l-b-goularte Luana Borges

Almas condenadas pelo destino. Herdeiros de famílias rivais, um amor proibido, um romance que desafia os conflitos. Decidiram se amar, entretanto... O destino não é algo incerto, ele é determinado por nossos escolhas. O fim, é o fim?


Histoire courte Déconseillé aux moins de 13 ans.

#258 #epoca #antigo #casal #beijo
Histoire courte
10
10.0mille VUES
Terminé
temps de lecture
AA Partager

Capítulo Único

O toque libertador, a pele em contato, nossos dedos em pequenas descobertas proibidas. Sinto levemente a tua aproximação, um aperto de mão terno e agradável, escondendo piores desejos carnais, escondendo a ânsia voluptuosa crescente, o desespero infâme por contato ardente, mas a timidez e amarras impostas pela sociedade aristocrata... Prendem e tardam nossos desejos, impede-nos de cometermos os crimes indecentes que desejamos com tanta veemência, se sua honrada família soubesse que me cumprimenta em um lugar tão escondido como esse...


Seu olhar é diferente, intensidade em grande escala. Acho que isso resume você: intenso, tudo em você traz esse peso, essa quantidade de emoções fortes, e eu amo isso. Você não tem medo de entregar os seus profundos sentimentos. Literalmente posso ver sua alma enquanto te olho nos olhos, sinto o amor, a paixão... A necessidade e a chama dilacerante dos nossos sentimentos.


O sorriso tímido em me ver, antes de soltar a primeira palavra, não tenta se esconder com essa máscara, já vi muito sobre você... Já estive muito contigo para saber de suas intenções a essa hora. Enquanto a Lua está acordando, e o Sol deleita outro espaço com luz, essa é a nossa hora, é quando podemos nos olhar, conversar... Tocar nossos lábios por pequenos momentos.


Então, sem mais demoras, seu rosto se aproxima até mim, o mundo se lentifica... Seus cabelos castanhos iluminados pela a lua, a pele pálida corada, os lábios vermelhos entreabertos soltando um pequeno suspiro, o fim da distância.

Nossos lábios em uma dança sem ritmo ditado, em um encontro de almas doloridas pelo tempo, quem dera eu saber naquele dia... Que esse seria o nosso último beijo?


.

.

.


— Tu soubestes do noivado do primogênito da Família Oseres? Soube de más línguas que é totalmente arranjado, já que a família perdeu sua fortuna.


Observo meu pai conversar com minha mãe durante o chá, seguro a xícara com força e a encaro como se fosse a detentora de respostas, ele realmente casará... E não posso impedir.


Meus olhos castanhos refletem na porcelana branca do conjunto de chá, triste momento para carregar as emoções mais conflituosas pelo filho mais velho da casa rival, não tenho culpa pelos crimes passados ou rixas por terra... Essas condições se perpetuam nas gerações, como o cordão de ouro que carrego proveniente de minha mãe, que herdara de avó Ilhéus enquanto possuía as mesmas primaveras que eu.


Levanto-me do recinto, antes que a conversa se torne uma sátira aberta à família Oseres, andando pelas escadas, encaro os quadros familiares e vejo a história de minha casa.


A Família Ilhéus chegou nesta terra junto à alvorada, estamos aqui desde sempre... Conta-se que, minha família, era proveniente das florestas e, com o passar do tempo, fez morada e império na região... Para ter uma pequena visualização da antiguidade de meu sangue, o livro da família que contém o registro de todos os Ilhéus, tem, como data da primeira assinatura, mais de 4 séculos atrás.


Como se sabe, um império só sente perigo próximo a outro, há cerca de 1 século, a Família Oseres chegou ao nosso distrito, trazendo seus jeitos peculiares e humor extravagante, minha Bisavó declara que junto aos Oseres veio a intriga, discórdia e ganância. Não demorou muito tempo para que houvessem brigas e disputas entre as famílias mais ricas da região.

E toda essa algazarra do passado, impede que eu viva o amor.


Ainda me lembro de como vi pela primeira vez aqueles olhos, o jantar da alta sociedade, o sufocante lugar, a minha fuga para o jardim e o tão literário... Esbarrão em alguém.


