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Quatorze anos haviam se passado desde o início da carreira do BTS e, dessa vez, não houve renovação de contrato. Após uma decisão coletiva, cada um seguiu seu rumo e deixou o apartamento que dividiam, e Jimin era o único que havia postergado o máximo possível sua saída. Mesmo assim, o momento inevitável chegou. Em meio às suas várias caixas de mudança, um gravador de voz antigo repousava entre suas coisas, com seu nome escrito nele. Sem saber o que era aquilo, Jimin deixou sua curiosidade vencer e se permitiu ouvir um dos áudios. Ele só não esperava que aquilo pudesse mudar sua relação com Yoongi para sempre.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Déconseillé aux moins de 13 ans.

#namjoon #alcool #yoonmin #yoongi #universo-real #suji #sugamin #minmin #minimini #jimin #Gravador-De-Voz #Friend-To-Lovers #clichê #Bangtan-Boys-BTS #amor-verdadeiro #amigos-a-amantes #2minpjct #2min #boyslove #boyxboy #btsfanfic #btsfic #gay #romance-gay #sujim #yaoi
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I've always loved you

Escrito por: @YinLua

Notas iniciais: Olá, eu sou a Yin! Sejam bem-vindes a When it's real, love never really goes away.

Queria agradecer primeiramente à @minie_swag, que me ajudou demais com todas as datas e fatos certinhos que eu usei pra montar a historinha deles; sem você, amiga, não teria conseguido. Ela também foi a responsável por essa história ser finalizada, então... agradeçam a (ou xinguem) ela!!

Obrigada também à @mimi2320ls | @bebeh1320alsey pela betagem super fofa e maravilhosa, e à @Hwasaaya | @pkmin pela paciência e pela capa fofa.

Por fim... Boa leitura! Espero que gostem.


~~~~

Um.

Dois.

Três soluços.

Jimin não aguentava mais chorar, mesmo que soubesse que era um pouco irracional. Ele não tinha medo de mudanças, não receava em deixar aquele lugar para trás, mas… o aperto em seu peito não o deixava mentir: ele sentiria falta daquele lugar. As lágrimas escorriam por seu rosto, cada uma representando uma memória querida que havia criado ali, junto a seus amigos ao longo dos anos. Eles tinham construído um belíssimo lar naquele ambiente, e ele estava fechando aquele capítulo de sua vida.

Os sete tinham decidido em conjunto, no ano anterior, que não renovariam o contrato. O BTS já havia existido por treze anos até então, eles já tinham atingido o pico de seu sucesso e dado tudo de si no palco inúmeras vezes — até quando não podiam e não tinham plateia, por conta do vírus que se disseminou por todo o mundo —; agora, eles tinham outros desejos.

Hoseok queria viajar pelo mundo, a fim de buscar novos talentos para treinar. Mesmo deixando o mundo do estrelato, ele não queria abandonar a dança, essa era uma das oportunidades que havia surgido. Já Namjoon — o ex-líder —, queria aquietar na casa no campo que havia comprado e formar uma família com a moça que namorava há anos; ele estava mais do que empolgado para ser pai, agora que não tinha mais a responsabilidade de ser um ídolo global.

Por outro lado, Taehyung e Jungkook estavam extremamente felizes em finalmente poder assumir o relacionamento de anos dos dois. Não era algo recente, mas também não era algo tão antigo quanto os fãs imaginavam: eles namoravam há seis anos, tinham se aproximado bastante durante a pandemia, mais do que já eram próximos antes, e os sentimentos que tinham um pelo outro afloraram de tal forma que foi impossível para os dois guardarem para si.

Eles conversaram entre si e com o resto do grupo, pedindo permissão para começarem um relacionamento — porque, querendo ou não, seria algo que poderia afetar a carreira de todos —, e, depois de muito ponderar, todos entraram em um acordo: a felicidade dos membros era mais importante. Assim, eles passaram os últimos anos tentando ao máximo esconder seu relacionamento dos jornalistas, e agora finalmente estavam livres.

Feliz também estava Seokjin, que podia, enfim, atuar como sempre quis. Sua agenda nunca coincidia com os convites que recebia para atuar, então seu sonho sempre ficava para trás, entretanto, assim que o encerramento do grupo foi decidido, ele pediu para o manager entrar em contato com alguns diretores em seu nome para verificar se haveria opções para quando sua agenda liberasse. Mal encerraram o grupo, e Seokjin já tinha escolhido o primeiro dorama para participar.

Enquanto Seokjin voltava às telas, dessa vez como ator, Yoongi, por sua vez, havia escolhido abrir um restaurante em sua cidade natal. O mais velho ainda queria escrever músicas ou produzir melodias, porém, sem o grupo, não sentia mais vontade de se apresentar nos palcos. Tinha desenvolvido uma paixão por dança e canto, sempre disposto a aprender coisas novas, porém, nos últimos anos — especialmente após a pandemia, que tinha lhe dado mais tempo livre do que gostaria —, Yoongi percebeu que realmente adorava cozinhar e o quanto aquilo o relaxava. Agora, aposentado dos palcos, preferia fazer comidas saborosas.

Mais uma lágrima escorreu e um soluço escapou enquanto pensava em Yoongi, de frente para o antigo quarto de Yoongi e Seokjin. Todos já haviam se mudado do dormitório deles, Jimin era o único que havia postergado o máximo possível aquela situação. Ver o lugar assim, vazio, sem a vida que o grupo trazia para o lugar… era solitário, melancólico. E o lembrava que, em poucos minutos, ele estaria deixando aquele lugar também.

Há semanas, o apartamento estava lotado de caixas, totalmente desarrumado, cada um escolhendo o que queria levar para o próximo capítulo de sua vida. Jimin não iria mentir, ele mesmo não sabia o que guardar ou o que jogar fora, apenas coletou todos os seus itens preferidos e, ainda, alguns que nem se lembrava que existia, como um objeto com seu nome que estava na caixa em suas mãos. Já tinha um apartamento próprio há anos, pelo menos isso.

Deixou o quarto de seus hyungs, caminhando para a sala de estar. Ele ainda se lembrava de todos os momentos especiais ali; de se divertir nas noites de filme, dos segredos contados, dos toques que tinha roubado em meio a risadas daquele que considerava mais que um amigo, até da reunião tensa de quando Taehyung e Jungkook pediram para ficar juntos. Nem todos os momentos entre eles haviam sido bons ou felizes; as personalidades diferentes sempre se chocavam, mas bastavam uns minutos fora de casa, dando as mãos um para o outro, que ficavam bem.

Uma parte de mim vai ficar aqui, pensou com um sorriso molhado. Fungou um pouco e tirou alguns segundos para se recompor, colocando a caixa no chão para limpar o rosto. Já havia passado tempo demais ali, o pessoal da mudança estava o esperando do lado de fora — já que tinha pedido uns minutos para se despedir — e ele precisava ir. Seu — nem tão novo assim — apartamento estava o esperando.

Com a cabeça erguida, os olhos um pouco inchados e o nariz vermelho, Jimin se encaminhou para fora do prédio onde havia passado boa parte de sua juventude. Ele não deveria chorar, já tinha trinta e dois anos, porém era inevitável. Pelo menos não havia fotógrafos nem repórteres espiando, Sihyuk havia feito questão de manter sua privacidade, assim como a dos outros quando se mudaram.

Além disso, estava em uma de suas melhores roupas. Sua vida nova começaria em muito grande estilo, obrigado.

[...]

A verdade era que Jimin estava sendo um pouco dramático e sentimental demais. Não muito, mas o suficiente para que a distância até sua nova casa parecesse gigantesca, quando, na verdade, era apenas alguns blocos adiante, no fundo do condomínio. Não só ele, mas alguns de seus amigos também haviam comprado apartamentos ali — aquilo garantiria que ainda estivessem próximos —, porém não era a mesma coisa.

Assistiu com uma mistura de animação e tristeza as pessoas entrando e saindo de seu novo lar, carregando inúmeros móveis desmontados e caixas muito bem fechadas. Ele também ajudava, pegando algumas coisas e subindo no elevador de serviço do prédio, mesmo que isso o obrigasse a ver seu reflexo choroso.

