felpsofc Felipe R

A obsessão por descobrir a verdade por trás de Elisa e Vicente causou uma morte fatídica nesse livro.


Histoire courte Tout public.

#conto #morte #traição #drama #arma
Histoire courte
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Alguém Morre Nesse Livro


Dia 05 de outubro de 1989, um dia chuvoso em São Paulo. Todos os dias Vicente saia bem cedo de casa, para pegar o primeiro metrô até o outro lado da cidade para chegar ao escritório de advocacia que ficava a alguns minutos do parque Ibirapuera.

Vicente é casado há cerca de 7 anos com Elisa, uma mulher jovem em relação ao bairro em que estão morando, ela tem cabelos curtos e pretos que Vicente poderia passar a noite admirando. Mas a algumas semanas Elisa não era a mesma, os assuntos com ele eram geralmente sobre planos para o futuro como investir em uma casa maior para ter filhos, mas até agora não tiveram essa sorte. Alguns pensamentos e atos estavam invadindo a mente dele de uma possível traição, como algumas roupas jogadas pela casa, móveis fora dos lugares e a cama que geralmente quando eu chegava em casa, alguns travesseiros estavam no chão.


Por muito tempo Vicente perguntava para ela e as respostas geralmente eram desculpas de ‘’sempre estar cansada’’ ou ‘’triste por medo do futuro que acaba descontando nas coisas de casa sem querer’’. Tive medo de ser apenas algo perigoso que atormentava Elisa e por isso não queira compartilhar comigo para não me deixar triste, mas decidi agir pela minha cabeça e contratar um detetive particular que seguisse ela e observará em momentos em que ela estará sozinha.

Não seria difícil achar um detetive, aliás eu tenho um velho e querido conhecido que poderia me ajudar. Peguei o metrô e durante o caminho foi uma luta constante em seguir meu coração, ou confiar nela e deixar isso passar ou seguir minha mente.


Cheguei no escritório, acenei para meus colegas na portaria, peguei o elevador para o segundo andar e segui o corredor direto para minha sala. Sentei na cadeira e respirei fundo para pensar se eu estava certo em fazer isso. E então abri a gaveta e após alguns segundos mexendo na bagunça achei o papel em que estava o telefone de Rômulo.

Rômulo namorava minha irmã mais nova antes da morte dela, eles se amavam mas depois disso nunca mais nos vimos.

Eu não tenho tanta certeza que entenderia a minha situação, mas com um bom pagamento quem não entenderia?.

Disquei o número pessoal do Rômulo e após alguns toques ele me atendeu.

—Alô?

— Oi, Rômulo é Vicente, tudo certo?

— Vi, quanto tempo! Não nos vemos desde a morte da Ana. Mas está tudo certo sim e sua família? Dona Glória melhorou?

Ana é a irmã mais nova e única de Vicente. Os pais deles morreram em um acidente ainda quando Ana era pequena.

Mas Rômulo e ela namoravam antes da morte dela, ela deveria ser o amor da vida dele.


Dona Glória era a mãe de Elisa, uma senhora já de idade e a um tempo atrás foi diagnosticada com diabetes do tipo um.


— Ah ela está bem sim, Domingo fomos a casa dela. E a Marianna?

Mariana é a nova esposa de Rômulo. Uma amiga de Elisa.

— Ótima graças a Deus

— Falando em família, preciso de uma ajuda sua.

— Sou todo ouvidos camarada.

— Estou desconfiado que a Elisa está escondendo algo que não quer me contar, algo muito sério, imagino.

—Sério em que nível?

—Uma traição.

—Poxa Vi, que situação...

Rômulo pensa por alguns segundos e continua.

— Vou dar um jeito aqui nas investigações pendentes de hoje. Mas pode contar comigo

Um cliente bate na porta da sala de Alberto.

— Bom, você deve se lembrar em qual apartamento eu moro. Podemos confirmar o valor depois? Chegou gente aqui.

— Combinado, se cuida!

Um peso foi tirado das costas de Alberto. Após atender alguns clientes sua cabeça já estava completamente distraída desse assunto e quando se deu conta já estava no mesmo metrô voltando para sua casa.

