2minpjct 2Min Pjct

Ao ser obrigado a abandonar o seu trabalho dos sonhos como detetive em uma grande divisão policial de Seul para que possa retornar a Daegu, a cidade natal da sua família materna, Park Jimin acredita que sua vida está fadada a ser uma grande pilha de arrependimentos. Até conhecer e começar a namorar Min Yoongi, um rapaz doce que guarda mais traumas que o seu sorriso gentil consegue esconder. Quando estão próximos de completar um ano de namoro, Yoongi sofre um grave acidente de carro e seu corpo desaparece misteriosamente. Jimin, então, passa os dois próximos meses acreditando e tentando lidar com o fato que seu namorado está supostamente morto, como todos alegam que esteja. Um caso repentino envolvendo um desaparecimento vai provar que, talvez, exista muito mais por trás do sumiço do Min do que a polícia conseguiu descobrir, principalmente quando as duas ocorrências aparentam estar ligadas a um assassinato sem respostas ocorrido três anos antes. Agora, Jimin precisa não só encontrar Cha Suyeon, a moça desaparecida, como também provar a todo custo que seu namorado não é o culpado pelos crimes. Tarefa essa que se torna ainda mais complicada quando o detetive começa a receber mensagens anônimas de uma pessoa que afirma ser Yoongi. E ele está pedindo socorro.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 18 ans.

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01. Mau presságio

Escrito por: @dntfarway


Notas iniciais: oioioioi, é a annie de novo e eu tô eufóricaaaa demais com a postagem dessa fanfic!!!! tenho esse plot guardado desde 2018 e vi nesse ciclo uma oportunidade para finalmente desenvolvê-lo e, modéstia a parte, o resultado ficou icônico demais haha

desculpas antecipadas por esse recadinho meio grande, mas preciso pontuar umas coisas importantes antes da leitura: a fanfic aborda alguns temas delicados de uma forma bem breve e não tão profunda, mas que ainda podem incomodar certas pessoas, então, mesmo com as tags de aviso, vou avisar antes dos capítulos quando tiver algo que possa deixar alguém mal, ok? bem-estar em primeiro lugar!!!

e a fic tem uma playlist! eu sempre faço e raramente lembro de compartilhar, mas a de wanted me ajudou muito a escrever e me apeguei demais a ela então não posso deixá-la escondida nas sombraskkkk aqui o link pra quem quiser (pra quem lê no wattpad, o link não abre no app, só no site): https://open.spotify.com/playlist/2mCZX35FeTb4G7u0TbOPIj?si=6w9JgDDEQCGgu9UoRbabfQ&utm_source=copy-link&dl_branch=1

ENFIM, vou parar de tagarelar. sem mais delongas, boa leitura! ❤


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Park Jimin odiava o cheiro de antisséptico.

O odor forte e alcoólico, enjoativamente limpo, era comumente associado às suas piores memórias. Estava impregnado em cada uma daquelas poltronas borrachudas da sala de espera do hospital em Busan, quando ele tinha treze anos e seu pai faleceu. Jimin lembrava do médico deixando a sala de cirurgia, o olhar baixo e culpado. Recordava a forma que o profissional segurou as mãos de Park Jooyoung, sua mãe, e, com a voz cheia de pesar, informou que a cirurgia não tinha sido um sucesso. “O coração dele não aguentou”, a voz daquele desconhecido ainda soava claramente na mente do rapaz, assim como aquele cheiro insuportável e sufocante parecia persegui-lo por todos os lados, insaciável. Cheiro esse que também infestava o escritório terrivelmente organizado de seu antigo chefe, quando, aos seus vinte e cinco anos, precisou desistir da oportunidade pela qual batalhou durante todos os seus anos de estudo para voltar à Daegu, a cidade de sua família materna e onde passou toda sua adolescência, porque um câncer se espalhava por um dos pulmões de Jooyoung e ela precisava do filho.

Sua lembrança mais recente, associada àquele odor opressivo que tanto odiava, era daquela tarde nublada, quase dois meses atrás: Era para ser um dia normal como qualquer outro. Jimin tinha tirado folga do seu trabalho como detetive do batalhão de combate em uma das divisões do distrito de Buk-gu, onde morava agora com a mãe, para a acompanhar em alguns exames de rotina, que ocorriam frequentemente desde sua cirurgia para retirada do tumor maligno.