Demorou poucas horas para que tudo estivesse no apartamento, já que a maioria já estava o esperando do lado de fora do prédio quando chegou. Sentiu-se envergonhado ao saltar do caminhão de mudança e encontrar mais alguns à sua espera, porque só tinha uma cópia da chave e preferia estar presente para que a mudança fosse feita, porém não se deixou abater, guiando-os para dentro com uma caixa na mão até que várias caixas de diversos tamanhos estivessem espalhadas pelo lugar.

Pelo menos tinha contratado montadores de móveis para auxiliar na mudança; eles desmontaram os que tinha escolhido levar e, enquanto o apartamento se enchia com mais e mais caixas, montaram todos novamente, no lugar apontado por Jimin. Então, felizmente, Jimin teria onde dormir naquela noite.

À noite, já cansado e cercado por desorganização, Jimin sentou-se no sofá posicionado de qualquer jeito na sala de estar enorme. A televisão já estava posicionada e ligada, porém seu som entrava por um ouvido e saía por outro enquanto Jimin mexia em seu celular. Um pequeno sorriso de saudade adornava seus lábios, e uma taça de vinho se encarregava de pintá-los.


Eternal Global Sensations


Moni do meu Mini [18/5 23:26]: Como foi a mudança, Jiminie?

Moni do meu Mini [18/5 23:26]: Desculpe não estar aí hoje, mas amanhã posso aparecer pra te ajudar a arrumar as coisas

Hobi hobi [18/5 23:27]: Desculpa também :(

Hobi hobi [18/5 23:27]: Assim que eu voltar pra Coreia, vou fazer questão de ser o seu primeiro hóspede!!!

Jiminie [18/5 23:27]: Hahahaha

Jiminie [18/5 23:28]: Tudo bem, gente, eu entendo

Hobi hobi [18/5 23:28]: Não acredito que não somos mais colegas de quarto :(((

Jiminie [18/5 23:28]: Eu também :c

Jiminie [18/5 23:28]: Já sinto saudades

Jiminie [18/5 23:29]: Joonie, se você tiver livre, vem sim

Jiminie [18/5 23:29]: O apartamento tá cheio de caixas, parece impossível andar por aqui


Ainda sorrindo um pouco, Jimin se aconchegou melhor no sofá gigante e levou a taça aos lábios pela última vez naquela noite. O álcool o esquentava de dentro para fora, em conjunto com os sentimentos conflituosos; como naquela manhã, sentia-se cheio de saudades, do apartamento, dos integrantes, de seus melhores amigos, dos shows… Contudo, relaxado no sofá em plena quarta-feira à noite, sem qualquer agendamento para o dia seguinte e com bastante tempo livre para planejar o que fazer adiante, Jimin se sentia… bem. Contente.

Ele estava aprendendo a amar aquela realidade, mesmo que antigamente achasse que não seria capaz de viver longe do palco. Definitivamente era algo que Jimin estava adorando descobrir sobre si mesmo.

O único lado ruim era olhar ao redor e estar cercado por solidão, mas talvez ele pudesse dar um jeito nisso eventualmente. Um animalzinho, quem sabe? Ou uma companhia… Ele sentia falta de braços — tantos finos e delicados, quanto firmes e musculosos — ao seu redor, segurando-o durante momentos íntimos e lhe mantendo com os pés no chão — para logo depois fazer com que se sentisse nas nuvens, de uma forma diferente do que os shows lhe proporcionavam. Talvez devesse procurar alguém para amar.

Suspirando baixinho, Jimin puxou o cobertor macio para mais perto de seu corpo. A quem estava querendo enganar? Sabia que seu coração ainda era preenchido por apenas uma pessoa, que sequer sabia de seus sentimentos e, muito menos, o correspondia. Já fazia anos, mais de uma década, que alguém havia roubado seus pensamentos e tomado conta de suas emoções mais puras, e nunca, mesmo quando tudo que Jimin queria era esquecê-lo para ser feliz, nunca havia conseguido fazer com que seu coração desistisse de seu hyung.

Mesmo quando ficava ou namorava com outras pessoas, seu coração não ousou se contentar com outra pessoa que não fosse Min Yoongi. Quer dizer, Jimin até entendia; Yoongi-hyung era simplesmente perfeito, um gênio entre pessoas afortunadas, extremamente sincero e com o coração maior que o mundo, sempre disposto a ajudar e tomar para si as responsabilidades de todos. Isso sem contar seu sorriso, que era o mais belo do mundo, e suas palavras — que nem sempre eram doces, mas definitivamente eram bem pensadas para não machucar os outros.

Jimin não acreditava em auras, almas ou o que fosse; mas, certamente, diria que Min Yoongi tinha a aura mais pura que Jimin já havia visto. Ele era seu modelo, alguém que Jimin gostaria de ser, que ele admiraria até o fim de seus dias por todo o incentivo, todo o cuidado e todo o amor que Yoongi transmitia nas pequenas ações.

Por Deus, o menor nunca se esqueceria de quando estava prestes a desistir, a abandonar seu sonho, por diversas complicações que nem deveriam ser mencionadas, e o mais velho sentou com ele — mesmo que sem olhar em seus olhos, com vergonha —, segurou sua mão levemente e disse que não queria que desistisse. Que eles poderiam enfrentar aquilo juntos, que o grupo não seria o mesmo sem ele, e que, se mesmo assim Jimin não quisesse continuar naquele momento, então ele daria todo o apoio necessário para que o mais novo melhorasse e tentasse novamente mais tarde, sem desistir de seu sonho.

Tinha sido uma conversa difícil, que tinha evoluído para muitas lágrimas e abraços, mas era uma lembrança importante. Ele sentia, naquele momento, os lábios de Yoongi pressionados um contra o outro em um quase sorriso e sua mão fazendo um carinho leve em suas costas, como um consolo — e tudo isso o fez se sentir muito amado. Querido. Como a única peça possível que se encaixava no quebra-cabeças daquele momento, do BTS, de sua vida.

Ele sabia que Yoongi não o amava romanticamente, como queria, mas foi o bastante naquele momento.

Pensar naquela fase de sua vida era difícil. Mesmo assim, Jimin não desistiu, como é possível imaginar — afinal, ele teve quatorze anos de carreira no BTS, ao lado dos outros. E não se arrependia nem um pouco.

Com o coração remoendo de saudades, Jimin ignorou a sonolência e se levantou, dispondo-se a revirar as diversas caixas em busca de seu álbum de fotos preferido. Queria relembrar mais um pouco dos momentos bons e ruins que teve ao lado de seus melhores amigos — e, quem sabe, achar uma fotinho de seu hyung preferido perdida por aí. Contudo, não achou o álbum: parou sua busca quando visualizou um objeto distinto, com um papel escrito “Jimin” por cima de sua tampa, preso ao aparelho por fita adesiva.

Lembrava-se claramente de ter posto aquele objeto em meio às suas coisas naquele mesmo dia, mais cedo, apenas porque tinha seu nome nele, mas a verdade era que não fazia ideia do que era aquilo. Naquele momento, sua curiosidade foi maior que sua saudade, e Jimin abandonou a busca pelo álbum de fotos a fim de descobrir mais sobre o misterioso aparelho.

— O que é isso...? — sussurrou para si mesmo, em meio àquele enorme apartamento.

Virando o objeto de frente, Jimin encontrou alguns botões e um visor que não parecia muito recente, além da frase “Handy Recorder” gravada na parte inferior. Além disso, havia o que, antenas? No topo do aparelho, de cor prateada, ambas inclinadas em direção ao centro. Porém, olhando melhor, eram microfones! Era um gravador de voz antigo, de mão.

