vitoria-regina1621359975 Vitória Regina

"Quando terminamos os estudos, a gente acha que está pronto para o que a vida nos preparou. O único problema, é que a escola esqueceu de nos ensinar a lutar com espadas e encarar animais perigosos em uma floresta escura. Devo ressaltar que aprendi muito mais nos últimos anos, do que em toda a minha vida estudando. O motivo? A vida sabe nos ensinar da maneira dela, fria e brutal. Ela nos dá o que precisamos e não o que queremos. Eu queria que tivessem me avisado isso antes..." Capa por @souszs.


Fantaisie Déconseillé aux moins de 13 ans.

#Amigos #amizade #reinos #ilha #magia #magos #lobo
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Prólogo


Que lugar é esse?

Era noite e a escuridão tomava conta da floresta. O vento gelado cortava minha pele, um arrepio se estendeu por todo meu corpo. Olhei ao redor e estava sozinha, por entre as folhas das árvores pude ver o céu estrelado e a lua brilhando. Meu corpo permanecia paralisado, o vento bagunçando meus cabelos, assobiava uma canção assustadora.

Entre as árvores que me cercam, ouço algo se movendo, a cada passo se aproximando de mim. Tento me mover, mas meu corpo não reage. Minhas pernas se negam a correr, meus braços estão paralisados e minha voz é levada pelo vento numa súplica tentativa de pedir ajuda.

Dos arbustos, saiu uma criatura diferente de todas que já tinha visto. Seus olhos queimavam em uma chama azul e ao seu redor uma aura do mesmo tom brilhava dando forma ao seu corpo. Diante de mim havia um lobo, ele era grande e emanava poder. Ele não possuía pele, apenas o vazio. Seus olhos fitavam os meus como se lessem minha alma, eu tentei me mover, novamente sem sucesso.

Antes que eu pudesse reagir, com um movimento rápido, o lobo se lança sobre mim, me derrubando no chão. Fecho meus olhos esperando pelo pior, mas nada acontece. Lentamente olho para o céu acima de mim, estou sozinha mais uma vez. A solidão toma conta do meu ser, uma tristeza inunda meu coração o fazendo em mil pedaços. Como se soubesse da minha dor, os céus desatam a chorar. As gotas gélidas me fazem tremer, meu corpo volta a responder meus comandos e consigo finalmente me levantar e sair daquele lugar.

A tempestade se intensifica, as gotas de água batem contra minha pele, gelada e cortante. Paro ao lado de uma árvore em busca de abrigo e por um momento fecho meus olhos, buscando me acalmar. Naquele momento sinto minhas pernas bambas, uma forte rajada de vento me obriga a abrir os olhos. Ao meu redor o caos toma conta.

Não estou mais na floresta, até onde meus olhos alcançam só avisto a imensidão do mar. Sob meus pés o chão de terra é substituído pela madeira do convés de um navio, ele balança freneticamente sendo jogado de um lado ao outro. Os raios iluminam o céu escuro e o som dos trovões me dão calafrio, tento sair do deck e procurar abrigo, mas uma onda nos atinge com força. Com um ruído estridente o navio se parte ao meio, me lançando para a imensidão do oceano.

A correnteza me puxa para o fundo, por mais que eu me esforce é inútil. Minhas pernas se cansam e meus braços desistem de encontrar a superfície. Me deixo levar pela vontade dele, meus pulmões queimam ao receber a água salgada no lugar do oxigênio. Lentamente afundando, sozinha. Meus olhos se fecham e deixo sair as últimas bolhas de ar.

Consigo sentir o frio, bem ao longe o som da tempestade, me lembro de estar afundando lentamente. Volto a abrir meus olhos e estou em uma sala escura, a solidão mais uma vez se faz presente. Ao meu redor tudo é incerto, vejo vultos, cenas do passado e até alguns rostos familiares. Quando dou o primeiro passo, tudo desaparece. Tamanho silêncio me faz ouvir as batidas descompassadas do meu coração, meus próprios pensamentos me torturam. Você nunca terá sua vida de volta. Eles saltam de minha mente se tornando vultos negros. Acha mesmo que consegue salvá-los? Não foi capaz de salvar a si mesma.

Ignoro as vozes e sigo andando pela sala, elas se atentam ao meu ritmo e aumentam sua veracidade. Eles nunca irão te perdoar.Começo a correr rumo ao vazio. Nem ao menos conseguem se lembrar se quem é você. Aceite seu destino...

— Não! — minha voz sai abafada — Me deixem em paz!

Com as mãos cubro minhas orelhas e caio de joelhos, as vozes me cercam e gritam sem cessar. Como num ato de desespero grito com todo meu ser. As vozes lutam por um tempo e então se dão por vencidas, o silêncio cai sob o vazio novamente.

Respiro fundo e tento assimilar tudo que acabou de acontecer, foi tudo tão rápido. Não me lembro de como começou nem mesmo como eu cheguei até aqui. A única coisa que eu me lembro é daquele animal. Levantei minha cabeça devagar e olhei ao redor, as vozes desapareceram, assim como os vultos.

