Observava meu reflexo no espelho, arrumando o terno preto. Você ia gostar de me ver assim, pensei e sorri pesaroso.
Talvez não hoje, mas lá no começo, quando a gente se conheceu, lá sim, lá sim você ia gostar de me ver tão bonito assim. Diria suas cantadas baratas e também suas indecências ao pé do meu ouvido.
Balancei a cabeça saindo dos meus devaneios. Não posso permitir que você ocupe tanto assim dela, não mais.
Peguei o porta retrato com a nossa foto que estava sobre a escrivaninha. Éramos tão felizes, mas em algum momento você decidiu que não.
Por que Kim Taehyung, por que?
Acho que durante muito tempo eu fingi que não vi seu pescoço marcado, o perfume de outra pessoa em você para nos salvar, para me salvar. Via você chorando e te abraçava, secava suas lágrimas e beijava seu rosto.
Aceitei calado todas as suas merdas e dizia para mim mesmo 'Vai ficar tudo bem',mesmo que secretamente eu soubesse que esse relacionamento estivesse fadado ao fracasso.
Foram anos, Taehyung. Mas agora eu desisti de me olhar no espelho e procurar falhas, quando na verdade elas estão em você. Foram anos para eu entender que você é digno de pena, que meu amor por você jamais seria o suficiente para te suprir. Foram anos para eu aceitar que alguém precisaria dizer adeus.
Desçi as escadas da nossacasa, rumando a porta de entrada e a abro, sentindo o vento gelado no rosto. Acendi um cigarro, péssimo hábito que peguei de você e ainda não superei, e talvez nem queira.
A cada tragada eu me sentia mais determinado na minha decisão, era o melhor a se fazer. Então continuei caminhando até avistar o parque onde gravamos nossos nomes na árvore, lá também demos nosso primeiro beijo, lembra?
Cavei um pequeno buraco ao pé da árvore e enterrei minha aliança e nossa pulseira. Por fim arranquei uma rosa ㅡ suas favoritas aliás ㅡ que cresciam ali perto e depositei sobre a escavação recém fechada.
Levantei limpando minha calça suja de terra e segui o caminho até a casa de seus pais. Toquei a campainha já chorando e fui recebido por eles com um abraço caloroso. Passamos a tarde conversando sobre você, sobre como você era e bebendo o vinho que você mais gostava que levei comigo.
Ao anoitecer, me despedi deles e voltei para o parque onde te enterrei.
Agora você e todas as pequenas coisas encantadoras que um dia me disse então silenciadas abaixo da terra. Para te tirar por inteiro da minha mente eu precisei te matar e enterrar.
Durante os dias chuvosos e nublados, quem vai te salvar agora? Você consegue trair do subsolo também, querido?
'Meus pêsames', disse baixinho para que só você ouvisse e sorri te deixando ali. O lugar onde marcou nosso início também é onde terminou, bonito não?
Durante muito tempo eu te chamei e você parecia distante demais para me ouvir. Agora quem não escuta mais sou eu,
porque você está morto para mim.
Merci pour la lecture!
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