Escrito por: Park_louy /@Park_louy
Notas iniciais: Olá, olá
Esse mês o tema muito me agrada e eu sou extremamente gadinha dos Yoonmin papais, não tenho medo de assumir.
A fic tem abo, mas juro que este não é o foco principal e a história em si não ofende ninguém, mesmo!
Espero que gostem, boa leitura ♡
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Yoongi estava redondo, parecendo uma imensa bola de sorvete sabor baunilha. Ele mesmo pôde constatar tal coisa ao parar frente ao espelho do grande closet, ficando de forma reta, sem que a barriga ficasse volumosa de forma proposital; queria ver o formato e o tamanho em sua gigantesca realidade. Permitiu-se colocar ambas as mãos na cintura no momento seguinte, ao sentir um chute levinho na parte lateral esquerda da barriga. Estava realmente uma bola, cheio com um filhote que simplesmente não parava quieto.
Seguiu olhando o próprio corpo com olhos estreitos, não deixando de se autojulgar ao deslizar os orbes castanhos por cada pedacinho de si mesmo, deixando que um imenso e fofo bico tomasse os lábios ao observar as leves estrias que se formavam nas laterais da barriga, pouco depois subindo os olhos para os mamilos levemente inchados e avermelhados. Estava uma bagunça, completamente perdido em algo que permitiu viver por três vezes anteriores. E, embora de fato sentisse a autoestima no meio da bunda, por se ver tão "acabado", amava a sensação de sentir-se cheio, carregado do mais puro sentimento por experimentar seu lobo inteiramente satisfeito por estar gerando mais um filhote de seu alfa. Sequer conseguia descrever a sensação de ter uma vida crescendo dentro de seu ventre, não sendo capaz de suportar o sentimento de contentamento em todas as vezes que flagrava o esposo o olhando totalmente satisfeito, por tê-lo enchido, mais uma vez, com suas preciosas sementes.
Min Yoongi nunca seria capaz de dizer não ter amado todas as três vezes em que ficou grávido, desde o primeiro filho, Jongin. Jamais poderia esquecer a euforia que o tomou no exato momento em que o esposo ㅡ na época namorado ㅡ sentiu um cheiro diferente do seu, sobressaindo em uma mistura do seu cheiro de baunilha e limão do alfa. Fora realmente uma confusão, não estavam esperando por ter um filhote com plenos dezoito anos do ômega e dezenove anos do alfa, quando recém haviam acabado de entrar na faculdade e estavam iniciando tudo aquilo o qual se dispuseram a planejar por tanto tempo.
Na época, ambas as famílias não aceitaram a gravidez de forma saudável, por vezes julgando de maneira dura que não seriam capazes de cuidar de um filhote sem sequer terem empregos fixos. E a grande verdade é que não poderiam negar terem entrando em completo torpor ao ter que lidar com os primeiros vestígios da gravidez, não conseguindo conciliar a realidade de que seriam pais em um piscar de olhos. Fora difícil, cheio de acertos e erros durante todos os nove meses, tudo por estarem, de fato, aprendendo a lidar com tudo, com a vida real.
Mas, para infelicidade de todos aqueles que jogam pedras e não apostaram um centavo no casal, Min Yoongi e Park Jimin venceram todas as barreiras e conseguiram conquistar, aos poucos, aquilo que poderiam chamar de lar. Não negariam o quão complicado fora conciliar ambas as faculdades com empregos simples, que tiveram a graça de arranjar; ambos correndo entre ter um futuro promissor com aquilo que estudavam, ao passo em que voavam contra o tempo para conquistar um espaço que fosse deles, para que pudessem criar Jongin.
Viveram inúmeras aventuras repletas de felicidade e, outras, tristezas, antes do nascimento do primogênito; como o casamento simples e rápido que tiveram em uma capela minúscula, dentro de um cartório no centro da cidade. E, então, Min Yoongi passou a ser Park Yoongi, e Jimin não poderia ter ficado mais feliz ao finalmente ter o ômega inteiramente junto a si, finalmente podendo chamá-lo de esposo. Namoravam desde os quinze anos, e apenas acharam justo que Yoongi fosse marcado dias após o matrimônio, onde o ômega também deixou sua pequena mordida no lado esquerdo do pescoço do alfa.
Yoongi recém havia feito dezenove anos quando o alfinha banguela veio ao mundo, exalando seu cheiro suave ㅡ porém presente, para total orgulho de Jimin, que não se conteve ao ter em mãos o primeiro filho, um alfa, tão lindo quanto Yoongi. E eles tropeçaram várias vezes depois do nascimento de Jongin, mais uma vez aprendendo, aos poucos, a vida de pais. Tentaram lidar com as dificuldades que vieram pelo fato do ômega não poder trabalhar. Assim como trancou a faculdade pelo tempo em que precisaria cuidar do bebê gorducho.
Muitos erros e acertos até o dia em que finalmente concluíram a etapa acadêmica, passando por todo tipo de perrengue ㅡ não deixando escapar as vezes em que não tinham nada para comer além de macarrão instantâneo, e algumas outras, em que ficaram sem luz por uma longa semana, por não terem a quantia para pagar a conta. Enfim, depois de todas as dificuldades, terminaram suas respectivas faculdades, com Jimin concluindo um ano antes de Yoongi, e depois de tal feito, simplesmente não havia mais nada que pudesse impedi-los de alcançar tudo aquilo que queriam.
