Era fevereiro ou final de janeiro, não lembro exatamente. Minha mãe me levou até a escola e se despediu de mim, eu e ela estávamos muito animados. Porque a gente vinha de uma cidade bem pequena no interior de Minas Gerais. Nós mudamos para São Paulo por causa do meu pai, ele conseguiu um emprego aqui e nós viemos morar com ele. Minha mãe na verdade é minha madrasta, mas ela cuida de mim desde que sou bem pequeno. Minha mãe de sangue morreu durante meu parto, minha madrasta, que na época era apenas amiga do meu pai, acabou se aproximando muito dele. Foi uma fase muito difícil pra ele, e ela era tudo que ele tinha, então ele a tratava como se fosse um tesouro. Só que quando ele melhorou parecia ser outra pessoa.
Um tio dele que morava em São Paulo, lhe ofereceu um trabalho na capital, então ele veio na nossa frente. E depois que ele criou estabilidade chamou a gente pra cá também.
Fiquei empolgadão, morar em uma cidade grande era meu sonho. Achava que era como aquelas metropolis que eu via nos filmes. Mas a primeira coisa que eu percebi que não era como eu imaginava, foi o meu pai. Ele parecia insensível, como se nós não fossemos mais importantes pra ele. Nem quando chegamos em São Paulo e o reencontramos depois de tanto tempo ele ligou.
Eu já sentia isso na época, mas não entendia. Como se eu soubesse que algo estava errado, mas não sabia dizer o que era. Isso não diminuiu minha empolgação pelo primeiro dia de aula. Mas a escola acabou sendo a segunda coisa que eu percebi que não era como eu imaginava.
Tentei socializar com os outros alunos no início, e deu certo, até consegui "entrar" no meio do ciclo social deles, mas eles não paravam de me zuar. Falavam do meu cabelo crespo e mau cortado, do meu sotaque, principalmente do meu nome, zoaram até minha blusa de frio que era de um grupo de rap. Eu nem sabia que era de um grupo de rap, mas mesmo assim disseram que "não era coisa de branco", outro dia até descobri que o vocalista desse grupo nem era preto! Tudo que disseram, disseram em tom de brincadeira. Eu até ri com eles, mas fiquei chateado.
Depois de me decepcionar com a escola eu desisti de fazer amigos. Na minha escola, no começo do ano, os alunos se reúnem no pátio para serem divididos em suas turmas. Chamavam seu nome completo em voz alta e depois diziam sua sala, e quando chegou a minha vez você já deve imaginar né policial. Todo mundo segurou a risada durante longos dois segundos. Que acabaram quando o Malone gritou histericamente - Nossa! Seu pai estava com raiva em!
Nem tinha graça, mas todo mundo ri do Malone. É o dom dele, ele cativa as pessoas, pode até ser meio otário, mas o filho duma égua simpático.
Durante o recreio ele me viu sozinho e sentiu remorso, porém, sua tentativa de me fazer companhia me deixou ainda mais bolado. Esse encontro só serviu mesmo pra me dar meu apelido "Junin."
Malone: - Amigo, Chico? Francisco? Joeci?! Não tem nenhum apelido não?
Eu: - Não.
Malone: - Vamo inventar um então.
Vai ser, deixa eu ver, peraí, tô pensando, tá na ponta da língua. Já sei! Vai ser Junin.
Depois disso as coisas ficaram desinteressantes por um tempo. O Malone e os seus amigos começaram a me zuar ainda mais, não porque ele não gostasse de mim, mas porque eu me isolei. E as coisas só mudaram quando eu conheci a "Priscila". Ela chegou na escola quase na metade do ano, e de cara se enturmou com todo mundo, com exceção de Malone. No início da aula ela tava com o celular e o deixou cair. Quando ela deixou cair, Malone não viu e chutou ele sem perceber.
Priscila levantou berrando, gritando: - Você é sego?!!!
Malone se virou para trás como se fosse superior a tudo aquilo, e calmamente perguntou: - Tá falando comigo maluca?
Eu acho que o semblante do Malone irritou a Priscila mais do que a sua fala, ela não conseguiu se segurar e lhe deu um tapa. Melhor dizendo, ela tentou lhe dar um tapa, mas ele segurou seu braço.
