Escrito por: @yeonjink/@BTShippSTAN
Capa por: @yoonckyn
Notas Iniciais: A minha beta surtou quando leu a história, mas disse que gostou, entao... espero que gostem!!
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O cheiro de vodka era presente na boca de Yoongi. Havia saído para uma confraternização que iria ter com os colegas de trabalho e acabou que essa festa se tornou o lugar que mais se arrependia de ter ido em sua vida.
Bebera demais. Estava bêbado o suficiente para esquecer quem era e onde estava.
Um de seus colegas ligou para seu amigo, Jimin, para ir buscá-lo, mas o outro não estava disponível no momento; estava no meio de uma experiência em relação à cápsula do tempo.
Bêbado, ele viu uma mulher bonita de estatura média passando por si e jogando charme para ele, por mais que seu subconsciente estivesse dizendo que era errado, Yoongi não entendia.
Certo de que era aquilo que queria, foi atrás da mulher dizendo aos outros que iria pegar um ar pois estava quente. Quase sem controle dos movimentos, ele foi para fora do bar no qual estavam.
Encontrou a mulher a qual ele estava procurando, a mesma estava do lado de fora de um carro, junto de um cigarro na mão.
Tudo o que se lembrava era que andou até ela, colocou a mão na sua cintura e pediu para que fossem para sua casa.
Depois disso, tudo era um borrão confuso. Lembra-se de uma cama king-size e de sentir beijos com gloss em seu pescoço.
Ao acordar de manhã, estava com uma dor de cabeça dos infernos. Levou a mão até a mesa de cabeceira do seu lado direito e viu que seu celular não estava ali.
Deu uma olhada em onde estava e paralisou.
Não estava em casa e nem – aparentemente – num motel. Estava em um apartamento barato e bagunçado com as paredes cor vermelho sangue. "Quarto feio da porra", pensou Yoongi.
— Onde que eu estou? — perguntou a si mesmo, sentindo-se mais confuso e desesperado a cada pensamento negativo sobre a sua atual situação.
Olhou para o chão bagunçado novamente e percebeu que estava nu ao ver suas roupas jogadas no piso do quarto.
As mãos se emaranhavam nos fios pretos em completa angústia ao entender.
Havia traído sua mulher.
[...]
Dias se passaram e Yoongi estava entrando em colapso.
Queria falar com alguém sobre a traição. Estava se sentindo transbordar de arrependimento toda vez que sua esposa lhe direcionava um sorriso.
Estava tão mergulhado em pensamentos que não se deu conta de que Suran havia entrado no quarto, fazendo-o perguntas.
— Yoongi? Amor? — O mais novo saiu de sua mente, que estava deixando-lhe mais louco a cada segundo pensando.
Deu um sobressalto e tentou respondê-la sem gaguejar. — Sim, amor. O que foi? — A voz de Yoongi era tão calma e baixa que quase não se escutava.
— Estava te chamando para ir comigo naquele bar que fica perto do seu trabalho. Meus amigos me chamaram para a social deles e eu queria você para me fazer companhia. — Sentou-se ao lado de seu marido e começou a acariciar seus cabelos negros e longos. — Você anda muito distraído ultimamente, aconteceu algo? — Seu tom era preocupado e acolhedor, como a mulher pela qual ele se apaixonou, mas, também, a que traiu.
Com esse pensamento assolando-o novamente, ele se levantou bruscamente de sua cama, parando totalmente o carinho que recebia de Suran e fazendo a mulher apresentar uma feição confusa diante da atitude inesperada do outro.
— Yoongi? — A mulher tentou chegar perto de Yoongi, mas este se afastou novamente e soltou tudo o que o deixava inquieto e culpado por todos esses dias que se passaram desde a traição.
— Suran, me desculpe! — Yoongi começou a chorar pela angústia e culpa que ele sentia. Isso estava corroendo-lhe intensamente por dentro.
— Yoongi! Qual o problema?! — Suran correu para tentar consolá-lo, mas Yoongi não a deixou se aproximar. Estava se sentindo decepcionado consigo mesmo. Nunca imaginara passar por essa situação um dia.
— Eu estou decepcionado, Suran... — Colocou as mãos na frente do rosto em pura vergonha.
— Comigo? — questionou Suran preocupada. Não queria decepcionar alguém que amava tanto.
