Imagino o nosso cotidiano como uma viagem de barco, por sobre um mar inconstante e imprevisível, que hora pode estar sereno e com águas de um verde-mar manso e tranquilizador, e outrora revolto, escuro e turbulento, podendo nos brindar com criaturas inesperadas e até assustadoras.
A verdade inquestionável é que em nossa jornada enfrentaremos essas variações de humor deste mar que é a nossa própria vida diária, com suas alegrias, frustrações e mudanças de direção dos ventos... ou então não zarparíamos do nosso cais... pense bem: se a maré não mudasse, o que seria dos pescadores? Sem a força gravitacional da lua noturna, que dá lugar à segurança da luz solar, não haveria ondas... e de que vale um mar sem ondas? O que dizer dos banhistas e das pranchas de surfe, privados da inquietude das águas?
O desafio que a vida nos impõe é exatamente essa imprevisibilidade climática, incentivando-nos a sempre mudar e a nos adaptar a novas circunstâncias do dia-a-dia, com a flexibilidade de uma árvore jovem, que ao balançar seus galhos à força do vento, permite que eles se verguem e não se quebrem, até que a tormenta cesse e o sol novamente possa entrar em cena.
Mas convenhamos, não podemos nos lançar à colossal aventura da vida sem proteção, sem lastro, sem alma! Você já sentiu o que é estar diante da tempestade sem guarda-chuva? Ou no mar alto, ao sabor aleatório do vento, sem sequer uma âncora? Ou no olho-do-furacão sem um mastro onde se segurar com toda a força dos seus braços? Não dramatizemos tanto assim... já percebeu o quanto é ruim comer uma pizza sem reparti-la? A pizza é para ser dividida, quer queiram ou não.
Diariamente nos defrontamos com histórias de amargura e de solidão; de pessoas soturnas, encafifadas em seus apartamentos ou escritórios, investindo inteligente e oportunamente no negócio da ocasião, que vai lhes render o máximo de lucro, no menor tempo possível... ou direcionando seus esforços para apenas e tão somente um determinado aspecto de suas vidas, negligenciando seus amigos e familiares, seu trabalho, sua saúde, sua espiritualidade... e sofrendo como poucos ao ver ruir o trabalho de toda uma vida. Sim, pois nenhuma obra sólida é encimada em pilar solitário!
Tratemos então de sair à caça dos nossos pilares, guarda-chuvas, mastros, âncoras e jogos para pizzas... você assim tem agido? Como anda sua família? Seu trabalho te incomoda? Tem conversado com um ser superior? Tem pedido pizzas brotinho, para consumo individual? Tem alguém que possa chamar de AMIGO?
Lembre-se, ser amigo e cultivar amizade é coisa que se faz desinteressadamente, sem segundas intenções, “tomando” seu precioso tempo... dia após dia... ouvindo e também dizendo, perscrutando, sentindo falta... e tendo o privilégio ímpar de... receber tudo de volta (!!!), energizadamente, como a trajetória percorrida por um bumerangue australiano... quer investimento mais rentável?
Escreva aqui o (s) nome (s) de sua lista de (verdadeiros) amigos. E continue sua viagem por mares bravios, mas... devidamente ancorado!
Merci pour la lecture!
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