C
Cateline Bozena


Sem visão, sem perspectiva de futuro e com a certeza que morreria, a exímia general Adele Voure foge da prisão a qual foi condenada a permanecer por toda sua vida. Mas perdida em meio as frias montanhas de neve e cercada de trevas, ela conseguirá encontrar uma nova razão de viver?


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A deusa do campo de batalha e o príncipe traído

"Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,

Mas, não dúvida do meu amor."

— William Shakespeare

O sol nascia no leste e punha-se no oeste, dia após dia, enquanto o continente seguia assolado por uma guerra inter-racial em que milhares de vidas humanas, demoníacas, élficas e entre outras, eram perdidas a cada ano. Ambas as raças, lutavam entre si pela maior demonstração de poder: artefatos mágicos lendários, deixados para trás há mais de trezentos anos pelo rei demônio. Ganhando destaque nesta incessante busca, um nome ecoava através da boca dos humanos. Adele Voure, a deusa do campo de batalha, aquela que intuitivamente poderia apontar a localização das relíquias.

Adele escalou a hierarquia do império como ninguém havia feito na história. A na época pequena garota, foi escrava a soldado, de soldado a general e por fim, de general a futura imperatriz.

A general era forte. Uma verdadeira mestra com magia de armamento, esse fato era incontestável, mas apesar de destemida, era doce e divertida. A generosidade de Adele fora espalhada pelo reino juntamente de uma história: quem contasse uma história que fizesse a general gargalhar a perder-se numa grande diversão, seria grandemente agraciado por ela. Desde pequena a general adorava ouvir histórias bobas e engraçadas, então, por que não recompensar os responsáveis por seu riso?

Com o passar dos anos, Adele foi adorada pelo povo, respeitada pelo exército e amada pelo Imperador. Entretanto, uma coisa não era esperada por todos: sua admiração e amor seriam pisados por uma traidora.


*****


A noite de inverno fria trazia como decoração do incrível ato de queda da heroína, a neve pura e congelante que caia levemente sobre as flores dos jardins reais. Não havia volta ou salvação para a general, que durante anos lutou contra os piores inimigos, assassinos, torturadores e mercenários. Entretanto, seus adversários não podiam ser considerados tão perigosos quanto aquela que a cresceu ao seu lado.

Adele e Hjulya se encontraram na fazenda que foram escravas, ascenderam juntas através das suas dificuldades e nunca deixaram uma a outra, ao menos até esse momento.

Ajoelhada perante o belo homem sentado ao trono, Adele escutou a sua sentença que vira da boca da sua amada irmãzinha que lia o decreto emitido por seu amado noivo: "Por ordem do imperador Nicolay Segundo, em nome da justiça divina concedida a mim sacerdotisa Hjulya Mestrale.

Esse império condena a General Voure, pelos crimes de espionagem, tentativa de assassinato a família Imperial e traição.

As provas são claras e incontestáveis, suas conversas com o inimigo através de cartas foram descobertas e inúmeras testemunhas levantadas. Assim, como previsto pela lei imperial, em tempos de guerra a sentença da culpada deve ser a pena de morte através do fogo.

Adicionamos que, tal punição se mostra piedosa para a traidora. Desta maneira, Adele Voure deve ter a sua visão tomada, ser abandonada na prisão sem fim perpetuamente e os seus feitos devem ser apagados da história."

A sentença foi proferida, e sem mostrar o mínimo de empatia para com a sua amada, o Imperador levantou do seu trono retirando uma espada afiada como vidro da bainha "Há algo a dizer Dele?"

Adele sentiu o seu peito doer e a sua garganta ascender em chamas. Dele, aquele apelido dito mesmo que friamente por Sua Majestade ainda parecia doce, mas diferente das últimas vezes, não havia gentileza, apenas... um leve traço de ódio.

A general queria gritar para o mundo 'Majestade, eu nunca lhe trai, nunca trai esse reino! Eu lutei para que a guerra fosse vencida, fiz de tudo pelos cidadãos e eu realmente amei-te! Como você pode abandonar-me?'. Entretanto, ela não podia. A voz de Adele ficou presa na garganta, fazendo-a perceber a maldição de ligação. Não importa o que ela quisesse falar, seria dito apenas se fosse da vontade do amaldiçoador, e seu pensamento, era a última coisa que sua irmã queria que a general dissesse.

Sem a oportunidade de lutar contra a maldição e o destino, lágrimas escorriam pelo rosto de Adele "Faça, Vossa Majestade."

O som da lâmina cortando o ar foi nítido e após isso, a general somente pode sentir uma dor lancinante enquanto sua visão escurecia para sempre e seu coração tomado por trevas.