— Não! — Levantou-se negando rapidamente para a mulher. — Não... É apenas... eu. — Todo esse tempo tentou achar coragem para falar a verdade para Suran e agora era esse momento. Então respirou fundo e lhe contou a verdade: — Eu te traí, Suran.
A mulher não reagiu de forma histérica ou emocional, mas sim, fria.
— Quando? — Suran se sentou na cama, do lado contrário ao da cabeceira, no qual o outro se deitava momentos antes e o encarou com um olhar cortante e amedrontador.
Yoongi se sentou na cama de casal também, mas do lado da cabeceira e respondeu. — Naquele dia em que eu fui ao bar com meus colegas de trabalho. — Queria muito abaixar a cabeça, mas a vergonha o fazia deixar de cabeça erguida para enfrentar seus problemas.
Suran nada disse, apenas se levantou, andou até o banheiro e falou atordoada. — Irei tomar um banho, depois a gente conversa melhor sobre isso. — E entrou no banheiro fazendo, logo em seguida, Yoongi se deitar na cama completamente deprimido e de coração quebrado ao escutar Suran dentro do banheiro chorando, mesmo que a água que caía do chuveiro servisse para amenizar o som do choro dela.
Passou as mãos nos cabelos negros e não se permitiu deixar cair mais lágrimas quando a culpa era totalmente dele.
— Eu sou um idiota...— Yoongi disse pra si mesmo em voz alta.
Escutou a água que caía no banheiro cessar e minutos depois, viu a porta se abrir novamente e Suran sair de lá, com o rosto inchado e arrumada.
— Eu irei sair agora. — Fez uma reverência em respeito a Yoongi — por mais que ele não mereça nem um pouco deste respeito — e saiu, pegando sua bolsa e seu casaco, pois estava frio demais. — Até logo, Yoongi.
Yoongi ia se levantar de sua cama para ir abrir a porta para a outra, porém ela negou dizendo que não precisava que nenhum homem abrisse uma porta para ela e que não era para se preocupar com tradicionalidades, ela não se importava com isso.
Quando Suran saiu do apartamento, Yoongi se viu sozinho e desamparado.
Pegou seu celular, entrou na última conversa, essa que era com Jimin, e o chamou para vir em sua casa. Jimin prontamente aceitou, pois não estava mais ocupado com o experimento sobre a cápsula do tempo.
— Jimin… — Os olhos de Yoongi estavam vermelhos por causa da crise de choro que teve após Suran sair. Jimin deu um abraço no mais velho, pois sabia que o outro estava fragilizado com toda essa situação tensa.
Jimin sabia do que tinha ocorrido há alguns dias atrás no bar, Yoongi havia o contado uns dias depois por não conseguir lidar com toda essa pressão de ter traído sua mulher. Ele sabia que Yoongi era apaixonado por ela desde o colegial, pois o mesmo o contara.
— Quer me abraçar? — perguntou abrindo os braços e indo em direção ao mais velho que estava distante da porta. Yoongi prontamente aceitou, se aliviou ao sentir os braços do outro o rodeando e o dizendo frases motivadoras.
— Eu sou um filho da puta, não é, Jimin?
— Só um pouco, Hyung. — Não queria magoar seu hyung, mas também não queria passar a mão na cabeça do outro, ele merecia saber das merdas que havia feito.
Yoongi saiu do aperto do mais novo e foi em direção à cozinha do apartamento procurando algo para comer enquanto Jimin o seguia.
Já na cozinha, Yoongi preparou dois rámens de galinha e os colocou em uma tigela, separando também os hashis ao lado da tigela fumegante.
Fez tudo isso em um silêncio absoluto, o que incomodou ao mais novo, pois sabia que Yoongi não era tão quieto assim, na maioria das vezes. Só ficava dessa maneira quando estava realmente abalado negativamente com algo. Jimin sabia que ele precisava extravasar e uma conversa agora seria o melhor momento.
— O que vocês vão fazer agora? — questionou Jimin, referindo-se ao casamento de Suran e Yoongi.
— E-eu não sei ainda. — Passou a mão nos cabelos negros e se lembrou de sua mulher dizendo-o que essa era uma mania sua de quando estava nervoso com algo. A lembrança o puxou ainda mais para o desespero. — Ela nunca vai me perdoar. Eu nunca vou me perdoar.
