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Matheus Andrade


Gustavo retorna para sua casa após um ano preso, ele agora tem que lidar com os problemas que foram gerados, enquanto ele tenta se conectar com o mundo ele vê em sua irmã uma chama de algo que traz esperança para ele.


Les scripts Déconseillé aux moins de 13 ans.

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Marielle

INT. Sala – noite

A imagem abre começa a apresentar o cômodo dando ênfase nos porta-retratos e alguns livros. Sentada em um sofá está uma mulher, no chão uma garota escrevendo em um caderno; A mulher chama-se Bruna que aparenta ter 40 anos, negra de cabelo encaracolado, ela usa roupas para dormir. O nome da menina é Marielle, ela parece ter 11 anos, ela se parece com sua mãe e ela usa um pijama.

Bruna demonstra estar aflita e recorrentemente olha para a porta, esperando pela chegada de alguém. Já a garota fica fazendo anotações em seu caderno verde, nele tem um adesivo com o seu nome, turma e professora.

Após um tempo mostrando a garota e sua mãe, escuta-se um barulho vindo de fora da casa e a mulher se levanta e vai até a porta, abre e olha para fora com a mão em sua cintura.

Bruna:
Bonito né!? Isso é hora Gustavo?
Você só pode estar brincando.

Gustavo:
Mãe, não é nem tão tarde assim. Relaxa...

Bruna:
Não Gustavo, não vou relaxar, me escuta menino!

Gustavo:
Mãe, nada aconteceu!

Bruna:
Você está brincando com sua sorte. Depois…

Gustavo tenta falar, mas sua mãe impõe sua voz.

Bruna:
Depois de tudo que aconteceu com você! Ainda quer testar!?

Gustavo:
Mas que porra, eu sei! Mas eu não posso…
Gustavo tira o seu celular da cintura e olha a hora.

Gustavo (Aumenta o tom de voz):
Não posso nem ficar na rua até às 12:20, que saco.

Bruna:
Gustavo olha a sua boca e fala bem mais baixo comigo!

Gustavo:
A senhora está gritando!

Bruna:
Eu sou sua mãe eu posso! Agora entra, vai!

Gustavo entra na casa e a Marielle olha para ele.

Obs.: Durante a discussão, mostrar a garota olhando para sua mãe e para a porta, enquanto continua fazendo suas atividades no caderno.

Bruna fecha a porta, em seguida tranca. Ela olha para Marielle.

Bruna:
Vai escovar os dentes para dormir.

Marielle:
Está bem, mamãe. Vou guardar isso e vou.

Bruna sorri para a garota e em seguida caminha até a menina e dá um beijo na testa da Marielle.

Bruna:
Te amo!

EXT. Varanda – manhã

Gustavo está deitado na rede lendo um livro “Cacau-Jorge Amado”. Sua irmã da porta olha ele, em seguida Marielle vai até ele e se senta na ponta da rede.

Marielle:
Você pode me ajudar em uma atividade?


Gustavo fecha o livro e olha para sua irmã, ele se ajeita na rede e fica sentada ao lado dela.

Gustavo:
Claro! É sobre o que?

Marielle:
É para fazer uma redação. E a mamãe disse que você sempre escreveu bem.

Gustavo sorri.

Gustavo:
E a redação é sobre o que?

Marielle:
E para fazer sobre alguém que eu admiro.

Gustavo:
E você pensou em alguém?

Marielle:
Sim. Na mamãe.

Gustavo:
É uma excelente ideia. E já pensou no que falar sobre ela?

Marielle fica calada.

Gustavo:
O que foi?
Não pensou em nada?

Marielle:
É que a maioria da turma vai fazer sobre o pai e a mãe e eu queria fazer sobre alguém diferente.

Gustavo:
Que legal! Isso é bom.

Marielle:
E de quem eu devo falar então?

Gustavo:
‘Pra’ isso você precisa saber quem são as pessoas que fazem ou fizeram algo bom para outras.

Marielle fica pensando como se estivesse buscando alguém.

Marielle:
Tipo o Zumbi, Martin Luther King.... Mandela. Tipo essas pessoas?

Gustavo:
Exato, mas nós temos que conhecê-los, entender o porquê da luta deles.

Gustavo faz uma pausa.

Gustavo:
E ‘pra’ isso nós temos que pesquisar, nem que seja um pouco da biografia deles.

Marielle:
Ok. Podemos fazer isso juntos?

Ela segura a mão dele, como se quisesse que ele a acompanhasse.

Gustavo:
Claro, mas eu tenho uma condição.

Marielle:
Qual?

Gustavo:
Eu vou falar de outras pessoas incríveis e nós vamos pesquisar sobre elas.

Marielle:
Outras pessoas, além dos que eu falei?

Gustavo:
Isso!

Marielle:
Eu gostei! Ok.

Ele sorri para Marielle.

Marielle:
Vamos?


Marielle pega na mão de Gustavo e tenta puxá-lo e ele então vai junto.