Jimin beirava os vinte e quatro anos quando concluiu a faculdade de Letras, e Yoongi, vinte e três, ao finalmente terminar a sua de Jornalismo. E, claro, deixando dito que no meio do processo, ainda tiveram a brilhante ideia de ter mais um filhote. Park Jongin estava com seus quatro anos completinhos quando o ômega descobriu estar grávido pela segunda vez e, para pura sorte do casal, a segunda gravidez fora extremamente mais fácil de lidar, por ambos estarem terminando a faculdade e, pouco depois, já conseguindo empregos nas áreas que haviam decidido seguir.
Park Mina veio ao mundo com um choro estridente e olhos tão grandes e brilhantes como o casal jamais pensou poder presenciar. Ela era simplesmente a coisa mais linda que Yoongi pudera ver ㅡ Jongin fazia parte da tal lista imaginária dos filhotes mais lindos que já viu, todos seus ㅡ, com os fios tão claros como os seus e o narizinho idêntico ao do alfa. Fora a primeira ômega que tiveram, para total desespero de Jimin. A pequena nasceu quando Yoongi estava com seus vinte e quatro anos completos, enquanto Jimin beirava os vinte e seis.
E, em um piscar de olhos, saíram do apartamento pequeno no subúrbio para trocar por uma grande casa no centro da cidade, localizada em uma boa área para a escola das crianças e perto o suficiente do trabalho do casal. Yoongi nem mesmo pôde acreditar estarem vivendo de forma tão farta e pacífica, depois de todas as dificuldades que viveram, deixando-se levar pela felicidade de ter dois filhotes e um alfa incrível, em todos os aspectos.
Visando de forma clara o fato de que Jimin simplesmente fugia de todo o padrão de alfa em meio à sociedade, justamente por ele não se ver preso em dizeres mal passados, sendo totalmente desconstruído daquilo em que muitos ainda aceitavam viver — nunca, em todos os anos ao lado do alfa, experimentou viver uma situação desconfortável por ser um ômega, levando em consideração todas as histórias sem pé nem cabeça as quais estava. Park Jimin simplesmente o respeitava independente de qualquer classificação que os pudesse separar, sempre deixando evidente a sua admiração por ter ao seu lado um ômega tão independente e decidido de si.
Jimin realmente estava longe de ser do tipo de alfa que enxergava ômegas de forma submissa, ainda mais por Yoongi ser um ômega macho. E Yoongi não deixava de pensar sobre como todo o respeito para consigo não passava do mínimo que o outro poderia oferecer, mas se sentia verdadeiramente sentia-se orgulhoso por estar ao lado de alguém que se desprendia do padrão imposto pela sociedade, pensando completamente diferente da maioria. Falando abertamente sobre gravidez ㅡ tal qual ainda era um tabu ㅡ, Yoongi nunca se sentiu obrigado a passar os cios com o alfa, assim como ele nunca forçou nada do tipo.
Por várias vezes, recorria ao uso de medicamentos, por simplesmente não se sentir disposto o suficiente a passar por todo o sofrimento do cio. E Jimin nunca ousou ir contra, até porque, para si, não lhe fazia o menor sentido ter filhotes apenas naquele momento; quando todo o foco lhes fugia da mente, estando em completo torpor com a necessidade desenfreada de engravidar o ômega. Por isso, nas duas vezes em que esteve grávido — tirando a gravidez de Jongin, a qual foi realmente sem planejar, embora não tenha ocorrido no cio —, tudo correu em total concordância. Em um momento de lucidez e totalmente distantes de qualquer possibilidade de cios. Yoongi engravidou em seu ciclo normal, como um bom homem fértil, sem a necessidade de estar fora de si.
E dessa forma seguiu. Jimin estava indo bem na grande agência literária na qual fora contratado e, no segundo ano, já estava com sua primeira história de terror publicada, tão bem estruturada como temeu nunca ficar. Yoongi seguia sendo extremamente sólido ao conseguir um emprego fixo como jornalista em uma grande emissora, e não poderia estar mais orgulhoso de si mesmo. Estavam indo bem, pouco a pouco, conquistando tudo de melhor para seus filhotes.
E chegou um ponto em que tudo estava no seu mais perfeito encaixe, Jongin com seus dez anos e Mina com cinco; Jimin conquistou um grande público assíduo para suas histórias, e Yoongi havia conseguido a vaga de apresentador do jornal central, vivendo de forma despretensiosa e sem medo de que algo fosse faltar. Fora em meio à toda essa organização e bem-estar que Yoongi engravidou pela terceira vez, não deixando de lado toda a emoção ao estar gerando mais um filhote.
Simplesmente não podia colocar em palavras a sensação de estar grávido, em todas as vezes em que gestou um filhote de Jimin. Sobre o sentimento de preenchimento e orgulho por ser forte o suficiente para colocar três vidas no mundo, sentindo-se completo em todos os sentidos por ser um bom ômega para o seu alfa. E, por mais que Jimin deixasse claro o fato de não ser preciso ter filhotes para ser o ômega de sua vida, Park Yoongi simplesmente não conseguia evitar o sentimento doce que tomava o seu lobo por concluir tal feito.
Park Wooseok nasceu no aniversário de vinte e nove anos de Yoongi, sendo o melhor presente que poderia ganhar em toda sua vida. Fora impossível conter a emoção, mesmo depois de quinze horas sofrendo uma cesariana trabalhosa, quando finalmente pôde pegar seu mais novo mundinho nos braços; sendo recebido pelo alfa que carregava nos ombros seus dois bebês mais velhos. Simplesmente esplêndido. Não havia definição melhor para a família que haviam construído. O filho mais novo, até então, sendo o segundo ômega do casal.
