shijinkouhai G.K Pereira

Durante o verão quente de 1889, o jovem Aiden é sequestrado ao cometer o erro de achar um diário de couro escuro no fundo de um baú empoeirado. Inspirado no filme As Crônicas de Spiderwick


Fantaisie Déconseillé aux moins de 13 ans.

#fantasia #século-xix #personagens-originais #crianças #sequestro #1889 #Spiderwick #goblins #217 #avós #Casas-de-Campo #Elementos-Mágicos #universo-alternativo
Histoire courte
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One Shot

O Ano e a data já não são lembrados, mas as memórias daquele verão enchem o coração do velho homem engravatado em frente a lareira. Tantos anos atrás a alegria da juventude o fazia desafiar a si mesmo, hoje apenas busca seu sossego para contar histórias aos seus amados netos.


Certa vez um dos menores lhe perguntara: “Qual foi sua maior aventura?”, com um sorriso inteligente e travesso o velho contou a história de seu precioso verão de décadas atrás.


[...]


Não tinha mais que doze anos quando aconteceu, as férias escolares haviam chegado e como de costume veio às passar na casa de seus avós no campo onde – de acordo com seus pais – ele não conseguiria se meter em encrencas, mas o que podia fazer se ele as atrai como imã? Certamente ele achava um insulto não ter permissão para atazanar a vida de seus vizinhos xexelentos.


Todavia estava agradecido por poder ficar na casa dos avós, afinal, eles estavam velhos demais para o bronquear e o garoto tinha todo o campo para se perder em seus jogos imaginários.


Foi em um desses dias quentes e abafados que o menino havia resolvido se esgueirar pelo escritório do avô e buscar alguma diversão para o dia quente. Assim que entrou no escritório com cautela para não ser pego, se pegou admirando a biblioteca particular do avô, se aproximou evitando esbarrar em algumas pilhas de livros e papéis que estavam espalhados pelo cômodo e apesar de estar abafado, agradeceu mentalmente a qualquer divindade que o ouvisse pela janela estar fechada e com as cortinas cobrindo a visão de quem tentasse o ver do lado de fora, poderia explorar tudo sem preocupações.


Andou até a estante e começou a passar os dedos pela lombada dos livros, folheou outros que o parecera mais interessante, abriu e fechou caixas estudando seu conteúdo antes de as guardar no lugar, testou algumas canetas caras que o avô colecionava por hobby e por fim abriu as gavetas da velha escrivaninha feita com alguma madeira escura que ele não se daria ao trabalho de lembrar o nome.


— Interessante — disse para si mesmo assim que pôs os olhos em um livro com a capa de couro costurado a mão.


A capa era enfeitada por arabescos marcados no couro, uma tira do mesmo material da capa era a única coisa que separava o menino do conteúdo do livro, não era a melhor segurança considerando quem era o jovem que o havia descoberto. O menino se sentou na majestosa cadeira do escritório e em seu faz de conta fingiu ser alguém importantíssimo enquanto abria o seu novo achado.


Juro a você querida leitora, o que vos conto é a mais pura verdade, pois naquela manhã o que o pequeno garoto havia encontrado, não era um simples livro, mas sim um diário de bordo preenchido com segredos que ele nem em seus mais deturpados sonhos teria imaginado.


— Vovô tem passatempos chatos — sorriu de primeiro momento enquanto lia algumas páginas dedicadas a herbalismo e botânica.


Esse que logo deu lugar a uma face expressivamente curiosa, o velho, dono do diário era um pesquisador amador em seu tempo livre, usava de seu próprio terreno como área e objeto de pesquisa, nas páginas de seu diário estavam alfinetados seus achados e descobertas. O que estava alfinetado no entanto não parecia algo de pesquisa amadora comum, o ser ali era magro e pequeno como uma agulha para bordado, tinha detalhes delicados, um corpo humanoide e asas belas como as de uma borboleta, o menino largou o diário em cima da mesa assustado com o ser a sua frente, nunca havia visto nada igual. Em cima da pequena criatura estava escrito numa caligrafia um tanto despojada "Fada", ao seu lado extensas informações da pequena criatura.


O garoto com as mãos trêmulas a tocou com cuidado sentindo sem nenhuma surpresa a pele gelada sob a ponta de seus dedos, ele virou a página apenas para entender que essa não era a única coisa estranha no diário, textos e mais textos detalhados estavam escritos, alguns acompanhados de pequenas criaturas alfinetadas, outros com plantas e insetos, em alguns haviam desenhos feitos a ponta da pena, que estavam quase ganhando vida de tão realistas.