*****


Quatro invernos passaram-se na cela úmida e gélida.

Dia após dia, Adele aguçava os seus sentidos restantes, na esperança que uma oportunidade de liberdade surgisse. Porém, quem imaginaria que dor e sofrimento seriam a chave para a tranca que a prendia.

Entre as incessantes torturas, um objeto fora esquecido no seu ombro direito, e as correntes afrouxaram-se.

A chance perfeita banhada com natureza sombria humana.

O imperador era um estudioso da sociedade e adorava compartilhar seus conhecimentos com sua amada. Segundo Nicolay em duas situações um ser pensante se torna um monstro disposto a tudo: para proteger aqueles que ama, ou, sobreviver. Por essa visão, Adele sempre fora um monstro. Antes para garantir a segurança da Hjulya, e agora, para proteger a sua vida.

Esse mostro... o que significou exatamente para ele arrancar a adaga do seu ombro e enfiá-la na garganta do soldado a sua frente? O que significou matar incontáveis guerreiros na busca da sua liberdade? A resposta, nada. O seu coração estava destruído e a sua mente perdida. Para ver novamente a luz do sol, aquilo não era nada.

Adele caminhou quilômetros até que os quentes raios de sol, substituíssem a escuridão da noite. Ao meio da vastidão Branca, ela sorriu pela primeira vez em muito tempo, após quatro infernais anos ela estava feliz. Afinal, se a ex-general morresse congelada, ao menos seria a longe do inferno congelado.

A pacífica vista da neve descendo dos céus foi onde a queda de Adele deu-se início, e agora, onde o precipício que ela despencava, chegava ao fim enquanto seu corpo sedia.


*****


Adele retomou lentamente a sua consciência, e estranhamente, não sentia frio, nem dor, apenas, um imenso vazio na sua alma.

Uma voz doce soou a passos de Adele. Ela não podia constatar o rosto da pessoa, mas pelo tom, possivelmente era um homem na casa dos vinte. "Está acordada? Consegue ouvir-me ou responder?"

"Hum" Adele não podia falar ou se mover devido a seus anos naquele lugar e a atual febre alta. Ela apenas pode se esforçar para executar esse leve som com a garganta antes de desmaiar novamente.

Com o passar do tempo, a ex-general recuperou a sua consciência e voz, podendo pronunciar umas poucas palavras, suficientes para descobrir o nome do homem que a salvou, Alexandre Mitchell.

Alexander tinha um vasto conhecimento na área da medicina e coloco-o em prática para salvar a vida de Adele. O processo de recuperação foi lento e doloroso, mas gradualmente a ex-general conseguiu mover-se livremente. Assim, dentro de quatro meses, a constante febre já não era mais existente.


*****


Adele sempre foi ativa, mas agora era forçada a ficar sentada em volta da lareira por Alexander. Se algo precisasse ser feito na cabana, o homem com medo que a ex-general adoecesse novamente o faria.

Certo dia, Adele, que não suportava mais ficar parada, demonstrou a sua capacidade furtiva juntamente sua saúde para Alexander. A ex-general escondeu-se atrás de um pequeno monte de neve que ela mesma construira, esperando pacientemente até que Alexander retornasse da caça. No momento em que Adele sentiu o menor movimento, pôs-se a atirar bolas de neve na direção do homem.

Nesse dia, os dois envolveram-se como crianças na brincadeira. Adele para provar a sua saúde, e Alexander para continuar a ver o raro e belo sorriso no rosto da mulher.


*****


Alexander não conversava sobre o seu passado e não perguntava o de Adele, mas isto não os impedia de passarem horas conversando sobre coisas fúteis ao redor da lareira.

Algumas vezes ao mês, um homem vinha a cabana trazer suprimentos, e entregar pilhas de papéis a Alexander. Sempre que o homem chegava, era recebido alegremente com um banquete. Durante horas essas três pessoas conversavam o dia inteiro sobre os assuntos que aconteceram no continente.

O tempo passou rapidamente, e após dois anos a pessoa que batera não seguiu o padrão de sempre.

Adele devorava o pão a sua frente quando Alexander colocou o lindo manto, feito com pele de lobo que a deu em seu aniversário, sobre os ombros de Adele. "Vamos embora."

Confusa, Adele perguntou "O que está a errado?

O som de uma lâmina sendo retirada da bainha penetrou os tímpanos de Adele, que recuou de Alexander.

Num piscar de olhos, porta da frente foi arrombada por soldados. "Cerquem os traidores! A ordem do imperador é clara! Adele Voure e o primeiro príncipe Alexander Alphin devem ser levados sobre custódia!".