Como um bom curioso, virou o objeto de novo, dessa vez, para observar os cantos; como imaginava, também tinham novos botões ali, e um deles estava com o símbolo de ligar e desligar. Arrastou o botão para aquela direção, mas nada aconteceu. Franziu as sobrancelhas levemente, olhando atentamente a chavezinha que tinha o símbolo de ligar. Seus olhos desceram, encontrando a tampa de onde provavelmente ficava a bateria ou as pilhas, e uma lâmpada se acendeu acima de sua cabeça. É claro! Se fosse algo velho, como imaginava, provavelmente estava sem bateria há séculos. Por via das dúvidas, abriu a tampa apenas para comprovar a falta de pilhas.

Então, foi até o sofá, roubando o controle remoto da televisão. Seu plano era óbvio: pegar as pilhas do controle e colocar no gravador. Não demorou muito para fazê-lo, ligando o aparelho de vez.

Sem hesitar, apertou o botão de play, ansiando pelo que viria a seguir.

Uma gravação de dez minutos começou, pelo que dizia o visor, porém sem qualquer informação de data. Dizia, no entanto, que aquela era a primeira de 172 gravações, o que surpreendeu Jimin. Em poucos segundos, então, uma voz conhecida começou a soar:

“Hm…” A pessoa pigarreou, parecendo incerta. “Olá? Eu não sei muito bem como começar isso, mas vamos lá, não é mesmo?” Riu sem graça. “Meu Deus, o que ‘tô fazendo? Alí, nem eu mesmo ‘tô acreditando.”

Jimin arqueou a sobrancelha, sua mente, já um pouco preguiçosa por conta do vinho, tentando acompanhar as palavras envergonhadas de seu hyung favorito.

“Hoje é dia 11 de abril de 2014, às 22h34”, ele fez uma pausa, parando para pensar por um segundo. “Me sinto fazendo um log.” Sua risada soou levemente. “Bem… Sou o Yoongi, Min Yoongi, e estou gravando isso porque eu precisava falar alguma coisa, mas definitivamente ninguém pode ouvir o que eu vou dizer agora. É por isso que ‘tô no estúdio a essa hora da noite, mesmo depois de ter terminado de treinar por hoje.”

Um silêncio se fez presente, como se Yoongi estivesse catando todos os resquícios de coragem que tinha dentro de si. Jimin não tinha a menor ideia do que ele ia dizer.

“Eu acho que ‘tô apaixonado pelo Jimin”, sussurrou ele, o barulho de sua respiração fazendo um leve chiado na gravação.

Jimin arregalou os olhos, sentindo seu coração disparar em seu peito. Ele tinha ouvido certo? Jimin? Tipo, O Jimin? Apaixonado por mim?! Impossível.

"E-eu…", uma breve pausa se seguiu, porém Yoongi logo tornou a falar: "Eu gosto de estar perto dele. Quando ele estava fazendo carinho no meu cabelo mais cedo, meu coração parecia que ia sair pela boca! Não aguentei muito tempo, precisei inventar que tinha trabalho 'pra fazer e saí correndo."

O coração de Jimin se acelerou ao ouvir aquelas palavras, e sua mente tornou a buscar na memória quando aquilo poderia ter acontecido. Abril de 2014… Tanto tempo assim? Suas sobrancelhas se franziram levemente, uma demonstração de tristeza pelo que poderiam ter feito acontecer.

Eu também gostava de você, hyung… Só não sabia disso ainda.

"Vim direto 'pro estúdio e, assim que abri o celular, vi que ele postou uma foto nossa no Twitter, comigo tentando jogar no celular enquanto ele fazia cafuné em mim. Eu nem sequer estava conseguindo me concentrar! Isso sem contar a risada dele quando eu perdia. Praticamente tortura, é isso. Park Jimin, você deveria ser preso!"

Jimin arregalou os olhos, uma risada nascendo em sua garganta pelas palavras de seu hyung. Ele já havia ouvido coisas semelhantes de seus fãs, mas certamente escutar isso vindo de Yoongi era muito melhor — e divertido. Ele mal podia esperar para encontrá-lo!

Mais uns chiados foram ouvidos na gravação, como se Yoongi tivesse pego o gravador sem muita delicadeza.

"Eu sou um desastre…", foi a última coisa que ouviu antes da gravação terminar e todos os ruídos sumirem.

Só isso?! Como assim? Era uma gravação de 2014 e Yoongi tinha acabado de dizer que achava estar apaixonado por ele, não é possível que tivesse acabado assim, tão abruptamente.

Os pensamentos de Jimin estavam um caos, ele não sabia o que pensar, o que imaginar ou o que considerar. Afinal, Yoongi tinha dito que achava, não que tinha certeza. Ele poderia ter se enganado, certo? Seu coração ficou triste apenas com essa possibilidade; Jimin passou a mão em seu peito para aliviar o frio que tinha se instaurado ali.

Outra possibilidade é que… ele tenha se apaixonado naquela época, mas não goste de Jimin agora. Não romanticamente. Não depois de tantos anos. Doze anos haviam se passado, e sentimentos mudam, certo? Eles não são inabaláveis ou imutáveis. Jimin sabia disso, mesmo que fosse apaixonado por Yoongi há mais de dez anos.

Mordendo o lábio, ele olhou novamente para o gravador de voz. Depois de escutar a gravação, ele finalmente entendeu por que seu nome estava no objeto. Provavelmente era como um diário em áudio, como uma versão privada e sentimental dos logs que eles costumavam fazer quando eram mais novos.

Jimin não deveria estar ouvindo aquilo.

Ele tinha certeza absoluta que Yoongi não gostaria que ouvisse aquilo. Era pessoal, representavam os — possíveis — sentimentos de Yoongi por si, era a forma de desabafar que seu hyung havia encontrado.

Contudo, ainda assim, ele não pôde deixar de se perguntar… Por quê? Se Yoongi gostava dele, por que ele não falou nada? Ele ainda se lembrava de como adorava passar um tempo com Yoongi, seja jogando jogos online, saindo para ver as estrelas ou simplesmente beber uns copos de vinho enquanto jogavam assunto fora. E, em nenhuma dessas vezes, Jimin notou algo diferente. Um olhar a mais, desejoso, carinhoso, apaixonado… Nada disso. Então… por quê?

Respirando fundo, ele levantou um pouco, deixando o gravador em cima da mesa da sala. Precisava de tempo. Ele já havia invadido — sem querer — a privacidade daquele que amava, não seria certo fazer isso novamente, mesmo que quisesse respostas.

— Desculpa, Yoongi-hyung… — pediu ao vento, esperando que suas palavras pudessem lavar a culpa e a fome de respostas que se instalavam em seu coração.

Pelo menos… aquilo poderia ser uma fonte de esperança. Talvez estivesse na hora de visitar Yoongi mais uma vez em sua casa nova.

O mais velho havia comprado uma casa em um lugar mais afastado, cercado por árvores e um jardim lindo; a terra era fértil, e Jimin sabia que o outro poderia plantar algo caso desejasse. Ainda assim, o que era grande era o terreno — a parte construída mesmo ocupava apenas uma pequena região do lugar.

Com três andares, sendo o terraço aberto para que Yoongi pudesse ver as estrelas quando quisesse, os dois primeiros não eram tão grandes, dividindo-se entre o quarto principal, alguns poucos quartos de hóspedes — em consideração aos membros do grupo —, sala, cozinha, banheiro, um estúdio e um pequeno ateliê de pintura.

Mesmo tendo bastante cômodos, eles eram divididos bem o suficiente para que o lugar fosse menor que o — antigo — apartamento deles e, ainda assim, exalasse conforto. Certamente era maior que a residência de muitas pessoas, porém… ainda era pequena para quem era extremamente rico como eles. Ele se lembrava vagamente de quando Yoongi comentou que queria um lugar menor, porque, quando se tem casas muito grandes e apenas um morador, se torna muito solitário.

Pensando nisso e olhando ao redor, Jimin pensou que gostaria muito de fazer companhia a seu hyung. Não no dia seguinte, porque iria receber Namjoon e sua ajuda para arrumar o apartamento, mas em breve. Ele… precisava de respostas.