Ele empurrou o diário e respirou profundamente, aquilo não podia ser possível, tantos verões que havia passado ali e nunca havia percebido? Como podia ser tão cego? Ou será que estava ficando louco com tão pouca idade? Se perguntou então se o colocariam em um sanatório se ele contasse o que estava escrito naquele diário.


Negou fortemente com a cabeça tomando a decisão de que leria todo seu conteúdo e não diria nada a ninguém, o menino fechou o diário com cuidado e o escondeu debaixo de colete, desviou da bagunça do escritório e correu para fora da casa ouvindo um sonoro "Pare de correr!", de sua avó que parecia entretida com alguma receita na cozinha.


Assim que chegou ao quintal pode avistar seu velho avô trabalhando em alguma peça de madeira em seu pequeno anexo, mas não parou um segundo para descansar ou perguntar sobre seu achado, o garoto correu com toda as suas forças para o meio do campo onde provavelmente não seria incomodado. Ele colocou o diário no chão e começou a andar de um lado para o outro apreensivo, o que poderia fazer? Não é todo dia que se pode encontrar algo do gênero, em sua cabeça infantil e realista, fadas, duendes e gnomos apenas existiam em livros fantasiosos destinados a crianças e jovens imaginativos. Por fim respirou profundamente e se sentou de frente para o diário, o abriu começando a ler com cuidado cada página ali escrita, se fosse mentira ou verdade, descobriria tudo na prática.


E os dias então se passaram sem serem percebidos, dias quentes e dias mornos iam e vinham sem terem real importância para o jovem que havia se tornado sedento pelo conteúdo do diário, todos os dias ele se levantava cedo e se punha a ler para então sair pelo campo em busca de suas descobertas, algumas vezes teve sorte e na maioria nem o rastro conseguiu achar.


Foi quando resolveu procurar Goblins que as coisas desandaram. O dia amanheceu ameno, provavelmente seria um dia morno e ele não precisaria se preocupar com o que usar, já que andaria até a floresta, só seria necessário suas botas e uma roupa velha para que sua avó não puxasse sua orelha.


Vestiu uma camisa leve de botão, seu shorts feito de um tecido grosseiro – que havia ganhado para ajudar o velho com os afazeres da casa – colocou os suspensórios e vestiu seus sapatos, ele se olhou no espelho admirando a si mesmo como um grande aventureiro, pôs seu boné e em seu faz de conta, brincou que recebia uma medalha de honra por sua coragem, assim como seu pai. Pelo que havia lido a criatura que estava a procura era menor que ele, ainda que fosse perigosa, em sua imaginação ele poderia acabar com o Goblin se fosse necessário.


Após comer o farto café da manhã que sua avó havia feito, saiu em disparada pelo campo, dessa vez o grande cão de guarda da casa o acompanhou em sua aventura. Chegaram na floresta e logo o menino abriu o diário, seguindo as referências deste para encontrar a criatura descrita em suas páginas.


[...]


— Viste meu diário? — perguntou pela segunda vez aquela semana.


— Diz aquele em que escreve o dia todo em vez de dar me atenção? — a replicou a senhora.


— Mulher, já a disse que vou lhe dar atenção, paciência, minha pesquisa é importante — disse esfregando a mão em sua calvície.


— Até que me ouça, não terá geleia ou bolos para você, velho rabugento — disse dura dobrando uma pesada cortina.


O senhor suspirou e resolveu ir procurar o danado do neto provavelmente ele havia pegado seu diário, menino inquieto mas de bom coração, era o que sua querida esposa dizia, não discordava, porém o garoto era um teste de paciência com suas travessuras, andou pela casa chamando o menino, revistou os quartos, salas, cozinha, lavanderia, anexo, até mesmo olhou debaixo das camas, dentro dos baús e armários, entretanto achá-lo parecia uma tarefa árdua demais para um homem velho. Entrou outra vez em seu quarto caçando o menino com seus olhos de águia por trás das grossas lentes dos seus óculos.


Abriu o baú cheio de cobertores para o inverno, revistou o armário que além de guardar as roupas do menino, escondia a desordem do quarto, então olhou a pequena cama de solteiro que havia feito há alguns invernos, se abaixou para o buscar debaixo da cama e então viu algo que não havia notado antes, um pequeno ramo de uma erva que ele conhecia por a ter estudado e por isso sabia que sua esposa não usaria para cozinhar e nem ficava em seus campos para que as botas do menino a houvessem trazido.


— Então é aqui que estava — murmurou começando a andar pra fora de casa, sabia onde encontrar o neto agora, o velho tinha certeza que deveria agradecer aos duendes da casa pela pequena fofoca.


