mtole Matheus Toledo

Primeiro livro de uma saga que conta a história fantasiosa de uma caçadora de monstros em um mundo medieval.


Fantaisie Interdit aux moins de 18 ans.

#suspense #ação #aventura #magia #gore #melancólico
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ATO I / Capítulo 0 – O início da jornada

Em dias chuvosos e acinzentados tudo parece mais melancólico que o normal. As pessoas costumam fugir da chuva, se recolhem sob tetos que as distanciam da precipitação gélidas, aquelas que não conseguem apressam-se para assim faze-lo. As poças começam a se formar e transformam o que antes era a terra sólida em uma lama, muitas vezes grudenta, que irá te acompanhar por todos os lugares. As ruas ficam vazias, as carruagens diminuem seus fluxos, os pedestres quase não são vistos. Vazio, frio, lento, tudo se torna uma grande paisagem coberta de cores mortas. Quem me vê caminhar sem pressa sob a chuva deve me achar louca, mas para mim, o som das gostas precipitando no capuz do sobretudo é como uma melodia composta pela natureza, prenunciando que o Sol, cedo ou tarde, havia de vir e que as plantas poderiam desfrutar da água, por isso me mantinha calma e serena enquanto caminhava em direção a uma taverna. Seu nome? Kenblostink.

Klenblostink se localizava ao longo de uma rua na pequena província de Klenbor, ao norte de Grazni. Sua fachada era bem feita, embora seu aspecto mal cuidado deixasse uma má impressão. Possuía tons pastel que se misturavam aos musgos presos nas estruturas rochosas, e sua porta de entrada era feita de madeira escura, em cima desta havia uma placa anunciando o estabelecimento. Mal me aproximei da entrada quando dois homens passaram por ela trocando socos entre si. Esperei para que o caminho ficasse livre e adentrei a taverna. O interior era comum para aquele tipo de ambiente, revestimento feito de pedras recortadas, bancos de pedra, um balcão também feito de pedra e um quadro de avisos. Fui em direção ao balcão a procura de um trabalho. Ao me ver, um homem veio em minha direção.

-- No que posso ajuda-la?

-- Estou à procura do dono, senhor Sablinski.

-- E o que quer com ele? Uma moça tão bonita e tão jovem não deveria ir atrás de homens tão velhos. – Disse enquanto dava um sorriso.

Me aproximei lentamente de seu ouvido e disse – Estou em busca de um trabalho, mas acho que me contentaria em levar sua cabeça para dar aos porcos.

-- Ah é? – Fez o homem confiante – E como acha que irá arrancá-la?

Naquele momento, minha mão foi tão rápida em direção à gola de sua camisa, agarrei-a instantaneamente e o puxei para perto de meu rosto. Com a outra mão saquei minha adaga e a coloquei no pescoço dele. O homem congelou, em seus olhos havia somente uma expressão de medo. Todos ali ficaram assustados com o ocorrido, foi quando um senhor que também estava por de trás do balcão apareceu perguntando. – O que é isso? Solte esse homem imediatamente!

-- O senhor é o senhor Sablinski?

-- Sim. – Respondeu o homem com um olhar enfezado.

-- Estou à procura de trabalho, vi o seu cartaz na entrada da cidade.

-- E por que acha que eu daria o trabalho a você?

Arremessei o outro que me insultara para o meu lado do balcão, fazendo com que este caísse de fronte ao chão. Antes mesmo que ele pudesse expressar alguma reação, coloquei meu pé direito sobre sua mão, girei meu corpo e com o outro pé prendi pressionei sua cabeça ao solo. Com uma das mãos, puxei a manga do sobretudo e mostrei o pulso para que o homem pudesse ver quem eu era.

-- Essa tatuagem... essa cicatriz... – O homem me fitou surpreso. – Você é uma caçadora? Por que não dissera?

-- Eu estive ocupada. – Disse com sarcasmo.

-- Por favor, solte o Gustan. – Aliviei a pressão sobre a cabeça dele e me afastei do homem que por sua vez parecia enfurecido. – Gustan! – Gritou o senhor Sablinski – Deixe-a em paz. – Sem dizer uma palavra o homem levantou e me encarou com uma expressão de ódio, mas logo se retirou do local. – Não se preocupe com ele, deve ter ido esfriar a cabeça. A propósito, venha comigo senhorita, vamos conversar em outro lugar.

Acompanhei Sablinski até sairmos da taverna e logo ao lado, na mesma casa, havia uma outra entrada que levava a residência do senhor Sablinski.

