📖unic📖
Isso é a melhor coisa do mundo.
Estar com minha boca colada a dela, poderia ser a oitava maravilha. Porém não quero emprestar essa sensação a mais ninguém. Então agradeço por ser apenas eu, a poder encaixar meus lábios com os dela. Que são tão macios e capazes de me fazer esquecer por um momento que infelizmente não estamos sozinhas.
Puxar minha namorada para um beijo no meio da sala, a caminho do quarto dos meus netos, era uma coisa que nos rejuvenescia, porém poderia acabar gerando outros desejos que não iriam ser realizados. O que me fazia lembrar de quando apenas éramos adolescentes completamente cheias de medo do futuro, e não como agora: duas velhinhas cuidando de crianças, cheias de ruguinhas pelo rosto.
Ainda sim muito fervorosas. Já que assim que me separei um pouquinho de Fabi percebi a boca avermelhada e o rosto transmitindo todo o carinho cultivado ao longo dos anos, e claro um pouco sem ar pelo beijo antes trocado.
― Se continuarmos assim, é capaz de sermos presas por exibição de conteúdo impróprio. ― Ela me diz, e eu apenas reviro os olhos. Ciente de que agora ela deve estar com uma cara convencida por conseguir me irritar com tão pouco. Mas… Ela sempre conseguiu esse efeito de saber meus pontos fracos. Não me orgulho de ser tão transparente.
Mas qual é, o beijo nem dura 10 segundos direito e ela já vem falar que cometemos um incesto público. Maldade com essa pobre senhora.
― Nem vem Fabi, que a gente nem se beijou direito. ― Fiz um biquinho involuntário com meus lábios, que logo foi apontado por minha namorada que começou a rir um pouquinho, para depois me dar um curto selinho.
― Vovó? A senhora não vai vir contar a histórinha para mim e o Jo? ― Vejo a figura do meu netinho entrar na sala. Ouvindo novamente a risada de Fabi, que nega um pouco para os lados e caminha em direção a Thiago.
Percebo então que José está um pouco atrás, com as mãozinhas juntas na frente da barriga. Me aproximo dele também.
― Hm querem uma histórinha é? Qual vão querer? ― Pergunto tentando ser ouvida pelos dois enquanto caminhamos para o quarto de Thiago. Percebo Jo levantar os bracinhos e o pego no colo. Fazendo um pouco de graça ao fazer alguns sons de cansaço.
― Acho que aquela história dos dinossauros. ― Jo fala rente ao meu ouvido e assenti um pouco, mas parei ao ouvir meu neto dizer que preferiria a história da guarda do castelo.
― Hm, melhor a gente fazer um “pedra, papel e tesoura”. Não quero fazer briguinha entre vocês. ― Falo e passo pela porta. Já deixando José na caminha do homem-aranha. Observo Ane fazer o mesmo com Thiago.
Eles se olham por um momento e percebo quando os dois abrem a boca. Quase ao mesmo tempo sai a resposta, mais que óbvia dos dois:
― Deixa ele escolher. ― Rio e sinto minha namorada me abraçar e balançar um pouco nossos corpos.
―Sabia que iam fazer isso, então pedra, papel e tesoura. ― Ela fala e percebo os dois se sentarem e erguem as mãos gordinhas para frente e começarem a primeira rodada. Sempre colocamos até três para ter certeza do resultado, assim ninguém fica tão emburrado por ter perdido.
José ganhou.
O que foi uma surpresa já que normalmente quem ganha é Thiago. Assim que olhei na direção dele, vejo um sorriso sapeca. Percebo, então, que ele deixou Jo ganhar, e nem sei porque estou surpresa, já que pela carinha do meu pequeno era bem capaz de não querer magoar o amiguinho.
― Bom. Não acha que eu não vi esse seu sorrisinho não, caro Rodrigues. ― Falo com uma voz estridente e caminho até ele. Começando a fazer cosquinhas e José sai da sua caminha e sobe até a cama do amigo. Tentando me fazer parar. Então Fabiana vem para perto de nós e também começa a fazer cosquinhas na barriga de Jo.
― Ok, ok. Não faço mais, mas deixa o Jo escolher vovó Sasa. ― Olho para a carinha do José, percebendo um certo conflito entre aceitar ou não que sua escolha fosse a da vez.
Até entendo sua indecisão. Eles não passam tanto tempo com nós duas. Normalmente ficam com o pai do Jo. Porém os pais dos dois resolveram sair para um jantar de amigos e deixaram seus filhos conosco.
Então um deles não saberia o final de sua história preferida, não por hoje.
― Pode ser vovó Sasa. ― Jo fala. Começando a correr de volta para sua cama. Nossa regra aqui é bem clara: Se não estiver na cama, não ganha história.
Então Fabi vai até a estante na parede, e pega o livro escolhido. Coloco uma cadeira entre as camas deles dois, e deixo Fabiana se sentar e começar a ler. Confesso que me perco um pouco na sua voz melodiosa e calminha contando a história infantil.
Em minha defesa ela entra muito no personagem, interpretando as falas, colocando no tom que estão escritas. E para mim é tão incrível, que mesmo que não tenhamos filhos juntas, ela consiga lidar tão bem com as crianças. É, eu sei que sou bem gada por ela, mas o que posso fazer?
― Eles dormiram? ― Perguntei, assim que ela parou por um período mais longo de falar. Percebo ela se levantar com cuidado e ajustar cada uma das cobertas e estender sua mão para mim.
Que não sou boba nem nada e já a seguro. Sentindo o conforto que sua presença, seja tão intimamente ou não, me passa. Logo começamos a caminhar para a sala novamente. Me sento no sofá, a puxando para deitar em cima de mim.
― Sim sim, o que quer fazer agora? ― Ela fala baixinho, como se ainda precisássemos controlar o volume da voz para não acordar os pequenos.
Apenas passo meus braços em seu corpo, a prendendo num abraço. Ela ri um pouquinho e se aconchega mais em mim.
― Hm, quer ficar aqui? Daqui a pouco a gente vai ter que levantar e escovar os dentes. ― Eu bufo um pouquinho, Fabi se vira para mim e dá um beijinho no meu nariz.
― Porque você faz isso? A gente tá tão de boas e você já fala de rotina. ― Puxo mais o abraço para frisar o que falei para ela. E pensando melhor foi boba a pergunta, já que ela sempre tivera esse cuidado conosco.
― Eu preciso dizer? ― Ela levanta um pouco a sobrancelha e deixa sair um sorrisinho no rosto. Nego com a cabeça e a aperto um pouquinho no abraço.
― Não, não. Quero ficar aqui, no silêncio com você.
― Hm, hm. Eu também quero ficar aqui com você.
📖Unic📖
Merci pour la lecture!
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