Jimin foi aonde Yoongi estava e o abraçou novamente dizendo que ela iria o perdoar alguma hora e que não era para ele ficar se martirizando toda hora. — Não se esqueça de que eu estou aqui. — Fez um carinho nos cabelos de Yoongi e um sinal de que era hora de comer. — Vai esfriar.
Yoongi apenas se conformou de que agora não era possível mudar nada. Não tinha como voltar no tempo.
E então, uma luz se acende e ele sabe que essa é a melhor solução.
[...]
No dia seguinte, Yoongi juntou coragem — o que ele tinha de menos — e foi até a casa de Jimin, que ficava a mais ou menos meia hora da sua. Estava ansioso. Ficou pensando no assunto por horas, rolando e rolando na cama, tentando chegar numa conclusão sobre fazer isso ou não. Porém, agora, ele já tinha a resposta para o sofrimento que estava passando.
Faltavam dez minutos para ele chegar à casa de Jimin e ele decidira passar numa padaria para comprar alguns docinhos para Jimin, uma vez que ele sabia que doces iriam fazer o menor mudar de ideia, caso o mesmo negasse.
Estacionou o carro no estacionamento da padaria e, ao entrar, já se posicionou na fila para fazer o pedido.
Olhou para o lado despreocupadamente e se arrependeu de ter entrado nessa padaria assim que colocou os olhos nela.
A mulher a qual tinha traído estava exatamente no mesmo lugar que si. Ela era perfeita aos olhos de Yoongi, mesmo estando com o cabelo preso em um coque mal feito e os olhos inchados. Seu peito afundou com a possibilidade dela estar chorando por causa dele. Viu ao seu lado uma mulher que tinha os cabelos pintados de loiro, alta e extremamente magra; se lembrou rapidamente da melhor amiga dela, a Moonbyul, que tinha ido em seu apartamento algumas vezes para conversarem e ficarem rindo do rosto emburrado de Yoongi por ele ver que haviam comido toda a sua barra de chocolate favorita.
As lembranças o atropelaram e seus olhos se encheram de lágrimas ao saber que aquela mulher só voltaria a ser sua se voltasse no tempo.
Após aquela situação, Yoongi teve mais certeza do que iria fazer: iria voltar no tempo e mudar tudo aquilo que não deveria estar acontecendo.
Com sua certeza em mente, comprou os doces favoritos de Jimin — que por um acaso eram os que ele tinha dado de presente a ele, anos atrás, no colegial —, e saiu em direção a sua salvação.
Chegando em frente da grande casa branca de Jimin, ele respirou fundo e tocou a campainha. Escutou passos apressados em direção a porta grande de madeira escura e logo ela se abriu revelando um Jimin com roupa de academia, todo suado segurando uma garrafa de água gelada.
— Entre! Desculpe a bagunça, ter uma casa enorme e cara não é tão legal assim. — Jimin coloca a mão na nuca acanhado com a bagunça inexistente, e se havia algo bagunçado ali, era o próprio Jimin, que estava todo descabelado e corado. Mesmo que a última parte estivesse o deixando fofo.
— Parece que a gente nem se conhece há tanto tempo com toda essa formalidade. Deixa isso de lado. — Riu fazendo os ombros tremerem e sua gengiva fofa aparecer. Jimin sorriu junto e assentiu. Não tinha por que se incomodar com essas coisas, já tinham se visto até pelados. — Você comeu alguma coisa?
— Ainda não, estou na academia tem duas horas. — Yoongi arregalou os olhos incrédulo, não era possível que ele estava sobrevivendo só com uma garrafa de água?!
— Meu Deus, ainda bem que eu comprei esses doces! — Puxou a sacola de trás de si e o entregou rapidamente nas mãos fofas do Jimin. O último citado ia dizer algo, mas foi interrompido por Yoongi. — Se você me disser que está em outra dieta, eu mando os doces pro seu estômago à força — ameaçou Jimin, por mais que fosse para o bem.
Sem outra saída, Jimin escolheu se sentar para comer os doces e esperou o mais velho fazer o mesmo para o entregar um dos docinhos que ali haviam.
Yoongi ia negar dizendo que era para ele, mas Jimin sem paciência pegou o doce, abriu a boca do outro e fez biquinho com a própria boca para simular o som de um avião e colocou o doce na boca do outro, não sabendo o efeito que esse biquinho fazia na cabeça de Yoongi.