Ai! Sinto a dor de bater o pé no degrau, enquanto viajava em minhas memórias, tropecei pelas escadas. Me recomponho e vou para o meu aposento, quero afundar a minha alma em tristeza e chorar por meu amor de literatura.


.

.

.


— Ele se casará amanhã!


— Então, realmente é verdade... E por dinheiro? Ou será por amor? Ele não retorna meus bilhetes — confesso para minha amiga fiel, as últimas semanas são de súplica eterna, deixei bilhetes para meu amado no lugar de sempre, mas não tive mais respostas.


— Acalma-se... A Família Oseres está falida, dizem que o patriarca perdeu tudo em jogos. Sabem-se das extravagâncias em uma demonstração de riqueza. Perderam tudo! — ela me conta com dramaticidade, enquanto beberica seu chá. Estamos em uma reunião de amigas no jardim da minha casa.


Perco-me em meus pensamentos, a tarde se passa rápido e os assuntos também. Perto do pôr do Sol, já estava em meu quarto, encarando a janela do meu aposento, percebo uma movimentação mais em baixo nos jardins, faço a ousadia de abrir minha janela, com a minha lamparina em mãos consigo visualizar uma silhueta masculina.


Com a ajuda da Lua, vejo os olhos do meu amado carregado de lágrimas, ele tinha algo nas mãos. Com um movimento mais que desesperado vejo-o dobrar, o que possivelmente seja uma carta, e jogar para cima, já que meu quarto é no segundo andar, agarro com brutalidade o papel, olho para o fundo do seu olhar e consigo sentir um turbilhão de sentimentos. Ele começa a correr, se for pego nessas terras, sairá morto.


Fecho as janelas, e me sento no lugar em que estava mais a pouco, desdobro os papéis e leio as palavras à minha frente.


Minha doce amada,


Escrevo essas palavras, pois perdi as esperanças em poder estar contigo novamente, meu pai descobriu o nosso amor pela boca de um dos meus irmãos, já podes imaginar a bagunça?


Prometi me entregar em matrimônio a uma jovem moça, para que ele não contasse e manchasse sua reputação, permitiria passar pelo inferno para que não houvesse mal a ti, meu amor. Então, peço perdão, perdoa-me por estar com alguém que não sejas tu, espero que saibas que meus sentimentos serão eternos.


O dia em que vi vossa senhoria, entre a vegetação delicada daquela ocasião, vi todo o seu vendaval de ser... Seus olhos carregados de fúria ocasional sem maldade, sentir sua presença tão marcante e sua personalidade atípica de nossa época, me fez ver o céu e mais em cima ainda.


Espero que consigas ser feliz e caminhes para um novo futuro, já que não poderemos seguir juntos. O destino nos faz terminar, mas saibas que meu coração, terá como moradora apenas vossa senhoria. Amanhã me caso após o meio-dia, e neste casório, mato minh’alma, não chores por aquilo que não nos foi permitido viver.


Minha pequena tempestade de verão, fique bem.


Floco de neve


As lágrimas molham minha face de forma selvagem, os soluços se tornam altos e invadem meu quarto, observo a caligrafia perfeita e o papel carregando minha desgraça.


Eu sou um vendaval, e eles saberão disso. Penso enquanto enxugo meu rosto e me levanto determinada.


.

.

.


— Estamos aqui reunidos, para unir duas famílias... Dois jovens que serão um e isso... — a voz do reverendo era suave e cheia de alegria, por dentro, eu gritava.


Como fui tão burro em não me esconder e proteger minha inspiração da vergonha pública, a culpa disso e de minhas próprias escolhas, não tenho o direito nem de derrubar lágrimas de dor que meu peito insiste em pesar.


Mas o que é aquilo?

É a herdeira dos Ilhéus?

O que está acontecendo?


Os burburinhos e comentários, me fazem virar e encarar a cena de minha salvação. À porta da igreja, lá estava. Montada em um cavalo branco com uma mala pesada amarrada às costas e com uma preparação de fuga de guerra. Com o olhar de brasas acesas e postura firme.


