joe caiu no chão, sentindo a cabeça bater no asfalto, abriu os olhos por algumas vezes, e via apenas borrões que bruxuleavam a sua volta, fitou a lua amarelada sobre o céu, e névoa que emanava da floresta, sentiu seu coração bater descompassadamente. Suas mãos estavam trêmulas o suficiente para fazer com que o garoto ficasse mais nervoso, de repente, o corpo de David começa a se desfazer, e vários pássaros começam a dar lugar a outro corpo, uma criatura que parecia ser apenas uma capa negra, com olhos vermelhos que flutuavam no tempo, o relógio da cidade bateu, era meia noite agora, e no Halloween, existia uma lenda em que os mortos podiam visitar o mundo dos vivos, alguns diziam que era a noite em que o diabo saia para brincar, e que as assombrações podiam caminhar livremente entre as crianças mascaradas por suas fantasias.

A criatura se aproximava sem tocar o chão, os olhos vermelhos exalavam uma fumaça que a cada vez que Joe inalava sentia seu corpo mais fraco, sua pele estava começando a mudar de cor, e a criatura trazia consigo uma espécie de frio, deixando a atmosfera pesada e incrivelmente sombria.

Joe pensou que estava em um sonho, mas ao perceber que a capa preta se desfazia começou a se debater no chão de forma involuntária, ele ouviu uma voz fina e rouca em sua cabeça, que dizia.

– Queremos você Joe, iremos te levar para um lugar especial... e frio.

Asas enegrecidas sobrevoaram o céu de forma voraz em direção ao garoto, devorando seus olhos e comendo sua língua, ele gritou, mas ninguém podia ouvi-lo, por mais que se contorcesse e chorasse nada mais poderia ser feito, o corpo de Joe estava enrijecendo, por conta da morte que se aproximava, e nos segundos finais de sua vida nada de esplendoroso aconteceu, até que seu coração bateu pela última vez.

***

Do outro lado da rua, David pedia doces com seu irmão mais novo Finley, ele estava feliz por poder ajudar seu irmão a ficar descolado com a fantasia de espantalho, David sentiu alguém tocar seu braço que fitou Joe com um sorriso esquisito, ele afastou os cabelos do rosto e disse.

– Vamos a rua quatro, todo mundo está lá...

18 Février 2023 18:09 3 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Síssi Almeida Olá, prazer em conhecê-lo, estranho. Sou amante de livros e de escrevê-los, meu romance com a escrita já se estende por alguns anos, mas ainda não me considero assim tão experiente nisso. Amo livros sobrenaturais, que possuem mistério e romance e por isso decidi escrever um que contivesse tudo isso. Escrever um livro do tipo que eu sempre quis ler, é isso que estou tentando fazer.

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SD Samanta D' marco
Excelente, perfeito. A escrita, a narrativa, os personagens. Adorei!!!!😍🥰❤️
March 16, 2023, 00:56
Marcelo Farnési Marcelo Farnési
Perfeito. Devorei o capítulo. Tem o rítmo narrativo de um episódio de seriado. Nos conduzindo ao seu extremo de curiosidade para então "bater a porta". Parabéns!
February 18, 2023, 18:30

  • Síssi Almeida Síssi Almeida
    Obrigada :3 já faz aqlguns anos que escrevi este conto, mas resolvi apostar nele ao postar aqui. Obrigada :) February 19, 2023, 00:08
~