Seu olhar caiu novamente sobre o gravador de voz na mesa antes de, com o coração acelerado e cheio de expectativas, se dirigir para o quarto, onde um colchão macio o esperava no belo piso de porcelanato.

Estava feliz, ansioso, nervoso… com medo. Suas emoções se misturavam e criavam um frio de nervoso em seu estômago, um rubor em suas bochechas e pequenas lágrimas em seus olhos; mas ali, naquele momento, nada Jimin poderia fazer. Não adiantaria ceder à tentação e mandar mensagens para seu hyung em busca de respostas, aquele não era um assunto que deveria ser conversado por telefone. E, ainda, muitos anos haviam se passado, Yoongi provavelmente não sentia mais o mesmo.

Assim, deitando-se lentamente, letárgico pelo sono e pela bebida e com os pensamentos a mil, deixou-se cair no mundo dos sonhos, vencido pelo cansaço, mesmo que aquele fosse apenas um convite para que Min Yoongi invadisse seus sonhos sem dó nem piedade.


[...]


No dia seguinte, Jimin foi acordado pelo som da campainha. Ele nem sequer se deu ao trabalho de olhar a si mesmo pelo espelho; só poderia ser uma pessoa: Namjoon, a mesma pessoa com quem havia dividido um lar durante quase vinte anos. Encaminhou-se para a porta e a abriu enquanto um bocejo deixava seus lábios.

— Bom dia — Namjoon desejou com um pequeno sorriso no rosto.

— Bom dia, Joon. — Deu um passo para o lado, sinalizando para que o mais velho entrasse. — Eu até pediria desculpas pela bagunça, mas…

— É, eu sei. — Namjoon soltou uma risada curta. — Não se preocupe, 'tô aqui 'pra isso, lembra?

— Eu sei. — Jimin acenou brevemente, indicando o sofá. — Quer alguma coisa? Não comprei comida ainda, mas podemos pedir online.

Namjoon foi em direção ao sofá, sentando-se no espaço livre que havia ali. Olhou brevemente a taça de vinho vazia que permanecia em cima da mesa de centro, junto a um gravador de voz, porém voltou seu olhar para o mais novo.

— Sem problemas, já tomei café da manhã, obrigado.

— Ah, ok. — Jimin bocejou novamente e coçou a nuca, um pouco envergonhado pela recepção. — Eu vou só… trocar de roupa e escovar os dentes, e aí a gente pode começar a arrumar tudo, ok? Enquanto isso… — Jimin passou seus olhos pela bagunça que os esperava. — Sinta-se em casa.

— Pode deixar.

Depois de soltar um sorriso para o antigo líder, Jimin correu para seu quarto. Disse que ia trocar de roupa e escovar os dentes, mas a verdade é que ainda tinha que procurar as caixas que continham tudo aquilo. O colchão no qual tinha dormido na noite anterior estava completamente rodeado por caixas de papelão cheias, perderia alguns minutos ali.

Enquanto passava de caixa em caixa, abrindo-as e verificando seu conteúdo, sua mente trazia à tona o que havia ouvido na noite anterior. Suspirando, seu coração entristeceu; ele não deveria ter escutado a gravação, deveria ter pausado assim que a voz de Yoongi havia soado pela primeira vez — e, ainda assim, seu coração questionava se os sentimentos de Yoongi por si eram verdadeiros. Se ainda existiam.

Em meio a pensamentos e dúvidas, finalmente encontrou o que procurava. As caixas que guardavam suas roupas estavam todas juntas — já que eram roupas demais para uma caixa só — e Jimin demorou mais alguns minutos para encontrar roupas que servissem para arrumar a casa. Algo simples e confortável era o suficiente, mas as pilhas de vestimentas caras se acumulavam.

Quando finalmente pescou uma camiseta branca e uma bermuda de moletom, já haviam se passado belos minutos desde que havia deixado Namjoon sozinho na sala. Isso deveria preocupá-lo, já que o mais velho costumava ser bem desastrado, mas o outro se tornou um pouco mais cuidadoso ao longo do tempo, então não havia realmente com o que ficar receoso.

Com calma, colocou as peças que havia selecionado. Depois, voltou a procurar onde raios estava sua escova de dente. Felizmente, faltavam poucas caixas para inspecionar, então não demorou tanto. Após escovar os dentes e lavar o rosto, seus pés o levaram de volta para a sala de estar.

A visão que encontrou não foi a de um Namjoon sentado, esperando por ele enquanto lia algo no celular; pelo contrário, seus olhos se depararam com o ex-líder já com uma faca na mão, abrindo diversas caixas. Arqueou as sobrancelhas de leve, aproximando-se do mais velho, mas sorriu levemente, um pouco sem jeito.

— Desculpa a demora, foi difícil achar as coisas no meio dessa bagunça.

Namjoon levantou os olhos para si, sorrindo também. Naquele momento, em que algumas rugas começavam a se formar no canto dos olhos de seu amigo, Jimin percebeu quanto tempo havia se passado desde que sua vida realmente tinha começado.

— Não tem problema, eu só resolvi começar enquanto você se arrumava — disse, voltando a abrir a caixa que tinha em mãos.

Depois disso, deu-se por satisfeito, levantando-se.

— Bem, já podemos começar a colocar algumas coisas no lugar. Você pode arrumar a decoração enquanto eu reposiciono as caixas, arrasto as coisas e tals.

— Pode ser. Obrigado, Joon.

Seguindo as instruções, Jimin se encaminhou para as caixas já abertas e começou a trabalhar.

Namjoon já havia aberto a caixa que tinha os talheres, então os pegou e os levou para a cozinha. Colocou-os em uma das gavetas que estava livre e voltou para a sala. Ainda naquela mesma caixa, estavam alguns utensílios de cozinha, que Jimin prontamente guardou.

Seguiram nesse ritmo por muitas horas, com Namjoon abrindo as caixas, ajudando Jimin a reposicioná-las para liberar espaço e aproveitando para limpar alguns objetos. Já Jimin, estava encarregado de arrumar tudo do seu jeito, também limpando o que precisava.

Fizeram uma pausa apenas para almoçar. A comida? Pediram por aplicativo.

Estava sendo cansativo, porém extremamente satisfatório. Aos poucos, a bagunça começava a diminuir e o lugar que Jimin havia comprado tomava forma; o brilho do sol diminuía, trazendo a necessidade de iluminação artificial; uma música qualquer tocava na Smart TV, algumas coreanas, algumas estrangeiras, porém eram todas trilhas sonoras do trabalho que estava sendo arrumar tudo aquilo.

Em um momento, entretido com a música e usando uma vassoura como um longo e fino microfone de madeira, Namjoon esbarrou na mesa de centro, derrubando o gravador de voz, que caiu no chão, batendo duas vezes antes de pousar com "Jimin" para cima — felizmente, Jimin já havia lavado e guardado a taça de vinho.

— Ah! Desc…

No mesmo instante, uma voz conhecida começou a soar, fazendo com que Namjoon se calasse imediatamente.

"Ah… Eu não sei nem mais o que eu 'tô fazendo." Uma risada seca escapou dos lábios de Yoongi durante a gravação ."Hoje é dia 17 de agosto de 2017. Eu dei de novo a desculpa de que tinha trabalho pra fazer no estúdio, mas a verdade… a verdade é que… eu desisto."

Um silêncio se instaurou na gravação; em contrapartida, o coração de Jimin já estava acelerado de tão nervoso que ele havia ficado em questão de segundos. Além disso, sua mente estava um caos. Desistir? Desistir do quê? Não era possível que ele estava falando de…

"Eu acho que finalmente aceitei que nunca vai acontecer um 'nós'. Não do jeito que eu gostaria. Eu sinto que uma parte de mim se perde quando vejo Jiminie…", uma pequena pausa foi feita, Yoongi fungou enquanto isso; triste e solitário, "Jimin envolvido com outra pessoa."