Ao chegar, entrou por sorte sem fazer barulho por aquela porta rangente que precisava de troca das dobradiças. Ouviu um barulho de chuveiro e logo deduziu que Elisa estava no banho.

Vicente passou o resto da noite um pouco mais leve pois em algum momento ele saberia a verdade. Agiu normalmente interagindo com a esposa e perguntando coisas básicas como se viu o novo morador do apartamento N°11 ou se ouviu as notícias no rádio hoje.



Dia 12 de outubro de 1989, uma quarta-feira de sol intenso em São Paulo. Vicente na manhã deste dia recebeu uma carta entregue pela secretária do prédio que o abordou ao cruzar a porta impedindo ele de chegar ao elevador.

Pegou a carta rápido, mas para seu azar o elevador estava em manutenção e teve que subir dois lances de escada. Não era um desafio para ele, mas para alguns colegas mais velhos era.

Ao chegar em sua sala trancou a porta e se sentou. Respirou fundo, pegou aquele pedaço de papel que estava embalado por suas mãos que estavam trêmulas, já tinham se passado alguns dias e Rômulo poderia ter achado alguma pista.

Carta

-Caro Vicente.

Nos últimos dias, eu fiz o possível para investigar de perto.

Em todos os momentos Elisa estava acompanhada de um homem alto, branco e bem vestido por um terno preto de cetim e um chapéu coco cinza. Algo relativamente caro, imagino para um sujeito normal.
Tentei seguir o sujeito mas sem sucesso, te mantenho informado camarada.

-Rômulo’’


Eu estava mais que certo nas minhas teorias, uma parte de mim se recusa a acreditar mas a outra parte está feliz em ter descoberto. Isso tudo poderia ser paranoia minha e ser alguma pessoa conhecida por ela? Sim, mas já que estávamos aqui, tenho que ir até o fim agora.

Vicente passou todas as horas, minutos e segundos pensando nessa carta e em alguns telefonemas que Rômulo ligava para atualizá-lo todos os dias.

Muitas ligações eram "Ontem ela saiu e pegou um táxi" ou "Elisa não saiu de casa".
E Vicente sentia que teria que fazer algo com as mãos. Só que não fazia noção de como, mas talvez Rômulo poderia me ajudar com isso, afinal ele não se importaria de pagar um pouco a mais já que eu estava tão cansado desse teatro que havia sendo alimentado por todos esses dias naquela casa.

Vicente sabia como acabar com essa peça do gênero drama. Apenas um dedo no gatilho e uma bala bem acertada em algum dos órgão como o pulmão e os problemas de Vicente teriam acabado com a certeza de que o seu mundo voltaria a ser normal.


Esses pensamentos não eram comuns em sua cabeça, mas a obsessão era maior que ele.



Dia 14 de outubro de 1989, uma sexta-feira de um tempo nublado. Vicente nesse dia fez algo diferente do que costumava, acordou foi escovar os dentes e se vestiu e partiu pela cozinha dando um beijo na testa de Elisa que o questionou se ia tomar café com ela hoje mas deu a bela desculpa de ‘’Thomas vai se aposentar, vamos fazer um café diferente no serviço hoje, desculpa querida’’.

Ao invés de descer o metrô passou em uma padaria que combinou de se encontrar ontem com Rômulo, ele estava um pouco atrasado e já tinha pedido um café. Decidiu pegar um livro que sempre levava para ler no metrô mas nunca tinha chance de ler. O livro se chama: ‘’Os Males do Trabalho’’ de Julia Blanco. Folheou um pouco o livro até se lembrar onde parou na última leitura.

‘’O homem organizou seus materiais de trabalho na mesa, quase podia sentir tudo voltar ao normal, talvez tudo isso tenha sido um pesadelo’’

Vicente por um momento questionou se o universo tinha mandado esse sinal dizendo que tudo isso era um pesadelo.


Rômulo chegou.


— Perdão pelo atraso, o táxi não tinha trocado em moedas.

— Sem problemas, vai querer algo?

— Não, eu comi antes de vir. Que livro é esse?

— Os Males do Trabalho, é sobre um homem em um dia de esforço remunerado.