E, assim, pesando os dias atuais, lá estava Min Yoongi, com seus plenos quarenta e três anos, vivendo uma gravidez de risco. Pois é. Quarenta e três. Estava velho, ele mesmo podia afirmar, mas ainda mantinha tudo em cima, o suficiente para estar grávido pela quarta vez. Embora, na realidade, a gravidez tenha surgido de forma a pegar todos de surpresa. O filho mais velho recém havia feito vinte e quatro anos e o mais novo estava prestes a fazer quinze; de fato não é como se toda a família estivesse esperando por um bebê tão assim, do nada.
Ainda mais Jimin, que entrou em completo desespero ao sentir um cheiro diferente emanando de Yoongi, até mesmo cogitou a possibilidade de estar ficando louco quando pôde ter o mínimo de certeza que o ômega cheirava a baunilha com uma ponta de canela. Era impossível, certo? Já havia passado da idade e não existia a menor possibilidade de estarem grávidos mais uma vez. O ômega simplesmente já não estava mais em fase de ciclos férteis, a idade bem polida deixava tal coisa em total evidência.
Bom, a verdade todos já sabem. Estavam, sim, redondamente grávidos. E a surpresa também chegou no obstetra da família, o qual não conteve a expressão confusa ao confirmar que Yoongi estava, de fato, esperando um filhote. Embora houvesse uma explicação razoável para tal coisa: independentemente de ter ou não mais cios, o ômega simplesmente ainda seguia tendo seu preciso útero intacto e, mesmo sendo algo completamente raro de acontecer ㅡ pesando a idade e raridade de simplesmente ainda ser fértil ㅡ, seu organismo mantinha-se forte o suficiente para fecundação. Dessa forma, mesmo estando realmente distante de qualquer possibilidade de uma gravidez, em plenos quarenta e três anos, lá estava Park Yoongi: gerando um filho completamente inesperado, uma grandiosa bênção.
E o casal não poderia dizer que não entraram em um minissurto ao saírem da sala do obstetra; seria uma mentira horrenda de tão grande, porque eles simplesmente entraram dentro do carro, parado no estacionamento do hospital, e choraram abraçados em uma posição esquisita. Derramaram lágrimas grossas por bons minutos, até que reuniram forças o suficiente para se olhar nos olhos e tentar assimilar tudo o que estava acontecendo. Não que estarem esperando mais um bebê fosse algo terrível, definitivamente não era isso. As coisas apenas pareciam irreais demais, poxa… Jimin estava com quarenta e quatro anos feitos e estampados no rosto marcado, com uma barba rala e fios escuros mesclando com alguns brancos.
Yoongi não estava tão diferente, apesar de não aparentar ter quarenta e três anos, com a pele limpa e feição suave. Porém, de toda forma, a grande verdade estava ali, querendo ou não: estavam velhos demais para viver uma gravidez novamente, com o filho mais velho que estava prestes a se formar em Psicologia e a filha do meio, que no ano seguinte iria dar início à faculdade. Sério, tudo parecia distante demais, fugindo da realidade em que acreditavam ter forças o suficiente para enfrentar. E fora tudo muito complicado, assimilar tudo e juntar as palavras certas para anunciar aos filhos que logo mais teriam um bebê novo na família.
Embora, diferentemente de todas as reações que esperavam, os três filhos tiveram um pequeno surto de euforia ao escutar tal notícia. Até mesmo Wooseok, o "bebê" da casa, se mostrou extremamente animado com a ideia de não ser mais o mais novo da família. Os amigos próximos ficaram totalmente surpresos com a novidade, mas, desde o início, deixaram claro o quão contentes estavam com a chegada de mais um Park; até mesmo voltaram a fazer a antiga piada de que Jimin era fértil demais, sempre disposto a fazer um filho novo em Yoongi.
Yoongi permanecia parado, olhando-se com olhos estreitos, enquanto deslizava os dedos pelos lugares onde o bebê chutava. Estava realmente concentrado na frequência em que sentia o corpo vibrar, com a movimentação na barriga, quando escutou a porta do quarto sendo aberta, com o cheiro forte de Jimin preenchendo todo o ambiente em seguida. Deixou-se suspirar mansinho por aspirar a essência cítrica do marido; sempre se sentia calmo, igual o bebê, ao inalar o cheirinho de limão que ele exalava. Não deixou de sorrir, logo após depreender o calor do alfa em suas costas, pouco depois tendo as mãos alheias deslizando pela barriga exposta.
— Senti sua falta… — Jimin enfiou o rosto entre o espaço do pescoço de Yoongi e aspirou o cheiro doce com gosto, deixando um beijo em cima da mordida que ficava ali.
— Nós também sentimos a sua. — Tombou o pescoço à direita, deixando mais livre para que o alfa seguisse com os beijos pela pele. — Principalmente quando ela ficou agitada e começou a me chutar desesperadamente.
— Ela, é?
— Eu tenho certeza absoluta de que é uma menina, uma alfa…
Há alguns meses, Yoongi começou com a história de que estava esperando uma menina, uma alfa. E todos da casa pensavam exatamente o contrário, justamente pelo cheiro de canela que exalava do ômega. Até mesmo haviam feito uma aposta entre dois times ㅡ os amigos da família não ousaram ficar de fora, e ficaram do lado de Yoongi ㅡ, em uma quantia alta entre ser uma ômega ou uma alfa. Ninguém ponderou a possibilidade de ser um menino, porque simplesmente já haviam homens demais dentro da família, falando sobre os Park e os Min em um todo; por isso, a aposta apenas era sobre a classe da bebê.