Quando saísse da clínica, o Park iria encontrar o namorado na Jung’s, uma lanchonete que ficava próximo à delegacia na qual o loiro trabalhava e para onde o casal sempre ia quando faziam refeições juntos entre os turnos de Jimin ou quando queriam se encontrar por motivo nenhum. Depois de lancharem juntos, os dois iriam encontrar o imobiliário que servia como seu guia desde o começo da semana para que pudessem continuar sua busca por um apartamento que estaria destinado a ser deles, um lar que seria só dos dois.

No entanto, Jimin deveria saber que não seria um dia ordinário qualquer, quando a cabeça latejou no momento em que suas narinas captaram o cheiro ruim de antisséptico, o qual impregnava cada esquina da clínica onde a mãe fazia seus exames.

Em um dia ordinário, suas mensagens perguntando ao namorado que horas ele sairia do serviço que estava fazendo, para que pudessem se encontrar, seriam respondidas em menos de dez minutos porque o rapaz nunca demorava a respondê-lo. Em um dia ordinário, o loiro não receberia a ligação de um dos seus colegas de trabalho, enquanto esperava Jooyoung deixar o consultório do médico, pedindo para ele ir ao local de um acidente o mais rápido que pudesse.

Em um dia ordinário, Jimin não chegaria ao acostamento de uma das rodovias altas de Buk-gu para encontrar uma comoção de policiais, bombeiros e ambulâncias aguardando por sua presença. Em um dia ordinário, o Park nunca encontraria o carro de Min Yoongi destroçado no fundo de um barranco, sendo arrastado para fora do rio Geumcho, o qual o mais velho sempre achou tão bonito mesmo que vivesse dizendo a Jimin, quando esse o provocava, que não, ele não entraria no rio por vinte mil wons. Yoongi odiava água. Em um perfeito dia ordinário, seu namorado ainda estaria vivo.

As memórias daquela tarde eram confusas para o jovem detetive. Poucas coisas tinham conseguido se gravar em sua mente: o machucado que ganhou na perna quando desceu o barranco desesperado, querendo chegar mais rápido ao carro e ao seu hyung, e a voz grave de Kang Donghee, seu supervisor e responsável por aquela ocorrência, informando-o que não tinham achado o corpo, dizendo sem parar:

— Ele ainda pode estar no rio, Jimin-ssi. As equipes de busca estão procurando. Ele ainda pode estar vivo.

Também havia a recordação do cheiro. Aquele odor insuportável e tão absurdamente sufocante que, por algum motivo, estava sempre associado a perdas. Era sempre um mau presságio.

Dias se passaram e os detetives responsáveis pelo caso, que tanto pediram a paciência e compreensão de Jimin, não encontraram Yoongi. Eles não encontraram um culpado. Não encontraram provas para explicar o ocorrido. Tudo o que havia eram especulações e um cartão laminado no porta-luvas do carro, que nunca esteve ali antes, com a seguinte mensagem digitalizada: Min Yoongi está morto. Eu o matei.

Não havia vestígios ou DNA de outra pessoa que não fosse o Min em seu automóvel. Não havia rastros ou sinais de que o rapaz tinha conseguido sair do rio. Não havia motivos para acreditar que ele ainda estava vivo. Só havia um salão de hospital frio, um caixão vazio, uma imagem congelada do sorriso que Jimin achava ser a coisa mais linda na qual já tinha colocado seus olhos e uma pequena família desolada pela falta de respostas.

Só havia as promessas de um futuro interrompido, as camisas e fones de ouvido que Yoongi esquecia na casa do namorado quando ia visitá-lo e acabava ficando para dormir por dias seguidos, a falta de vídeos novos em seu canal do Youtube, o qual usava para promover seus trabalhos independentes sob o pseudônimo de Agust D, e o palco vazio que deixou na The Kim, a boate fundada por seu melhor amigo de infância, onde o Min tinha um emprego fixo como DJ. Só havia um vazio insuportavelmente grande e sedento que continuava perseguindo Jimin, agarrando-se a sua sombra e fazendo morada em seu coração enfraquecido, mesmo que dois meses já tivessem se passado desde que o caso tinha sido arquivado.

“Min Yoongi estava morto. Alguém o tinha matado”, era o pensamento que atormentava Park Jimin todas as noites quando deitava em sua cama, virava no colchão grande e passava minutos encarando a ausência, que existiria para sempre ao seu lado agora, de fios negros caindo sobre olhos cansados, um sorriso gentil e doce, uma voz arrastada o desejando boa noite e um cheirinho cítrico e gostoso de tangerinas que velava seu sono por toda a madrugada.