-- Por favor, entre. – Disse ao abrir a porta.

-- Com licença. – Adentrei a casa, era bem simples em escura. Possuía as mesmas pedras que compunham a taverna, porém seu visual era bem mais rudimentar e acinzentado.

-- Sente-se aqui. – Disse ele oferecendo uma cadeira.

-- Obrigada, mas prefiro ficar assim.

-- Tudo bem. Fico surpreso que uma caçadora tenha aceitado meu trabalho, já que nem mesmo mercenários houveram demonstrado interesse.

-- Eu imagino. – O homem pareceu um pouco desconfortável com o comentário.

-- A propósito, como se chama?

-- Melka.

-- Melka? Belíssimo nome...

-- Por favor senhor Sablinski, vá direto ao assunto.

-- Ok... – O homem deu uma respirada funda. – O que precisa saber?

-- Conte-me tudo o que sabe sobre sua filha, como ela era, com quem ela tinha intimidade, o que gostava de fazer e a respeito do dia do desaparecimento, como ela estava agindo, com quem ela teve contado, por onde ela passou.

-- Minha querida Madelaine, ela é uma garota inteligente, bonita, possui bons modo, muito bem educada. Posso dizer que ela é muito reservada, não é de ter muitos amigos, aqueles que ela conhece são os mesmos que eu conheço devido ao convívio na taverna. A mãe dela morreu enquanto ela era ainda jovem, por isso minha filha cresceu comigo e aprendeu tudo sobre os negócios da família. Trabalhar cá ao lado é a vida dela praticamente. Ultimamente Madelaine começou a se engraçar com um rapaz chamado Jerry, menino bom que mora ao final da rua, mas não conheço mais ninguém além dele. Posso até dizer que muitos sintam inveja, não digo isso como pai, mas minha filha é realmente muito bela. No dia em que sumiu, Madelaine havia de ter saído com esse menino Jerry, mas por volta das cinco da tarde, o menino apareceu no bar perguntando por ela e porquê ela não houvera comparecido ao encontro. Naquele momento meu coração gelou e...

-- Me desculpe te interromper, mas há quanto tempo ela está desaparecida e quantos anos ela tinha?

-- Madelaine desapareceu há duas semanas e possui vinte anos.

Senti que aquele caso seria uma perda de tempo. Sablinski pode ver o desconforto em meu olhar.

-- Quanto está disposto a pagar?

-- Uma quantia bem alta madame.

-- Eu perguntei quanto.

-- Mil Gons.

-- 3 Mil.

-- 3 mil? Da onde vou tirar esse dinheiro? Nem mesmo os mercenários cobrariam esse preço.

-- Você quer que eu encontre sua filha? A propósito posso trabalhar como uma mercenária, mas você sabe o motivo de eu ser uma caçadora. Trabalho bem feito, preço alto, pegue ou largue.

O homem hesitou por um momento, remoeu seus lábios e curvou-se colocando suas mãos sobre a cabeça.

--- Está tudo bem, 3 mil Gons. Mas pago somente após o trabalho feito.

-- Não se preocupe. Descobrirei o que aconteceu com sua filha senhor Sablinski, mas antes... – Disse enquanto pegava minha adaga. – Precisamos fazer um contrato de sangue.

-- Como isso funciona? É bruxaria?

-- Magia senhor Sablinski, é uma garantia tanto para mim, quanto para você. Não poderei enganá-lo nem serei enganada, não poderei abandonar ao contrato nem você poderá. Poderei agir por intermédio dele e não poderei fazer outra coisa até o término deste, o mesmo valerá a ti.

-- Tudo bem.

-- Senhor Sablinski... --- Disse enquanto empunhava minha adaga. – Por intermédio deste contrato de sangue deverei descobrir o que aconteceu com sua filha Madelaine e caso está ainda esteja viva, trarei de volta para o seu lar se for da sua vontade, quanto a ti deverás me pagar os 3 mil Gons, caso o contrário levarei tua cabeça como troféu. Pergunto a ti Sablinski, está de acordo com os termos?

-- Sim, estou. – Gentilmente peguei sua mão direita e com a adaga cortei a palma para que pudesse jorrar seu sangue. Após, ergui a manga do sobretudo e fiz com que o sangue caísse sobre a marca em meu pulso, banhando minha tatuagem e cicatriz. Enfim a dor gritante apossou meu corpo e dispersou minha mente. Grunhi de agonia ao sentir a pele em meus braços arder pela magia do contrato. Brevemente a dor passou e pude recobrar minha lucidez.

