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Tentando escapar de suas dolorosas realidades, Yoongi e Jimin acabam se encontrando e se tornando o escape um do outro, mas à medida que o tempo vai passando, não apenas eles vão mudando suas perspectivas sobre eles mesmos e o mundo, como também sobre os sentimentos que andavam fingindo não sentir um pelo outro.


Fanfiction Groupes/Chanteurs Interdit aux moins de 21 ans.

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No mas!

Escrito por: @starchild_utt


Notas Iniciais: Olá, não sei muito o que dizer em notas. Mas quero deixar aqui o meu prazer em participar deste projeto com esse shipp lindo, que amo. E também, espero que gostem da minha primeira Fanfic para o mesmo.

Boa leitura ♥️


~~~~

Era fim de tarde. Eu podia escutar aquela cacofonia reconfortante dos turistas empolgados com o itinerário daquele festival, assim como podia escutar o bater das ondas do mar contra as pedras daquele píer. A brisa fraca batia em meu rosto e bagunçava os meus cabelos, mas eu nem me importava tanto com aquilo, apenas seguia com os meus olhos fechados, aproveitando aquela sensação de paz. Respirei fundo, pois gostava de encher meu olfato com o cheiro da maresia. O cheiro salgado sempre ativava as minhas memórias dele ou do sabor de sua pele, que quase sempre tinha o gosto salobro do mar. Era como se fosse algo intrínseco a ele, assim como o seu amor por dança e, quando a saudade dele apertava, eu corria em direção à praia mais próxima e sentia o espectro de sua presença ao vento, com seu cheiro, tocar a minha pele.

Mas naquele dia seria diferente, eu não estava naquele píer — tão conhecido por nós — para lembrar, mas sim para finalmente vê-lo. Para finalmente tomar uma iniciativa rumo à minha felicidade.

A maturidade nos traz novas perspectivas de antigas situações e eu já não tinha 19, e estava cansado de me esconder atrás daquelas mentiras frágeis que eram tecidas por mim mesmo. Claro que não podia afirmar que não mais temia o olhar de desgosto ou as reações de todos que estão em minha vida ao saber da verdade. Não! O medo ainda era tão presente que, às vezes, era sufocante. No entanto, estava cansado de viver em uma farsa, cansado de fingir e representar um Yoongi que eu não era para agradar a eles.

Não mais!

Entretanto, não julgo o meu "eu" do passado, pois nem tudo é preto ou branco, nem tudo é uma escolha de sim ou não. E apesar de ter certeza da minha sexualidade, eu não tinha certeza de como essa verdade reverberaria sobre minha família e amigos com ensinamentos tradicionais. E, nossa, eu apenas tinha 19 anos, ainda morava com os meus pais e não tinha qualquer autonomia financeira. A verdade parecia ter consequências graves demais. E, sinceramente, eu não estava pronto para elas. Não queria perder o conforto de minha casa, condição financeira ou o amor de meus pais e amigos, então me sufocava ao interpretar aquele personagem que os agradava, que era amado.

Mesmo que aquele que eles diziam amar não fosse o "eu" de verdade; mesmo que doesse fingir; mesmo que lágrimas molhassem o meu travesseiro algumas noites. Eu apenas seguia em uma zona — desconfortável — de conforto.

Mas o mundo era tão grande e a gente não tem noção de que ações simples podem nos abrir novos caminhos ou nos fazer conhecer pessoas importantes. E aquela minha ação impensada e totalmente passional de fuga, há três anos, era apenas a ponta do iceberg da minha catarse.

Lembro-me como corri. Minha respiração ofegante era tão audível que eu não conseguia distinguir aquele som do meu choro. Daegu, cidade em que morava na época, apesar de ser uma grande metrópole, parecia uma pequena e claustrofóbica caixa de sapatos em que eu estava preso e, aos poucos, sufocando.

E naquele dia, essa sensação de morte era tão esmagadora que eu apenas queria fugir. Fugir de meus pais. Fugir de meus amigos. Fugir de mim. Mas principalmente, fugir do medo de ser eu.

