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Jimin sempre foi considerado estranho por dizer ver coisas que ninguém mais conseguia. Cansado disso, ele decidiu criar seu próprio universo fantástico e vender como um show para aqueles que queriam escapar da realidade. Homens de coração e mente fechados jamais conseguiriam ver o mundo fantástico bem diante de seus olhos. Entre esses homens, há Min Yoongi, que é convencido por sua filha a levá-la ao espetáculo. E, por mais cético que seja, decide acreditar em tudo que Jimin o mostrar, mesmo o que não fosse real em sua concepção.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Déconseillé aux moins de 13 ans.

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Para os que acreditam

Escrito por: LuhDrama / LuhDramaLS


Notas iniciais: Olá! Estou de volta mais uma vez e espero que gostem do que vem por aí.

Tenham uma boa leitura!


~~~~


Jimin não soube quando exatamente começou a enxergar coisas além de seu imaginário, mas, se não fosse pelas outras pessoas franzindo o rosto em confusão ou sussurrando comentários medrosos, talvez jamais fosse perceber.

Para ele, era comum as casas de tijolos vermelho barro serem enfeitadas pelos seres néons que andavam sobre elas com seus pés formados por traços finos, patas ou tentáculos. Assim como os insetos que sobrevoavam ao seu redor e mudavam de cor sempre que estavam irritados com as pessoas que implicavam com o garoto ou enquanto se divertiam rodando em volta dos postes que iluminavam as ruas abandonadas.

Era praticamente impossível para Jimin fazer outras pessoas entenderem que os seres excêntricos com quem o pegavam conversando na rua, como o homem do chapéu-coco, por mais que parecessem irreais ou como colagens de formas geométricas, existiam.

Porém, com o tempo, percebeu ser uma outra realidade que ninguém mais via, chegando a concordar com os moradores comuns de que talvez sofresse de algum grau de loucura quando os anos foram se passando e aqueles seres nunca sumiram.

As ruas monótonas continuavam coloridas para ele e seu conceito de diferente muito se destoava do que o resto da população acreditava por conviver em dois universos ao mesmo tempo.

Naturalmente, ele percebeu que deveria fingir caso quisesse ser aceito em sua cidade, o que durante algum tempo funcionou. Porém, depois de anos, ele reencontrou seu lugar em uma mansão — herança deixada por um parente seu — que diziam carregar a sua mesma maluquice.

Entretanto, ao invés de viver excluído, como pensavam que ficaria, Jimin decidiu que utilizaria o espaço para algo maior.

Transformaria sua nova casa na realidade que enxergava e convenceria a todos que quisessem que nunca tinha inventado nada. Bastava acreditarem e então veriam com seus próprios olhos como ele via o mundo.

...

O frio que nunca parecia cessar castigava um pouco mais as vielas das casas de tijolos, escondendo seus telhados com uma camada grossa de neve e mantendo seus moradores escondidos no aconchego de uma lareira — aqueles que tinham condições de tal mordomia —, ou apenas embaixo de quaisquer panos e cobertores remendados que tivessem.

Os tempos não eram muito esperançosos, a crise econômica e social tinha abalado muito a vida de todos e agora restava sobreviverem da maneira que podiam. Fatores como esses faziam com que Min Yoongi mantivesse o rosto apoiado nas mãos e suspirasse profundamente antes que seu olhar fosse direcionado à pequena menina que se distraía com algo no chão da sala.

Ele sempre deixava um sorriso escapar enquanto a observava completamente imersa em seu mundo ou encarando a tela transmitindo algum desenho cheio de interferência, tornando a imagem um pouco distorcida e tendo o som prejudicado pelos ruídos, ainda que este fosse mantido com volume baixo.

O cenário repetiu-se incontáveis vezes até o dia em que demorou um pouco mais para olhá-la, muito ocupado com uma conta que não batia, e sentiu sua blusa ser puxada.

— Papai! Papai, olha! — Ouviu os chamados, os puxões no tecido persistindo até que a criança tivesse sua atenção.

— O que houve, Gowon? — murmurou, não entendendo para onde o dedo pequeno apontava.

— Vem logo! — chamou, desta vez com mais vontade, e correu para a sala.

Os cabelos longos e escuros logo se espalharam nas costas da menina quando esta jogou-se na coberta felpuda que recobria o chão onde ficava deitava, os pés balançando no ar enquanto encarava admirada a tela, novamente apontando para o que queria que seu pai visse.

