O toque libertador, a pele em contato, nossos dedos em pequenas descobertas proibidas. Sinto levemente a tua aproximação, um aperto de mão terno e agradável, escondendo piores desejos carnais, escondendo a ânsia voluptuosa crescente, o desespero infâme por contato ardente, mas a timidez e amarras impostas pela sociedade aristocrata... Prendem e tardam nossos desejos, impede-nos de cometermos os crimes indecentes que desejamos com tanta veemência, se sua honrada família soubesse que me cumprimenta em um lugar tão escondido como esse...
Seu olhar é diferente, intensidade em grande escala. Acho que isso resume você: intenso, tudo em você traz esse peso, essa quantidade de emoções fortes, e eu amo isso. Você não tem medo de entregar os seus profundos sentimentos. Literalmente posso ver sua alma enquanto te olho nos olhos, sinto o amor, a paixão... A necessidade e a chama dilacerante dos nossos sentimentos.
O sorriso tímido em me ver, antes de soltar a primeira palavra, não tenta se esconder com essa máscara, já vi muito sobre você... Já estive muito contigo para saber de suas intenções a essa hora. Enquanto a Lua está acordando, e o Sol deleita outro espaço com luz, essa é a nossa hora, é quando podemos nos olhar, conversar... Tocar nossos lábios por pequenos momentos.
Então, sem mais demoras, seu rosto se aproxima até mim, o mundo se lentifica... Seus cabelos castanhos iluminados pela a lua, a pele pálida corada, os lábios vermelhos entreabertos soltando um pequeno suspiro, o fim da distância.
Nossos lábios em uma dança sem ritmo ditado, em um encontro de almas doloridas pelo tempo, quem dera eu saber naquele dia... Que esse seria o nosso último beijo?
.
.
.
— Tu soubestes do noivado do primogênito da Família Oseres? Soube de más línguas que é totalmente arranjado, já que a família perdeu sua fortuna.
Observo meu pai conversar com minha mãe durante o chá, seguro a xícara com força e a encaro como se fosse a detentora de respostas, ele realmente casará... E não posso impedir.
Meus olhos castanhos refletem na porcelana branca do conjunto de chá, triste momento para carregar as emoções mais conflituosas pelo filho mais velho da casa rival, não tenho culpa pelos crimes passados ou rixas por terra... Essas condições se perpetuam nas gerações, como o cordão de ouro que carrego proveniente de minha mãe, que herdara de avó Ilhéus enquanto possuía as mesmas primaveras que eu.
Levanto-me do recinto, antes que a conversa se torne uma sátira aberta à família Oseres, andando pelas escadas, encaro os quadros familiares e vejo a história de minha casa.
A Família Ilhéus chegou nesta terra junto à alvorada, estamos aqui desde sempre... Conta-se que, minha família, era proveniente das florestas e, com o passar do tempo, fez morada e império na região... Para ter uma pequena visualização da antiguidade de meu sangue, o livro da família que contém o registro de todos os Ilhéus, tem, como data da primeira assinatura, mais de 4 séculos atrás.
Como se sabe, um império só sente perigo próximo a outro, há cerca de 1 século, a Família Oseres chegou ao nosso distrito, trazendo seus jeitos peculiares e humor extravagante, minha Bisavó declara que junto aos Oseres veio a intriga, discórdia e ganância. Não demorou muito tempo para que houvessem brigas e disputas entre as famílias mais ricas da região.
E toda essa algazarra do passado, impede que eu viva o amor.
Ainda me lembro de como vi pela primeira vez aqueles olhos, o jantar da alta sociedade, o sufocante lugar, a minha fuga para o jardim e o tão literário... Esbarrão em alguém.
Ai! Sinto a dor de bater o pé no degrau, enquanto viajava em minhas memórias, tropecei pelas escadas. Me recomponho e vou para o meu aposento, quero afundar a minha alma em tristeza e chorar por meu amor de literatura.
.
.
.
— Ele se casará amanhã!
— Então, realmente é verdade... E por dinheiro? Ou será por amor? Ele não retorna meus bilhetes — confesso para minha amiga fiel, as últimas semanas são de súplica eterna, deixei bilhetes para meu amado no lugar de sempre, mas não tive mais respostas.
— Acalma-se... A Família Oseres está falida, dizem que o patriarca perdeu tudo em jogos. Sabem-se das extravagâncias em uma demonstração de riqueza. Perderam tudo! — ela me conta com dramaticidade, enquanto beberica seu chá. Estamos em uma reunião de amigas no jardim da minha casa.
Perco-me em meus pensamentos, a tarde se passa rápido e os assuntos também. Perto do pôr do Sol, já estava em meu quarto, encarando a janela do meu aposento, percebo uma movimentação mais em baixo nos jardins, faço a ousadia de abrir minha janela, com a minha lamparina em mãos consigo visualizar uma silhueta masculina.