Então atravessei as ruas rumo à estação. Tinha decidido pegar o primeiro trem que estivesse de partida. E quando o nome da cidade de Pohang brilhava em letras cursivas em minha passagem, recordei que era verão e que os belos fogos do Festival Internacional de Fogos de Artifício de Pohang estariam iluminando o céu daquela cidade praiana e, por um momento, respirei tranquilo. Talvez ver algo bonito em uma cidade onde ninguém me conhecia me trouxesse a paz que precisava no momento.

Então, quando cheguei ao meu destino, escutei o barulho e vi os resquícios no céu dos fogos — o grande atrativo daquele festival. E ali, banhado por vozes de desconhecidos e o cheiro do mar, a minha corrida não me trazia mais desespero, pelo contrário, quanto mais corria, menos angustiado me sentia. A maresia era como uma espécie de calmante e eu queria sentir as suas águas em meus pés. Talvez ela levasse a minha fraqueza consigo e eu pudesse aguentar um pouco mais aquela farsa.

Foi então que esbarrei nele. Cabelos laranjas, poucos centímetros menor que eu, rosto atraente demais, mas os olhos pequenos estavam tão perdidos quanto os meus. Sendo sincero, foi assustador ver tanta similaridade em suas íris; era como se visse o meu reflexo.

E, por um tempo, talvez tenha sido segundos, mas que pareceu horas, ficamos perdidos em um bolha de reconhecimento. Não sabíamos a idade ou o nome um do outro, mas aquela dor que estava exposta em nossos olhos, isso sim conhecíamos muito bem. E era bom, mesmo sem palavras trocadas, era uma sensação reconfortante conhecer alguém que entendia o quão difícil era suportar tudo ou — por seu estado: olhos vermelhos pelo choro e semblante triste — querer fugir de tudo. E isso fazia uma ligação invisível nos envolver e também fazia com que um laço situacional fosse criado entre nós.

Desculpa.

Em algum momento, a palavra saiu dos nossos lábios em sintonia, mas ainda continuamos parados na frente um do outro. Com vergonha demais para dizer algo, mas também ligados demais para simplesmente seguir o caminho de antes; separados.

Mas momentos são passageiros e não podíamos ficar para sempre presos naquele. O mundo continuava em seu constante movimento, mesmo que para nós parecesse que ele tinha parado por minutos. E assim, crianças — que corriam em uma brincadeira boba de pega-pega — bateram em nós, trazendo-nos de vez para aquela realidade em que éramos apenas estranhos que se esbarraram.

Um sorriso amigável brincou em nossos lábios, era uma espécie de "Boa sorte" silencioso. Uma despedida antes de seguir em frente, porém acho que não levou nem dez passos de distância para que virássemos mais uma vez um para o outro. E ao olhar para ele mais uma vez, eu jurei que podia ler os seus pensamentos, que sem qualquer surpresa, eram os mesmos que os meus.

"Por que não?"

Quer sair daqui? — ele falou quando chegou a centímetros de mim. Nervoso, lambia os lábios de forma constante, chamando minha atenção para aquela parte tão atrativa de si.

Eles eram carnudos, brilhavam pela saliva passada ali e tinham um tom bonito de rosa. E, mesmo que tivéssemos tido uma ligação mais profunda há poucos minutos, eu queria me ligar a ele de uma forma mais simples. Queria tocar a sua boca, sentir a pressão de seus lábios, que pareciam macios, queria sua língua me explorando, enquanto perdíamos o ar. Queria, pela primeira vez, deixar-me levar pelo desejo.

Tocar alguém do sexo que realmente me atrai. Sentir o verdadeiro prazer carnal. Ser um jovem com desejos e hormônios à flor da pele, livre do medo de ser julgado por isso.

Então apenas peguei em suas mãos pequenas e o arrastei, sem qualquer ressalva sua, para longe dos holofotes de pessoas. E quando, em uma área mais deserta da praia, o beijei, respondi a sua pergunta implícita de um algo mais, ao me questionar se eu queria sair dali.

O beijo fora apenas um selinho simples, mas, ainda assim, pude comprovar a minha teoria sobre os seus lábios serem macios. Mas não tive muito tempo para me perder em pensamentos, pois seus olhos se abriram em surpresa e eu nunca vou esquecer como a sua expressão fofa de espanto se tornou pesada e sexy pelo desejo antes dele tomar meus lábios mais uma vez. E o que se iniciou com um pequeno selar de lábios, não demorou para se tornar algo mais carnal. Sua boca tinha tanta fome que o beijo se tornou desesperado, nossas línguas em uma pequena disputa por espaço, enquanto os nossos dentes davam leves mordidas nos lábios alheios, deixando tudo mais quente.