Ao amanhecer, era relativamente mais fácil lidar com o nada deixado por seu namorado do que antes de dormir. Isso porque Yoongi costumava acordar primeiro que o mais novo e descia as escadas para ajudar Jooyoung a fazer o café da manhã. Então, por dois meses, todo início de dia ao acordar e encontrar o vazio ao seu lado, Jimin levantava em um pulo e encaminhava-se ao outro cômodo da sua casa com aquela esperança irracional de que iria encontrar seu hyung rindo de alguma história embaraçosa que sua mãe estava contando sobre sua infância e que, definitivamente, ele usaria para implicar com o Park mais tarde. O jovem detetive nunca o encontrava, apenas se deparava com Jooyoung sentada sozinha na mesa, distraída lendo um dos seus livros de autoajuda enquanto tomava sua costumeira vitamina de morango matinal. E, naquela manhã, cinquenta e oito dias após a declaração oficial da morte sem explicação de Min Yoongi, não foi diferente.

— Bom dia, querido — cumprimentou Jooyoung, assim que os passos do filho morreram no batente da porta e seu olhar decepcionado parou de percorrer a cozinha atrás de algo que nunca mais estaria ali. A mulher ignorou a ação como ignorava-a todas as manhãs, ocupando-se em perguntar: — Dormiu bem?

— Dormi, omma — o loiro mentiu, acostumado com as palavras. — E a senhora? Já tomou seus remédios?

Jooyoung assentiu e, como sempre, ofereceu-lhe a vitamina de morango, a qual, como sempre, Jimin recusou. Sua mãe tinha criado apreço pela bebida por causa de Yoongi, que preparava a vitamina para a sogra quase todas as manhãs, e a lembrança do rapaz de cabelo ébano e olhos diamante-negro cortando morangos na bancada da cozinha e usando uma das camisas roubadas do namorado, que tinha o cheiro dos dois misturado em seu tecido, talvez fosse mais dolorosa do que ir dormir e acordar todos os dias com um espaço vazio ao seu lado na cama. Vitamina de morango tinha sido a última refeição que tinham feito juntos, naquela manhã.

Nos últimos cinquenta e oito dias, a vida de Park Jimin era um disco arranhado, um roteiro furado, um ciclo vicioso sem fim. Ele acordava, corria para cozinha esperando encontrar o seu hyung, era nocauteado repetidas e repetidas vezes pela realidade, negava a vitamina de morango, tomava banho, vestia uma combinação qualquer de roupas para trabalhar e despedia-se de sua mãe com um beijo rápido na testa, alegando que ela não precisava se preocupar, ele comeria alguma coisa no caminho para a delegacia. Isso nunca acontecia.

Às vezes, o seu script raso e insignificante o guiava diretamente para o trabalho, onde afundava em sua mesa e tentava dissolver sua existência miserável entre os inúmeros papéis espalhados ao seu redor e no meio de investigações e perseguições feitas durante as horas extras que continuava pegando incansavelmente. Então, ele vagueava pela madrugada de volta para casa, para a cama ausente, e fazia tudo de novo no dia seguinte, seguindo os mesmos passos religiosamente. Em outras vezes, raras vezes, seu ato tão insuportavelmente ensaiado mudava. O caminho da delegacia, memorizado em cada músculo do seu corpo, se ramificava na direção de uma loja de antiguidades, localizada sob um apartamento estúdio, com uma fachada azul-petróleo desgastada e um letreiro cinza perolado soletrando GOLDEN CLOSET — no lugar dos "O", havia discos de vinil —, que pendia sobre a entrada. E, embora se dirigir ao estabelecimento antes do serviço fosse uma anomalia nos seus dias iguais, a cena que se desenrolava no interior do lugar era sempre a mesma. Jimin adentrava o GOLDEN CLOSET e estremecia com o barulho do sino sobre a porta anunciando a sua chegada. Aquele tilintar tinha sido a última coisa que ouviu de Min Yoongi. Era uma fala interrompida pelo som inevitável, que, naquela maldita manhã, o Park não se importou em pedir para o seu hyung repetir porque podia perguntar-lhe mais tarde o que ele tinha dito, antes do sino engolir suas palavras. O mais tarde nunca chegou.