Jimin encaixou o queixo na curvatura do pescoço do ômega e olhou para o espelho, ainda deslizando as mãos pela barriga volumosa. Gostava de sentir a quentura de Yoongi na pontas dos dedos, em conjunto com a movimentação que o bebê fazia sempre que o sentia; o alfa verdadeiramente ficava feliz por ter esse tipo de momento, saber que seu filhote o conhecia como pai, sempre dando algum chutezinho para demonstrar que estava o sentindo. Subiu os olhos para o rosto de Yoongi e não deixou de sorrir, feliz, ao notar as bochechas avermelhadas e os olhos miúdos pelo carinho que recebia junto dos feromônios que Jimin deixava exalar, justamente por saber que o ômega sentia-se bem ao senti-los.
— Jongin disse que queria conversar algo importante, antes do jantar — avisou, deslizando a ponta do nariz pelo pescoço branquinho.
Yoongi soltou um gemido manhoso, não achando necessário dizer algo sobre a informação recebida; estava focado demais em sentir o corpo esquentar com a proximidade do marido. Estava tão sensível, tão entregue para absolutamente qualquer tipo de contato que recebia do alfa, poxa… Lembrava-se perfeitamente dessa fase em que os hormônios simplesmente parecem dispostos a fulminá-lo. Jogou o corpo para trás totalmente, deixando a bunda completamente encaixada entre as pernas de Jimin, e o alfa nada fez além de segurá-lo pela cintura com certa força e dar uma risada arrastada.
— Você sabe que não podemos, não até sair da zona de risco.
Não estavam tendo qualquer tipo de contato que envolvesse Jimin enterrado em Yoongi, pois, pela gravidez ser de risco, qualquer esforço ou pressão demais poderia desencadear uma série de problemas e eles, realmente, não iriam colocar a vida do filhote em risco por um capricho que poderia esperar. Por mais que, na realidade, o ômega estivesse subindo pelas paredes por estar sem sexo há cinco meses. Por vezes, durante o dia, sentia-se molhado, e usar os próprios dedos não estava ajudando em nada.
— Por favor…
Jimin permaneceu em silêncio, mas ousou ser ousado ao ponto de levar os dedos aos mamilos durinhos, que estavam tão vermelhos quanto algumas partes do pescoço de Yoongi. E este nada fez além de gemer e se esfregar contra o corpo do alfa, mantendo-se de pé apenas por estar sendo segurado pela cintura. Estava tão sensível naquele lugar. Jogou a cabeça para trás ao passo em que o alfa prendeu o biquinho esquerdo entre os dedos, misturando com a sensação de ter o pescoço chupado com certa força.
— Eu… detesto você, Park Jimin — disse, em meio à um gemido.
— Se é assim, então creio que não precise da minha ajuda depois do jantar. — Ameaçou sair de onde estava, mas antes de se mover sentiu as mãos de Yoongi apertando seu braço.
— Eu estou esperando um filhote seu, não ouse ser assim.
E Jimin iria responder com uma risada contida, mas, antes mesmo de poder abrir a boca, escutaram a porta do quarto sendo aberta e Mina aparecendo pouco depois na entrada do closet.
— Jongin está obrigando todo mundo a sentar lá na sala, para falar sei lá que droga. Até pegou meu celular e desligou na cara da Seojun! — Uma feição nada contente tomava o rosto da ômega, e Yoongi até deixou uma risada fraca escapar.
Não ousaram enrolar mais que aquilo. Yoongi vestiu uma blusa, saíram do quarto e desceram as escadas até a sala de tevê, onde se reuniam para passar o tempo e terem conversas importantes. Yoongi passou pela porta e de cara viu Wooseok sentado todo largado contra a poltrona, que ficava ao lado do grande sofá de couro, e o primogênito estava em pé, no meio da sala, com o olhar perdido enquanto roía as unhas de forma agoniada. De imediato se pôs a pensar em qual era a merda da vez, porque, sempre que algum de seus filhos fazia alguma coisa errada, resultavam em pedidos para reunir a família e compartilhar a besteira da vez, como no dia em que Mina bateu em um menino na escola, que não a deixava em paz ㅡ isso quando a ômega tinha dez anos ㅡ, e escondeu o bilhete que a diretora havia entregado para que fosse assinado pelos pais.
No fim, depois de uma semana sem ousar comentar sobre o ocorrido com os pais, Yoongi ficou totalmente do lado da filha e ainda foi na escola para dizer que não aceitava qualquer tipo de repreensão apenas com a sua preciosa, levando em consideração que o menino não teria apanhado, caso não tivesse puxado o cabelo dela. Jamais esqueceria da reunião de emergência que a ômega organizou, logo após contando de forma completamente bagunçada toda a história. E, então, o ponto era: que merda Jongin havia feito?
— Estamos todos aqui. Só resta saber qual o tamanho da besteira que você fez, para saber se merece um castigo tão grande quanto — Yoongi falou, ainda olhando para o filho, logo após se sentando todo aberto no sofá. Aquela posição era confortável.
Jimin ficou parado no batente da porta, tirando a gravata escura que usava, e Mina jogou-se ao lado do pai ômega. Jongin, no entanto, permaneceu em silêncio olhando para um ponto indefinido, como se estivesse prestes a dizer a coisa mais difícil do mundo. Yoongi seguiu o olhando e se preparando para lidar com seja lá o que fosse ser dito, embora Jimin estivesse completamente tranquilo para lidar com qualquer coisa.
— Anda logo, hyung — Wooseok pediu. — Eu quero terminar minha partida no Valorant com os meninos.
— Eu já falei para você parar de jogar isso, é muito violento — Yoongi pediu, olhando feio para o filho.