Soldados tomaram rapidamente conta da pequena cabana.

Agora, Adele, que antes havia recuado, foi imediatamente puxada para perto de Alexander "Não se preocupe, vamos sair daqui."

Enquanto mantinha Adele nos seus braços, o príncipe usou a sua lâmina para cortar inúmeros inimigos. O som de lâminas colidindo e carne sendo cortada era constante, porém, nenhuma única gota de sangue respingou sobre a ex-general. "Tem muitos inimigos Alexander. Solte-me e dê-me uma espada"

Alexander recusou-se a cumprir o pedido, mas foi fortemente empurrado por Adele.

Ela poderia ter perdido grande parte das suas forças e completamente a sua visão, mas um mestre ainda era um mestre. A luz das duas espadas iluminou a escuridão aniquilando os seus inimigos.

Depois da fuga, os dois criminosos hospedaram-se numa pequena pousada não muito distante.

Assim que fechou os olhos, Adele voltou a ser perseguida por seus pesadelos. A sua irmã a traindo, doía, o seu ex-noivo virando-lhe as costas, queimava, e no fim do incessante pesadelo, ela sempre estava sozinha esticando a mão para fora da escuridão.

A consciência de Adele retornou, mas ao perceber estar novamente perto de mais do sol, a mão que a puxou para fora da escuridão, foi solta e Adele desferiu um rápido golpe na direção do homem que por sorte defender-se. "Se afaste. Sua alteza"

Alexander observou o sangue a escorrer da sua mão, entretanto ignorou o líquido vermelho, entregou a Adele uma tigela com mingau. "Deveria se alimentar corretamente. O dia foi cansativo. Descanse."

Adele sentiu o seu peito apertar não podendo deixar de sentir medo. A voz do homem e a sua gentileza eram as mesmas, nada mudara. Porém, Adele queria apenas sair da pousada o mais rápido possível.

Alexander, percebendo a atitude, perguntou "General Voure, por que está com medo de mim?"

Com uma velocidade surreal, Adele atacou Alexander retirando a lâmina do príncipe da sua bainha e pressionando-a contra a carótida do homem. "Eu disse a você que não era uma boa pessoa. Não deveria ter dito esse titulo sendo quem é, Sua Alteza."

Alexander deslizou vagarosamente o olhar pela lâmina na sua garganta, até Adele sem mencionar uma única palavra.

Adele sentiu o olhar de Alexander e a sua voz esfriou "O que está pensando numa hora como essa Sua Alteza?"

Alexander empurrou cuidadosamente, segurou espada dourada no seu pescoço "Não me julgue com esse tom a minha dama, apenas estou com um pouco de ciúmes do meu irmão."

Um olhar de desgosto não foi evitado por Adele "Você é louco?

O antigo tom de brincadeira de Alexander não pode ser mantido por muito tempo "Nicolay também está atrás de mim, então, por que o desprezo? Supõe que eu disse a meu irmão onde estava? Aquele louco quer a cabeça de qualquer um que tenha o direito ao trono, então, por que eu entregaria a minha a ele?"

Adele estava perdida em pensamentos sombrios guiados pelas vozes que ecoavam na sua cabeça 'mate-o', 'você não jurou matar todos os herdeiros da coroa?', 'Não prometeu vingar a traição que sofreu a tirar tudo daquele que a injustiçou?'.

"Se você sabe quem sou, conhece o que fiz e também sabe que não acredito em você. Por que eu confiaria em alguém que passou a vida bajulando o seu irmão e deu-lhe o trono a custo de nada?"

O olhar de Alexander caiu novamente sobre a lâmina segurada agora contra seu ombro.

Ping... O som do sangue caindo no chão ecoou pela sala, fazendo com que Adele gritasse "Tolo! O que pensa que está fazendo?"

Com a lâmina banhada em vermelho, Alexander sorriu e pode dizer "Foi o único jeito de chegar até você. Acredite em mim, eu não disse onde estava ao meu irmão."

O rio de lágrimas que escorriam pelos olhos de Adele foram delicadamente secas por Alexander enquanto dizia "Eu quero proteger-te e nunca lhe trairia. Assim como a você, tudo o que meu irmão fez foi usar-me e jogar-me fora. Adele, você pode confiar em mim, então, por favor diga-me a verdade. De que crime você é culpada além de amar?"

O sangue e lágrimas não paravam de escorrer, em anos alguém estava disposta a ouvi-la. "Nada, eu não cometi crime algum! Nunca tai esse reino! Eu dei o meu sangue e vida por ele, eu realmente amava a Vossa Majestade. Nunca espionei o império, mas mesmo assim ninguém acreditou em mim, apenas me jogaram de lado quando encontraram o que queriam! Eu apenas queria ser feliz, então por que eu não tenho esse direito? Só quero viver em paz, apenas quero recomeçar."