O Min mais velho não demorou a sentar ao seu lado, tentando compreender o porquê da exaltação da filha. Na tela, passava o que julgou ser uma propaganda, que Yoongi não conseguiu compreender muito bem do que se tratava, se era algum tipo de show ou apresentação, como as de teatro ou circo, talvez.

— Nós podemos ir assistir um dia? Por favooor — pediu com manha, unindo as duas mãos para dar ênfase ao seu pedido.

O discurso já pronto na ponta da língua de Yoongi ficou retido ali diante daquele apelo, cheio de olhares pidões e lábio inferior projetado em um biquinho para soar ainda mais convincente. Gowon geralmente não gostava de usar tal artifício, exceto quando queria muito alguma coisa, e, no momento, seu maior sonho era assistir o grande espetáculo que acontecia na única mansão existente na pequena cidade em que moravam.

Pelo pouco que conhecia sobre, sabia que seria uma experiência única e imperdível.

— Eu vou tentar dar meu máximo para te levar, está bem? — disse o Min, erguendo-se do chão para voltar ao que fazia. — Agora preciso que você vá se arrumar para dormir.

A menina não escondeu a expressão emburrada por não ver a mesma empolgação no outro, mas logo a desmanchou quando escutou algo entre os ruídos que atraíram sua atenção.

Aos que almejam ganhar seus ingressos, basta mandar uma carta com a resposta à seguinte pergunta: Como seria um mundo perfeito para você? — dizia a voz no aparelho, moldada para manter a expectativa de saber mais, e a vontade de conseguir uma entrada que fosse. — As melhores respostas ganharão dois ingressos para que possam assistir e criarem seus próprios espetáculos junto a mais um convidado.

Tinha conhecimento de que seu pai era atarefado e achava que ele não podia levá-la devido ao preço alto dos ingressos, até que descobriu através daquela propaganda que tinha a chance de ganhá-los se mandasse uma carta convincente o bastante para o responsável pelo show. Decidiu, então, que aquela era a sua grande chance.

Por isso, naquela noite, correu para o seu quarto e encarou a neve caindo pela janela até pensar em algo, escrevendo com suas letras o mais desenhadas possível, junto a desenhos para chamar a atenção de quem fosse ler.

— Tinha dito para você dormir, não desenhar. — A voz repreensiva logo fez a menina esconder a folha por debaixo do travesseiro, ajeitando-se de maneira que pudesse ficar confortável para dormir.

— Desculpa. Estava esperando que o senhor cantasse algo para eu dormir — disse com um piscar inocente, sendo uma maneira de distraí-lo da folha que escondia.

O homem, notavelmente cansado, sentou na beirada do colchão, ajeitando sua coberta e reprimindo um bocejo.

— Sabe que não sou bom com isso — tentou driblar o pedido.

— Mas você cantava com a mamãe — retrucou, pressionando os lábios ao perceber que tinha tocado no assunto proibido.

A chantagem atingiu Yoongi, que se manteve mudo até ouvir mais pedidos de perdão vindos de Gowon.

— Tem razão — admitiu, por fim. — Vou cantar um pouco, mas preciso que durma, está bem?

Com o combinado feito, o Min ajeitou-se para ficar deitado de lado sobre a coberta, observando os olhos pequenos de mesmo formato que os seus se fechando. Iniciou, então, um cantarolar que evitava recordar ou pronunciar a letra, por achar que não soava bem em uma voz mais grave, mas não conseguia se esquecer de que a canção era sobre uma menina, que, ao dormir, entrava num mundo fantástico onde o sol sempre iluminava os dias e as pessoas eram felizes.

Quando notou o ressonar baixinho, indicando que Gowon havia adormecido, ele, então, retirou-se para seu quarto, depois de deixar um selar sobre a franja escura da filha, desejando-a boa noite. Seus pensamentos, no entanto, continuaram ressoando aquela música, com a voz da pessoa que tinha a inventado para acalmar a bebê em noites difíceis. E, com ela em mente, acabou por adormecer também.

O envelope trazido por Gowon até a mesa da cozinha na semana seguinte, após batidas firmes do carteiro na porta de entrada, estava deixando Yoongi intrigado.