Pois a erva crescia no exato local onde o nosso caro menino iria se aventurar e ter esse conhecimento fez com que o idoso saísse de casa guardando no bolso objetos que pudesse fazer uma troca justa se necessário. Apesar da idade ele ligou seu trator e dirigiu até a orla da floresta e quando não pode mais seguir adiante, o abandonou e seguiu a pé esperando que nenhum mal tivesse acometido seu neto.


Andou até sentir-se cansado e então chegou a pequena caverna de tanto tempo atrás, na entrada dela seu cachorro latia como um louco ao lado dele o boné do garoto estava largado no chão, deu um suspiro apreensivo e preocupado, passou as mãos no rosto mantendo o controle das próprias ações, estava velho demais para invadir a caverna de Goblin, – mesmo com um cão grande como o seu –, onde ele sabia que vivia mais de um da espécie, soltou um berro o mais forte possível que sua voz envelhecida poderia dar e fez com que reverbera-se ecoando com força pelas paredes da caverna; não se passaram muitos segundos antes de dois goblins de pele esverdeada, olhos inteligentes e maldosos aparecerem na entrada.


— O que desejas desses meros Goblins, meu senhor? — disse o da esquerda.


— Conheço que há um menino em sua casa, desejo que me entreguem ele — disse o velho.


— O que pode nos oferecer em troca deste? — se manisfestou o da direita recebendo um olhar atravessado de seu colega.


— Tenho objetos valiosos que podem interessar a vocês, mas quero o menino na minha frente — disse tirando de seu bolso um medalhão de ouro e diamante.


Os olhos de ambos os goblins se encheram de cobiça com a visão do objeto reluzente, com um sorriso eles menearam as cabeças e correram para dentro da caverna com uma pequena algazarra, logo o barulho cresceu para uma grande onda de risadas que ecoavam pelas paredes as tornando quase enlouquecedoras, o cachorro latiu rosnando para a caverna, em pouco tempo os mesmos goblins voltaram a aparecer com o pequeno garoto que agora tinha um olhar assustado e choroso no rosto enquanto segurava firmemente o diário em seus braços este que parecia ter sobrevivido a uma briga, folhas quase haviam sido arrancadas e a capa estava com marcas de garras.


— Queremos o objeto pelo menino — disse o da esquerda maldosamente.


— Me dê o menino agora — ditou tirando só bolso o medalhão e mais um colar de rubi.


Mais que depressa o Goblin estalou os dedos fazendo o menino correr e o velho jogar sua recompensa pela troca. Eles desapareceram da entrada sem deixar vestígios como se nada tivesse acontecido, sem relutância ou algum pedido o garoto deu o diário nas mãos do avô, eles se abraçaram aliviados ouvindo o cão latir e choramingar se esfregando no pequeno dono, após o senhor ver que nada havia acontecido com seu neto, eles se puseram a andar de volta para o lar.


O menino seguia cabisbaixo murmurando como odiava o mundo que havia descoberto pelo diário, o cachorro de pelagem negra seguia andando ao lado do menino choramingando vez ou outra como se concordasse que seu pequeno companheiro de jogos não devesse se aventurar por aí, passaram-se alguns minutos em que o silêncio permanência entre eles, foi quando uma ideia se passou pela cabeça do mais velho entre os três, o avô sorriu travesso e mudou seu caminho junto com o neto, logo eles estavam em uma área mais florida da floresta, o final do dia se aproximava lentamente enquanto eles se sentavam em silêncio vendo a luz das fadas e vaga-lumes surgirem aos poucos entre as flores e árvores.


— O mundo é estranho garoto, mas nem por isso ele é mal, você só tem que saber para onde está olhando — disse o avô encostando em uma árvore.


Eles ficaram ali admirando a lua surgir no crepúsculo e as fadas fazerem sua dança até que seus estômagos roncaram os obrigando a voltar para casa sob a sinfonia noturna do luar das corujas e o pequeno coral das cigarras e das fadas que ali viviam.


F I M.

4 Juin 2021 19:14 2 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
12
La fin

A propos de l’auteur

G.K Pereira ★ Bem vinde ao meu perfil, eu escrevo de tudo então tem de tudo um pouco aqui, aproveite bastante. ★ Aceito recomendações e indicações de livros, principalmente BL e LGBTQIAP+ ★ Gosto dos gêneros: YAOI/BL, ABO/Omegaverse, Romance, aventura, Lobisomens. ★ Libra – ISFJ – Elu/Delu. ★ Genderfluid: Não se assuste se eu comentar na sua história usando um pronome e na outra semana eu usar outro pronome, é algo normal ^^ ★ Wattpad: Geekey_Loves_Ikyrinn

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AuroraBle AuroraBle
O conto foi realmente cativante.
August 17, 2021, 01:21
Montalvão Alves Montalvão Alves
Gostei dessa história,
June 26, 2021, 16:28
~