"Recemece comigo. Vamos embora deste Império, para bem longe dos domínios de meu irmão. Já fizemos de mais para outros nessa vida, e perdemos muito para perder um ao outro."


*****


Sete anos depois...

A avenida principal do vilarejo mantinha-se movimentada durante o dia. Principalmente após o almoço, moradores esperavam até que o belo homem com longos e brilhosos cabelos negros passasse.

O homem, com a alta estatura, não usava roupas chamativas. Entretanto, enquanto andava algo ficava claro: apesar da máscara cobrindo o rosto, a beleza dele era estonteante, mas claro, reservada exclusivamente a sua esposa.

A medida que o homem passava pelas ruas, chamados aconteciam em todas as direções: "Chefe da Vila! Poderia ajudar-me a fechar as contas?", "Chefe venha cá acabei de assar pães. Por um acaso não que levar alguns para sua família?"

O homem sorria a ajudar quem precisasse enquanto aceitava os elogios e mimos.

Aquele homem nunca perdia o sorrido no seu rosto, independentemente do dia. O motivo? segundo os moradores da vila, ele sempre teria uma linda esposa esperando-o em casa.


*****


A casa do homem não era grande, mas diferentemente de montanhas de neve, através das janelas viradas para o quintal, a visão era um jardim recheado de flores e uma bela dama a treinar com a espada.

As flores eram raras, delicadas e colhidas somente para aquela mulher. Porém, coadjuvante na visão do homem que se aproximou. "Treinando novamente, minha esposa? Não deveria dar um pouco mais de atenção ao seu marido?"

A lâmina na mão da mulher numa bela dança direcionou-se ao pescoço do seu marido, mas foi rapidamente evitada enquanto o homem tentava alcançar a cintura da sua amada.

A dama afastou-se imediatamente girando o corpo para trás a utilizar o pé para levantar levemente o queixo do homem e remover a sua máscara.

A mulher passou anos na escuridão, mas agora que havia recuperado a sua visão, não podia deixar de olhar para o rosto do marido e se pudesse, agradeceria ao rei demônio durante milhares de anos por criar o artefato de cura avançada, permitindo-a recuperar a visão.

Quando a dama podia somente escutar a voz e sentir o corpo do marido, ela poderia prever que a beleza do homem. Contudo, as suas expectativas foram superadas ao nível dela pensar se a sua beleza chegava aos pés daquele homem.

A dama sorriu devolvendo sua espada a bainha "Esse tipo de atenção está bom ou não era o que tinha em mente?"

O homem levantou o olhar a sua esposa, e voltou-se a se aproximar "Estou a horas longe de casa. Minha esposa, não consegue realmente perceber?"

A mulher envergonhou-se corando levemente "Como pode! Você não passou nem quatro horas fora de casa!"

Vendo o adorável rosto da sua envergonhada esposa, o homem não pode evitar aproximar-se mais dos rosados e macios lábios, porém, interrompido com o som da porta abrindo-se, ele afastou-se rapidamente.

O homem olhou a porta abrir esperando um pequeno humano assustador entrar e correr para seus braços, chamando-o de papai. "Não corra desta maneira, pequeno monstrinho, você irá se machucar."

A dama olhou sorrindo a seu marido "Você parece feliz."

O homem pegou a criança nos seus braços e lançou um olhar afiado a Adele "Meu avô uma vez disse 'Quando você encontrar o amor verdadeiro, será feliz.'".

O garoto no colo do homem apertou o abraça no pai e com uma voz carregando curiosidade e tristeza perguntou "Papai, como era o vovô?"

O homem manteve o seu sorriso e apertou levemente o nariz da criança "Seu avô era uma boa pessoa, ele criou eu e meu irmão da melhor maneira possível."

A curiosidade da criança era infinita. O pequeno monstrinho estava na fase de conhecer ao mundo, então as perguntas não cessaram no seu avô "E a vovó?"

Alexander, sem se incomodar com a importunação do garoto, seguiu respondendo os questionamentos "Seu pai não a conheceu, mas seu avô amava falar sobre ela. Ele dizia que ela era a mais bela e doce flor que já havia visto, assim como sua mãe. "

Adele se considerava uma pessoa calma e controlada, mas ultimamente o seu marido andava mais abusado do que nunca, a provocando em cada situação que surgisse. "Alexander! Se você tem tempo para fofocar com seu filho, vá arrumar a mesa para o jantar!"

13 Novembre 2022 00:38 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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