INT. Quarto – tarde

Gustavo conversa com Marielle, ela está sentada em uma cadeira em frente ao computador, já Gustavo está ao lado sentado em um banquinho. Mostra o computador onde diversas abas estão abertas com importantes mártires do movimento negro. (Angela Davis, Bell Hooks, Frantz Fanon, Mandela, Luther King, Malcolm X, Huey Newton, Spike Lee, Carolina de Jesus, Nina Simone
No caderno diversas anotações sobre os nomes acima.

Gustavo:
E aí, já escolheu um?

Marielle:
Não tem como, são tantas pessoas fantásticas! Eu amei a Angela Davis e a Nina Simone.

Ela fica um pouco abatida.

Marielle:
E a história da Carolina de Jesus é a mais bonita.

Gustavo:
Essas pessoas fazem ou fizeram muito pela gente. Sofreram perseguição, perderam dinheiro, boicotes, prisões e alguns morreram.
Nós temos o dever de lembrar dessas pessoas e lutar para que as palavras delas não sejam distorcidas ou esquecidas.

Marielle fica admirada com a fala do seu irmão, ele nota que ela está atenda na sua fala e fica um pouco tímido com a situação.

Gustavo:
Bom... É isso.
Já se decidiu?

Marielle:
Bem, mais ou menos.
Mas eu sinto que daqui para frente eu posso fazer sozinha.

Gustavo sorri para ela, em seguida dá um beijo em sua irmã.

Gustavo:
Você sempre pode fazer isso sozinha.


EXT. Rua - Noite

Gustavo está na frente de uma casa ele bate no portão.

Gustavo:
Rafael!

Ele olha para um banquinho ao lado do portão e se senta, ele espera por alguns segundos, Rafael então chega, abre o portão e toca na mão do Gustavo.

Rafael
‘Eaí’ Mano.

Gustavo
‘Eai’, como você está?

Rafael
Suave e você?

Gustavo
Até que está de boa. As vezes sinto que ainda estou preso.

Rafael
O que tem acontecido?

Gustavo:
Minha mãe ficou paranoica e eu não entendo se ela acha que eu cometi crime e aí eu posso cometer de novo. Fica sempre me cobrando quando eu atraso.

Gustavo respira e em seguida se lembra de uma coisa.

Gustavo:
Na sexta passei quase o dia todo fazendo entrega, e aí fui à casa da mulher que está me ajudando a estudar para o vestibular ‘mó’ tarde e ela ficou me ligando, ela ligou até para o ‘cara’ do carrinho de lanche.

Rafael:
Mas para ela é foda também, acho que nem é por causa de desconfiar de você. A situação é complicada para ela.

Gustavo:
Eu sei, mas eu sei lá também. Acho que ela desconfia um pouco de mim.
Quando eu estava na FEBEM, ela falou para a Marielle que eu fui viajar.

Rafael:
Ela é uma criança, a situação é toda complicada.

Gustavo:
Sim, mas minha irmã não tem a infância normal, para uma criança de 11 anos, ela entrou em um curso como bolsista e os ‘caras’ da turma dela fizeram piadinhas com ela, minha mãe achou que a solução era conversar com os pais dos meninos.
Agora para falar para sua filha que seu irmão foi preso porque os policiais armaram para ele.

Rafael
Cara, relaxa. Quando o advogado ganhar o processo todos vão ver que sua prisão foi errada.

Gustavo
Nem me fala dessa fita. O que mais me incomoda é constar na minha ficha essa porra.

Rafael
Ei mano, não se estressa com esse lance. E cara eu vou estar aqui sempre para essas conversas.

Gustavo
‘Tô’ ligado irmão.

Rafael
Eu vou acender um, quer fumar?

Gustavo
Estou tranquilo mano, vou dar uma volta e ir para casa depois.

Gustavo se levanta e Rafael faz o mesmo.

Rafael:
Beleza

Gustavo e Rafael batem na mão um do outro.

Gustavo
Falou, amanhã se pá eu passo aqui.

Rafael
Demorou, falou.

Gustavo começa a andar e Rafael entra de volta.

Ext. Rua - noite

Gustavo está andando e enquanto caminha vê duas crianças brincando de polícia e ladrão.
Um dos garotos pega outro e dá um Mata-Leão e em seguida simula uma arma com a mão, essa que ele leva até a cabeça do outro garoto.

Garoto com a arma:
Cala boca vagabundo

EXT. Praça - noite

Um carro da polícia está parado na frente de uma praça, ao lado tem um banco com algumas drogas apreendidas e três policiais dois estão parados olhando para dois garotos deitado no chão com suas mãos na cabeça.
O outro policial está revistando Gustavo, um dois jovem deitado vira sua cabeça para falar com o policial.

Jovem 1:
Senhor, esse menino aí só estava conversando com ‘nois’. Tem nada ver com o BO.

Policial:
A gente já passou aqui umas cinco vezes, ele está sempre junto de vocês.

Jovem 1:
E ele não pode se sentar com a gente, não pode ser nosso amigo!?