— Ah, pai… É só um jogo. — Revirou os olhos.
Yoongi ia abrir a boca para soltar uma repreensão pela atitude do ômega, pois detestava quando ele começava com essa de fazer cara feia. Porém, antes de qualquer possibilidade, a voz de Jongin soou pela sala de forma completamente alterada e um tanto medrosa:
— Eu vou sair de casa.
Yoongi ergueu uma das sobrancelhas e estreitou os olhos, ainda tentando processar o que havia escutado. Olhou para o marido, ainda parado na porta, e fez uma feição extremamente conhecida pelo alfa, com uma cara de: que porra eu acabei de escutar? E Jimin apenas riu fraco, antes de passar a palma da mão pelo rosto, sabendo exatamente onde a conversa iria terminar.
— Ah, você vai? — Yoongi começou, deixando a voz soar extremamente desafiadora.
— Eu estou falando sério, pai.
— Está? — Cruzou as pernas. — Pensei que fosse uma piada ruim.
Jongin mantinha o olhar perdido, olhando para o pai ômega, abrindo e fechando a boca, sem saber ao certo o que responder. Desde o início, sabia não ser fácil tocar em tal assunto, ainda mais quando se tratava de uma decisão, e não um pedido, que estava apenas comunicando. Conhecia os pais o suficiente para saber que o alfa apenas faria perguntas lógicas para saber se realmente tinha certeza e daria total apoio, mas possuía total certeza de que o ômega simplesmente faria todo um rebuliço, justamente por ser protetor demais.
— Os caras, Daeshim, Kyung e YoungSoo, começaram com a ideia de alugar uma casa para dividir em um local mais perto da faculdade, já que esse é o último ano e temos muitos trabalhos, fora o TCC, para apresentar… e também para gente ter mais liberdade e privacidade — explicou, mantendo a voz suave.
— E é óbvio que o filho do Jin hyung está no meio dessa maravilhosa ideia — frisou, falando sobre Kyung. — Você já sabe a resposta — voltou a falar, pronto para levantar do sofá.
Óbvio que não iria permitir algo assim, até parece. Deixar seu precioso bebê sair de casa para morar em uma cheia de outros "adolescentes", com toda a liberdade para passar os finais de semana enchendo a cara e usando sabe-se lá mais o quê? Jamais. Jongin não tinha idade o suficiente para sair da casa, apenas o deixaria fazer quando terminasse a faculdade e, para pura infelicidade de Yoongi, restava um (curto) ano pela frente. Apenas não conseguia entender de forma concreta o porquê de o alfa trazer tal assunto assim, do nada. É claro que não iria, e ponto.
— Eu não estou pedindo, pai. A gente já achou uma casa legal e semana que vem vamos resolver tudo para conseguir ir antes das aulas voltarem.
Yoongi, que havia voltado a recostar as costas no sofá, não segurou uma longa risada, alta o suficiente para acordar Wooseok, que estava de olhos fechados até aquele momento. Mina permanecia ao lado do pai e mantinha uma feição completamente surpresa, mas parecia compreensiva com a decisão do irmão mais velho. Jimin fez um barulho estranho com a boca ao ver o marido jogar o corpo para o lado, enquanto ainda ria de forma exagerada e passava a mão de forma suave pela barriga levemente exposta.
— Você é tão engraçado quanto seu pai, Jongin. Juro.
— E você não perde uma oportunidade, né, amor. — A voz de Jimin soou levemente desacreditada, por mais que não tenha soado ofendida o suficiente.
— E é mentira? Você é cheio de gracinhas, Park Jimin.
— Eu não…
— Será que vocês podem não tornar essa discussão sobre vocês? Eu estou falando algo importante, sobre mim. — Jongin carregava a voz séria, assim como a expressão fácil. Mantinha os olhos intercalando entre o casal, buscando o máximo de atenção.
— Você não tem idade para sair de casa, e eu, sinceramente, não irei mudar de opinião, porque você sabe que eu estou certo. — Yoongi levantou, saindo da sala e indo em direção à cozinha.
— O senhor me conhece bem o suficiente para saber que eu tenho, sim, maturidade e responsabilidade o suficiente para sair de casa, pai. Além de que, porra, eu tenho vinte e quatro anos! Vinte e quatro! — Seguiu-o, trazendo consigo o resto da família logo atrás. — Então não tente me colocar como uma criança incapaz, porque sabe não passar de uma grande mentira.
Yoongi, naquele momento, já se encontrava atrás da grande ilha que tomava o centro da cozinha, buscando tudo que fosse necessário para iniciar os preparativos para o jantar, mantendo a visão fixa nos ingredientes que havia pegado e também nos utensílios. Estava nervoso, o suficiente para que Jimin sentisse a sua essência um tanto quanto acentuada, mantendo-se alerta às expressões e ações do ômega. Entendia mesmo o ponto de Jongin, mas Yoongi realmente não poderia ultrapassar o limite e ousar passar mal. Essa nem de longe era uma possibilidade.
— Se o Jongin vai sair de casa, eu quero poder namorar o Jaemin.
A cozinha estava em total silêncio, sendo tomada apenas pelo barulho das panelas às quais Yoongi mexia, quando a voz de Mina pegou todos de surpresa. O bastante para fazer Jimin arregalar os olhos de forma exagerada, sendo seguido por Yoongi, que largou o litro de leite sobre o balcão, quase derramando tudo pelo chão.
— Era só o que me faltava, meus filhos resolveram iniciar uma guerra no meio da minha cozinha.