— Não haverá casamento! Os grandes escritores derramam o quanto as nossas emoções são importantes, meu amor, fuja comigo... — ela levanta a mão em minha direção enquanto esbraveja em alto som as palavras, que loucura tão errada, todavia, não posso negar um pedido de minha tempestade. Sem pensar duas vezes, já estava correndo e indo em direção ao cavalo.


Ignoro as vozes da minha família, pego a mala de suas costas e subo no cavalo, meu coração estava acelerado, abraço seu corpo como meu porto seguro e ela dá ordem ao animal, aos berros e caras surpresas fugi do casamento, em pouco tempo já estávamos na estrada.


— Eu roubei ouro do cofre da minha família e peguei o necessário para fugir e nos estabilizamos em um novo local — as palavras dela soaram como música.


— Obrigado meu amor, ressuscitou minha alma... Vamos começar do zero, nos casamos agora nesse animal, nós seremos... Os senhores Ilhéus Oseres.


— Nos casamos agora... Sim! Ainda bem que eu sou um vendaval.

23 Novembre 2021 14:28 4 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
12
La fin

A propos de l’auteur

Luana Borges Uma pessoa apaixonada por contos, microcontos e poesias que ama se aventurar pelas palavras. "Uma alma sem forma Pelo tempo se transforma"

Commentez quelque chose

Publier!
lehjine lehjine
Uma escrita formidável!👏
June 01, 2021, 22:13

Isís Marchetti Isís Marchetti
Olá, Luana! Tudo bem com você? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Que conto mais encantador foi esse?! Eu particularmente adoro muito, mas muito mesmo, um bom e velho clichê, e pra deixar melhor ainda, vem acompanhado com aquele tom de era vitoriana que eu sou simplesmente apaixonada. Inclusive me fez até querer ler alguma fanfic de famílias que se odeiam, mas entre eles tem alguém que nutre o amor um pelo outro. Outra coisa que eu amei em seu texto foi a forma simples, mas de um ponto de vista muito bom mesmo, com a qual ele foi desenvolvido. Nada muito pomposo, mas trás aquela emoção e aquele sentimento de torcer pelo casal que não quer nada além de se amar. Bom, vamos lá. A coesão e a estrutura do seu texto estão maravilhosas. A narrativa está um encanto, me levou para dentro da história e eu só conseguia torcer pelo amor deles. A sinopse está encantadora e ela já revela um pouco a premissa do texto e faz com que a curiosidade e o desejo de devorar a história. Quanto aos personagens, não tem como não simpatizar com os protagonistas, sério, logo de cara vemos o quão os sentimentos deles são extremamente fortes, e apesar de que eles corressem perigo caso alguém descobrissem, foi necessário que a bomba estourasse para que eles pudessem dar um passo arriscado, mas podendo ficar junto então nem dá pra ficar triste ou preocupada com o tópico, haha. Quanto à gramática, seu texto está muito bem escrito, trabalhado e bem desenvolvido. É realmente um colírio para os olhos essa obra. Desejo a você sucesso e tudo de bom sempre. Abraços.
April 30, 2021, 19:11

  • Luana Borges Luana Borges
    Ahhhhhhhhhh 😍 Eu sempre fico feliz sua visita de verificação kkkk Fico feliz que gostou do conto! Esse foi a minha primeira tentativa de algo mais romântico... E eu fico lisonjeada que foi uma boa leitura! April 30, 2021, 19:15
~
Mundo dos Quinque
Mundo dos Quinque

Um mundo onde vampiros, lobisomens, encatrix e humanos, convivem juntos, em desenvolvimento, enquanto muitas partes buscam igualdade e direitos, a sociedade cresce e com ela os seus místicos segredos. Antes de tudo, dá solidão veio o mundo. Entre a briga de cores, uma paleta de coisas cresceram. Do Cinza em agonia: nasceram os seres da noite, Lobos e Maciços. Do Branco tempestuoso: nasceram os seres do dia, Sanguessugas e filhotes da mata… É assim, inicia-se tudo En savoir plus Mundo dos Quinque.