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Maria Victoria


Um garoto nascido em uma cidade sombria, descobre segredos de sua cidade que estavam guardados há mil anos e sua alma fica em jogo, uma luta entre o bem e mal. A rebeldia do seu coração que tapa sua visão está cada vez mais tensa, traições, escolhas, seu destino está fadado, mas será que essa é a única opção que o mundo te deu?


Thriller/Mystère Tout public.
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O nascimento

Estava chovendo muito, os gritos de dor se misturavam com os trovões e as gotas de água caindo no chão.


- Vamos, Marta, está quase lá, empurre! - Disse a parteira.


Ela gritava de dor, em uma noite fria seu rosto estava suado e com a expressão cansada, apertava com força a mão do seu marido Marco, lágrimas escorriam de seus olhos e estava quase sem ar.


-Isso! - Comemorou a parteira ouvindo mais um grito da mãe. - É um garoto!


Um garoto de pele clara, olhos e cabelos escuros, o bebê manteve-se em silêncio e sorriu. Nos braços de sua mãe esticou os bracinhos tentando alcançar a bochecha dela em uma forma de afeto. Seus olhos brilharam junto com o som alto do trovão lá fora.


7 de janeiro, o dia que mudou a cidade do norte, o nascimento de uma criança a qual seria milagrosa.


Dias depois sua mãe veio a falecer, foi um parto complicado, perdeu muito sangue e não aguentou. Seu pai ficou abalado, mas jamais deixava de cuidar de seu filho e apesar das dificuldades tentava ser presente para que Ikki tivesse uma infância feliz.

Por muitos anos a vizinha Betânia ajudava a cuidar da criança, quando Marco tinha que trabalhar na agricultura que ficava na cidade do sul. Ao completar seus 14 anos tudo ficou mais fácil, seu pai era mais presente e trabalhava na cidade, e ikki começou a fazer entregas e trabalhar com plantação para ajudar com as despesas.


Em uma tarde onde os dois permaneciam de folga, sentados em uma alta colina com a grama verde e com algumas árvores, a brisa do vento balançando seus cabelos, Marco da um breve suspiro e olha para seu filho e diz:


- Acho que eu não vou durar muito.


Ikki rapidamente para de olhar para o céu claro e olha para ele com um olhar espantado.


- Não diga isso!


- Vamos ser realistas, estou doente... Mas não quero falar sobre isso. Eu..


- Não, pai! Vamos descobrir o que tem! - Levantou o interrompendo.


- Deixe me continuar! Eu tenho algo para te mostrar, eu e sua mãe o guardamos, na verdade, era para te mostrar quando completasse 16 anos, mas sua jornada vai ser grande, quero que chegue no momento certo.


- Momento certo? - Fiquei assustado com aquilo, ele parecia tão sério.


- Sim. - Ele levantou-se e tirou um papel do bolso o qual permanecia bem dobrado e se aproximou de mim. - Isso é um mapa, ele te levará até seu destino e você terá que fazer a escolha certa.


- Do que está falando? Escolha de que?


- Você confia em mim?


- Sim...


- Então amanhã mesmo, saia dessa cidade e siga para cidade do sul, trabalhei lá por anos, eles sabem que você está chegando e você pode mudar tudo isso, entender o porquê.


Assustado peguei o mapa e olhei, era enorme, quando encostei no verso vi minha vida até os 14 anos, e percebi que quanto mais velho, mais pessoas me olhavam com olhar de desprezo ou medo... por quê?

Um trovão ecoou pelo céu e as nuvens se fecharam e o que era claro, se tornou escuro e parecia que uma grande tempestade estava por vir.

Marco começou a tossir e se apoiou no meu ombro direito.


- Pai?


- Ikki, por favor, vamos.


Ao chegar em casa, meu pai me estendeu uma grande espada e fiquei totalmente confuso, a vida inteira eu só soube cuidar de plantas.


- Pra que isso?


- Nunca a deixa para trás, ela faz parte de você.


- Me explica o que tá acontecendo!


- Como diz a lenda: um garoto iria nascer com uma chuva devorando o céu, onde sua primeira ação seria sorrir e com isso sua alma iria se fundir com o céu ao som de um trovão, você foi escolhido para salvar esse mundo das trevas!


- É uma lenda! - Dei uma risada curta.


- Por favor! - Chegou a espada perto do meu peito para que eu pudesse pegá -la.


Eu a peguei, senti um choque em minha mão quando encostei, mas me permaneci firme.


- Agora vá!


Eu fiquei pasmo com tudo e confuso, mas ele parecia tão seguro com tudo que disse, que meus olhos se encheram de água e eu o abracei. Não disse nada ao sair, mas prometi para mim mesmo, que a partir daquele dia faria a escolha certa e que pela minha fé ele estaria vivo quando eu voltasse, para que pudesse ver minha glória.


Eu estava caminhando pela estrada em meio a floresta com minha mochila nas costas, estava fresco, mas o sol permanecia iluminando o dia.

Finalmente pude ver a placa que dizia: "Seja bem vindo a cidade do Sul", quando dei um passo entrando em tal lugar foi onde tudo mudou, o céu se fechou e a cidade onde todos trabalhavam e pessoas faziam suas compras se esconderam, deixando para trás as mercadorias e compras com medo de algo que havia chegado, eu?