Éramos como os fogos de artifícios nos céus. A cada novo beijo, a cada novo toque, a cada novo gemido ofegante, entrávamos em combustão, deixando as nossas verdades à mostra, sem vergonha ou medo, mostrávamos os nossos verdadeiros "eus", que, por muito tempo, tínhamos oprimido, mas que naquele momento estávamos confortáveis em mostrar. E era uma sensação tão boa, era mais que felicidade, era euforia, era liberdade. E isso nos deixava altos, bêbados sem qualquer gota de álcool. Finalmente explodindo, e as nossas cores, aquelas que só nós dois podíamos ver, eram mais lindas do que as que brilhavam naquele céu. Irresistíveis demais. Intensas demais. Apaixonantes demais para não nos entregarmos de corpo e alma.

E seus lábios me tocaram mais, assim como suas mãos, que vagavam livremente por todo o meu corpo. Era um mundo nosso, em que a passagem das horas mal era sentida. Mas, quanto mais a madrugada adentrava, mais vazia aquela praia ficava. E em um certo momento, verdadeiramente, era apenas nós ali. Sem qualquer estigma, queimando em desejo na areia branca.

Os lábios dele eram como fogo, deixando rastro de calor em minha pele, naquele ponto já sem roupas. Eu também explorava a sua, eu também beijava cada parte do seu corpo forte que me escondia por completo entre os seus braços quando estava em cima de mim. Apesar de um pouco menor na altura, ele tinha mais massa corporal que o meu corpo magro e isso me atraia e me fazia marcá-lo com gana, apenas para apreciar mais um pouco o barulho gostoso de seus gemidos.

Não éramos gentis, tinha um certo desespero naquela nossa primeira vez, o que deixou tudo mais intenso. Tão intenso que fomos até o fim. No começo sem jeito, a nossa inexperiência gritava, mas no fim, encontrando o encaixe perfeito que desse prazer aos dois.

E aquele garoto de rosto meigo e cabelos de fogo me deu uma primeira vez mágica, pois, apesar de sermos desconhecidos, nossas almas pareciam velhas companheiras. E isso refletia em nossos atos, nossos toques cheios de paixão, descobrindo juntos, ao explorar o corpo alheio, uma experiência nova. As estocadas com luxúria faziam meu corpo mover-se contra a área e o dele se colar ao meu quando estava, por completo, dentro de mim, levando-nos cada vez mais perto do ápice. Nossos olhos cúmplices, que compartiam tantos segredos e sabiam que aquela noite seria mais um, encarando-se sem desviar por um segundo, até que que o prazer fosse demais para que as pálpebras continuassem abertas e o nosso orgasmo fizesse com que fluísse dopamina por nossos corpos.

Transamos mais duas vezes naquela noite, tomávamos nosso fruto proibido sem moderação. Mas não apenas isso, pois, após o sexo quente, uma conversa sincera sobre quem somos, por que estávamos ali e de como tudo era tão difícil de suportar só por amar o diferente do esperado, trazia um alívio. Era como se pudéssemos respirar mais uma vez, como se nosso peito estivesse livre daquele peso e medo, mesmo que apenas por aquele momento. E era tão bom falar sem o medo latente de ser julgado, mas o mais reconfortante era ver no olhar dele compreensão e entendimento. E isso tornou o amanhecer mais difícil e menos esperado.

Mas o dia amanheceu e nossa bolha fora estourada pelos raios alaranjados do sol, que eram tão quentes como a sua pele tocando a minha, todavia não tão aconchegante, afinal sentíamos o fim próximo. Durante o dia, nossos fogos eram ofuscados pela luz escandalosa do sol e toda a realidade caía sobre nossos ombros. Ainda éramos dois adolescentes que se escondiam no armário com medo das consequências da verdade. Nada lá fora tinha mudado para nós, mesmo que dentro de nós algo começasse a mudar.