Namjoon se virou para Jimin, porém apenas o viu parado, olhando em choque para o gravador. Ele tinha noção dos sentimentos do mais velho, conseguia perceber em seu olhar há muito tempo, mas nunca se intrometeu, porque Yoongi sempre pareceu ter tudo sobre controle. Franzindo a sobrancelha, ele se perguntou se era a primeira vez que Jimin ouvia sobre isso.

"Eu os vi, sabe? Eu vi Jimin e Taemin nas escadas do KBS Music Bank, em agosto." Jimin ofegou, levando sua mão direita aos lábios, cobrindo-os. Ao mesmo tempo, seus olhos se arregalaram, mas nada viam além do gravador de voz caído ao chão. "Vi com meus próprios olhos quando os dois se beijaram, quando Jimin abraçou Taemin diferente de como abraça a gente, os melhores amigos dele. Eu vi, e parecia que uma parte da minha alma tinha saído do meu corpo."

Sem que Jimin percebesse, seus olhos começaram a lacrimejar e uma sensação fria, arrepiante, começou a tomar conta de seu corpo. Yoongi tinha visto… Ele realmente tinha visto a primeira vez que havia ficado com Taemin? Meu Deus! Não era para ninguém ter visto, muito menos… a pessoa que amava.

Ainda se lembrava daquele dia, vagamente, mas se recordava bem o suficiente para saber que aquele momento havia começado com uma conversa sobre seus sentimentos por Yoongi. Taemin, observador como sempre, o questionou sobre, e Jimin admitiu que gostava mais do seu hyung do que deveria, mas que precisava esquecê-lo.

No momento em que seus lábios tocaram os de Taemin, seu coração brigou consigo, mas a sensação havia sido boa demais para parar. Afinal, por que parar se o objetivo era justamente esquecer Yoongi? Deixar para trás todos e quaisquer vontades, desejos e sentimentos que não fossem fraternais. Porém, quando isso voltou a se repetir… Jimin entendeu que não seria assim que ficaria livre.

"Mesmo assim, eu quis acreditar que seria algo passageiro. Talvez ele estivesse explorando, entende? Porque ele é tão novo, tão jovem… Ainda que eu soubesse que nunca teria uma chance, eu escolhi pensar que não significava nada. Mas, significava."

A voz de Yoongi se tornava cada vez mais molhada, resultado do choro que ele tentava a todo custo conter, porém falhava. Naquele momento, Jimin já chorava junto ao Yoongi da gravação.

"Vazaram umas fotos do Jimin e do Taemin juntos de novo. Dessa vez, eles estavam numa cafeteria, acho, e… e Jimin nunca disse 'pra gente que iria sair pra se encontrar com o Taemin, e ele sempre comenta esse tipo de coisa. Se não fosse 'pra repetir o que eu vi naquele dia, que outro motivo teria 'pra não nos contar?"

Jimin, sem perceber, deixou-se cair ao chão, sem saber o que fazer, sem qualquer reação. Era verdade. Meu Deus, era verdade, ele realmente tinha se encontrado com o Taemin para sexo. Eles marcaram aquela cafeteria como ponto de encontro e, se tudo desse certo e os dois sentissem vontade, iriam para um lugar mais discreto, onde idols iam para esse mesmo propósito.

Como pôde ser tão ingênuo? Memórias passaram por sua mente, lembrando-o sobre como Yoongi parecia triste naquela época, evitando-o como o Diabo foge da cruz. Ele achava que era apenas cansaço ou que havia ocorrido algum problema que o outro não queria contar para o grupo — porque o mais velho era assim, sempre tentando protegê-los. Que piada. Quem diria que o problema era ele.

"Mas… o que mais me machucou foi que ele estava usando o meu moletom. Eu tinha ficado tão feliz que ele me pediu o moletom emprestado… Meu interior parecia flutuar só de vê-lo com ele. Com uma roupa minha. Mas ele a usou para se encontrar com o Taemin, e sabe-se lá o que fizeram."

Um soluço soou, mas Jimin não sabia se vinha dele mesmo ou de Yoongi. Ele já não enxergava mais o gravador, porque seus olhos estavam totalmente embaçados pelo choro; ele sequer lembrava que Namjoon ainda estava ali, presenciando seu breakdown por homens, no auge de seus trinta e dois anos.

Se Jimin estivesse totalmente a par de Namjoon lhe observando com um pouco de compaixão e compreensão — e talvez pena, mesmo que ele dissesse que não —, responderia que não era qualquer homem. Era Yoongi‐hyung, a pessoa que amava e que o amava também, porém que foram cegos e perderam toda uma vida em que poderiam estar juntos.

"Acho que… isso é um sinal 'pra eu desistir. Já não tinha esperança de que tivéssemos um futuro juntos romanticamente mesmo. É isso. Eu desisto."

Naquele momento, Jimin sentiu seu chão sumir. Parecia que seu coração estava sendo arrancado de seu peito, que sua alma tinha sido arrancada de seu corpo; aquela era a dor de uma oportunidade perdida, de um sonho que poderia ter acontecido, mas que havia sido deixado para trás sem que Jimin soubesse que poderia se tornar realidade. Se antes ele não queria ouvir mais das gravações porque se sentia culpado, agora sentia que simplesmente não aguentaria mais.

Três anos. Yoongi havia o amado durante três anos, e Jimin não havia percebido.

Ele era um idiota.

Jimin deveria ter percebido.

— Jimin… — Uma mão tocou seu ombro direito, porém Jimin não tinha forças para levantar o olhar. Ele sabia que era Namjoon e que ele provavelmente estava muito preocupado, mas… Jimin não conseguia. Soluços foram as únicas respostas que Namjoon recebeu. — Ei, vem cá.

Namjoon, atenciosamente, pegou a mão pequena de Jimin e a pôs em volta de seus ombros. Com cuidado, ele enlaçou a cintura de Jimin e, pegando impulso, tentou trazê-lo junto a si. O mais novo não processou a situação, apenas foi guiado por Namjoon enquanto uma cachoeira deixava seus olhos sem parar.

Jimin foi depositado no sofá. Naquele momento, já não soava mais a voz de Yoongi; a gravação havia acabado, e aquelas haviam sido suas últimas palavras. Se Yoongi o amou durante três anos, ele certamente não o amava mais, e a culpa era toda de Jimin.

Namjoon sentou-se ao lado do mais novo, retirando o braço de Jimin de seus ombros e o pousando no colo do mais novo. Nem assim Jimin o olhou, apenas continuou chorando, encarando o nada. Com um olhar preocupado, Namjoon enlaçou seus dedos, tentando passar um pouco de força para o outro, mas continuou sem resposta. Ele mordeu o lábio, buscando dentro de si palavras que poderiam fazer com que Jimin se abrisse um pouco para si. Ele realmente queria ajudá-lo.

Com um suspiro, Namjoon falou:

— Você o ama?

Jimin soltou uma risada seca, tão incomum nele, mas tão vazia quanto seu peito parecia naquele momento. Mesmo assim, lágrimas continuaram descendo por sua bochecha incansavelmente.

— Se eu o amo? Joon… Eu sou apaixonado pelo Yoon desde antes do nosso debut. Tem noção disso? — Ele finalmente se virou, deixando que Namjoon visualizasse sua dor em primeira mão. — Eu o amei, ainda o amo, por tantos anos… Sempre quis um futuro com ele ao meu lado, sua mão segurando a minha, seus lábios sorrindo para mim, seus olhos me acompanhando e seu cheiro… — Ele respirou fundo, tossindo um pouco por causa do choro. — Seu cheiro em mim. Eu queria viver tudo possível com ele. Eu só achei que era apenas um dongsaeng.

— Por que não disse isso a ele? — Os olhos de Namjoon pareciam doces naquele momento, cheios de compaixão e carinho, assim como tristes pela dor de seu melhor amigo. — Você sabe que…

— Eu sei, eu sei, comunicação é sempre a base para tudo. Mas, Joon… Como você espera que eu chegue no Yoongi-hyung, eu, praticamente um pirralho, e diga que gosto dele? Que não, não estou confuso, e não, não estou confundindo com admiração. Principalmente em uma época tão difícil, em que tudo o que mais queríamos era debutar, e depois, quando estávamos tão cheios de coisas, que não restava tempo nem para respirar? Eu deveria contar durante o treino de treze horas? Ou nas horas e horas que ele passava no estúdio, compondo para a gente?