Era uma carta de papel duro e bordô, com linhas douradas como fios de ouro enfeitando as bordas e letras extravagantes no meio, sendo endereçado à residência dos Min.

— O que acha que pode ser, Gowon? — murmurou, a voz ainda sonolenta em conjunto com a testa franzida.

A menina ergueu os ombros, sem ter palpites sobre o que poderia ser, e firmou as mãos na perna do pai para fazer impulso e subir em seu colo, querendo espiar também o conteúdo da carta.

Os dois abriram o lacre de cera, suspendendo o papel para que revelasse os ingressos brancos, também decorados com linhas douradas e letras em vermelho bordô como o envelope.

— São entradas para o espetáculo da televisão! — Gowon anunciou animada, pegando uma das tiras de folha decorada que continha seu nome impresso.

Yoongi rapidamente desconfiou da situação, como poderiam ter ganho entradas para um espetáculo que parecia tão caro? Ainda mais com todo aquele requinte em simples pedaços de papel? Pensou até que fossem enfeitados com ouro líquido de verdade.

— Pode ser uma pegadinha, filha — o Min mais velho resistiu, desconfiado da entrega súbita. — Sabe como as pessoas na rua têm brincado com a esperança das pessoas.

— Mas, pai… — resmungou a menina, já murchando a expressão ao encarar novamente o envelope e perceber que havia também uma carta junto aos ingressos. — O que está escrito no papel?

Só então Yoongi pareceu perceber a existência da folha amarelada como um pergaminho e puxou a carta dobrada ao meio para ler as frases escritas à mão, tão bem traçadas quanto às impressas.


“Senhor e senhorita Min,

Caso esta carta tenha chegado em suas mãos, quero que saibam que este é um convite especial para os afortunados em poderem desfrutar uma noite em meu espetáculo.

Estarei aguardando os convidados onde as luzes ainda enfeitam o céu, mais do que as estrelas.


Com as minhas sinceras congratulações, PJ.”


O pai não viu, mas Gowon arregalou os olhos ao compreender o conteúdo do convite. Eles tinham ganhado os ingressos através da sua carta!

— Nós fomos convidados pelo próprio mestre do show! Foi ele quem nos deu os ingressos! Tem certeza de que não podemos ir? — questionou mais uma vez, os olhos brilhando ansiosos, pela afirmativa que tanto esperou.

— Bem, não vejo razão para desperdiçá-los — Yoongi cedeu, espelhando o sorriso da filha quando esta começou a comemorar, saltando de volta para o chão para correr até seu quarto, aos pulos. — Aonde vai, mocinha? O espetáculo é só à noite.

— Preciso achar uma roupa bonita! — gritou já do quarto, mal contendo sua euforia. Era seu maior desejo do momento sendo realizado!

Pegou um vestido rodado de mangas e gravata borboleta na gola, traje este que não usava desde que seu pai disse ser perigoso ficar andando nas ruas, e o esticou sobre a cama, imaginando por alguns minutos como seria chegar vestida nele na grande mansão, que mais parecia um castelo, com suas paredes de pedras e vários andares, rodeado por um grande jardim.

Quando despertou de seus devaneios através do chamado de seu progenitor, a menina tratou de ajudá-lo em tudo que podia para que ninguém estivesse cansado o suficiente para mais tarde, inclusive até auxiliou o homem a ajustar seu grande casaco quando foi se aprontar.

Sobre protestos e lamentos, a menina precisou calçar meias longas e luvas para que ficasse bem protegida do frio, já que não possuíam um carro. Estes, na verdade, eram raros de serem vistos por ali, e transportes públicos há muito tempo tinham parado de circular, restando aos Mins andarem sobre a neve até onde as luzes de grandes holofotes apontavam para o céu, iluminando as nuvens escuras que quase sempre estavam recobrindo a cidade.

Os dois chegaram de mãos dadas aos portões principais de ferro, avaliando a fila que já se formava ali na entrada. Não havia uma cabine recolhendo os ingressos, mas sim um tapete longo e vermelho vivo, que mostrava o caminho que deveriam percorrer até o saguão, composto por um espaço que interligava a entrada da mansão com todo o restante da casa.

Ao centro, o tapete vermelho estendia-se para o segundo andar e findava-se dentro de uma sala espaçosa e organizada para receber todos os convidados de maneira que pudessem ficar sentados de frente para um palco. A cortina que escondia o que quer que estivesse lá atrás carregava os mesmos detalhes do envelope que tinha sido entregue no lar dos Mins, e a plateia presente mantinha conversas baixas, as pessoas estavam ansiosas pelo que poderiam presenciar.