— Eu sei que você não comprou esses doces à toa e nem veio aqui pra matar a saudade, porque eu te vi não tem nem um dia. — O tom dele era calmo, como se nada o afetasse. — Você quer ajuda com algo, não quer?
"Jimin não é cientista por brincadeira." Sorriu levemente com o pensamento. — Sim, eu não queria parecer interesseiro, porque eu sei que você odeia quando abusam da sua bondade. — Suas mãos se mexiam inquietas com o nervosismo do outro não aceitar sua proposta. — Eu sei que você vai achar essa ideia uma maluquice e que não vai concordar com a minha proposta. — Tentava escolher bem suas palavras. O olhar de Jimin estava indecifrável. Não sabia o que se passava em sua cabeça inteligente.
— Cuspa logo. — Jimin estava sério e isso o deixava intimidado por não saber lidar com ele dessa maneira. Talvez pelo outro não saber o que estava por vir o deixara desse jeito, mais ríspido e sério. — Eu sei que você só fica assim quando tem algo importante para sair da sua boca.
Yoongi engoliu em seco e começou a bater os pés no chão em um tique nervoso. Suas mãos suavam e agora não tinha mais volta, tinha que tentar.
— Eu quero que você me faça voltar no tempo! — Sem nem esperar Jimin reagir, o mais velho o abraçou fortemente e fungou no pescoço do outro. Estava exausto de toda essa briga interna que tinha consigo mesmo. Ele sabia que nada que fizesse iria tirar sua culpa pelo o que fez com Suran, mas queria pelo menos amenizar sua dor de alguma forma e essa forma era voltar no tempo, apagando qualquer possibilidade ter traído sua mulher.
Ficaram na mesma posição por cinco minutos, até Jimin decidir que era o momento de esclarecimentos, estava sem rumo agora.
— Yoongi… — Foi afastando-se lentamente do corpo do outro e ambos os olhares se encontrando em busca de respostas.
— Eu só quero fazer isso para tentar apagar da minha vida que eu a traí. — Sua feição, que era cabisbaixa, se tornou confiante de repente. — Por isso, eu quero que você me faça voltar no tempo.
— Hyung… A cápsula não está completamente finalizada, as pesquisas que eu estava fazendo eram sobre isso. — Jimin estava indeciso sobre o que fazer, não era como Yoongi, que fazia tudo na impulsividade, era cauteloso. — Não sei se seria uma boa ideia você fazer isso agora… Por que não espera a poeira baixar e você resolver isso com a Suran com a cabeça fria?
— Ela não consegue olhar na minha cara, Jimin. — Seu olhar doía em Jimin, que era apaixonado por Yoongi há quinze anos e que não queria vê-lo desesperado desta maneira. — Eu a amo. Por favor, Jimin.
Yoongi olhou para Jimin como se ele fosse a única salvação — na cabeça de Yoongi, realmente era — e em nenhum momento vacilou em seu jogo de encarada.
Jimin não era de ferro, muito menos seu coração, que dava palpitadas mais fortes ao se focar nas íris brilhantes de Yoongi. O mais novo estava calculando todas as possibilidades daquilo dar errado, as quais eram muitas, levando em conta que a máquina tinha alguns problemas em relação à alavanca que media o tempo para o qual o indivíduo voltava. Tinha medo disso dar errado.
Se Jimin fosse questionado agora sobre quais sentimentos estava sentindo, ele diria que eram todos os que dão um aperto no peito ruim e as pessoas não sabem descrever.
Seus olhos vagueavam o rosto do mais velho, em busca de alguma expressão de brincadeira, mas tudo o que enxergava eram olhos cheios de esperança e angústia.
Puxou o ar com mais força e disse: — Vão haver condições. As quais você precisa seguir à risca. — Tão sério quanto antes, Jimin deu sua resposta à Yoongi, o qual quase pulou da cadeira em que estava sentado, surpreso.
— Caralho! — Suas mãos se mexiam sem uma conexão, apenas gesticulava que estava sem palavras. Jimin sabia o que viria agora, uma sequência de palavrões saindo da boca do outro. — Puta que pariu! Porra! Cacete! Eu não estou acreditando, caralho! Eu sou um filho da puta sortudo da porra! — Seu sorriso se abria cada vez mais à cada palavrão solto. — Eu tô tão feliz que poderia te dar um beijo!