Malone: - Tô nem aí que você é mulher, eu te quebro.
Priscila: - Encosta a mão em mim se tiver coragem! Encosta! Seu machista!
Malone: - kkkkkkkk! Uma ativista. #direitos iguais. Eu apoio a causa, e para provar, hoje vou te dar o direito de apanhar que nem homem.
Malone terminou sua frase sorrindo. Um verdadeiro sorriso, seus dentes eram branquinhos. Assumo, o Cassius é muito bonito. Um rapaz negro de uma pela bem cuidada, nunca vi uma espinha ele faz ate skin care. Seu cabelo é bem crespo, mas o seu corte espetado é bem estiloso. Tá sempre bem vestido, seu fraco é por corta-vento, principalmente o seu xodó, uma do flamengo. E acho que a Priscila se sentiu empotente, mas não abaixou a cabeça ou engoliu o orgulho. Foi embora com o nariz empinado. Assim que ela se virou Malone e seus amigos riram bastante. Acho que comentaram sobre o quanto a Priscila é bonita.
Eu presenciei a cena toda e acreditei que tivesse alguma chance com a Priscila, porque eu e ela tínhamos algo em comum. A inimizade pelo Malone. Quando ela entrou na minha sala eu fiquei muito animado, e depois de conversarmos ela também gostou de mim. Peguei o telefone dela e começamos a passar horas trocando mensagens. Meu pai e minha mãe me aconselharam, minha mãe pedindo que eu tomasse cuidado com os sentimentos, tanto os dela quanto os meus, e o meu pai me dando conselhos de como conquistá-la.
Na verdade, esses momentos com o meu pai foram muito divertidos. Eu não pretendia usar seus conselhos, mas não acho que ele desvalorize as mulheres assim, é parte importante da relação de pai e filho. O senhor, policial, deve saber do que estou falando, um homem e um menino discutindo os grandes mistérios do sexo oposto, os dois não sabem de nada, não porque sejam burros, só não percebem o quanto é simples. Meu pai não desvaloriza as mulheres assim, meu pai as desvaloriza quando não repara nas olheiras da minha mãe. Não conversa com ela, não pergunta como foi o seu dia, como se ele fosse casado com uma máquina. Negava a simpatia que dava pra todo mundo logo a minha mãe, a mulher a quem devo meu caráter.
Mesmo que minha relação com a Priscila fosse muito boa, ela era minha única amiga, e no dia que ela não me dava atenção eu ficava bem xatiado. Eu virei o bode expiatório da sala, toda zuação sobrava pra mim. Não perdoaram nem a minha amizade com a Priscila, viviam dizendo coisas do tipo
-Que isso em jogando caro!
Assumo que essas provocações não me incomodavam.
Já não aguentava mais, então mudei de turno. Na tarde ninguém me conhecia, e pra mim não fazia diferença nem uma. O que realmente me encomendava é que eu só poderia conversar com a Priscila por telefone. Mas enfim eu teria paz, pensava eu. Quando eu pus o pé na sala de aula. - Junin!!!
O safado fazia escola integrada, eu desisti. E de novo nada mudou, isso até chegar um sábado letivo. Todo mundo faltou no sábado letivo, foi o que eu disse a minha mãe, ce já até deve saber qual foi a resposta dela. Pra minha surpresa, o Malone também foi no sábado letivo. E como só tínhamos nós dois na escola, conversamos. Acabei descobrindo que o Malone era muito inteligente, tipo, bem mais inteligente do que eu. Me admirava o fato dele ter repetido de ano tanto quanto ele ter ido na escola no sábado. Perguntei pra ele porque ele ficava tanto tempo na escola, e ele respondeu até com raiva: - Odeio a minha casa.
Também entendi naquele dia, que ele não tinha nem um sentimento ruim ao meu respeito. E que a raiva que eu tinha dele em boa parte era só inveja. Inveja da sua beleza, dos seus amigos, do seu carisma, do fato dele poder ter a menina que quiser e principalmente da sua autoconfiança. Ele também disse que tinha inveja de mim, porque eu tinha algo que ele acreditava nunca ter, um futuro.