O interior da loja cheirava a café, papel velho e tangerinas. Em um canto, havia um labirinto de corredores de livros, mangás, HQs e DVDs de videogames antigos. Paredes coloridas por desenhos grafitados sustentavam cruzetas de camisetas de banda à meias coloridas e um painel de capas dos CDs mais diversificados, os quais Jimin tinha ouvido um por um com Yoongi em uma das inúmeras madrugadas que se perdiam do mundo na realidade paralela daquele lugar. Por fim, atrás de uma máquina antiga de karaokê, que era usada em competições entre os clientes e noites bêbadas entre os amigos, havia o caixa, onde Jimin sempre encontrava o cabelo grande amarrado em um coque no alto da cabeça, os olhos galácticos e o sorriso gentil de Jeon Jeongguk, o irmão mais novo do seu namorado.

Jeongguk e Yoongi vinham de uma família de dois pais, Jeon Myungjun e Min Jaehyun — que moravam em uma área mais rural da cidade, afastada daquele distrito —, e tinham sido adotados em épocas diferentes — Yoongi sendo o primeiro. Apesar disso, por algum motivo, os irmãos Jeon-Min sempre pareceram, para Jimin, carregarem o mesmo gene em seu DNA. O sorriso expressivo, o olhar gentil, a postura reclusa e o tom de voz sereno eram características em comum para ambos, embora o sorriso de Yoongi fosse mais contido, seus olhos fossem menores, a postura fosse mais retraída e o timbre da voz mais grave. Talvez, no fim das contas, não houvesse tantas semelhanças assim. Talvez fosse apenas Jimin tentando se agarrar a algum traço da existência de Min Yoongi, por mais egoísta que pudesse parecer o fato dele ir até o GOLDEN CLOSET visitar Jeongguk apenas para ter certeza que seu namorado foi real.

Talvez Jimin só precisasse esquecer tudo de uma vez por todas. Afinal, Min Yoongi estava morto. Alguém o tinha matado.

— Jeongguk-ah? — chamou o detetive, assim que chegou ao caixa da loja e não encontrou o cunhado concentrado na leitura de algum mangá ou fazendo as contas do mês como era costume.

Havia uma cortina de cetim preta, que escondia a escada para o apartamento de Yoongi e Jeongguk no andar superior da loja, atrás da cadeira que o Jeon costumava ocupar no caixa e, detrás dela, saiu uma figura de ombros largos, cabelo escuro e bagunçado e um par de olhos castanho-mel baixos. Olhos esses que encararam Jimin, ainda parado contra o balcão do caixa, com uma surpresa desagradável.

— Ahn, oi, Hyunsu-ssi. O Jeongguk ‘tá por aí? — cumprimentou o Park, desconfortável.

Yoon Hyunsu fazia parte da dupla de amigos mais antigos de Yoongi. A outra parte da dupla era Kim Seokjin, dono da The Kim, irmão mais velho do melhor amigo de Jimin e, não menos importante, seu vizinho. Os três — Yoongi, Hyunsu e Seokjin — tinham crescido juntos, passado pelas mesmas escolas e as mesmas experiências. Eles eram como um organismo vivo, funcionando em um conjunto perfeitamente construído pelo tempo duradouro da sua amizade.

Antigamente, Jimin costumava se dar bem tanto com Hyunsu quanto com Seokjin, entretanto, após o sumiço de Yoongi, não havia mais um espaço para o Park naquela dinâmica, uma vez que a pessoa que o mantinha nela não existia mais. Com Seokjin, era uma situação esquisita. O loiro costumava encontrá-lo vez ou outra quando seus horários de voltar para casa coincidiam, mas eles não trocavam mais do que alguns cumprimentos educados. Jimin também recusava todos os convites que Taehyung, seu melhor amigo e colega de trabalho, fazia para irem à boate do Kim mais velho porque a) o detetive não queria ver o palco vazio, onde seu namorado costumava se apresentar e b) ele sabia que Seokjin não o queria por perto. O mais velho podia não falar, podia ser um segredo trancado a sete chaves em seu peito, mas, no fundo, o loiro sabia que ele o culpava pelo que tinha acontecido. Assim como Hyunsu, cujo relacionamento atual com Jimin era bem mais complicado. Diferente de Seokjin, o rapaz mais velho tinha dito, em alto e bom som para quem quisesse ouvir, que era tudo culpa do Park, que ele deveria ter estado naquele carro com Yoongi como disse que estaria, que ele deveria ter estado ao lado do Min.

