juliene-vargas Juliene Vargas

Eventos estranhos numa cidade pacata do interior de São Paulo levam dois vizinhos à uma investigação sinistra. Dimensões paralelas coexistentes ameaçam a humanidade e eles parecem os únicos que veem. Entre aulas, responsabilidades e dramas familiares, os dois se unirão à uma tiktoker cansada e farão o que estiver no alcance para salvar quem amam. O que acontece quando o mundo tem que ser salvo por adolescentes?


Fiction adolescente Déconseillé aux moins de 13 ans.
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Fantasmas na delegacia

Cidades no interior de São Paulo tem um ritmo próprio, com problemas específicos que vão desde atropelamentos de capivaras até mortes em fugas policiais dignas de um filme de ação.

Claro, é um crescimento lento, mas ainda sim é um crescimento típico das cidades interioranas que só os moradores locais conseguem entender e interagir, como uma máquina em perfeito funcionamento.

Com o sistema policial não era diferente. Os oficiais do 1º,2º e 5º Distrito Policial de São José do Rio Preto, por exemplo, são treinados para perseguir ladrões de moto, que às vezes tentam se esconder em canaviais, como também em trilhos de trem.

São diversos crimes a serem investigados, sejam pequenos furtos ou trocas de tiro para intervir em casos de violência doméstica… Essas particularidades da história local que pouco a pouco é abraçada pela cultura da nossa imensa capital metropolitana.

Olhando o tamanho do prédio distinto onde trabalham os policiais, é possível concluir que o desenvolvimento do município pode ser muito maior do que a estrutura da delegacia deveria permitir.

Por conta de tudo isso, Mônica sabia que não tinha tempo para o caso dos jovens. Ninguém ali tinha e, quanto antes os garotos aceitassem, mais cedo ela poderia voltar ao seu trabalho e solucionar casos importantes de verdade, ou pelo menos, os reais.

Seria a quinta policial tentando acalmar e mandar embora os dois jovens identificados como Bruno e Ezequiel Guerra, de 17 e 15 anos, respectivamente. Entretanto, todos os outros falharam e agora riam no corredor, debochando daquelas crianças que só podiam estar loucas, afinal, a história relatada no boletim era um verdadeiro absurdo.

Quando Mônica entrou, os jovens não reagiram ao fechar da porta nem ao barulho da caneta sendo clicada. A policial examinou ambos em silêncio esperando que começassem a tal história mais uma vez, mas não foi o que aconteceu.

Quando ela se endireitou na cadeira impaciente, Bruno a encarou com os olhos miúdos e vazios de quem já estava farto de ficar ali, e disse sem emoção:

— Se vai rir também, por favor, deixe a gente ir.

— Não é meu trabalho esse, e sim, encontrar seus responsáveis e mandá-los pra casa. O problema é que me disseram que não estão afim de cooperar passando o telefone.

— Não dá! Moça, por favor, pela milésima vez... Nossos pais foram sugados por aquilo e desapareceram na nossa frente! Pra quem cê tá achando que vai ligar? Eles eram tudo o que a gente tinha nessa merda de cidade! – Ezequiel finalmente se manifestou num misto de sofrimento e pavor.

O mais velho protegia o mais novo, dando-lhe suporte ao apertar seu ombro sussurrando palavras tranquilizadoras que ela mal pôde identificar.

Mônica concluiu que pareciam transtornados demais para falarem mentiras. Poderia ser uma doença psíquica, mas não tinha nenhum especialista para averiguar naquela hora e os testes comprovaram a ausência de entorpecentes.

Com o que poderiam estar lidando então? A policial cruzou os braços e encarou Bruno, que parecia mais centrado, e começou a se questionar.

Pensou nas possibilidades de tentar se expressar com a mesma linguagem para conseguir alguma resposta ou acionar o conselho tutelar e mandá-los para algum lugar seguro. Senão, que outra opção teria?

— Sugados? – Questionou simulando uma curiosidade, embora quisesse apenas desenvolver algum lapso de confiança entre eles.

Ezequiel abaixou a cabeça, hesitou por um tempo — o suficiente para que ela pensasse que finalmente desistiria da história — e o seu olhar levantou junto com seu corpo de repente compondo assim, o silêncio na sala de um jeito sinistro.

Em seguida, caminhou até ela com um tom de ameaça que a fez se irritar novamente, e, pela primeira vez, sentir algum medo.

— Eles entraram em contato através de mensagens nas telas. Faz três semanas que o Bruno é perturbado por imagens bizarras e aleatórias que pareciam ameaças de um hacker no começo. Depois ficou estranho demais e eu pensei que fossem fantasmas. Nossos pais... — O adolescente fez uma pausa e desviou o olhar por míseros segundos antes de voltar a se afastar de Mônica, como se entendesse que cruzara o limite.

— Escuta senhora... Eu sempre fui cético, mas você TEM que acreditar em mim ou vamos acabar todos iguais a eles.