— Parece interessante, não me recordo o último livro que li.

— Bom, te chamei aqui para acertar o pagamento e propor algo novo.

— Novo? Em que furada você quer entrar agora?

— Morte a esse sujeito.

— Que? Como assim Vicente? Nós nem sabemos quem ele é

— Esse não é seu trabalho?

— Não sou vidente ou algo do gênero, eu apenas investigo.


Vicente dá uma pausa e dá um gole em seu café que já estava frio.


— Bom, aqui está seu pagamento.

Vicente tira algumas notas grandes em seu bolso.

— Se você não quer, tem quem queira

— Tá Vicente, eu te ajudo oque você quer que eu faça?

— Quero que você atire nele assim que entrar no meu apartamento.

— E o que eu faço depois?

— Fuja para o outro lado de São Paulo.

— E aonde você vai estar?

— Onde os ventos me levarem.

— Assim você não ajuda né.

— Quando eu chegar Elisa vai estar não vai conseguir me explicar absolutamente nada. Assim espero.

— Saiba que só vou aceitar isso pela minha situação agora. Então da próxima vez que eu ver ele?

— De preferência meu caro amigo.

- Última vez que faço algo para você.


Rômulo levanta da mesa pegando o dinheiro com uma certa pressa de sair dali o mais rápido que poderia.

Tudo já estava pronto para o dia fatídico. E ele para a alegria de alguns chegou.



Dia 15 de outubro de 1989, uma sexta-feira de um clima chuvoso e melancólico.

E é nesse dia que eu entro nessa história. Ás 14:30 um homem coberto por uma roupa preta dos pés a cabeça bateu na porta da minha casa alegando ser da dedetização, isso deveria ser coisa do meu marido, Vicente.

Vicente é o homem da minha vida, e nestes últimos dias ele tem se vestido melhor, tem sido mais participante da minha vida. Eu arriscaria dizer que estamos em um momento feliz do nosso casamento.

Mas naquele dia, essa felicidade foi de 10 a 100 em uma mísera fração de segundos.

Aquele cara empurrou a porta fazendo ela ranger alto e puxando seus materiais em uma mala que aparentava estar pesada, moveu essa mala para todos os lados da casa dizendo que estava "procurando as pestes".

Não o questionei afinal se o porteiro deixou ele subir pelo prédio, deveria saber o que estava fazendo.

Mas nem tudo eram flores. Ele foi até a sala aonde meu marido estava, Vicente estava em uma poltrona de costas a ele assistindo a Televisão.
Rômulo colocou sua mala vermelha de rodas atrás da poltrona e se ajoelhou fazendo um movimento para abrir uma parte do zíper. Abriu, respirou fundo e pegou a arma em suas mãos se levantando e apontando para a cabeça de Vicente, já com o dedo no seu gatilho

Até que eu grito e esse cara olha para mim. O momento perfeito para que Vicente levanta-se para dar um golpe com um pedaço de tora de madeira o nocauteando.

A verdade era que Vicente e Elisa armaram tudo isso para atrair Rômulo para confessar a verdade sobre a morte de Ana.

Ele sabia, afinal ele era investigador, ele com certeza sabia de algo. A arma que ele trouxe, ficou no chão até que Vicente pegasse ela em suas mãos.

Rômulo depois de alguns minutos inconsciente acordou e foi interrogado.

— O que está acontecendo? — Disse Rômulo se levantando do chão.

— Você sabe muito bem meu camarada , Queremos saber da Ana— Disse Vicente o pegando pelos cabelos com sua mão esquerda e o tacando em direção ao sofá.

A morte de Ana era um mistério, ninguém sabia se ela estava morta ou desaparecida.

Ou se ela já existiu.

— Eu não sei de nada — Disse Rômulo ainda meio inconsciente tentando se levantar.

— Qual foi a última coisa que você fez com ela então?

— Aquilo que qualquer homem faria — Disse Rômulo com um sorriso bobo seu rosto.

Nesse momento o gatilho foi pressionado. E meu caro leitor, a única coisa que posso te afirmar é que alguém morreu.

20 Janvier 2022 22:38 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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