Depois daquele dia nós viramos colegas, e muito rapidamente melhores amigos. Porque ele poderia se abrir comigo. Nem um dos seus colegas entendia suas reflexões, suas profundas leituras sobre a vida, só eu. E porque eu falava tudo com ele, falava sobre a Priscila e sobre os meus pais. Comecei a ficar muito parecido com o Malone, a andar como o Malone, a falar como o Malone, me vestir como o Malone.
Minha mãe ficou muito preocupada e o meu pai também. Por mais que meu pai não fosse mais nem um exemplo, ele se orgulhava muito de mim, ele acreditava que eu fosse melhor que ele. E quando eu comecei agir como ele, meu pai ficou profundamente magoado. Isso desestabilizou ainda mais a nossa família. Minha mãe, sem amor próprio, se apegou a figura do meu pai que ficou ainda mais indiferente. Com um lar tão perigoso comecei a ficar cada vez menos nele.
Depois de começar a andar com o Malone, descobri que seus amigos mais chegados o chamavam de "Poderoso Chefão'', eu o chamava de "The Godfather." É a mesma coisa só que em inglês.
Também tomei mais iniciativa, transformei as conversas com a Priscila em encontros. Só tinha um problema, a Priscila tinha muito dinheiro então eu ficava com vergonha de levar ela em qualquer lugar. Mas eu não tinha dinheiro o suficiente, porém, o Malone sempre tinha. Perguntei a ele como. Ele riu bem alto e disse: - A ingenuidade da criança.
Então ele pediu pra eu me encontrar com ele no começo da aula, e foi o que eu fiz. Então ele me tirou de perto de todo mundo e me deu um pacote com "balinha."
Malone olhou no fundo dos meus olhos e disse: - Você não vai abrir a boca pra ninguém, entendeu? Você disse que estava precisando de dinheiro e eu tô tentando te ajudar, vende um pouquinho todo dia no começo da aula e depois me passa a grana. Tido a sua parte no final da aula. Presta atenção! Tô te dando pouco, provavelmente você vai vender tudo, mas se não vender tudo antes da aula começar joga no esgoto.
Eu ia perguntar algo, porém ele me interrompeu friamente dizendo:
- É só isso.
Senhor, e não é que deu certo. Eu estava falando sério quando disse que o Malone era inteligente, seu império é comandado com medo e nervos de aço. Todos gostam dele, porém, todos tem medo dele. Até alguns professores. Principalmente os que o deviam. Ninguém o desafiava, porque só os vendedores e os clientes sabiam quem fornecia a "bala." Era tudo extremamente organizado. Além de mim, outros 6 ou 7 meninos trabalhavam para o Malone, que nem vendia, só fornecia. Tudo isso antes da aula começar. Se alguém que trabalha para escola te pegasse vendendo ou usando, você não iria entregar o Malone. Mas se alguém que trabalha pro Malone te pegar usando, você vai tomar um coro de não se esquecer mais. Admito que essa é minha parte preferida, porque ninguém pode usar se não for escondido.
Eu consegui dinheiro, pude pagar meu novo corte. Flat top o nome, "pesquisa no Google", e como pode ver, também pintei a parte de cima de verde. Pude comprar um tênis de jogador de basquete, meu favorito é o do Maicon J. Vermelho modelo um. Calça moletom da França, blusa de time. A única coisa original era a blusa de time, eu e o Godfather colecionamos/competimos. O mais importante é que eu já podia patrocinar meu rolê com a Priscila. Mas isso exigia que eu fizesse alguns trabalhos sujos, de vez em quando.
Uma vez no começo da aula, eu vi o Malone conversando com um professor.
Eu perguntei: - O the Godfather, que tá pegando?
Malone: - O senhor aqui tá pagando de difícil Junin.
Junin: - E mesmo? Ele tá pensando em abrir a boca?
Malone: - Não, não, claro que não. Porque se ele abrir a boca dele, a gente abre a nossa.
Professor: - Eu não quero problemas.
Malone: - Então conta quem te falo.
Professor: - Não posso.
Junin: - Ah! Trata de dar nome aos bois aí! Malandro.
Malone: - Ou fala, ou nunca mais compra nada na minha mão.
Professor: - Não! Não! Não! Eu conto! Eu conto!