— Namorar? Namorar? Quem, pelo amor de Deus? — Jimin saiu de onde estava para ir buscar um pano de prato, a voz soando grossa o bastante para fazer os ômegas presentes sentirem um leve tremor. Nada exagerado, claro.
— Para de passar o pano de prato no rosto, amor — Yoongi pediu, olhando-o feio.
— Jaemin não é filho do Hoseok hyung? — Wooseok perguntou, olhando completamente perdido para a irmã.
— VOCÊ QUER NAMORAR O SEU PRIMO? — Jimin berrou, espalmando as mãos no balcão, enquanto mantinha os olhos arregalados.
— Ele é meu primo de terceiro grau, papai. Não vale.
— Eu acho que tô sentindo meu coração batendo. — A voz de Jimin soou em demasia.
— Ué, ainda bem que ele está batendo, não? — Wooseok voltou a dizer.
A cozinha ficou em total silêncio, até o momento em que Jongin não conseguiu segurar o riso, chamando a atenção de todos. O alfa até tentou cessar a risada, mas ela apenas se intensificou conforme sentia os olhares de todos, como se estivessem escutando a coisa mais absurda do mundo.
— Tá rindo de quê, moleque? — Yoongi perguntou, estreitando os olhos.
— Não, é que eu... é… — Precisou parar para apoiar as mãos no balcão e respirar fundo. — O papai fica meio burro quando 'tá nervoso.
— Não me teste, Park Jongin. — A voz de Jimin soou séria o suficiente para fazer o rapaz parar de rir imediatamente. — E outra, Jongin tem idade para sair de casa, você não tem para namorar, Mina.
— Opa, opa, opa… — Yoongi virou-se para olhar o esposo, segurando uma colher de pau com a destra. — O Jongin não tem porra de idade alguma para nada que ele queira fazer sozinho, principalmente se for algo que não envolva estar debaixo do meu teto. — A feição do ômega estava séria, ao passo em que ele apontava a colher na direção do alfa.
— Primeiro, eu tenho vinte e quatro, e a Mina, dezenove — começou, contando nos dedos. — Não tem nem comparação! — apontou, cruzando os braços.
— E daí? São só cinco anos de diferença, Jongin — Mina começou, mantendo-se séria. — E outra... — Apontou para os pais. — Vocês começaram a namorar com quinze anos e engravidaram do Jongin quando papai Yoongi tinha dezoito, eu estou, ao menos, um ano mais velha do que quando vocês começaram — defendeu-se, olhando extremamente zombeteira para os pais.
Yoongi até voltou a olhar para os filhos na intenção de argumentar contra o que havia sido dito, mas ficou sem palavras porque, infelizmente, a ômega estava certa. E o casal simplesmente não poderia passar por cima disso e, no fundo, Park Yoongi entendia não poder cobrar dos filhos aquilo que nem ele soube fazer. Porém, isso não quer dizer que fosse deixá-los fazer absolutamente tudo que desse na telha, não mesmo. E, falando por si mesmo, não achava exatamente errado a ideia da filha poder namorar, realmente já estava em uma boa idade.
Ele a conhecia bem o suficiente para saber que haveria responsabilidade, apesar da grande verdade de que a juventude anda lado a lado com a ignorância. No fim, estava tudo bem namorar com dezenove anos, até porque seria injusto não deixar Mina namorar, já que Jongin havia dado o primeiro beijinho com catorze e tido a primeira namoradinha com quinze. E ele era bem resolvido com isso, sempre foi. Então, por que não deixar Mina namorar?
— Porque eu não quero minha filha envolvida com mequetrefe de moleque algum, simples — Jimin respondeu firme, logo após Yoongi fazer todo o discurso anterior.
— Mequetro... O quê? — Mina perguntou, olhando confusa para o pai.
— Esses meninos da sua idade só querem saber de sexo, Nah — o alfa voltou a argumentar, saindo de onde estava para segurar a filha pelos ombros, de forma gentil.
— E daí? Eu também sinto vontade de transar. — Foi simples, tão direta que Jimin engasgou e os irmãos abriram a boca em puro espanto. Yoongi fora o único a dar uma risada longa.
— Eu vou te levar no ginecologista, meu bem. — Yoongi estava sendo sincero, se Mina realmente sentia vontade de manter relações sexuais, que fizesse tudo em segurança.
— Que porra de história é essa, Park Yoongi? Tá doido? Entregando minha princesa assim, de mão beijada? — A voz de Jimin estava completamente indignada, mantendo a feição marcada, com sobrancelhas franzidas e bochechas vermelhas.
— Você prefere que ela transe e engravide?
— Sangue de Jesus tem poder, vira essa boca pra lá, homem! Pelo amor de tudo que é mais sagrado!
Jimin saiu de onde estava e foi em direção à geladeira, pegou uma garrafa de água e parou na outra ponta da ilha, bebendo o líquido enquanto olhava atentamente para o esposo.
— Não seja injusto com ela, amor — pediu, voltando a mexer nas panelas.
— Quem está sendo injusto é você, com o Jongin.
— Como?
— Nem vem com essa, você sabe que está.
— Estou sendo injusto por querer cuidar do meu filho? Por achar que ele não está pronto o suficiente para sair de casa e morar em uma casa cheia de outros adolescentes irresponsáveis? — Não poupou as palavras, olhando nos olhos do alfa.
— Adivinha onde essas palavras se encaixam? — Havia deboche em sua voz, todos notaram.
— Não tente distorcer as coisas, Park Jimin!
— É você quem está fazendo tempestade em copo d'água!