Com a ajuda da Lua, vejo os olhos do meu amado carregado de lágrimas, ele tinha algo nas mãos. Com um movimento mais que desesperado vejo-o dobrar, o que possivelmente seja uma carta, e jogar para cima, já que meu quarto é no segundo andar, agarro com brutalidade o papel, olho para o fundo do seu olhar e consigo sentir um turbilhão de sentimentos. Ele começa a correr, se for pego nessas terras, sairá morto.
Fecho as janelas, e me sento no lugar em que estava mais a pouco, desdobro os papéis e leio as palavras à minha frente.
Minha doce amada,
Escrevo essas palavras, pois perdi as esperanças em poder estar contigo novamente, meu pai descobriu o nosso amor pela boca de um dos meus irmãos, já podes imaginar a bagunça?
Prometi me entregar em matrimônio a uma jovem moça, para que ele não contasse e manchasse sua reputação, permitiria passar pelo inferno para que não houvesse mal a ti, meu amor. Então, peço perdão, perdoa-me por estar com alguém que não sejas tu, espero que saibas que meus sentimentos serão eternos.
O dia em que vi vossa senhoria, entre a vegetação delicada daquela ocasião, vi todo o seu vendaval de ser... Seus olhos carregados de fúria ocasional sem maldade, sentir sua presença tão marcante e sua personalidade atípica de nossa época, me fez ver o céu e mais em cima ainda.
Espero que consigas ser feliz e caminhes para um novo futuro, já que não poderemos seguir juntos. O destino nos faz terminar, mas saibas que meu coração, terá como moradora apenas vossa senhoria. Amanhã me caso após o meio-dia, e neste casório, mato minh’alma, não chores por aquilo que não nos foi permitido viver.
Minha pequena tempestade de verão, fique bem.
Floco de neve
As lágrimas molham minha face de forma selvagem, os soluços se tornam altos e invadem meu quarto, observo a caligrafia perfeita e o papel carregando minha desgraça.
Eu sou um vendaval, e eles saberão disso. Penso enquanto enxugo meu rosto e me levanto determinada.
.
.
.
— Estamos aqui reunidos, para unir duas famílias... Dois jovens que serão um e isso... — a voz do reverendo era suave e cheia de alegria, por dentro, eu gritava.
Como fui tão burro em não me esconder e proteger minha inspiração da vergonha pública, a culpa disso e de minhas próprias escolhas, não tenho o direito nem de derrubar lágrimas de dor que meu peito insiste em pesar.
Mas o que é aquilo?
É a herdeira dos Ilhéus?
O que está acontecendo?
Os burburinhos e comentários, me fazem virar e encarar a cena de minha salvação. À porta da igreja, lá estava. Montada em um cavalo branco com uma mala pesada amarrada às costas e com uma preparação de fuga de guerra. Com o olhar de brasas acesas e postura firme.
— Não haverá casamento! Os grandes escritores derramam o quanto as nossas emoções são importantes, meu amor, fuja comigo... — ela levanta a mão em minha direção enquanto esbraveja em alto som as palavras, que loucura tão errada, todavia, não posso negar um pedido de minha tempestade. Sem pensar duas vezes, já estava correndo e indo em direção ao cavalo.
Ignoro as vozes da minha família, pego a mala de suas costas e subo no cavalo, meu coração estava acelerado, abraço seu corpo como meu porto seguro e ela dá ordem ao animal, aos berros e caras surpresas fugi do casamento, em pouco tempo já estávamos na estrada.
— Eu roubei ouro do cofre da minha família e peguei o necessário para fugir e nos estabilizamos em um novo local — as palavras dela soaram como música.
— Obrigado meu amor, ressuscitou minha alma... Vamos começar do zero, nos casamos agora nesse animal, nós seremos... Os senhores Ilhéus Oseres.
— Nos casamos agora... Sim! Ainda bem que eu sou um vendaval.
Um mundo onde vampiros, lobisomens, encatrix e humanos, convivem juntos, em desenvolvimento, enquanto muitas partes buscam igualdade e direitos, a sociedade cresce e com ela os seus místicos segredos. Antes de tudo, dá solidão veio o mundo. Entre a briga de cores, uma paleta de coisas cresceram. Do Cinza em agonia: nasceram os seres da noite, Lobos e Maciços. Do Branco tempestuoso: nasceram os seres do dia, Sanguessugas e filhotes da mata… É assim, inicia-se tudo En savoir plus Mundo dos Quinque.
Merci pour la lecture!
Nous pouvons garder Inkspired gratuitement en affichant des annonces à nos visiteurs. S’il vous plaît, soutenez-nous en ajoutant ou en désactivant AdBlocker.
Après l’avoir fait, veuillez recharger le site Web pour continuer à utiliser Inkspired normalement.