Jimin fez uma pausa, passando as costas de suas mãos por seus olhos, em uma tentativa falha de secar seu rosto. Um bolo ainda existia em sua garganta, impedindo-o de falar tudo o que queria com a clareza de sempre, assim como sua voz ainda estava embargada e seu nariz escorrendo, porém, agora que havia começado a falar, ele não pararia.

— Depois disso, eu simplesmente… comecei a pensar que ele nunca me veria como algo a mais. Que nós não tínhamos um futuro juntos, a não ser que nossa ligação fosse sermos ambos membros de um mesmo grupo. Foi bem na época de… — Jimin desviou o olhar, mesmo que aquela fase já tivesse passado há muitos anos. — Bem, você sabe. Eu concluí que deveria tentar esquecê-lo, porque eu sabia que chegaria um dia em que ele conheceria alguém e… eu não aguentaria.

Namjoon apenas apertou sua mão em resposta, ainda lhe ouvindo atentamente.

— Naquela época… Em 2014, eu realmente queria beijá-lo — sussurrou Jimin, seus olhos se perdendo na memória. Ele havia ficado um pouco magoado que Yoongi tinha recusado seu beijo, porém deu a si mesmo a desculpa de que era por causa da câmera. A lembrança não ajudou, apenas o entristeceu mais. Naquela época… Yoongi já estava apaixonado por si.

Um silêncio tomou conta do apartamento; Jimin não havia percebido, mas a playlist continuava tocando e, naquele momento, ela parecia mais alta que nunca. Say Something, da Christina Aguilera e da dupla A Great Big World, estava soando em seus ouvidos como um castigo divino, a letra dolorosa parecendo jogar sal em suas feridas.


Say something, I'm giving up on you
(Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você)

I'll be the one, if you want me to
(Eu serei o seu amor, se você quiser)


As lágrimas, que haviam parado por alguns segundos, retornaram com força. Dessa vez, Jimin não se segurou. Enterrou o rosto nas mãos e deixou que seu choro fosse alto, dolorido, machucado; ressentido, pelo que poderiam ter sido; culpado, porque não deveria ter escutado aquilo; triste, porque tinha perdido sua chance.


Anywhere, I would've followed you
(Eu te seguiria para qualquer lugar)

Say something, I'm giving up on you
(Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você)


Jimin gostaria de voltar no tempo e fazer tudo novamente. Queria contar a Yoongi o que sentia, agora que sabia que o outro lhe correspondia; queria abraçá-lo mais apertado, sem vergonha do que seu hyung acharia. Queria beijá-lo — não como uma piada em frente às câmeras, mas como uma demonstração de amor. Jimin desejava tantas coisas, porém não era como se houvesse como mudar o passado. Não existia uma máquina do tempo, só havia ele, preso em seu próprio sonho quebrado.

Namjoon voltou a acariciar suas costas, dessa vez o envolvendo em um abraço de forma desajeitada. Jimin, na mesma hora, só tirou as mãos do rosto e enlaçou Namjoon com seus braços, buscando um ponto firme ao qual se agarrar, porque ele ainda estava sem chão. E, pelo visto, continuaria sem um por um bom tempo, porque… como superar?

— Eu sinto muito, Minie… — Namjoon sussurrou, mesmo que Jimin não soubesse o verdadeiro porquê verdadeiro pelo qual o ex-líder pedia desculpas.

— Joon — choramingou Jimin, deixando que seus dedos puxassem a camiseta que o mais velho vestia. — O que eu faço agora, Joon? C-como vou viver sabendo q-que n-nós… — Um soluço o interrompeu, mas Jimin não se importou. Ele logo continuou: — Nós poderíamos estar juntos! Joon, nós poderíamos ser um casal de verdade, construir uma família… E-eu não acredito…

— Shhhh — fez Namjoon, tentando acalmar o amigo. — Respira fundo, Minie. Calma…

— Por que, Joon? — Seu choro se tornou mais forte, se é que era possível. — E-eu ia visitar ele, ia ver se ele a-ainda sentia algo por mim, m-mas… mas ele desistiu, Joon, ele desistiu de mim!

— E por que não faz isso? — Namjoon se afastou levemente, querendo olhar Jimin nos olhos. O nariz vermelho e escorrendo de Jimin lhe doía, mas ainda havia esperança. Jimin só precisava escutá-lo. — Olha… Eu sei que ele disse no gravador que desistiu de você, mas… eu conheço o Yoongi-hyung, eu via nos olhos dele algo especial quando ele te olhava. Não só antigamente, mas em momentos mais recentes também.

— O-o quê? — Jimin murmurou, buscando algum traço de mentira no olhar de seu ex-companheiro de grupo. — Do que você está falando? Isso não tem graça, Joon — disse, mesmo que soubesse que Namjoon nunca brincaria com algo tão sério quanto aquilo.

— Você nunca reparou, mas eu, sim — confessou o mais alto. Sua mão esquerda se fechou em punho sobre o ombro de Jimin, porém o mais novo não se importou. Ele estava ocupado demais encarando Namjoon com incredulidade e lágrimas nos olhos.

— E por que você nunca me contou? — A voz do cantor quebrou, parecendo deixá-lo mais frágil do que já estava. — Se eu soubesse… — Sua voz morreu, porque o simples pensamento já fazia tudo doer ainda mais.

— Eu sei. — Namjoon abaixou o olhar, incapaz de dizer alguma desculpa. Não importava qual fosse o motivo, se era pelo bem do grupo, se tivesse sido porque ele achava que Yoongi contaria por si próprio, ou porque jurava que Jimin não sentia o mesmo. O verdadeiro motivo não importava. Então só restava dizer: — Me perdoe.

Jimin respirou fundo — pela boca, porque seu nariz já estava mais do que congestionado. Mesmo assim, não se deixou abater, mais do que já estava abatido. Algo se acendeu em seu interior ao ouvir a confissão de Namjoon e, se olhasse mais de perto, poderia concluir que era uma pequena fagulha de esperança. Nem tudo estava perdido, mesmo que sua mente dissesse que sim.

—Você acha que ainda há…? — Sua pergunta se perdeu no caminho. Jimin mordeu o lábio, desviando o olhar. Fungou levemente, esperando que Namjoon entendesse o que queria dizer.

— Sinceramente? — Namjoon buscou seu olhar, descendo suas mãos para que alcançasse os dedos de Jimin. Entrelaçou ambas, aplicando um pouco de força no toque; queria que Jimin sentisse que estava sendo sincero, que, mesmo que o passado não pudesse ser mudado, ele ainda poderia fazer algo pelo próprio futuro. — Sim. Eu tenho certeza absoluta de que ele ainda te ama.

— Depois de todo esse tempo? — Jimin queria confirmar. — Depois de dizer que desistiria de mim?

— Você mesmo não disse que também queria esquecê-lo? — questionou Namjoon. — E, ainda assim, praticamente uma década depois, aqui está você: chorando por ele.

O coração de Jimin bateu forte e sua mente processou o que Namjoon tinha falado. Quer dizer, o outro poderia estar enganado — Namjoon também errava, afinal, mesmo sendo um gênio —, mas… valia a pena tentar, não é? Buscou dentro de si motivos para não correr até a nova casa de Yoongi e beijá-lo de uma forma que não passaria nas televisões coreanas nem por um decreto, mas não encontrou nenhuma razão realmente sólida.

Já sabia o que era passar cerca de quinze anos “sem” o amor romântico de Yoongi-hyung — ele o tinha, só não sabia. Ele não gostaria de passar o resto de sua vida sem Min Yoongi ao seu lado. Se por todo esse tempo seu coração só aceitou um dono, não seria nos anos em diante que ele abriria espaço para outra pessoa. Por isso, só lhe restava tentar.