Então o professor disse o nome de um aluno, também disse a sala e o turno que era de tarde. Eu só segui o fluxo, não entendi de verdade o que aconteceu lá. Pedi pro Malone explicar. Ele me disse que uma maluca havia levado ele pra fazer amor dentro do carro do professor, e que um X9 contou tudo pro professor. Aí eu comentei que foi muita sorte, ser justo no carro do professor que compra droga na nossa mão.
Malone: - Sorte?! Não meno, a doidinha sabia de quem era o carro. Eu que num pesquei na hora.
Junin: - E o que você vai fazer com o X9?
Malone: - Hoje só reunir informação, descobri quem é o cara, com quem ele anda. Mas principal, como ele volta pra casa e onde é a casa
O plano do Malone a primeiro momento funcionava, estudamos o alvo e no dia seguinte fomos atrás dele. Ele andava até a estação do metrô a pé para voltar da escola, de segunda a sexta. Estávamos seguindo ele de longe, até com roupas mais discretas do que as normais. Pus até uma toca pra disfarçar meu cabelo verde, só que o menino percebeu. Fingiu que não, mas percebeu, ele olhou para frente, disfarçando. De repente, disparou. Corremos atrás dele, e o Malone era bem maior que eu, um passo do dele dava dois do meu. Sem muita dificuldade ele alcançou o menino, os dois estavam correndo lado a lado. O menino corria o mais rápido que podia, aí de quem estivesse na frente. Muitas pessoas foram derrubadas na corrida dos dois. O rapaz deu um tronco no Malone que jogou ele pra avenida, ou quase. Ele caiu antes, o Malone se ralou muito nessa brincadeira, se levantou rápido e com raiva. Correu com todo o ódio que tinha, e quando estava bem atrás do menino lhe deu um carrinho. O menino caiu de costas no chão e gemeu de dor. E assim que ele respirou o Malone já enfiou o pé no peito dele. Depois se abaixou e pôs o joelho, segurou o queixo do rapaz na mão e disse: - Tá com pressa?
Eu finalmente cheguei na cena, e ofegante diga-se de passagem, perguntando: - Onde é que você pensa que vai? Bonitão.
Porém, as pessoas ao redor deram o grito. Entraram em defesa do menino. Malone então se levantou e levantou também a camiseta que tava usando, mostrando o cabo da arma na sua cintura. Todos os "heróis" fugiram, abandonaram o menino. O menino se levantou e tentou fugir, mas não foi muito longe. Eu dei nele uma banda. O Malone disse pra ele ficar de bico fechado, e só pra garantir deu nele um chute no estômago. E depois de correr tanto, eu tinha que dar um também.
Só o menino reconheceu a gente, estávamos de máscara. Depois da pandemia ninguém mais estranha isso. Kkk, o mais engraçado é que a arma era falsa. Tipo, super falsa, só tinha o cabo na calça dele.
Nunca mais ouvimos falar do X9, acho que ele até mudou de escola. Deve ter ido para "Santa Rute", um colégio rival. Fica do lado da nossa escola, mas eu nunca vejo movimento lá. O máximo que eu vi de lá foram 7 a 10 alunos, jogando alto. De verdade eu não sei o porquê. Nossa escola é que nem coração de mãe, vive cheio. Enfim, uns meninos do SR convidaram eu e o Malone pra ir na casa deles. Eram os trigêmeos, que não tinham nada de trigêmeos, mas a galera chama eles assim porque os três parecem muito.
Lá na casa dos trigêmeos a noite começou muito boa. Na frente da casa deles tem um espaço para churrasco, um lugar legal. Eles colocaram um funk pesadão lá, mas nem eu nem o Malone curtia. Então rapidinho a trilha sonora mudo, só love funk. Jesus olhou pra mim, Deus é por nós, tudo é fase. Depois veio as mais antigas, glamourosa, ela é top, também tocou Jonathan da nova geração. E por mais que você não goste, tem que assumir, a piada é boa. Agora, pensa num monte de moleque bêbado cantando funk dos anos 90. Era agente. Eu e os trigêmeos bebemos pra caramba, ao contrário do Malone, ele não usa nem um tipo de droga. Só que o ponto alto da noite foi o Cidinho e o Doca. Não teve jeito, todo mundo cantou, até os vizinhos, eu até arrepio. Assumo, na hora eu chorei, cantando o hino da comunidade; Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci. É. E pode me orgulhar, e ter a consciência que pobre tem seu lugar.