O jovem detetive, por sua vez, também pensava a mesma coisa. Não havia um dia que ele não desejava ter sido mais atento para marcar os exames da sua mãe para outra ocasião, uma em que ele já não tivesse planos com Yoongi. Não havia uma madrugada que o Park não desejasse, desesperadamente, voltar para aquela manhã e, ao invés de perguntar ao namorado se tinha problema ele ir à sua apresentação sozinho, dizer-lhe que o faria companhia, que iria vê-lo tocando piano no casamento de estranhos como tinha prometido no começo da semana.

— Não esqueça que nós temos que encontrar o cara da imobiliária mais tarde, hyung — Jimin tinha dito, caminhando de ré para a saída da loja. Por conta da sua posição, conseguiu ver Yoongi revirando os olhos por trás do caixa e sacudindo as mãos como sinal que ele fosse embora logo.

— Tá, tá, se manda. Eu te ligo quando o casamento acabar. Ah, não esquece que… — a fala do músico foi cortada pelo sino acima da entrada, aberta involuntariamente por Jimin. No movimento espontâneo, o mais jovem quase trombou com uma moça que estava parada bem na frente da loja e precisou se desculpar com ela, antes de se voltar para o interior do lugar.

— O que você disse, hyung?

Mas Yoongi já tinha subido as escadas de volta para seu apartamento, onde o casal tinha passado a noite juntos, e aquela tinha sido a última vez que o mais novo o viu porque pensava, acreditava fielmente, que teria um depois para perguntar ao mais velho o que ele tinha dito. Então, por causa da sua ilusão estúpida, deu de ombros e foi embora. E seu namorado nunca mais foi visto.

Hyunsu e Seokjin não eram os únicos que culpavam Park Jimin pelo desaparecimento de Min Yoongi.

— Ele ‘tá na academia. Eu ‘tô cuidando da loja pela manhã agora — informou Hyunsu, guardando, no armário abaixo do balcão, alguns produtos de limpeza que tinha ido buscar no apartamento do Jeon e evitando, assim, o olhar de Jimin propositalmente.

— Hum, então depois eu venho aqui.

O mais velho da dupla assentiu, concordando, e levantou-se para poder encarar o jovem policial.

— Você quer deixar algum recado para ele?

Jimin hesitou. Ele queria? O que diria? Oi, Jeongguk-ah, você sabia que eu apareço em dias aleatórios para te ver só porque você é a prova mais concreta de que o Yoongi era real? Porque olhar para você me faz sentir menos falta dele. Ou quem sabe: me perdoa por ter deixado o seu irmão sozinho e por não ter insistido para que os detetives não arquivassem o caso dele sem resposta nenhuma. Ou poderia simplesmente deixar uma das inúmeras perguntas que o atormentavam dia e noite, sem parar: você também me odeia e me culpa pelo que aconteceu como todo mundo?

— Não precisa, depois eu ligo pra ele — decidiu, batendo no balcão para se despedir. — Já vou indo. Eu, hum, vou me atrasar para o trabalho.

Hyunsu assentiu, cuidadoso.

— Bom trabalho, Jimin-ah — murmurou o Yoon, sem um pingo de sinceridade no tom de voz ainda ferido.

Jimin se despediu com um aceno de mão e, antes de puxar a porta para preencher o local com o barulho do sininho, olhou para trás, esperando encontrar Yoongi no caixa, vestido no short tactel e moletom que usava para dormir, e ouvir sua voz completando a frase interrompida. Entretanto, assim como naquele dia, tudo o que havia era o vazio.

(x)

Park Jimin odiava o cheiro de antisséptico. Trazia memórias ruins, era um mau presságio.

Por isso, assim que colocou os pés no elevador do prédio da delegacia e sentiu o odor forte de álcool e limpeza, seu corpo inteiro gelou e o coração começou a bater na garganta, sufocando-o. Sua divisão ficava no quarto andar e a subida de elevador do térreo até o local durava dois minutos contados, todavia, naquele instante, Jimin sentia como se estivesse preso em um filme transmitido em câmera lenta, no qual um minuto se arrasta mais do que o outro, competindo para ver qual vai demorar mais para acabar. O jovem detetive só queria que acabasse.