O coração de Jimin começou a palpitar cada vez mais rápido com a imagem que veio em sua cabeça e então começou a divagar, enquanto o outro, ainda em choque, soltava palavrões. Ele imaginou como seria tocar os lábios sabor morango do gloss que o outro fazia questão de passar todos os dias; colocar a mão na nuca de Yoongi para senti-lo se arrepiar com o seu carinho; sentir sua pegada durante o beijo e escutar o arfar dele quando tentasse algo mais ousado.
Seus devaneios com Yoongi não começavam de hoje. Mas, por agora, Yoongi estava o chamando, então seria melhor respondê-lo.
— Jimin! — Yoongi deu um tapa sem colocar muita força em seu rosto e começou a rir logo em seguida ao ver o rosto irritado do outro. — Você não estava me escutando!
— Não me irrita, não, Yoongi... — Gesticulou para que o outro se calasse e o mesmo parou na hora. Não queria desperdiçar a oportunidade que estava tendo para salvar seu casamento.
— Tudo bem, então — disse Yoongi.
— Yoongi, me escute. — A atenção de Yoongi que estava nos doces de açúcar se tornou rapidamente de Jimin.
— Eu já entendi, Ji… — Revirou os olhos em obviedade. — Tenho que ter cuidado.
— Eu irei te passar por mensagem os cuidados que você deve ter ao voltar no tempo. — Digitou todos rapidamente e mesmo que já tivesse citado, em caixa alta e negrito, pela mensagem, resolveu falar em voz alta mesmo assim. — Yoongi, eu vou repetir agora um cuidado muito importante que você deve ter, e isso não depende de mim e muito menos da máquina. — Mesmo tenso e com medo, se pôs a escutar. — A única coisa que eu peço é que você não perca a noção do tempo e mude qualquer coisa muito importante, pois isso pode causar consequências.
O olhar de Jimin era frio e cortante, mas também era de preocupação em suas íris castanhas e dilatadas.
— Tudo bem, Jiminnie, eu irei me esforçar para que minha mente esteja pronta — afirmou confiante de sua decisão.
Como se tudo e toda a tensão tivesse se dissipado, Jimin abriu um pequeno sorriso zombeteiro e começou a dizer: — É impressão minha ou você comprou esses doces para tentar me agradar? — Apoiou uma das suas mãos em seu queixo e se inclinou por cima da mesa aproximando-se mais de Yoongi, ouvindo um bufar do mesmo. Como se o próprio Yoongi confirmasse com o bufar, Jimin sorriu vitorioso e se encostou na cadeira estendendo as mãos, como se estivesse pedindo algo.
— O quê? — Yoongi o olhou confuso.
— Meu dinheiro, nós apostamos quem seria o próximo de nós dois a dar um presente para o outro.
— Ah, mas que merda. Posso voltar no tempo e apagar essa aposta? — Revirou os olhos. — Eu não tenho mil dólares agora!
[...]
Jimin estava em sua base científica, que ficava em uma universidade perto de sua mansão, e estava fazendo uma espécie de conta quilométrica para conseguir calibrar corretamente a alavanca da máquina o tempo.
No meio de sua conta, como estava concentrado demais para sequer notar uma movimentação em sua sala, não percebeu que Kim Seokjin, o melhor professor em estudos sobre qualquer seguimento de matemática da Coréia do Sul, entrou e ficou observando atentamente cada ação de seu ex-aluno.
Mesmo não sendo proposital, o professor acabou chamando a atenção de Jimin ao esbarrar, sem querer, no lixinho de papel que ficava na entrada da sala.
— Eu não queria incomodar, me desculpe. — Fez uma reverência e se aproximou do garoto mais novo, que percebeu estar com olheiras por dormir pouco. — Por que esse trabalho todo com a máquina sozinho? Você não tem dinheiro o suficiente para contratar cientistas renomados para fazer isso para você?
A realidade era que o matemático estava testando os princípios que o próprio Jimin impôs a si mesmo.
— Não que eu seja do tipo individualista, Hyung. É que eu, mesmo que contrate alguém, não vou conseguir deixá-lo assumir o controle. Minha curiosidade é mais alta do que o desejo de pagar qualquer pessoa para fazer isso para mim. — Seus olhos brilham só de pensar no seu incrível emprego e conquista que adquiriu após terminar a segunda universidade que fez. Não se esforçou tanto para que, no final, jogasse seu trabalho nas mãos de outro cientista desconhecido. — Eu dei a minha vida por esse projeto enorme da cápsula do tempo.