Tudo ia bem, mas como gente bêbada é sinônimo de confusão. Durante uma partida de truco, eu não me lembro exatamente o que aconteceu, só sei que o Malone não estava jogando. Eu estava fazendo par com um dos trigêmeos, e a outra dupla me acusou de estar roubando. Não lembro se era verdade, mas isso deu uma confusão senhor. Só estando lá. Era manguaça gritando, dedo na cara, falo que a mãe de um era isso, falo que a mãe de outro era aquilo. Até que eu cuspi na cara de um, então Malone meteu a mão no meu peito e me empurrou pra trás dele.
Os trigêmeos queriam me pegar, e não sei se foi o álcool na minha cabeça, mas eu nunca vi o Godfather tão estressado. Quando ele tá com raiva ele não aumenta o tom de voz, ele não ameaça, não empurra, não cospe na cara, nada disso. Ele só explode sem aviso prévio. Eles vieram pra cima de mim e o Malone deu um soco no nariz de um. Os outros deram pra trás. Um deles pegou a faca de churrasco em cima da mesa, o outro apelou e pegou a mesa. Era uma mesa dobrável de ferro, bem leve, e o cara jogou ela no Malone. O The Godfather a segurou com as mãos e bateu com ela na cabeça do infeliz. E bateu com ela no outro também. Quando ele deixou a faca cair, o Malone encheu ele de soco, até o cara não aguentar mais. O que tomou uma mesada na cabeça desmaiou, mas o que tomou um soco no nariz pegou no chão a faca que seu irmão deixou cair.
Ele tentou dar uma facada no Godfather, mas o Malone segurou o seu braço. Depois deu nele uma joelhada bem no saco, o rapaz largou a faca e ficou em posição fetal. O The Godfather chutou ele, chutou muito, bateu nele sem dó. Ele parecia estar descontando toda a raiva que tinha da bebida no rapaz.
Foi cruel.
O Cassius me levou pra casa. Eu pus um braço em cima dele e andei cambaleando pelas ruas da capital. Ele me levou com desprezo e desgosto. E quando minha mãe abriu a porta. Ele teve vergonha.
Malone: - Me perdoe senhora Joesi.
Como eu já tinha dito, volta e meia eu saía com a Priscila. Uma dessas saídas foi especial. Foi numa quinta-feira, era aniversário dela. Eu tratava todo mundo diferente desde que eu comecei a andar com o Malone, a única exceção era a Priscila. Ela era diferente pra mim. Fomos a um restaurante chique, rimos a noite inteira, comemos tudo o que tínhamos vontade. Teve uma hora que a boca dela ficou suja de molho, eu segurei o rosto dela com as duas mãos, e limpei com o dedo. Olhei no fundo do olho dela e a beijei. Foi a primeira vez que beijei uma menina. Tive certeza que estava apaixonado. No mundo inteiro só existia a Priscila. Priscila, a dona do meu coração. Me senti como o Jack, eu era o verdadeiro rei do mundo.
É bem comum as pessoas comemorarem o aniversário no fim de semana, até quando fazem aniversário no meio da semana. A família da Priscila fez uma festa pra ela no sábado, e ela, a festa pros seus amigos no Domingo. Foi uma festa do caramba, tinha de tudo. E não poderia faltar tudo de errado. Bebi de tudo um pouco, mas não parei por aí. Os moleques me ofereceram drogas ilícitas também, e por incrível que pareça não foi o Malone o fornecedor da festa. Só lembro de enfiar uma parada estranha no nariz e o resto é confuso. Só que teve uma cena que eu não esqueço nem se eu quiser.
Tinha uma muvuca de meninos gritando numa roda. Eles estavam histéricos, e eu curioso. Fui entrando no meio da roda até ver o Malone beijando a Priscila!
Eu gritei: - Malone!!!
Quando ele olhou pra mim eu já tava dando um soco na cara dele! Depois disso eu não lembro de mais nada.
Homens e mulheres de grande fé, passando por momentos de aflição, raiva e alegria sempre pra honra e glória de Deus. En savoir plus Por ventura.
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