— E eles foram sugados por esses... Fantasmas? – Desdenhou diante daquele absurdo, desejando que ele se ouvisse naquele momento para compreender o tamanho do delírio que surgia das entrelinhas da história.

— Não... Não são fantasmas... Você não en-

Ele não completou a frase, porque naquele instante seu irmão que já quase nem se movia, ficou congelado de vez, correndo os olhos como um louco de um lado para o outro, tremendo as mãos como se estivesse tendo um ataque.

A mulher cansada pareceu ganhar uma injeção de adrenalina repentinamente. Levantou em alerta, empurrando Bruno para a porta e, na sequência, apoiou Ezequiel pelos ombros, tentando fazê-lo se deitar no chão, preocupada com o que parecia algum tipo de crise relacionada a Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e falhando sem sequer conseguir movê-lo do lugar, como se uma força maior do que a gravidade o mantivesse ali.

— Alguém ajude, por favor? Chamem uma ambulância! Rápido! – Ela exigiu em meio ao seu desespero.

Enquanto a oficial tentava socorrer o adolescente em seus braços , uma imagem azul ocupou o monitor da sala. Depois, um símbolo com linhas precisas que foram substituídas por um redemoinho de cores em aspecto gelatinoso.

Com a mudança das luzes que banhavam a sala, Mônica finalmente se virou e viu o que os dois encaravam atônitos, sem poder acreditar em seus olhos quando o porta-canetas foi sugado, exatamente como antes tentavam convencê-la de terem visto.

Estaria tão louca como eles? Uma histeria coletiva? Houve pouco tempo de indagação até que um barulho oco desviou seu foco de volta para Ezequiel.

Sangue escorria da cabeça do menino agora no chão, estático como pedra, vazio.

E com um flash de luz, a sala também ficou vazia.

13 Février 2023 19:27 18 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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SR Shaiene Rosa
Imagina que bizarro ver os pais sendo sugados por um buraco negro.
March 27, 2023, 23:39
SR Shaiene Rosa
Nem vou julgar, por que é difícil de acreditar na história deles. Eu também não sei se acreditaria.
March 27, 2023, 23:36
VF Victoria Figueiredo BURDEOS
Que capítulo mais louco.... parabéns autora... começo perfeito ♡
March 25, 2023, 19:38
VF Victoria Figueiredo BURDEOS
Quem mandou não acreditar nos meninos ??
March 25, 2023, 19:37
VF Victoria Figueiredo BURDEOS
EU AMO QUANDO A HISTORIA SE PASSA NO BRASIL ... ISSO ME MOSTRA QUE PODEMOS CONTEMPLAR NOSSO PAIS
March 25, 2023, 19:37
Ana C Lima Peres Ana C Lima Peres
Estou muito curiosa para saber o que acontece com eles!
March 24, 2023, 20:15
Ana C Lima Peres Ana C Lima Peres
É realmente difícil acreditar na história que eles contaram e se eu fosse a adulta em questão,.possivelmente não acreditaria também
March 24, 2023, 20:15
Ana C Lima Peres Ana C Lima Peres
NOSSA! Que começo interessante, quero mais.
March 24, 2023, 20:14
Valéria Férris Valéria Férris
Dizer algo? Dizer o que se ainda estou tentando processar tudo isso? Se eu tivesse no lugar iria achar que estava dormindo pouco e tendo delírios mentais.
March 21, 2023, 14:32
EM Elaine Moscardi
Mas eu não pagava pra ver não, slk. Pensa no desespero de ver papai e mamãe sendo sugados 😱
March 19, 2023, 17:49
EM Elaine Moscardi
A oficial até que tentou manter a sanidade, mas é difícil com uma história dessas...
March 19, 2023, 17:48
EM Elaine Moscardi
A sala tbm ficou vazia? Foram todos sugados?
March 19, 2023, 17:47
AC Anne Caroline Moraes Vaz
Que loucura, quase a mesma cena da Samara saindo pelo televisor 😅
March 18, 2023, 22:48
AC Anne Caroline Moraes Vaz
Não consigo imaginar a cena dos dois jovens em Pânico pq viram os pais serem sugados...tbm ficaria em panico
March 18, 2023, 22:48
AC Anne Caroline Moraes Vaz
Adorei o início, kkkkk o interior que não acontece nada de interessante....🤣🤣🤣🤣
March 18, 2023, 22:40
AC Anne Caroline Moraes Vaz
Adorei o início, kkkkk o interior que não acontece nada de interessante....🤣🤣🤣🤣
March 18, 2023, 22:39
ananse griot ananse griot
hahahaha atropelamento de capivara so no interior mesmo. Agora serio sua historia me fez lembrar de varios causo que ouvo quando muleque parabens
February 13, 2023, 20:43

  • Juliene Vargas Juliene Vargas
    Agora o livro está completo, espero que goste <3 February 25, 2023, 13:38
~

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