Ambos não estavam alterados a ponto de pesar um clima horrendo por todo o ambiente, mas estavam sérios o suficiente para os filhos ficarem em total silêncio enquanto escutavam a discussão que o casal mantinha sem nem mesmo piscar, com Jongin roendo as unhas, Mina mordendo o lábio de forma nervosa, e Wooseok apoiado no balcão como se estivesse assistindo à luta mais intensa de sua vida.
— Você está sendo injusto, Jimin.
— Você também, Yoongi.
Ficaram em silêncio, trocando uma espécie de olhar que os filhos não foram capazes de interpretar. Aquela era mais uma discussão que eles mantinham em silêncio, sem que fosse necessário usar palavras; seus olhares, por outro lado, conversavam entre si. E ambos estavam firmes em suas decisões, sem a vontade de desprender daquilo que achavam ser o certo.
— Isso não é sobre vocês, não é sobre como vão ficar discutindo em como um acha estar certo e o outro errado. Não é. Vocês sabem — Jongin voltou a dizer.
— Todo mundo aqui sabe que o Jongin tem capacidade o suficiente para ir morar em uma casa sozinho, porque desde sempre ele cuida de mim e do Seok. Ele sabe fazer absolutamente tudo e se vira em qualquer tipo de situação — Mina voltou a dizer, aumentando a voz para defender o irmão. — Igual todas as vezes em que ele foi para algumas reuniões da minha escola, ou quando ele vai fazer a compra do mês porque vocês dois estão ocupados. Ele até coloca a roupa de todo mundo para lavar e ainda se mata de estudar — concluiu, mantendo a voz firme.
— Além de que ele nunca chegou bêbado em casa e não usa drogas — Wooseok lembrou, a fim de dar apoio ao irmão mais velho.
— Até você, Seok? — Yoongi indagou, cruzando os braços.
— É a verdade, pai, ele só fum… — Não pôde concluir a fala, sendo impedido por Jongin, que pulou em sua frente e usou as mãos para tapar a boca alheia, sorrindo de forma nervosa para os pais.
— Viu? Eu sou um bom filho. — Sorriu até demais.
— Eu falei pra você que tinha sentido cheiro de cigarro nas roupas dele. — Yoongi apontou para o marido, olhando-o feio.
— Sério, filho? — Olhou-o, com as mãos na cintura. — Com tanta coisa melhor para fumar… — sussurrou.
— Park Jimin! — Yoongi jogou um pano de prato no rosto do alfa.
— Menti?
— Papai fuma maconha? — Wooseok questionou, interessado demais, com os olhos atentos.
— NÃO! — Yoongi literalmente gritou, virando-se para o caçula. — Ninguém nessa casa usa drogas ou está autorizado a usar.
— Porra, achei injusto. Papai pode se divertir e a gente não pode? — Wooseok voltou a perguntar.
Yoongi abriu e fechou a boca diversas vezes, sem saber ao certo o que responder. Intercalando o olhar entre os filhos e o esposo, parado logo atrás das crianças, com as mãos rendidas em cima da cabeça, em um pedido mudo de desculpas.
— Primeiro, nada de palavrão… — Foi interrompido por Wooseok
— Mas você e o papai falam — rebateu.
— Foda-se. — Ignorou o que fora dito pelo menino. — Segundo, eu deixo você jogar esses jogos violentos. É assim que as crianças de hoje em dia se divertem. — Cruzou os braços acima da barriga saliente. — E você ainda me passa a perna, ficando até três horas da manhã na tal da call sei lá o quê.
Wooseok fez cara feia, revirando os olhos e bufando. Queria poder fazer coisas divertidas igual os irmãos mais velhos. Como quando Jongin chegava em casa às 4h da manhã, porque havia ido para alguma festa ou estava com o namorado; talvez como a Mina, que podia ir ao shopping sozinha e ainda dormia na casa da melhor amiga.
— Queria fazer coisas radicais igual o Nini. — Usou de uma voz fofa, espremendo as bochechas com ambas as mãos, enquanto apoiava os braços no mármore da ilha.
— Você já faz coisas radicais, Seok. — Jongin aproximou-se do irmão, fazendo um carinho leve nas costas alheias. — Eu não sei mexer no computador ao ponto de matar várias pessoas no Valorant, minha cabeça até trava só de pensar nos movimentos que 'cê faz.
— Mesmo?
— Mesmo.
— É, a verdade é que em um apocalipse zumbi você morreria de besta, porque não teria coragem de segurar uma arma.
A cena seguinte fora realmente engraçada, Jongin olhando para o irmão com a maior cara de pateta, enquanto o mais novo mantinha uma feição suave, certo do que havia dito, fazendo o resto da família rir sem freio da feição afetada que o primogênito carregava.
— Além de que todos nessa casa possuem atividades de acordo com a idade e, adivinhem, Jongin não pode sair de casa só porque tem vinte e quatro anos.
O clima na cozinha estava descontraído quando Yoongi soltou a frase, como quem não quer nada, voltando a cortar os legumes os quais havia pego. E tudo voltou a ficar em silêncio; com Jimin passando a mão no cabelo, jogando-o para trás, Mina olhando sem graça para o irmão mais velho, Jongin deixando os olhos pesarem, e Wooseok, como sempre, focado em quem seria o próximo a dar seguimento à discussão.
— Você é tão egoísta, pai. — Minutos depois, a voz de Jongin soou, quebradiça ao ponto de chamar a atenção de todos. — Eu sempre dei o meu melhor dentro dessa casa, como filho e irmão mais velho, sabendo separar a minha vida fora de casa do meu convívio com todos vocês. Nunca dei trabalho na escola, assim como nunca fui motivo de vergonha como ser humano. E agora, por mero capricho seu, porque é um capricho, você não quer me deixar sair de casa? — Havia lágrimas correndo soltas, a voz embargada e a garganta doendo, deixando transparecer o quão triste estava. — E eu nem estou pedindo algo semelhante a um mero capricho, é algo importante, que diz respeito ao meu futuro individual.