Orgulhoso, o Kim responde: — Vejo que continua o mesmo…
Jimin coça sua nuca em vergonha por estar sendo elogiado pelo professor. — Muito obrigado, professor Kim. Porém, eu estou com um problema numa conta que é decisiva para finalizar meu projeto. — Sua feição demonstra frustração rapidamente e volta sua atenção para a imensa lousa branca, pegando o canetão, e mudando alguns números e letras de lugar.
SeokJin se compadece rapidamente com a situação do aluno, pois já esteve no lugar dele, ficando horas e horas sem descanso para resolver uma mísera conta.
— Posso tentar? — Estendeu a mão em direção ao canetão, que estava entre as pequenas mãozinhas manchadas de tinta preta, e o menor rapidamente assentiu.
Passando-se apenas uma hora, o mais velho solta o canetão, quase sem tinta, em uma mesa e se vira para Jimin dizendo: — Aqui a sua conta, terminada.
Como se novos horizontes se abrissem, Jimin suspira com a magnífica visão, que foi ver aquela imensidade de números e letras, com o sinal de igual no final de tudo, dizendo-o a resposta para todos os seus problemas.
Quase que gritando vários agradecimentos e reverências, ele solta todo o ar que não tinha ciência de que estava segurando por tanto tempo.
Olhou para o lado e viu sua cama, a cama olhou para ele, ele olhou para a cama. Uma árdua batalha sobre quem iria vencer: se era Jimin, que tinha que ir para casa e comer um bom lanche; ou se seria a cama branca, que tentava convencê-lo de adormecer por ali mesmo.
A sentença final foi: a cama ganhou.
[...]
A data prevista para consertar a máquina do tempo foi de quinze dias, por que os materiais corretos ainda não estavam totalmente disponíveis.
Yoongi estava muito ansioso, pois sentia muita falta de sua mulher e queria arrumar tudo isso logo.
Faltando apenas cinco dias para consertar a máquina, o Min foi até a casa de Jimin para tentar arrumar alguma informação, porque ele ainda não sabia a data na qual ele iria usar a cápsula do tempo, já que Jimin ficou ausente novamente para ajustar algumas coisas importantes na máquina e só hoje ele estaria disponível para conversa.
Tocou a campainha da grande mansão e logo foi atendido por uma empregada que estava limpando o local. Cumprimentou-a e lhe perguntou formalmente onde Jimin se encontrava no momento. Foi respondido que o Park se encontrava na área da piscina coberta da casa.
Indo em direção à piscina, recebeu uma ligação de um número desconhecido e com medo de ser algo importante — já que quase nunca recebia ligações para cobrança ou algo do tipo — atendeu.
— Alô-
Não estava prestando atenção no caminho, quando tropeçou, acidentalmente, na escada da piscina descoberta e como não estava preparado, seu celular escorregou de sua mão, caindo em direção à água gelada.
— Ah! Puta merda! — Pegou o celular que estava com a tela apagada e tentou o ligar, mas o mesmo não funcionou, havia quebrado. — Por que eu não comprei um celular à prova d'água?!
Gritou em raiva e mesmo soltando fumaça pelas orelhas, andou em passos largos e rápidos até a piscina coberta, abrindo a porta de vidro com brutalidade, o que chamou a atenção de Jimin num susto.
— Hyung! Não me assusta assim! Vai quebrar o vidro, desse jeito. — Com o coração acelerado, Jimin subiu a escada da piscina, pegou sua toalha que estava em cima da cadeira de praia e se secou superficialmente.
A visão que Yoongi tinha do corpo do mais novo era uma maravilha. Pernas torneadas, torso malhado, braços fortes, tudo na medida certa para o corpo de Jimin.
— Hyung! Está me escutando? — Jimin sentia seu rosto corar com o olhar que recebia do mais velho.
— Ah, sim! Me desculpe, apenas me distraí em pensamentos.
— Okay... Então, o que veio fazer aqui? — perguntou Jimin, despreocupado.
— Eu quero usar a cápsula hoje.
A vitamina que Jimin estava tomando, saiu pela boca do mesmo quando ele cuspiu toda a bebida ao escutar o que Yoongi havia dito.
— Mas hoje?! — Seus olhos demonstravam a sua surpresa. Definitivamente, não poderiam fazer isso.