Provamos o gosto da verdade de quem somos, não seria tão fácil fingir — como vínhamos fazendo — a partir de então. E, bem, esquecer e nossa ligação também não seria tão fácil. Pois ali, quando ainda sentia os seus braços em minha cintura e seus lábios esquentando o meu pescoço com os seus beijos, eu sentia sua falta. Afinal, sabíamos que, para nós, assumir uma paixão não era simples como para os outros. Que contariam essa nossa história como se fosse um belo romance de livros ou filmes… mas isso não era para nós.

Então selamos um acordo: nos encontrarmos ali mais uma vez no próximo festival. Seríamos o refúgio um do outro e aquela cidade, o lugar em que seríamos nós. E era loucura trocar promessas antes dos nomes, pois sim, ainda não tínhamos nem trocado nomes, algo estranho — principalmente porque depois daquela noite nós éramos as pessoas que mais conheciam um ao outro —, mas não tinha sido feito. Todavia, tudo sobre nós e aquela noite fora sobre os impulsos de nossos desejos reprimidos.

E por fim, decidimos continuar assim, sem nomes, éramos apenas os jovens sem medo que se entregaram a paixão. Necessitávamos ser! Precisávamos daquele escape da nossa realidade e até de nossos nomes, para nos sentirmos, enfim, livres e verdadeiros conosco. E mesmo que fosse sem sentido todo o tempo distante, afinal podíamos trocar telefones e mensagens, para nós aquele acordo e encontros pessoais mantinham a magia de tudo.

E assim, no próximo ano, na mesma data, no mesmo píer, mas de forma proposital, eu encontrei os olhos dele mais uma vez. E eles estavam pequenos de novo, mas desta vez por causa do sorriso grande ao me ver, para que, enfim, pudéssemos amar e sermos livres uma vez mais.

Mas como disse, perspectivas são constantemente mudadas e, quando expandi minhas asas e voei para longe dos meus pais, as minhas mudaram. Eu não era mais o Yoongi com medo da verdade e que escondia suas frustrações em seu travesseiro. Agora, o que me aterrorizava era me perder em toda aquela mentira. Eu não a suportava mais.

Talvez tenha sido a independência, pois apesar de ainda ser jovem, 21 anos, eu tinha um trabalho de meio período em uma cafeteria perto da minha universidade, além de já vender algumas batidas e letras de músicas que tinha. Não me fazia rico, mas me manteria em uma situação confortável se os meus pais não estivessem de acordo com quem eu sou.

Ou talvez tenha sido as novas pessoas que encontrei em meu caminho — que demonstravam tanta força, coragem e orgulho de exporem quem eram de verdade — que se tornaram exemplos de luta para mim. Além de me mostrarem que o mundo não era feito apenas de pessoas julgadoras, que quem eu sou seria acolhido e amado. E que apesar de não ser fácil ser "diferente" em uma sociedade preconceituosa, não era impossível, afinal, a gente não pode se esconder para sempre, isso apenas nos torna miseráveis.

E, aos poucos, eu fui criando coragem e, gradualmente, assumi a minha orientação sexual. Primeiro para todos do meu círculo de amigos na universidade; depois para os meus amigos de infância; e, por fim, meus pais, que tiveram uma reação mais positiva do que imaginei. Claro, não houve grito ou festa, ainda pude ver os resquícios de decepção em seus olhos. E mesmo que doesse, aceitei, afinal, meus pais eram de outra época, seus ensinamentos, por anos enraizados em suas mentes, os faziam enxergar a homossexualidade como uma doença. Todavia, por amor, eles deram o primeiro passo para desconstruir seus pensamentos retrógrados, para me entender e me aceitar. E, bem, isso me fez chorar como uma criança em seus colos. Já no círculo de amigos, claro que alguns se afastaram, mas outros me deram total apoio e tornaram todo o meu fardo, que carreguei por anos, bem mais leve.

E era bom, era como se fosse o verão e eu era aquele garoto corajoso que não tinha medo de expor sua sexualidade. Claro que não gritava aos quatro ventos sobre a minha sexualidade, mas também não a escondia de ninguém como antes. Tentei até alguns encontros, mas meu coração era dele. Do "estranho" que tornava o verão a minha estação preferida. E sempre que outro cara tocava em minha pele ou beijava os meus lábios, a comparação era inevitável.

