- O encanto se perdeu – Ana dizia.
- Existiu encanto quando me viu? – Alfredo perguntou.
Quando você me compreendia, havia – Ana refletia em silêncio palavras mentais.
Aquele era o momento final de um namoro longínquo de 7 anos, ambos não entendiam porque havia terminado um romance onde havia amor, amizade e reciprocidade. Mas não tinha como continuar, os beijos não eram os mesmos, eram normais, cotidiano, não havia sensações novas a sentir. Alfredo era o único que queria perpetuar sentimentos, mas era como sentir uma areia movediça nos braços, porque não existia nada para tentar ter.
Se olhavam sentados em um banco na praça, haviam cocais na frente, naquele dia havia chovido muito, então não haviam muitas pessoas caminhando por ali. O banco se entregava ao vazio. Ana olhava ao chão, Alfredo a olhava como quem quisesse dizer que o coração dele estava se perdendo a cada segundo no esnobar dos trejeitos de Ana.
-Como tudo acabou? Como tudo se perdeu? – Alfredo se perguntava.
- O tempo nos deixou calados e pede que tudo isso termine agora – Ana dizia olhando para baixo.
-Será o tempo ou você não quer insistir porque não vê futuro? – dizia Alfredo cabisbaixo.
-Nosso relacionamento pouco cresceu, não vamos conseguir estabilidade, mesmo que pudermos trabalhar muito. Você vem de família boa, mas eu não, tenho que sustentar meus pais que já estão idosos. Você nunca percebeu como meus ombros pesam, porque você não tem com o que se preocupar... Caiam lágrimas de Ana.
-Eu sempre disse que poderia te ajudar, no entanto, você me poupava de participar da tua vida, como se eu fosse um intruso. Você me culpa 7 anos por isso? – Retrucava Alfredo.
-Ter família com recursos não é ter estabilidade emocional... Dizia Alfredo cabisbaixo.
-Estabilidade emocional? Agora isso tem outro nome? Ter recursos e continuar com os pais? – Dizia entre lágrimas Ana.
A verdade é que Ana e Alfredo nunca se conheceram de fato, o namoro era enfadonho, Ana se esforçava pela sua família, enquanto Alfredo apenas estava a mercê de sua família, não se esforçava muito para ter como um dia formar uma família que fosse com Ana, porque ele vivia de sonhos que não existiam. Enquanto Ana sofria nas quitandas dias e noites.
- A notícia é, vou embora do país. Meus pais estão indo para Berlim mês que vem. Alfredo se levantou e deixou Ana para trás.
Ana sem lágrimas mais para dizer algo, deixou Alfredo partir sem nenhum traço de vingança, apenas sentiu que o elefante que carregava a deixava mais leve.
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‘’Além dos cocais havia um belo luar, onde estrelas dançavam e todas as noites da quitanda que Ana trabalhava, ela ignorava as sensações de cansaço do corpo, enquanto Alfredo estava em casa vendo tv com sua família. O mundo dos dois se diferia, um tinha recursos e o outro apenas queria poder comer todos os dias’’.
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