Ninguém ousou dizer nada. Na cozinha, apenas era possível escutar o barulho de algo fervendo e as fungadas que Jongin dava, passando as mãos no rosto para afastar as lágrimas pesadas. Jimin pensou em dizer algo, mas aquilo não dependia mais de si, apenas Yoongi poderia fazer algo sobre, independente de concordar ou não. Porque Jongin estava em busca da aprovação do ômega, justamente por saber que o alfa estaria de acordo, por ter total noção de que Yoongi era o mais resistente, não aceitando pouca coisa.
E Jongin queria demonstrar o seu esforço, desejando ser reconhecido por seu esforço e decisão. Porque ele, realmente, desejava ser motivo de orgulho mesmo. Tanto que sequer fora capaz de segurar as lágrimas, porque doía entender que, para um de seus pais, suas escolhas não eram equivalentes às decisões difíceis as quais um dia precisou tomar para chegar onde estava.
Naquele momento, com a cozinha em total silêncio, quando ninguém ousou dizer nada para mudar o clima pesado, Park Yoongi se pôs a pensar no porquê da discussão, tentando encontrar o real motivo pelo qual se mostrava tão resistente. Mesmo achando estar totalmente certo, não poderia passar por cima das lágrimas do filho, porque, se ele estava chorando, algo de errado morava em sua forma de absorver a possibilidade de Jongin sair de casa.
E, por mais difícil que lhe pudesse parecer, jamais passaria por cima da dor de qualquer um de seus três filhos (em breve quatro). Recusava-se em ser tão injusto, justamente por ter escutado muitos "não" na vida, por não ter tido apoio em metade dos acontecimentos importantes e difíceis os quais vivenciou ainda tão novo.
Não poderia negar o verídico fato do primogênito ser motivo de orgulho em todas as suas fases — mesmo quando inventou de pintar o cabelo de azul e colocar um piercing na sobrancelha —, mostrando-se responsável na escola e no emprego de meio período, o qual iniciou por vontade própria, após afirmar para si mesmo precisar da sua independência. E Jongin era maravilhoso, em todos os sentidos. Sendo o melhor irmão mais velho que os mais novos poderiam ter, igualmente mantinha o posto de filho responsável e atencioso. Até mesmo seu namorado gostava de agradecer à Yoongi e Jimin por terem o feito tão bem, criando-o com a melhor educação possível.
Fora nesse curto espaço tempo, olhando para o filho parado à sua frente, que Yoongi se deu conta da grande verdade: apenas estava morrendo de medo de perder seu primeiro bebê, porque sair de casa significaria que ele já estava se tornando um adulto e logo seria a vez de Mina, depois Wooseok. E, no fim, apenas iria sobrar sua Jasmine, que ainda nem havia nascido, mas que em alguns anos também sairia de casa.
E restaria a casa vazia, cheia de quartos solitários, apenas Jimin e ele. A mesa da cozinha cheia de cadeiras não ocupadas, e a sala de tevê tão sem vida como nunca ousou imaginar. Tudo isso o assustava, ao ponto de sentir a cabeça pesar e a pressão cair. Porém, apesar de todos os seus receios, não poderia privar seus bebês de conhecerem a vida, dar o primeiro passo fora de casa, rumo à vida adulta. Porque não os estava criando para si mesmo, e sim para o mundo.
— Você tem a obrigação de me ligar todos os dias antes de dormir, tal como precisa me prometer não viver fazendo festas e usar camisinha mesmo quando estiver levemente, veja bem, levemente bêbado.
Yoongi mantinha a voz suave, voltando a falar depois de bons quinze minutos em total silêncio e olhando estreito para Jongin, ainda mexendo sua panela com a bendita colher de pau.
— Isso é um “sim, eu posso sair de casa”? — questionou, com os olhos arregalados.
— Sim, Jongin, é um sim.
Yoongi nem mesmo teve a oportunidade de pensar em dizer mais alguma coisa, sendo totalmente surpreendido pelo alfa que deu a volta na ilha e o abraçou de forma totalmente bagunçada, justamente por ser alto demais e pela barriga grande que impossibilitava muita coisa.
— Eu. Te. Amo. Muito — faloupausadamente, deixando um beijo molhado por todo o rosto do ômega.
— Eca, Nini… — Passou a mão pelo rosto, todo babado.
A cozinha parecia mais leve, com todos sorrindo. Jimin mantinha um sorriso perdido nos lábios, olhando contente para o esposo e, em algum momento, quando os olhares se encontram, sussurrou um "Estou orgulhoso de você". Wooseok estava elétrico, e Mina deu alguns gritinhos. A paz finalmente havia voltado, estavam todos em harmonia. Até que…
— Isso quer dizer que eu posso namorar o Jaemin? — Mina perguntou, enquanto colocava os pratos na mesa e o resto da família arrumava tudo para o jantar.
— Não.
Jimin fora rápido em responder.
Tudo bem, talvez ainda houvesse alguém para resolver seus medos. Porque, no fim, os bebês não eram mais bebês.
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Notas finais: Capa lindíssima (surto, porque ficou extremamente linda e toda nhom, nhom) por: @TMESSI /ThalieMessi
Betagem trabalhosa: @SraLovegood /@SraLovegood
Merci pour la lecture!
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