Nas terras ocíduas, onde o sol defronta-se cotidianamente com seu ocaso, havia prados virentes e regatos plácidos, envoltos por um firmamento cerúleo análogo a um pélago abismal. Neste lugar, no decorrer sólito da alvorada, efunde-se nas bordas do céu um cruor rubro proveniente de um véu, que outrora toldava a paisagem em um mundo de sombras, e que agora encontra-se vulnerado por um fulgor ardente. Eu, por outro lado, em meio a este esplendor, ergo meu crânio e o dirijo todos os dias em direção a esse azul - minha única companhia aqui neste algar perpétuo. Os grilhões férreos deste ergástulo retém meu corpo, mas não minha mente; ela voa junto às aves a gozar do brilho cujo bater de asas ecoam liberdade. Entretanto, diuturnamente um certo ser alado, fosco e soturno vai ao meu encontro. Seus olhos umbrosos refletem meu rosto, revelando o vazio que apodera minha alma. Ele então fala em meus ouvidos numa língua ignota e assim me abandona, enquanto graceja de mim. Eu tento manter meus pensamentos longe: afinal eles são uma péssima companhia e, nessa circunstância, eu crio um divisor ígneo com as energias que remanescem. Não obstante, os ventos que perturbam meu coração apagam o fogo e os pensamentos tornam-se livres novamente para atordoar minha sanidade. Outra vez, a fome, a sede, a angústia estão a me rodear. Não me recordo ter sido tão intenso como neste instante todo este sentimento de falta. Eu, preso numa cisterna, ensejo sair e abraçar o sol. O frio a consumir meu fogo, os pássaros a voar pelo céu, a noite a recuperar sua posição no trono do universo e eu a me sentir solitário. Amanhã será o mesmo que ontem; todos os dias são igualmente insignificantes.
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