Então esse era o meu último passo, vir ao nosso encontro e ser sincero com os meus sentimentos sobre ele, pois apesar de termos falado de tudo, nunca conversamos bem sobre a relação que tínhamos. E, bem, desde um bom tempo eu sabia que o amava e eu queria em minha vida de forma constante. E às vezes eu me perguntava coisas simples como: como seria a sua voz pelo telefone? Ou como ele ficaria em roupas de inverno? Era bobo, mas eu tinha essa curiosidade sobre ele e sobre todas as coisas banais que não sabia dele.

E, sinceramente, estava cansado de estar sempre ao redor da minha felicidade e nunca realmente provando-a. Queria mais que o seu gosto passageiro — que provava ao seu lado durante os poucos dias de verão que tínhamos juntos. Eu o amava em todas estações dos anos e era hora de ele saber disso.

E, quando retirei os meus olhos de meu reflexo, que brilhava nas águas turvas e coloridas, dos fogos daquele festival e olhei para trás, o vi. Em passos rápidos, ele fazia o seu caminho até mim, e minha pele formigava em ânsia por seu toque. Seus olhos pequenos estavam tão brilhantes quanto aqueles fogos e sua boca sorria grande, aquele sorriso de felicidade genuína, que também devia estar em meus lábios.

E naquele momento, em que nossos olhos se reencontravam, eu queria saber o seu nome real mais que tudo. Afinal, era ele que possuía as batidas descompassadas de meu coração, era ele que tomava todos os meus pensamentos dia após dia, era ele o único que conhecia Min Yoongi em essência.

Mas eram 365 dias de distância e falar nunca era nossa primeira reação. Então tudo foi engolido pelo sabor de seus lábios, menta; pela textura de sua boca, macia; pelo toque de sua mão, firme; e, por fim, por aquela sensação que só o seu toque me causava; liberdade. Pois, finalmente, estávamos em nosso paraíso, o lugar que nos permitimos ser nós.

— Primavera, eu senti tanto a sua falta. — Beijou o meu pescoço, e mesmo que ele não tivesse mais os cabelos laranjas, o seu apelido ainda lhe caía tão bem.

"— Como iremos nos chamar? — Estava ofegante por sua proximidade.

A água fria do mar banhava as minhas costas, mas isso era apenas um detalhe que era ignorado por meu corpo. Afinal, outras sensações eram bem mais extravagantes no momento. Tinha um estranho com o seu corpo sobre meu, com os seus lábios sobre os meus, com os seus olhos sobre os meus. E ele irradiava tanto calor sobre o meu corpo que parecia com os dias de verão.

— Não sei, mas esses seus cabelos cor de rosa me lembram as flores de cerejeiras. — Alisa os meus fios tingidos e um pouco duros pela água do mar.

— E o calor do seu toque e a cor de cabelo me lembram os dias de verão. — Também toquei os seus fios.

— Então nos chamaremos assim. Verão. — Apontou para si. — E Primavera. — Apontou para mim."

A lembrança boba me fez sorrir e me perder mais no calor do meu Verão, que sempre era tão quente e me deixava em combustão por qualquer mínimo toque seu.

— Eu também senti a sua falta — falei rente ao seu ouvido, enquanto deixava o meu corpo moldar-se sobre o seu.

E como sempre, ele me acolhia. O calor de sua respiração em meu pescoço, seus braços firmes em minha cintura, enquanto seu nariz tomava o cheiro da minha pele e me arrepiava no processo.

E de repente, mais que o normal de quando estava com ele, meu coração começou a acelerar. Todo o nervosismo me batia com força total, afinal, esse não seria o verão de sempre. Minhas palavras poderiam mudar tudo de vez. Só porque estava pronto para enfrentar o mundo, não queria dizer que ele também estava. E era tão injusto cobrá-lo aquilo. Não era uma decisão minha, o momento certo e a hora certa, era apenas ele quem poderia determinar.

— O que você tem, Primavera? — questionou-me. Seu tom era preocupado e sua mão buscava o meu queixo para levantar o meu rosto para si.

Mas eu me prendi mais a ele, aproveitei mais um pouco do seu toque, enquanto ainda éramos dois estranhos com pseudônimos de estações e dias de verão para desfrutar juntos pela frente. Pois eu sabia, sabia que não poderia engolir aquelas palavras se o seu olhar encontrasse o meu. Elas escapariam por meus lábios como um respirar e eu queria só uns poucos minutos a mais ali, em nosso mundo particular.