Yoongi percebeu uma diferença gritante entre o público. Havia homens e mulheres muito bem vestidos, com peças tão caras quanto as compras do mês que fazia no mercado. Já outros eram pessoas mais simples como Yoongi e sua filha, e também existiam espectadores que se encontravam em um estado ainda mais precário, com roupas maltrapilhas e descalços.

O espetáculo deveria realmente ser para todos, já que as mais variadas classes sociais eram convidadas.

Quando estava prestes a ir sentar-se em uma das últimas fileiras, encontrou resistência nos passos agitados da filha, que almejava sentar bem na frente, de maneira a não perder detalhe algum da apresentação.

Por mais que não fosse do seu agrado estar tão perto do palco, acatou o desejo de Gowon mais uma vez e deixou ser levado para as cadeiras disponíveis na primeira fileira, ajudando a filha a ficar bem ajeitada no lugar que escolheu e sentando ao seu lado.

Os pés da menina balançando no ar exteriorizavam a ansiedade presente em ambos até que todo o público terminasse de entrar e as luzes finalmente se apagassem. Então, um único foco de luz acendeu-se no meio das cortinas. Os murmúrios surpresos iniciaram-se antes mesmo que o tecido fosse aberto o mínimo possível para a passagem de um cetro, o qual foi firmado sobre o palco e serviu de apoio para a figura que surgiu em seguida com um sorriso misterioso e convidativo.

— Sejam muito bem-vindos ao espetáculo da vida de vocês. — A voz fina e melodiosa preencheu o salão, agora silencioso. A mão que segurava o bastão dourado com um enfeite de um diamante branco e oval na ponta, contendo borboletas com asas bordô dentro, moveu o objeto para frente de maneira que prosseguisse até a ponta do palco.

— Papai, é ele! — Gowon sussurrou ao seu lado, os olhos escuros abrindo-se como se estivesse diante de um ser encantado.

Yoongi demorou um tempo para perceber que o homem de quem sua filha falava se tratava daquele que havia assinado a carta e enviado os convites. Imaginava que o dono de tudo aquilo fosse realmente alguém muito rico e propício a montar aqueles eventos caros em sua mansão, porém ainda não fazia tanto sentido convidar pessoas tão medíocres para participar deles.

Suas vestes eram peculiares, características de pessoas de sua classe. O casaco de botões estendia-se longo em suas costas e estava aberto, revelando o corset escuro em contraste com a blusa social branca que se encontrava por baixo. Parecia que estava prestes a apresentar um picadeiro.

— Espero que todos tenham feito uma viagem segura até aqui nesta noite fria, e que estejam bem acomodados — continuou, mantendo o bastão sob suas mãos enquanto observava a expressão de cada um na plateia com atenção. — Antes de começarmos, preciso que todos os presentes tenham em mente duas coisas: se estão aqui é porque possuem algo muito importante nos tempos em que vivemos, a esperança. Além disso, significa também que estão dispostos a deixarem qualquer pensamento cético do lado de fora, pois aqui vocês quem montam seus próprios espetáculos.

Seu olhar repousou diretamente sobre a primeira fileira, os lábios chamativos formando um meio sorriso revelador — como se tivesse encontrado alguém tentando roubar sua decoração escondido — quando encarou o Min mais velho, forçando as sobrancelhas marcadas de Yoongi suavizarem ao ser notado.

— Para aqueles que não souberem enxergar, não haverá como prosseguir daqui — avisou, a seriedade cruzando seu rosto antes que voltasse a sorrir, desta vez mais abertamente, antes que batesse a ponta do cetro no chão. — Sendo assim, senhoras e senhores, iremos começar o grande show!

Uma salva de palmas animadas preencheu o recinto e uma música circense com instrumentos de orquestra passou a tocar, deixando o público em expectativa quando as cortinas foram abertas e traços luminosos passaram a sair, por detrás delas, em um show de cores.

Gowon chegou a emitir uma exclamação surpresa e admirada ao ver um bando de pássaros em traços coloridos sobrevoarem a cabeça de todos e flores iluminadas surgirem nas paredes por onde passavam. A menina também percebeu que as borboletas presentes dentro da joia do mestre do show agora batiam as asas freneticamente e o homem encarava toda a cena muito satisfeito, era realmente apaixonante ver os olhos de seu público brilharem com tudo o que era apresentado.