— Sim, e eu já assinei aquele contrato que você havia me dado antes de sumir novamente. — Estendeu-o para Jimin, que logo o puxou para si com agressividade.
Sentia o medo aflorar sua mente. Jimin não tinha nada pronto, a alavanca ainda estava em conserto porque ainda não haviam chegado os materiais.
— Eu sei dos riscos. — Jimin levantou a cabeça para Yoongi. — E eu quero terminar isso logo.
— A máquina não está pronta!
— Novamente, eu sei dos riscos. — Aproximou-se mais de Jimin. — Eu sei que se eu voltar para aquela época, eu não terei a oportunidade de fazer isso.
Jimin ia o perguntar o que era "isso", mas foi respondido com um beijo casto em seus lábios. Surpreso, tentou se afastar, seu coração batia acelerado em ansiedade; porém Yoongi rodeou sua cintura e o prendeu contra a parede atrás do corpo de Jimin.
Resolveu aprofundar o beijo e foi correspondido afoitamente pelo mais novo.
As mãos de Jimin pareciam ter ganhado vida e começaram a percorrer todo o corpo coberto de Yoongi, fazendo-o sentir borboletas na barriga.
A sunga molhada de Jimin molhava a calça social de Yoongi e não era como se importassem.
Com o ar se fazendo rarefeito, os dois se afastaram minimamente apenas para se observarem mais de perto e verem como ambas as bochechas estavam rosadas.
E como ambos os corações batiam em sincronia.
— Eu não quero que você volte no tempo, Yoon. — Sua mão fazia um carinho nas bochechas gordinhas do outro. — É muito perigoso.
— É preciso.
A cada vez que Jimin se negasse a deixar Yoongi usar a cápsula do tempo, mais Yoongi teimava. Jimin tinha medo dessa teimosia acabar o prejudicando, no futuro.
Ou no passado.
[...]
— Quer mesmo fazer isso? — Aquela era a quinta vez que Jimin perguntava isso a Yoongi.
— Eu já te disse, Jiminnie, eu quero.
Jimin crispou os lábios em compreensão e acenou positivamente com a cabeça. Fez um sinal para outro cientista que trabalhava consigo em seus experimentos que necessitavam de um ajudante e o outro prontamente seguiu a ordem silenciosa.
— Se algo acontecer a você, eu nunca irei me perdoar, fique ciente.
Yoongi puxou Jimin pela mão e o fez se sentar em seu colo. Abraçou Jimin pela cintura e o outro se colocou numa posição confortável.
— Fique relaxado, por favor, porque, aí sim, você não conseguirá fazer as coisas corretamente. — Beijou a bochecha do outro. — Mande chamar as outras pessoas que o ajudarão, caso algo aconteça. — Deu ênfase na palavra "caso", pois não queria apavorar seu pequeno, ainda que o outro fosse um homem inteligente e tanto, continuava sendo uma pessoa sensível.
Jimin assentiu e se levantou para pegar o rádio que avisava para todos entrarem. Deu um selinho em Yoongi, surpreendendo-o e rapidamente se afastando.
Em questão de segundos, Yoongi estava sendo abraçado fortemente por Jimin, que havia voltado apressadamente para a sala em que Yoongi iria ficar sozinho até estar tudo pronto e disse algumas coisas em seu ouvido que deixaram Yoongi desestabilizado.
— Mesmo que tudo corra bem e que você volte para a sua mulher, quero que saiba que eu sempre irei te amar, te admirar e te desejar para mim, pois você é a minha calmaria para meus dias corridos. Eu te amo.
Antes que Yoongi pudesse ter qualquer reação, Jimin correu para a cabine na qual iria acompanhar a máquina, mas não sem antes olhar para trás e seu olhar se encontrar com o do seu Hyung.
Com isso, fechou a porta e sinalizou para que Yoongi entrasse na cápsula.
A partir daí, tudo dependia de Jimin. Nada iria acontecer, era uma promessa.
[...]
Estavam a trinta minutos observando o corpo deitado, com extrema cautela. Qualquer batimento cardíaco a mais, quaisquer mudanças no progresso da máquina, tudo era devidamente analisado e consertado.
Pelas contas de Jimin, ao se passar trinta minutos nesse mundo, já haviam se passado, pelo menos, uns quatro dias no passado e, se nada der errado, faltaria apenas um dia para ele mudar a decisão dele de trair a mulher e a máquina fazê-lo voltar para o mundo real.