— Hey…? — Finalmente conseguiu levantar o meu rosto de seu peito, mas eu mantinha os meus olhos fechados. — O que está acontecendo?

Abri minhas pálpebras lentamente e era como se fosse a primeira vez que eu estava sendo atingido por sua beleza. Meu raciocínio até se embaralhou por causa de um único pensamento: “Céus, ele era tão lindo”.

— Você é lindo! — deixei aquele pensamento fluir por meus lábios.

— Você também é lindo, Primavera. — Ele olhou pra mim com aquele olhar carinhoso que parecia até ser um olhar de paixão. — O homem mais lindo que já vi, nunca duvide. — Soou tão sincero. — Mas você está estranho, o que está acontecendo? Me diga, você sabe que pode confiar em mim, não sabe? — Ele tinha um leve brilho de medo em seus olhos.

— Eu confio em você. Verão, você é a pessoa em que mais confio nesse mundo. Você foi a primeira pessoa que me escutou, que me entendeu e que disse: "Está tudo bem ter medo", pois você também sentia. Eu não posso nem colocar em palavras o quanto você e nosso encontro, naquele dia, foram importantes para mim. — Suspirei; o momento tinha chegado. — E, sim, eu estou estranho, na verdade, eu tenho uma confissão…

— Por que sinto como se fosse uma despedida? — falou, cabisbaixo.

— Porque talvez possa ser… — Afinal, aquele seria o fim daquele nosso mundo mágico, onde fugíamos de nossa realidade. Mas eu não queria mais fugir ou esconder qualquer coisa dele. — Porém, também pode ser um novo começo, tudo depende da sua resposta.

— Não estou entendendo. — Franziu o seu semblante.

— Tudo começou quando éramos tão jovens, tínhamos tanto medo do mundo. Éramos o refúgio um do outro… E naquela época, esse nosso acordo sem nomes ou contato, além desses poucos dias de festival, eram suficientes para mim… Mas eu não era. — Eu o encarei. — Longe daqui, deste nosso pequeno mundo, eu não me sentia suficiente para mim mesmo, me autoenganar e enganar todos ao meu redor machucava. E você sabe!

— Claro que sei. — Ele me envolveu em seus braços e uniu suas mãos pequenas às minhas, passando-me conforto e compreensão com aquele simples gesto. — Eu conheço cada dor sua, eu as vejo em mim — sussurrou.

— Mas eu não quero mais — continuei. — Eu não quero mais ser esse garoto com medo, Verão. Na verdade, eu não sou mais o garoto que tinha tanto medo de ser quem é, que, mesmo tendo o vislumbre da coragem nesses nossos poucos dias juntos, não tinha forças suficientes para mostrar quem realmente era para o mundo lá fora. — Uma pequena lágrima rolou por meu rosto. Afinal, tudo ainda eram memórias recentes e as sensações desses dias difíceis ainda eram muito vívidas e dolorosas. — Eu mudei tanto nesse último ano… Eu tenho orgulho de mim, da minha força, de quem agora sou… E eu não quero mais esconder a minha totalidade de você, que me conhece em essência, mas que desconhece tantas coisas banais, como o meu nome. — Olhei para ele. — Sou Min Yoongi, nasci em Daegu, mas agora moro em Seul. E-e… — Minha voz quebrou. — Me desculpe se essas informações destruíram nosso pequeno refúgio, mas eu não posso continuar mais. Não posso amar loucamente um homem sem nome e por poucos dias no ano. Eu quero mais.

Olhei-o esperançoso, mas ele só piscava seus belos olhos lentamente e mantinha sua boca levemente aberta, em claro estado de surpresa por tudo que falei.

— Eu sei que foi um péssimo jeito de me declarar. Eu devia ter começado a falar sobre todas as mudanças que tive nesse ano. Em como contei a todos sobre minha sexualidade, de como isso me tornou mais forte e corajoso sobre mim… — começei a falar descontroladamente.

— Pare, Prima… Yoongi. — Seus lábios subiram levemente, como se sorrisse. — Amo isso. — Agora ele ria mais aberto, deixando-me confuso.

— O quê?

— A sonoridade do seu nome saindo por meus lábios — explicou. — É bonito, combina com você. E sabe, eu passei muito tempo desses anos que nos conhecemos tentando imaginar qual seria o seu nome. — Assenti como se dissesse um "eu também". — Mas este é mais bonito do que todos que imaginei.