Caso a resposta fosse negativa, Jimin teria que confiar que seriam maduros o suficiente para não deixar que aquilo atrapalhasse a amizade deles.

— Ok. — Jimin apertou os dedos de Namjoon de volta, sua voz ainda estava embargada, seu rosto ainda estava vermelho, inchado e molhado, porém seus olhos finalmente traziam alguma luz e força novamente. — Vou comprar uma passagem agora mesmo — disse, para logo então desentrelaçar seus dedos e levantar, indo em direção ao quarto.

— O quê? — Namjoon estava confuso; aquilo havia sido rápido.

— Ou melhor… — Jimin se virou novamente para o amigo. Naquele momento, até sua postura transmitia firmeza. — Você compra as passagens, eu vou arrumar uma mala e dar um jeito no meu rosto. Não posso aparecer assim... — Gesticulou para o próprio rosto, que continha todas as evidências de sua tristeza de minutos atrás. — Na casa do homem que eu amo.

Namjoon arqueou as sobrancelhas para as costas que Park Jimin lhe mostrava mais uma vez, sem esperar sua resposta, porém o mais velho apenas riu, contente de que, pelo visto, as coisas finalmente iriam andar depois de mais de uma década. Pôs-se a procurar seu celular com um sorriso no rosto — afinal, possuía passagens para comprar. Quer dizer, passagem, porque tinha a impressão de que Jimin não voltaria tão cedo.


[...]


Yoongi estava exausto, tinha trabalhado o dia inteiro na cozinha de seu restaurante; havia cozinhado tanto que seus braços doíam, porém, ainda assim, estava contente. Aquela paz, a satisfação de não apenas agradar os clientes, mas também ensinar seus aprendizes, e a calmaria que sabia que seguiria assim que chegasse em casa; tudo isso o fazia feliz.

Não era a vida que havia imaginado para si, contudo, não havia como dizer que estava insatisfeito.

Só havia algo que poderia tornar tudo melhor, mas, naquele momento, esse algo estava a mais de duzentos quilômetros, tirando umas férias antes de decidir o que faria da sua vida em seguida. Se Yoongi tinha vontade de pedir para Jimin entrar naquele negócio de restaurantes e trabalhar consigo, isso não importava. O mais velho sabia que era o que ele mesmo gostava de fazer, mas tinha certeza que não era um dos desejos de Jimin.

Yoongi não podia dizer que ficava triste por isso, afinal, se tinha algo que ele ficava satisfeito, era que Jimin havia se tornado um homem forte, independente e decidido — mesmo que sua escolha, naquele momento, sobre como continuar, ainda não tivesse sido feita. Ele havia descoberto como amar a si mesmo e, desde então, seu brilho tinha se tornado cada vez mais forte. Seu dongsaeng havia florescido bem à sua frente, abraçando cada vez mais seu eu verdadeiro e deixando de se importar com a opinião alheia.

Era até um pouco estranho chamar Jimin de dongsaeng, mesmo que o outro fosse um. A verdade era que Yoongi o amava há muito tempo, porém não era o tipo de amor que se esperava entre amigos. O sentimento que havia se alojado em seu peito era diferente, era um que fazia com que sonhasse com Jimin por longas noites e que trazia um sorriso ao seu rosto por um simples pensamento no mais novo. O que sentia era que seu coração já possuía um dono, e esse dono tinha um sorriso perfeito, sua altura e sua voz preferida entre todas as que já havia escutado.

Era por isso que, quando foram perguntados qual era a cor que mais representava o relacionamento entre eles, Yoongi havia dito amarelo, porque Jimin o aquecia como o sol e seu sorriso lhe trazia felicidade. Ele também poderia dizer “vermelho”, porém a cor tinha vários outros sentidos além de amor ou paixão, e nem todos eram bons. Amarelo também era uma cor mais harmoniosa, calma, como eles.

Ah… Yoongi sorriu um pouco para o chão, lembrando-se de seus momentos ao lado de seu amado. Sentia falta disso, de estar por perto a qualquer momento, de poder tocá-lo levemente enquanto disfarçava seu coração acelerado e até de ouvi-lo cantarolando pela casa. Depois de ter convivido por tanto tempo com outras seis pessoas, sua casa parecia silenciosa demais para si e a voz de Jimin fazia mais falta ainda.

Hyung!

Ele estava com tantas saudades que estava até ouvindo coisas, ora essa. Riu de si mesmo, balançando a cabeça de um lado para o outro, incapaz de acreditar que sua mente estava lhe pregando peças naquela hora da noite.

— Yoonie-ah, você finalmente chegou! — A voz se tornou mais alta, enquanto passos rápidos soavam. Ah, como Yoongi amava aquele apelido.

Espera! Yoongi parou de andar na hora. Sua mente não era tão criativa assim… certo? Piscando rapidamente, Yoongi levantou seu rosto e finalmente o motivo de sua felicidade estava ao seu alcance, correndo até si.

Seus olhos se arregalaram e seus lábios se entreabriram, mas nada saiu deles. Yoongi só conseguiu reagir quando Jimin se jogou em seus braços, abraçando-o com tanta força que ele achou que seu corpo se fundiria com o do mais novo.

— Jimin-ah? — perguntou, apenas porque não conseguia pensar em algo melhor para dizer. O que Jimin estava fazendo ali? Será que estava esperando há muito tempo?! Meu Deus!

— Eu senti tanto a sua falta, Yoon! — Jimin apressou-se em dizer, seu sorriso estava claro em sua voz. — Você não faz ideia do quanto.

— E-eu… também senti sua falta — respondeu, confuso. Piscou algumas vezes quando Jimin se afastou, finalmente podendo vê-lo. Sorriu para o rapaz e deixou que seu questionamento anterior ganhasse voz: — Você está esperando há muito tempo?

— Não, não — Jimin disse, sacudindo as mãos em negação. Era uma mentira, porque a viagem de Daegu e Seul de avião durava apenas uma hora, ele havia saído de Seul às 19hrs e já eram praticamente 23hrs, mas Jimin não contaria isso a Yoongi. — Eu precisava te ver — confessou, a fim de redirecionar o assunto para o que importava.

— Como assim? — Yoongi sinalizou para que continuassem andando, uma vez que já estava tarde, poderiam ter aquela conversa dentro de casa, aquecidos e com um bom vinho. — Aconteceu algo?

A preocupação era evidente na voz do mais velho, porém Jimin apenas sorriu, negando com a cabeça, mas voltou a assentir segundos depois. Yoongi apenas arqueou as sobrancelhas para ele.

— Quero dizer… aconteceu. Nada preocupante, juro — reforçou, apenas para retirar aquela ponta de preocupação dos olhos lindos de Yoongi. — Eu te conto quando entrarmos.

Yoongi deu de ombros, mesmo que sua mente estivesse trabalhando fervorosamente para tentar inferir qual seria o tal assunto importante que não podia esperar.

— Então tudo bem.

O restante do caminho foi feito em silêncio. Eles nem estavam tão longe assim, apenas alguns metros, que Jimin havia corrido para ir até Yoongi.

Pelo canto de olho, o mais velho pôde reparar no sorriso incansável de Jimin e um pequeno sorriso se formou no canto de seus lábios. Ele se perguntou se a felicidade e animação que o mais novo exalava tinha a ver com o que ele queria lhe contar e, de repente, se perguntou se Jimin havia pedido alguém em casamento, mesmo que não tivesse ouvido falar que o menor estava em um relacionamento. Seu coração falhou uma batida, porém ele se recusou a entreter o pensamento; era melhor não tentar adivinhar, pelo bem de seu pobre coraçãozinho.

Quando, enfim, chegaram à sua porta, Yoongi abriu-a o mais rápido possível, dando passagem para Jimin entrar primeiro. Jimin agradeceu e tirou seus sapatos, deixando-os no canto reservado e pondo um par de pantufas.

— Quer alguma coisa? — perguntou Yoongi, como o bom anfitrião que era. — Tenho vinho, se quiser. O seu preferido. — Porque também era o preferido de Yoongi, já que o lembrava de Jimin. Era o mesmo vinho que tinham bebido naquela noite, no Havaí.