-- Está tudo bem? – Perguntou o senhor Sablinski.

-- Sim, não se preocupe comigo. – Disse enquanto me recompunha – Senhor Sablinski, como posso encontrar esse menino, o Jerry.

-- Se seguir até o final da rua, verá um conjunto de casas. Irá procurar pela casa verde com flores nas janelas. Ali encontrará quem procuras.

-- Obrigada. – Me organizei e me despedi do Sablinski antes de me retirar. Fora da casa, segui meu percurso até chegar ao final da rua. Chegando lá me deparei com a casa descrita, havia flores violetas, tulipas e roseiras no entorno da casa. As cores davam um contraste agradável ao mesmo tempo que arrancava o tom pálido da rua. Quando me aproximava da entrada, uma mulher apareceu na janela ao lado da porta, logo percebeu que eu estava indo em direção a casa. A mulher logo abriu a porta e veio a meu encontro.

-- Pois não? Em que posso ajudar?

-- Bom dia senhora, gostaria de saber se aqui mora um garoto chamado Jerry?

-- Sim. Ele é meu filho, mas o que queres com ele?

-- Ele conhecia a menina dessa rua que desapareceu, gostaria de saber mais sobre ela e acredito que Jerry tenha alguma pista ou resposta a oferecer?

-- A filha do Sablinski? Mas é claro! Ela e o meu menino não desgrudavam. Jerry sempre me contava sobre ela, ele estava tão feliz... – Disse a mãe enquanto mudava de uma expressão alegre para uma melancólica.

-- Estava? Como ele está agora?

-- Ele mudou bastante. Parece um pouco distante, paranoico e muito irritado. Talvez meu filho esteja até mais abalado que o próprio Sablinski. Ele largou o trabalho e todos os outros hobbies para tentar encontrá-la.

-- Entendo... A senhora poderia me informar aonde seu filho está agora?

-- Eu não sei. Ele saiu daqui a cerca de uma hora, mas não me disse para onde iria.

-- Algum lugar em comum aonde ele costuma ir? Tem algo em mente?

-- Sim. Ele pode ter ido para o ponto do trevo. É um conglomerado de vendedores em um espaço fechado, protegido da chuva. Fica há umas 3 esquinas daqui sentido noroeste.

-- Muito obrigada. – Antes mesmo que pudesse perguntar seu nome, um rapaz passou aos tropeços, esbarrou em mim e seguiu para a casa bravejando murmúrios de raiva. A mãe do menino logo reconheceu seu filho e abriu uma cara de espanto e desespero.

-- O que aconteceu meu filho! – Berrou a mãe.

O garoto adentrou a casa sem dar uma palavra, a mãe foi logo atrás tentando acudi-lo. Segui a deixa e segui-os para o interior da mobília. Eles haviam ido a um cômodo aonde se iniciara uma discussão. Assim que cheguei a entrada deste, a mulher logo me notou.

-- O que faz aqui dentro?

Ignorando-a me direcionei ao menino e pude notar hematomas em seu rosto e um nariz enxarcado de sangue. Me aproximei dele para fazer algumas perguntas.

-- Você é o Jerry? – O menino me ignorou e seguiu olhando para baixo. – Você conhecia Madelaine? – Logo ao ouvir este nome, me encarou com um olhar furioso e respondeu.

-- O que você tem haver sobre isso!?

-- Me chamo Melka, sou uma caçadora. Fui contratada pelo senhor Sablinski para encontrar a menina.

A expressão em seu rosto logo mudou de fúria para uma surpresa acompanhada de alívio.

-- Uma caçadora... – Disse enquanto afagava as mãos em uma tentativa de se acalmar. – Eu pensei que só caçavam monstros. Talvez você possa me ajudar.

-- O que aconteceu com você? Me conte tudo.

-- Claro. Estarei disposto a ajudar no que for. Mãe... – Disse o menino virando-se para a matriarca. – Por favor, pode nos deixar a sós?

A mulher fechou o rosto para mim, mas logo saiu do cômodo deixando apenas eu e o menino para conversar.

-- Antes que comece a contar o que aconteceu hoje, preciso que responda algumas perguntas sobre a menina.

-- Tudo bem. – Respondeu ele de forma entusiasmada. – Por onde começamos?

24 Novembre 2021 22:50 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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