Logo, seres caricatos foram surgindo em meio ao espetáculo de cores, levando um por um ao desconhecido. A menina viu um dos pássaros guiar outra criança do seu tamanho para um corredor lateral, um homem ser abordado por uma mulher que tinha pedras preciosas constituindo sua pele e até mesmo uma família de moradores de rua ser envolvido por um grande Dachshund que deixava marcas de patas brilhantes no chão por onde passava.

Foi em meio a isso tudo que uma luva branca se estendeu em sua direção e Gowon viu um rosto de formas geométricas e chapéu-coco sorrindo para si.

Ao seu lado, seu pai apenas via as pessoas saindo de seus lugares e andando para fora do salão com risadas e conversas acaloradas, sem entender o que viam para estarem tão animados. Procurou e procurou em volta o que poderia ter saído das cortinas abertas e suspirou decepcionado, talvez o show todo não passasse de uma farsa.

Entretanto, quando virou para a filha no intuito de dizer para que fossem embora, percebeu que estava completamente sozinho. Sua filha havia sumido.

— Gowon? Gowon! — chamou, sem receber resposta alguma ou ter um mínimo sinal do vestido rodado em lugar algum.

Levantou-se assustado, não poderia tê-la perdido fácil assim. Tinha sido descuidado e irresponsável!

Estava prestes a ir para um dos corredores e pretendia revirar toda a mansão até que a achasse, contudo, foi impedido por uma pedra brilhante contra seu peito.

— Se quer encontrar sua filha, precisa seguir as regras, senhor Min — disse o mestre do show, voltando a apoiar o cetro no chão e cruzando as mãos sobre a pedra. — Homens de mente e coração fechados não merecem ver o verdadeiro espetáculo.

— Quem pensa que é? — retrucou irritado. — Para onde levou minha filha?!

Seus gritos não abalaram o apresentador, parecia acostumado a ser questionado daquela forma.

— Eu não a levei em lugar algum. Min Gowon é capaz de enxergar não só o seu como o universo de todos os outros espectadores, o que é bem contraditório, julgando ter um pai tão desacreditado — revelou, voltando a sustentar uma expressão astuciosa antes de impedir que Yoongi discutisse mais uma vez consigo. — Posso ajudá-lo a entrar em seu próprio mundo para que encontre a senhorita Min, porém precisarei que colabore.

Na mente de uma pessoa que conhecia apenas a realidade de fora, o que estava ouvindo pareciam absurdos de um aproveitador que queria que todos os seus convidados acreditassem na ideia que vendia. Entretanto, Yoongi buscou nos olhos esfumados que portavam lentes cinzentas alguma mentira que fosse plausível, como voltar ao passado, quando tudo era mais simples.

Segurou, então, no braço do mestre do show quando este foi oferecido sem questioná-lo e deixou-se ser guiado até um corredor exatamente igual a todos os outros, sem quadros, vasos ou qualquer enfeite, apenas lustres pendurados e paredes de pedras claras.

Uma única passagem no meio dava acesso a uma pequena varanda e o parapeito baixo facilitou para que pudessem subir sem dificuldades.

Metros abaixo um grande jardim bem cuidado estendia-se pelo terreno, como se jamais sofresse com tempestades de neve, e Yoongi começou a repensar se era uma boa ideia seguir um homem tão estranho quanto aquele.

— Tem medo de altura, senhor Min? Ou apenas ainda não acredita o suficiente? — indagou, a brisa fria balançando seus casacos.

O gesto de bater o cetro foi repetido contra o parapeito e, diferente da primeira vez, agora também foi capaz de enxergar as borboletas movendo dentro do diamante translúcido.

A estranheza da situação fez com que Yoongi piscasse repetidas vezes e esfregasse os olhos até que sua mão fosse segurada e puxada para frente, fazendo com que seu corpo caísse em direção à imensidão vazia no ar acima das plantas floridas.

O oxigênio de seus pulmões foi extinto tão depressa que precisou respirar fundo quando viu o chão ainda distante e um de seus pés flutuando no ar, enquanto o outro manteve-se para o alto por ter se desequilibrado na descida brusca.