— Me diga o seu, também quero ter o prazer da sonoridade de ele deixar os meus lábios…

— Jimin. Park Jimin.

— Park Jimin… — Repeti o seu nome algumas vezes como um mantra. Era gostoso de se pronunciar e de se ouvir e, naquele momento, entendi o seu sorriso ao dizer o meu nome, afinal, também sorria. — É sexy.

— Não me olhe com esses olhos gatunos, Primavera — ele disse o apelido. — Perdão, Yoongi.

— Não se desculpe. Costumes não são tão fáceis de mudar e, no fim, eu amo essa forma única que apenas você me chama.

— Que bom, Yoongi, pois apesar de amar chamar o seu nome, você sempre vai ser meu dia florido, belo e de perfume doce de primavera. — Ri de forma carinhosa. — Mas voltando ao assunto, não me provoque. Eu ainda tenho muito a dizer antes de beijar a sua boca e tirar o meu nome em forma de gemido dela. — Suspirei pesado, imaginando o seu toque mais íntimo. — Eu ainda tenho que dizer que há tempos queria quebrar o nosso pacto. Há tempos queria descobrir cada mínimo detalhe seu, que devido a essa regra boba eu não sabia. Há tempos queria dizer que te amo. Que sou apaixonado por cada mínimo detalhe seu. Por sua força. Por suas fraquezas. Por seu ombro amigo. E agora, por sua coragem.

— J-Jimin…

— Espere. — Colocou as mãos em meus lábios. — Deixe-me terminar. Por um tempo, fingir coragem aqui me fez acreditar que tinha coragem sim, que tinha forças para lutar. E mesmo que ainda não a tenha para gritar a todos, principalmente para a minha família, quem eu sou, como você fez, eu tenho para te amar, para dar passos "pequenos" e assumir esse nós. Pois também não quero te ter em minha vida apenas por poucos dias de verão, quero te ter durante todo o ano.

Não consegui controlar o impulso do meu corpo e logo minha mão puxou o seu rosto contra o meu, para que eu sentisse o sabor de seus lábios. E o calor dele, do meu verão — do meu Jimin — acendia todas as faíscas que me faziam explodir em felicidade.

— Então você está namorando comigo? — perguntei, completamente ofegante após o beijo.

— Sim. — Ele deixou um bocado de selinho em meu rosto, fazendo-me gargalhar alto. — Eu sempre quis.

— E como vai ser? Onde você mora? — Aqueles questionamentos surgiram em minha mente, que antes pensava apenas em sua resposta à minha declaração. — De onde você é?

— Sou de Busan, mas, assim como você, estou morando em Seul agora.

— Então…

— Sim, sem mais distância para nós. Serei um grude em você, Min Yoongi.

— Eu posso me acostumar com isso.

— É… — Ele segurou a minha mão, assim como um namorado faria. — Eu também posso. Mas antes de irmos, podemos aproveitar mais uma noite em nosso mundo mágico?

Olhei ao redor. Vários shows de luzes, música e dança aconteciam pelo píer, chamando-nos para aproveitar aquela noite quente de verão.

— Claro. — Olhei, bobo, para nossas mãos unidas.

E, sob as luzes daquele festival, que ocasionalmente me juntou a ele, eu o amava sem pseudônimos ou segredos. E apesar de saber que Jimin e eu teríamos muitas coisas para enfrentar no futuro, afinal, a sociedade não estava a nosso favor e situações difíceis iriam acontecer, eu também sabia que estaríamos um do lado do outro, sendo o escape — com o nosso amor e companheirismo — dessa realidade cruel. Só que agora sem ter que inventar uma realidade diversa, pois não iríamos mais nos esconder ou fingir sermos corajosos. Teríamos coragem, teríamos orgulho.

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Notas Finais: Bem, eu espero que tenham gostado dessa história e também me contem o que acharam nos comentários.

E claro, queria deixar os meus agradecimentos para @pyeonji por essa bela capa e para @SraLovegood, pela betagem e por toda ajuda nas minhas dúvidas 💜

Até a próxima história. Beijos 😘

16 Juillet 2021 20:30 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

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