Eles descobriram, em alguma das experiências, que quando o indivíduo faz algo que afete muito seu futuro, objetos como alianças ou, até mesmo, pessoas aparecem no mundo atual, como uma consequência de suas ações. As pessoas que estavam fora de tudo isso nem acabam percebendo a diferença que ocorrera em sua vida, como se fosse uma rotina.
Jimin, que estava responsável por cuidar do funcionamento da máquina, ouviu dos outros cientistas que os hormônios da felicidade de Yoongi estavam aumentando drasticamente.
Então, Jimin compreendeu a situação, Yoongi havia mudado seu futuro. Sorriu e cruzou suas mãos em frente de seu rosto, mas seu sorriso foi se desfazendo ao perceber ter um anel de compromisso em seu dedo anelar.
— Mas que porra?! — O profissionalismo de Jimin foi para o ralo ao perceber um anel em seu dedo que nunca esteve ali antes.
— O que houve, Park? — Um cientista se aproximou do corpo escandalizado de Jimin ao escutá-lo gritar.
— Taemin, me diga o que acontece quando alguém faz uma mudança drástica no futuro? — Jimin tentava raciocinar, mas tudo o que ele pensava era em como iria matar Yoongi, quando ele voltasse.
— Podem aparecer objetos, pessoas, coisas que não estariam na vida atual se outra pessoa não alterasse o tempo.
Antes que pensasse em qualquer coisa, memórias foram aparecendo e adicionadas ao seu cérebro, entretanto, uma em especial o fez ofegar e lacrimejar os olhos.
"Jimin havia aberto a porta de sua grande mansão para Yoongi, que queria ter uma conversa séria consigo.
O Park havia notado também em como ele estava arrumado para uma ocasião especial, mas ele não estava sabendo que iriam sair, até porque, Jimin estava com roupa de academia e todo suado.
— Yoongi? — Fez uma feição confusa para o outro que disse que iria explicar tudo.
Não abraçou o outro, pois estava extremamente suado e não queria sujar Yoongi.
— O que aconteceu?
Yoongi não havia deixado Jimin sequer se sentar no sofá, pois o Min se agachou na frente de Jimin e tirou uma caixinha de veludo de dentro do bolso.
Jimin, que não estava entendendo nada, começou a entender o que estava acontecendo e seu coração se acelerou junto de seu entendimento.
— Jimin, eu sei que você não está entendendo nada, mas eu quero me explicar o mais rápido possível, pois eu apenas tenho vinte minutos.
'Provavelmente, você vai receber essa memória na vida atual, mas eu quero mostrar para você que, mesmo comigo no passado, eu irei te amar em todos os passados, presentes e futuros que existir.
Eu, no começo, estava apenas querendo afirmar para mim mesmo que eu amava de qualquer jeito a Suran, mas depois da sua declaração, eu percebi o erro que eu estava cometendo.
Eu amo você, de todas as formas possíveis que possam existir.
Então, quer namorar comigo?"
Aparentemente, então, estava namorando com Yoongi.
Retomou seus pensamentos quando lembrou que Yoongi estava prestes a sair da máquina para repousar em outro lugar, pois ele ainda não acordaria
Faltando trinta segundos para ele sair, não colocou sua roupa de proteção para caso incidentes aconteçam.
Yoongi já estava deitado numa maca, pronto pra sair, porém Jimin interrompeu a saída dele para dar um último beijo e dizer: — Eu aceito.
Agora, sem mais interrupções, o corpo de Yoongi foi levado e Jimin dispensou seus outros ajudantes porque não precisava mais de ajuda para desligar a cápsula.
Andando em direção à máquina, viu que tinha algo estranho, pois assim que a tocou, sentiu a superfície dela muito quente.
Em questão de segundos, quando virou para desligar a máquina, o sistema dela entrou em colapso e reações químicas aconteceram, causando uma grande explosão dentro daquela sala.
Jimin estava relativamente longe da máquina, mas não foi o suficiente, já que acabou sendo atingido pelo fogo que saía daquela cápsula.
Em seu último suspiro, escutando sirenes de bombeiro soando, pessoas gritando em horror com a cena, Jimin falou: — Eu sempre te amarei, Yoongi. — E uma única lágrima descera, antes de ser completamente engolido pelo incêndio.
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