— O quê…? — murmurou confuso, ajeitando o tronco e certificando-se de que estava seguro, batendo o sapato contra uma superfície dura e invisível. — Como?

— Se continuar questionando muito, irá cair.

Com o aviso, Yoongi decidiu apenas acompanhar o mestre pelo seu percurso seguro até o chão de terra, que se iluminou com pegadas, indicando o caminho que deveriam tomar.

— Irei guiá-lo pelo seu espetáculo, mas quem fará o show será você — comentou, puxando a corrente de seu relógio de bolso para ver as horas. — Tem oito horas pela frente antes que o sol comece a raiar.

Ainda assustado com a situação, porém um pouco mais conformado, Yoongi prosseguiu, agora completamente desvencilhado do outro homem, que manteve cada passo com a ajuda de seu bastão. Começou a julgar que o tal mestre era alguém metido com forças obscuras e, por isso, conseguia convencer qualquer um sedento por algo que o distraísse da realidade de que uma noite de espetáculo fosse a solução.

— Como consegue criar isso tudo? — Não conteve sua curiosidade quando o que parecia ser um enxame de vagalumes aproximou-se. Percebeu serem seres alados com mãos humanas minúsculas cobertas por luvas e que riam ao rodearem os dois.

— Eu nunca criei nada — admitiu. — Sempre existiram, mas poucos são os que enxergam.

— E decidiu, então, ganhar dinheiro vendendo ilusões para as pessoas dessa cidade abandonada na forma de um espetáculo? — prosseguiu, apertando os próprios braços contra seu corpo de maneira que mantivesse o andar sempre sobre as pegadas de sapatos acesas.

— Aqui sempre foi assim — defendeu-se, um tom magoado sendo perceptível. — Não tenho culpa da crise ou do que aconteceu com as pessoas. Quero apenas trazer esperança e alimentar a fantasia delas, esse foi o meio que encontrei para acender esse sentimento.

A breve conversa foi interrompida pelo som de música ritmada no sentido oposto ao que o caminho indicava. Uma mesa farta e fumegante atraiu a atenção de Yoongi, que logo se exaltou ao reconhecer uma menina de cabelos escuros andando ao lado de uma das laterais da mesa.

— Gowon! — ele gritou de onde estava, mas a menina parecia distraída demais, sendo ajudada por duas pessoas a sentar-se na mesa farta, cheia de pratos que andavam e bules que possuíam olhos.

— Ela parece muito feliz lá, não? Por que atrapalhar? — indagou o apresentador, indicando a cena que a pequena Min estava vivenciando.

A contragosto, o Min passou a prestar atenção no que estava acontecendo. Havia o que parecia ser um casal junto à sua filha, apesar de seus rostos pouco nítidos, como se não fosse possível definir os traços que os permitissem ser reconhecidos ou houvesse a possibilidade de serem moldados nos rostos das pessoas que quisessem se transformar.

Gowon estava feliz, sorrindo como a via fazendo poucas vezes. Praticamente só presenciou tais cenas quando a menina estava em frente à televisão e ao terem recebido os convites do espetáculo. Yoongi sabia que não estava dando seu melhor como pai desde que assumiu todas as responsabilidades sozinho, e Gowon poderia já ser crescida o suficiente para entender as prioridades da casa, porém era injusto com ela que tirasse seus momentos de alegria genuína.

— Vamos continuar — falou, cedendo ao discurso do outro. Doía em si admitir, mas talvez fosse esse o motivo pelo qual ela quisesse tanto ser levada ao show. Ali, ela poderia criar seu próprio mundo perfeito, com uma mesa de jantar cheia e divertida, junto aos pais e quem mais quisesse que estivesse ali.

Um peso em seu ombro curvado fez com que o Min mirasse novamente o mestre do show, reparando desta vez no cabelo loiro ajeitado com gel e em seus lábios, quando um primeiro comentário ficou retido ali até que seu conselho fosse reformulado.

— Não se deprima, ainda precisa seguir com o seu show.

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Notas finais: Quero agradecer a Maria flowerzmyg/flowerzmyg e a Nohminie_swag/minie_swag pela paciência em betar e dar várias dicas e também a ThalieThalieMessi/tmessi pelas capas lindas e do jeitinho que imaginei ♥♥♥


E para quem decidiu se aventurar por aqui, espero vocês na segunda parte!

4 Novembre 2021 00:44 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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