Policial:
Eu acho bom você calar essa sua boca!

Ext. Rua
Gustavo está parado olhando os garotos, ele se chateia com a situação e volta a andar.
Mostra ele andando até chegar na sua casa, ele olha para a casa dele e antes de abrir o portão respira e em seguida abre.

INT. Sala [CONT.]

Ao abrir a porta da sala vê sua irmã com seu caderno e sua mãe corrigindo provas. Ambas que a chegada dele olham para ele.

Bruna se prepara para falar, mas antes olha para Marielle.

Bruna:
Vai jantar, a mistura está no forno. E não esqueça de guardar as coisas depois.

Gustavo estranha a situação, mas não questiona a situação e vai até a cozinha.

INT. cozinha - noite.

Gustavo está comendo enquanto ao lado dele está uma caneta e papel, onde ele parece fazer uma carta para um Julio.
Na carta mostrar a saudade que Gustavo sente do seu amigo, incluir também o fato desse jovem ser o mesmo que discutiu com o policial.
Enquanto ele come e escreve chega Marielle na cozinha, ela olha para ele. E fica parada, como se esperasse ele terminar seus afazeres. Gustavo nota e olha para sua irmã.

Gustavo:
Quer me falar alguma coisa?

Marielle:
Eu espero você terminar.

Gustavo sorri.

Gustavo:
Pode me falar, isso não tem pressa.

Marielle:
Queria falar que eu terminei minha redação.

Gustavo:
E eu posso ler?

Marielle:
Bem, você pode. Mas tem uma condição.

Gustavo:
Qual é a condição?

Marielle:
Você só irá poder ler amanhã, se me buscar na escola.

Gustavo sorri para ela.

Gustavo:
Ok. Eu aceito o acordo.

Ela vai até ele e estende a mão. Gustavo aperta a mão dela como se estivesse de acordo. Ele então sorri para ela e puxa ela para junto dele e em seguida dá um abraço em Marielle.

EXT. Rua - manhã

Gustavo, Bruna e Marielle estão arrumados ambas com uniformes uma de professora e a outra com roupa de estudante. Eles conversam, Gustavo segura uma carta.

Bruna:
Tem certeza de que vai dar tempo de você buscar sua irmã?

Gustavo:
Sim, vai dar sim.
Vou sair mais cedo do trabalho com o vô eu vou na casa da mãe do Júlio e entrego isso para ela.

Ele mostra a carta para sua mãe.

Gustavo:
E aí eu vou direto para a escola buscar ela, pode ser que eu demore uns 5 minutinhos.

Bruna:
Gustavo, não vá esquecer e nem atrasar muito para buscar ela.

Gustavo:
Eu não vou mãe!

Bruna:
Está bem. Nós vamos indo! Tchau filho, fica com Deus!
E cuidado.

Gustavo:
A senhora também mãe, tchau.

Gustavo coloca a carta na sua bolsa e sobe em uma moto e sai, sua mãe e irmã começam a andar para caminho oposto do dele.

INT - Sala de aula - Tarde.

Mostra um relógio marcando 12:30, Marielle caminha até a frente da sala de aula e para olhando para toda a turma, abre seu caderno. Ela respira levemente antes de ler.

Marielle:
A pessoa que me inspira é o meu irmão, mesmo que nós tenhamos passado por um período distante um do outro, esse fato quase não dá para ser notado por toda a potência da presença do meu irmão.
Agora que ele voltou e está mais forte, tivemos uma conversa sobre coisas que ainda não entendendo. Fala que minha voz tem poder e que devo usar ela para lutar, pois as pessoas nos tradam de forma diferente, e que muitas vezes quando vamos para alguns lugares, somos vistos com desconfiança e isso não pode acontecer.

Durante uma conversa nossa conheci pessoas incríveis como: Martin Luther King, Malcom x, Mandela, Huey Newton, Spike Lee, mano Brown, Angela Davis, Bell Hooks, Frantz Fanon, Carolina de Jesus, Nina Simone e minha mãe. Essa qual ele diz ser a mulher mais forte do planeta.

Eu ainda não conheço bem todos esses, só minha mãe. Porém um dia eu vou conhecer todos eles. E vou usar minha voz para chegar o dia em que eu estarei em uma lista de uma outra criança.

Ao terminar de ler Marielle fica tímida, sua professora fica abalada com o texto e é ela que puxa os aplausos.

Ext. Rua

Marielle espera no portão da escola com seu caderno em sua mão. Após um tempo Gustavo chega, ela sorri para ele e vai na sua direção.

Gustavo:
E aí, como foi a aula?

Marielle:
Incrível.

Ela entrega o caderno para seu irmão.

Marielle:
Como o prometido.

Gustavo abre o caderno, nele está uma anotação da sua professora elogiando o texto. Ele sorri depois começa a ler, enquanto caminha.


Letreiro:

"Liberdade pra mim é isto: Não ter medo"

-Nina Simone

8 Septembre 2021 02:03 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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