— Não, agora não. — Jimin sorriu, indo para o sofá e chamando Yoongi para que o seguisse. — Venha, venha.

— Estou indo. — Yoongi fez um pequeno bico ao ser apressado, porém seguiu os comandos de Jimin e se sentou ao lado dele. — Então, sobre o que gostaria de falar?

O mais novo respirou fundo, mexendo no bolso de um sobretudo que vestia. De lá, retirou um gravador de voz, que Yoongi conhecia muito bem. No momento em que seus olhos captaram o objeto, seu coração falhou uma batida, porque, se Jimin tivesse escutado aquelas gravações, então… então poderia ser o fim de tudo o que construíram ao longo daqueles anos.

Contudo, algo estava errado com essa linha de pensamento. Jimin não parava de sorrir. Não poderia ser isso, poderia? Ele provavelmente não tinha ouvido nada e estava ali para entregá-lo… certo?

Vendo seu olhar um pouco desesperado e perdido, Jimin logo tratou de começar a explicação:

— Isso estava em uma das minhas caixas de mudança, não sei como foi parar lá, mas… — ele fez uma pausa, mordendo o lábio inferior. — Eu ouvi duas das gravações; a primeira foi para ver o que era e por que tinha o meu nome, e a segunda foi um acidente. Joon o derrubou e a gravação começou a tocar sozinha. Peço desculpas.

Yoongi engoliu em seco, já sentindo suas mãos começarem a suar de nervosismo. Nem em seus piores pesadelos conseguia imaginar Jimin encontrando seu pequeno diário em áudio. Meu Deus. Quais gravações ele havia ouvido?! Só de imaginar, seu rosto se aquecia enquanto deveria estar pálido de susto; suas bochechas ganhavam tons cada vez mais vermelhos e a pele de seu rosto parecia queimar. Com isso, só lhe sobrou fazer o que fazia de melhor: evitar os olhos de Jimin.

— O que eu quero saber é… — Jimin respirou fundo novamente, dessa vez estendendo uma de suas mãos em direção aos dedos de Yoongi. — Você ainda me ama, Yoon? — Jimin olhava firmemente para o rosto de Yoongi, mesmo que este último não o olhasse.

Quando as palavras de Jimin foram processadas por sua mente, Yoongi sentiu-se entrar em choque. O que deveria responder? Deveria dizer a verdade e arriscar uma amizade? Ou deveria mentir e arriscar uma amizade? Parecia que qualquer escolha o levaria a testar o limite do relacionamento entre os dois, e Yoongi não gostava nada disso.

Ao perceber que Yoongi não parecia que ia responder, Jimin sentiu seu coração doer. Será que a resposta era negativa? Será que era tarde demais para ambos? Será que Namjoon estava errado? Algumas lágrimas ameaçaram voltar a seus olhos, mas Jimin piscou rapidamente, querendo afastá-las, porque aquele não era o momento de chorar. Já estava ali e o gravador de voz tinha vindo à tona, não era hora de voltar atrás.

— Eu estou perguntando isso porque eu te amo, Yoonie-ah. — Seus dedos apertaram os de Yoongi, enquanto sua outra mão soltava o gravador no sofá e se dirigia ao rosto do mais velho. Com delicadeza, virou-o em sua direção, fazendo com que seus olhos e os de Yoongi finalmente se encontrassem. — Eu sou apaixonado por você há mais de quatorze anos. Eu sempre te amei.

— O quê? — A voz de Yoongi saiu no mesmo volume de um sussurro perdido ao vento; se Jimin não estivesse tão próximo, com seus joelhos se tocando, ele não teria ouvido.

— Eu te amo. Você é a minha penicilina, meu blue mold. Yoon, você é a pessoa com quem eu sempre quis estar, que sempre quis ao meu lado e com quem eu adoraria construir um futuro. Não apenas como amigos, mas também como companheiros, namorados, eu gostaria de ser o que você quiser que eu seja, só quero estar ao seu lado. Eu te amo há tanto tempo que não sei como colocar esse sentimento em palavras.

O coração de Yoongi batia tão rápido em seus ouvidos que ele não entendia como Jimin não estava o ouvindo. Aquilo era sério? O amor de sua vida estava se declarando para si? De verdade? Aquilo não era um sonho? Jimin estava mesmo ali? Mesmo depois de todos esses anos, nos quais Yoongi nunca nem sequer teve esperanças?

Jimin estava dizendo que o amava, e Yoongi… não estava fazendo nada?

Em um piscar de olhos, Yoongi pegou a mão de Jimin que estava em seu rosto e a segurou, juntando seus lábios logo em seguida. Um beijo pelo qual havia esperado doze anos, com o qual sonhou por diversas noites; o beijo mais doce que já havia provado, dado pela pessoa que mais amava em sua vida. Yoongi sentia que poderia acordar a qualquer momento, porque aquilo só poderia ser um sonho, mas ele queria aproveitar cada segundo.

Os olhos fechados permitiam que ambos obtivessem o melhor da experiência. Seus lábios se encaixavam como se tivessem sido feitos um para o outro; pressionados, faziam com que a respiração de Jimin falhasse e seus dedos precisassem se agarrar aos fios escuros de Yoongi. Era como a realização de um sonho. Aquele beijo significava muito para eles; um novo começo, sem esquecer o passado, porém aprendendo com ele.

Se antes ambos duvidavam que o sentimento era recíproco, naquele momento, a dúvida havia morrido em meio aos beijos que trocaram no sofá. E se a promessa de vinho havia sido esquecida, assim como o gravador de voz que ficou jogado no sofá, eles não se importaram. Tinham muito tempo perdido para colocar em dia, e a melhor forma de se fazer isso seria passar a noite juntos, mesmo que Jimin tivesse que voltar para casa em algum momento e Yoongi precisasse sair para comprar ingredientes e cuidar do restaurante.

Ainda que tivessem que ter um pouco de paciência e lidar com a distância — já que seguiam rumos diferentes naquele momento, uma vez que Jimin ainda precisava descobrir o que faria de sua vida enquanto Yoongi já cuidava de seu negócio —, eles não se importavam. Esperaram um pelo outro por mais de uma década, então, a partir daquele instante, nada os impediria de ficar juntos.

Contudo, o amanhã seria um novo dia. Em meio ao cobertor, promessas sussurradas e declarações sinceras, Yoongi e Jimin, enfim, sentiam-se completamente satisfeitos. Estavam onde sempre quiseram: nos braços um do outro.



"Ah… Hoje é dia 26 de julho de 2026… Também é o dia em que estou deixando o apartamento em que morei com o pessoal por bastante tempo. Não sei muito bem o que dizer sobre isso; 'tô um pouco nervoso e sinto que logo sentirei saudades de tudo aqui, mas… a verdade é que o Jiminie é a pessoa de quem mais vou sentir falta.

Sei que já está cansado de me ouvir falar dele durante todos esses anos. Não é incrível? Mesmo depois de, o quê? Doze anos, se eu não me engano — eu ainda o amo. Acho que meu coração realmente não quer esquecê-lo, não é?

Ah, uma das coisas que eu queria dizer é que decidi encerrar as gravações. Obrigado por me ouvir por todo esse tempo, mas é aqui que nos despedimos.

Como minhas últimas palavras… o que posso dizer?

Jimin-ah, eu te amo. Eu sei que esse sentimento é de verdade, porque… quando é real, o amor nunca morre. E meu amor por você nunca morreu. Nem quando eu tentei te esquecer. Sinto que vou continuar te amando até o fim dos meus dias, e não estou nem um pouco apavorado. Na verdade, fico feliz por isso, porque você é a minha pessoa preferida. Obrigado por existir.

É isso, acho que já falei demais.

Adeus, gravador."

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Notas finais: Obrigada a quem leu até aqui, espero que tenham gostado 💛

Beijinhos, galera, até a próxima!

Yin.

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8 Décembre 2021 21:49 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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