Seus olhos ardiam e o peito subia e descia descompassadamente à medida que o olhar observava, no televisor do elevador, os andares mudarem tortuosamente devagar. Um… Seu pai não sobreviveu a cirurgia. Dois… Teve que pedir demissão do seu emprego dos sonhos. Três… Min Yoongi estava morto. Quatro… Plim. As portas se abriram e as lágrimas acumuladas em seus olhos secaram quando o barulho de policiais caminhando de um lado para o outro, conversando e rindo alto, o tragou de volta para realidade, assim como o cheiro de ar-condicionado e café suprimiu aquele odor terrível que sufocava o loiro. Esse, por sua vez, saiu aos tropeços do elevador e sequer teve chance de respirar fundo para recuperar um pouco do controle próprio que ainda tinha, antes de ser abordado pela figura alta, cabelo escuro grande, vestida em suas costumeiras camisas de botão, com o distintivo policial pendurado no pescoço, de Kim Taehyung.

— Bom dia, Jiminie! — seu amigo cumprimentou, animado, abraçando-o pelos ombros. Jimin se encolheu, inconscientemente, porque sua cabeça ainda doía por conta do cheiro de antisséptico no elevador. Taehyung percebeu e o olhou preocupado. — Ei, o que foi? Você tá passando mal?

— Por que o elevador ‘tá com cheiro de hospital? — retrucou com uma pergunta.

— Ah, rolou a maior confusão no turno da noite ontem. A Yoojung-ssi trouxe um suspeito para prestar depoimento e ele tentou fugir, aí parece que tiveram que atirar para impedi-lo. Ele tava no elevador e ficou uma bagunça, tiveram que dedetizar para tirar todo o sangue. Sabe, mais um dia normal em uma delegacia. — O Kim deu de ombros, enquanto guiava o colega pelas inúmeras mesas que ocupavam o lugar. — Mas, sério, você ‘tá bem?

— ‘Tô sim. — Jimin deu sua resposta padrão e, antes que ela pudesse ser questionada, acrescentou: — Ainda não tomei café, aí fiquei um pouco tonto por causa do cheiro forte. Só isso.

Taehyung não comprou a mentira, contudo, assim como Jooyoung, resolveu não insistir.

— Vou na cozinha preparar algum lanche para você — ele informou, parando de andar, e apontou para mesa de Jimin, poucos metros de onde estavam. — Tem uma pessoa querendo falar contigo.

O loiro desviou o olhar para onde o amigo tinha apontado, depois deste se afastar na direção da cozinha, e franziu as sobrancelhas ao reconhecer o rapaz sentado na cadeira ao lado da sua mesa de trabalho.

— Juhyun-hyung? — chamou, quando estava próximo o bastante para ser ouvido.

Choi Juhyun levantou-se apressado ao ouvir a voz do Park, virando-se ainda mais afobado em sua direção. O homem mais velho era colega de trabalho de Yoongi e, desde o ocorrido de meses atrás, o detetive tinha perdido contato com ele. Lembrava-se de tê-lo visto no velório e teve um dia que o músico foi visitá-lo para saber como estavam as coisas, mas, depois desse encontro, não tinham se visto mais. Juhyun mandava mensagem de vez em quando, perguntando se Jimin estava bem, mas o detetive quase nunca as respondia porque estava ocupado demais mergulhando em mais e mais trabalho para tentar fingir que a realidade não existia. Ele estava ficando muito bom nisso.

— O que você ‘tá fazendo aqui? Está tudo bem? — o mais novo perguntou, enquanto colocava suas coisas sobre a mesa.

Juhyun olhou em volta, nervoso. Suas mãos estavam inquietas, apertando uma a outra, e sua voz, quando veio, soava conspiratória:

— Ah, oi, Jimin-ah. Na verdade, hm, eu queria reportar um desaparecimento.

Jimin precisou se apoiar na superfície de madeira ao seu lado para não cair.

— Como? — Sua voz era um mero sussurro.

O Choi respirou fundo e passou a mão pelo cabelo cor de areia que estava bagunçado, antes de continuar:

— Minha namorada. Suyeon, Cha Suyeon. Ela saiu para jantar com uns amigos dois dias atrás, mas não voltou para casa. Ninguém a viu ou falou com ela. Nem minhas mensagens ou ligações ela ‘tá respondendo. — A voz dele ainda era baixa, mas soava um pouco mais desesperada a cada palavra dita. — Ela não foi trabalhar e a família dela também não sabe de nada. Eu acho que, ahn, alguma coisa aconteceu.