Volto a andar lentamente sem rumo certo, o som dos meus passos ecoam ao meu redor. Por um instante meus passos se duplicam, mesmo hesitante eu continuo a andar. Devagar e constante os passos ficam mais próximos, não tinha nada a perder, em um rápido movimento me viro para encarar o que estava me seguindo.

E lá estava ele, o lobo me encarava com os olhos em chamas azuis, eram lindos e ameaçadores. Fico imóvel e apenas espero que faça algum movimento, mas para minha surpresa ele apenas me observa em cada detalhe. Como se quisesse entender meus pensamentos, talvez querendo me ajudar. Ele me fazia companhia.

"Maya..."

Como um sussurro em meu ouvido, o nome ecoa ao meu redor, olho em volta e ainda estou sozinha, apenas com o animal à minha frente.

"Maya..."

Era ele, o lobo me chamava. De sua boca saíam as palavras que formavam meu nome. Maya.Dou um passo à frente contra minha vontade, meu corpo novamente não responde meus comandos. Maya. Seu olhar me seduzia, suas chamas brilhavam harmoniosas me atraindo para si. Como se fosse um adeus, seu corpo se dissolve em uma onda e me toma por completo. Novamente estou me afogando, mas dessa vez não sinto meus pulmões arderem, a sensação é de aconchego.

Consigo respirar e meus olhos não veem nada além da escuridão. Me deixo ser tomada pela sensação quente e acolhedora, fecho meus olhos e a paz me invade. Meu corpo relaxa e se apega aquele prazer momentâneo.

— Maya — a voz suave parecia distante, porém, insistia em chamar meu nome — Maya, acorde filha. Vai acabar se atrasando.

Desperto em um pulo e estou de volta ao meu quarto, tudo não passou de um sonho. Minha mãe está de pé na porta, seus cabelos castanhos presos em um coque e o olhar cuidadoso de sempre, estava vestindo camisa e calça brancas, o que significa que estava de saída.

— Não queria te assustar, eu e seu pai vamos ter que passar no hospital antes de irmos ao porto. Você ainda precisa terminar de arrumar suas coisas, não pode se atrasar. — ela aponta para a montanha de roupas e a bagunça que estava no meu quarto num geral — E tenta arrumar tudo isso antes, vai ficar uma semana fora e já que odeia quando eu mexo nas suas coisas…

— Tudo bem, já entendi o recado. Vou arrumar tudo e a gente se vê mais tarde — ela sorri e concorda com a cabeça.

— Se cuida, te amo meu amor — ela saiu fechando a porta, consegui ouvir seus passos se afastando enquanto ia embora.

Me sento e olho o caos que se encontra no meu quarto. Me lembro de ter dito que seria uma tarefa simples arrumar tudo no armário, se eu tirasse primeiro. Grande erro. Agora tinha uma pilha enorme de roupa na minha escrivaninha e um armário completamente vazio. E ainda tem esse sonho estranho, um nó se forma na minha garganta. Ele parecia tão… real.

Me levanto e vou ao banheiro lavar o rosto, a água gelada me traz de volta aquela sensação. Talvez o fato da viagem ser em alto mar tenha me deixado nervosa, mas, a tempestade no navio… Enxugo meu rosto e tento esquecer tudo isso. Tinha muita coisa a fazer e não podia me atrasar, estava esperando essa viagem há um ano e nada iria me fazer desistir.

Olhei para a pilha de roupas e a preguiça me invadiu por completo.

— Você poderia se arrumar sozinha né? — a pilha permaneceu imovel — Nem com um ‘alakazam’ ou ‘simsalabim’? — Ainda sem resposta — Tudo bem, você venceu.

Abri meu armário e num passe de mágica joguei a pilha de roupas lá dentro. Definitivamente era a pior escolha a ser feita, mas você achou mesmo que eu ia dobrar cada peça de roupa? Francamente, quando eu voltasse de viagem teria muito tempo para dobrar e arrumar tudo.

Me deitei na cama e fitei o teto branco com algumas estrelas desenhadas. Pensei em como seria a viagem, apenas eu, Leo e Aiko. Nós três em uma aventura pela Baía dos Corais, uma ilha paradisíaca próximo de Amprior. Demoramos um ano inteiro para organizar tudo e agora estava se tornando realidade, o navio saia ao meio dia e então teríamos a tão desejada liberdade. Mas, por que eu me sentia assim? Esse frio na barriga, essa relutância, eu estava ficando cada vez mais nervosa. Tudo por conta de um sonho idiota.

Salto da cama e ao mesmo tempo minha visão escurece. Oh céus, maldita pressão. Me sento na cama e quando volto ao normal, me levanto devagar.

— Ótimo Maya, a partir de hoje você vai deixar esse medo de lado, vai pegar sua mala e… — então me lembrei do motivo da pilha de roupas ainda estar em cima da escrivaninha — e vai tirar toda a roupa do armário de novo. Eu não sei porque raios insisto em fazer as coisas pela metade, e lá vamos nós.

Pego minha mala e me arrependo de não ter terminado no dia anterior, havia duas camisas e um ursinho de pelúcia que deve ter caído durante a minha bagunça noturna. Deixo escapar um suspiro e começo a arrumar tudo, e foi nesse momento que eu percebi que com certeza iria chegar atrasada ao porto.



29 Octobre 2021 14:31 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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