Uma pessoa com uma capa aproximou de mim, era uma garota, baixa, com cabelos castanhos que o vento me deixou ver.


- Venha comigo. - Segurou meu antebraço com uma certa agressividade.


A segui e fomos a um bar, ao entrar percebi que não havia ninguém, aquelas mesas de madeira onde tinham copos cheios de bebidas abandonados, ela me arrastou até uma dessas mesas.


- Sente-se! - Afastou, foi até o balcão e tocou a campainha exatamente 3 vezes com algumas pausas.


Um homem de terno com chapéu chique, saiu do estoque de bebidas e veio em minha direção. Sentando na cadeira do outro lado da mesa, tirou o chapéu o colocando em seu colo me olhando, ele tinha um bigode pontudo, grisalho e em sua cabeça um corte de cabelo digno de alguém de classe alta e ajeitando sua postura me disse:


- Você deve ser o filho do Marco, bons tempos, ele está bem?


- Ele está um pouco doente... Mas quem é você?


- Oh! Sinto muito. Você não precisa saber quem eu sou, mas quem é você, o mapa que seu pai te deu...


Eu peguei o mapa dobrado em meu bolso da minha calça, o abri com calma e não tinha nada nele, olhei fixamente e algo apareceu.


- O quê?


- Ikki, certo? Apareceu a cidade que você está, seu destino inicial, agora seu destino final depende dos seus sentimentos e escolhas.


Aquilo me fez sentir mal, senti como se uma faca entrasse no meu peito, que tipo de brincadeira é essa?


- E o que faço? - Me levantei guardando o mapa de volta.


- Viva aqui e espere.


- Por quê? Eu poderia estar com com minha família, por que tenho que estar aqui sozinho?


O homem se levantou calmamente colocando o chapéu na sua cabeça e perguntou:


- O que seria de um homem na sua zona de conforto?


Ele saiu junto com a garota sem se despedir e eu fiquei sozinho, de novo.

Caminhei pela rua deserta procurando por uma pousada onde pudesse ficar, a iluminação dessa cidade era péssima, ainda mais com o que aconteceu, a luz parecia estar fugindo.


- Mas o quê? - O vento começou a ficar mais forte e um panfleto velho acertou meu rosto.


Olhando atentamente era um criminoso a solta, fiquei lendo e a recompensa era muito alta. Amassei o papel não ligando muito e dei um suspiro e felizmente avistei um lugar o qual oferecia estadia.


- Olá? - Abri a porta e a poeira encheu meus olhos.


- Procurando um lugar para ficar? - Indagou uma senhora que usava óculos e tinha a expressão ranzinza.


- Sim! - Limpei os olhos e aproximei do balcão.


Fiz minha ficha e ela me entregou uma chave, logo fui subindo as escadas, a madeira estava rangendo a cada passo que eu dava, sem contar nas teias de aranha nos cantos das paredes, ok, não tinha muita opção!

41, meu quarto, abri devagar para não ficar surdo com o barulho.

Que alegria, parecia tudo lindo, fui me acomodando e resolvi me jogar na cama, meu coração quase foi parar na boca, um grande estrondo, o pé da cama tinha quebrado, não podia reclamar, nenhuma poeira subiu nem baratas saíram debaixo da cama.


- Eu resolvo isso depois! - Sentei de chinês na cama para ler alguns livros que trouxe comigo.


...


Acordei assustado com a barulheira nos meus ouvidos, fui correndo abrir a porta e o pessoal todo da pousada estavam fazendo uma grande confusão.


- Como assim? Esse lugar é uma espelunca e é um absurdo o preço. - Falou um senhor acima do peso o qual parecia estar levemente alterado.


- Senhor, não estamos recebendo o pagamento faz uma semana e mesmo assim deixamos passar, agora não dá mais! - Disse o homem que parecia ser dono do lugar.


- Não vou sair daqui, não vou pagar!


Sem querer me peguei encarando tudo aquilo e eles perceberam, estranhamente ficou um clima tenso, minha vista começou a embasar e uma pontada surgiu no meu peito, apoiei no portal e desviei o olhar, mas o oxigênio começou a falhar.

Não tinha expressão, não conseguia me mover, senti algo tocando meu ombro, tão suave, aos poucos voltei a ver e meus sentidos voltaram ao normal.


- Oi de novo!


Não conhecia aquela voz, mas aqueles cabelos castanhos, seu brilho e a forma como se movimentava ao vento, e que voz mais meiga e suave, encantado por um momento.


- Você é a garota de antes! - Finalmente podia ver seu rosto.


- Sim, me chamo Ana, sou filha do dono daqui. - Ela sorriu para mim.


- Por que você estava com o homem do bigode? - Me afastei automaticamente.


- Ele é um homem conhecido aqui e estava oferecendo um preço alto para quem tivesse a coragem de te encontrar!


- O quê? - Fiquei confuso, ainda mais quando olhei para o lado e não tinha mais ninguém.


Somente nós dois parados em frente ao quarto que eu aluguei, em um silêncio, quem ela era? Por que tudo parece ter ficado tão confuso e estranho?


27 Avril 2021 03:11 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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