O Park inspirou e expirou, tentando se acalmar. Ainda era um policial, ainda tinha um dever. Precisava se controlar. Por mais similar que fosse, era da vida de outra pessoa que estavam falando. Não era mais sobre Yoongi. Tinha que parar de pensar nele. Ele estava morto, acabou.

— Ok, calma — disse em um tom manso, querendo tranquilizar o amigo. Acenou para a cadeira reserva, onde Juhyun estava sentado antes, continuando: — Senta e me conta tudo o que aconteceu no dia que a Suyeon-ssi desapareceu. Eu vou reportar o sumiço e nós vamos começar a procurar por ela, tudo bem?

Juhyun o olhou, inseguro, enquanto fazia o que o mais novo tinha aconselhado. Observou Jimin ocupar seu lugar do outro lado da mesa e ligar o seu notebook, antes de tomar coragem para perguntar:

— Jimin-ah, se você reportar o desaparecimento, o caso fica sob sua responsabilidade?

A pergunta pegou o loiro desprevenido. Ele ergueu a cabeça e encarou, confuso, o ex-parceiro de trabalho do seu namorado.

— Ahn, eu… Eu não sei — respondeu, sincero. — É o meu supervisor quem decide isso.

Jimin teve um sobressalto quando Juhyun avançou em seu espaço, segurando suas mãos, que descansavam sobre o teclado do notebook, e pediu, desesperado:

— Jimin-ah, por favor. Por favor, pegue esse caso. Você tem que ser o responsável por ele, por favor. — O Choi hesitou por um segundo, como se tivesse medo das próprias palavras, mas continuou mesmo assim: — Se o mesmo que aconteceu com ele, acontecer com ela… E-eu não vou aguentar.

O que aconteceu com ele. O dia em que o detetive responsável pelo caso de Yoongi chamou o Park para conversar em particular, uma semana depois do desaparecimento do seu hyung, rebobinou no cérebro do loiro como um filme em velocidade aumentada.

— Jimin-ssi, eu queria que você fosse o primeiro a saber. A promotoria resolveu arquivar o caso do Yoongi-ssi.

O que aconteceu com ele.

— O quê? Mas vocês ainda não… Ainda não acharam provas de que ele morreu, não é? Você disse que as equipes de busca estavam procurando!

— E ninguém encontrou nada, Jimin-ssi. Absolutamente nada.

O que aconteceu com ele.

Os olhos escuros do seu colega de trabalho ainda o assombravam, assim como suas palavras seguintes:

— Sinto muito, mas não encontramos nenhuma prova de que ele ainda esteja vivo. O caso acabou.

O que aconteceu com ele?

Jimin nunca recebeu sua resposta e, agora, lá estava Choi Juhyun, implorando para que o Park não deixasse que o mesmo acontecesse com sua namorada. Ele não queria passar pelo mesmo que o detetive estava passando.

— Eu sei que você vai encontrá-la. Eu sei que você não vai desistir como eles fizeram — Juhyun insistiu e seu tom de voz soava muito como o do mais novo no dia em que recebeu a notícia que não havia mais esperanças para Min Yoongi. — Por favor, Jimin-ah.

— Tudo bem, hyung — garantiu, apertando as mãos do amigo para acalmá-lo, e completou com as palavras que gostaria de ter ouvido dois meses atrás: — Eu vou fazer tudo o que tiver ao meu alcance para encontrar a Suyeon-ssi.

Quando Juhyun sorriu, um pouco mais tranquilo, Jimin, enfim, conseguiu respirar novamente. E, quando inspirou, tudo o que sentiu foi o maldito cheiro de antisséptico.

Mau presságio.

~~~~


Notas finais: o que vocês acharam? alguém ai já tem alguma suspeita? a gente ainda tem um LONGO caminho pela frente, então me aguardem risos

espaço dos agradecimentos: muito obrigada à @mimi2320ls | @bebeh1320alsey pela paciência e carinho em betar wanted! ❤ e quero todo mundo exaltando bem muito o design da fanfic porque os céus e a thay sabem o quanto que eu SURTEI com a perfeição incrível dessa capa. amém @_thays por ter feito essas obras primas de capa e banner para minha filhotinha!! muito obrigada ❤❤

4 Décembre 2021 20:49 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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