Ela anda acumulando mágoas.
Sente que é obrigada a ouvir as coisas e ficar quieta e nem sabe mais se os pensamentos são seus ou se foram colocados ali, como as dúzias de palavras que colocam na sua boca todos os dias. Apática já não briga pela verdade. Se antes chorava em uma briga ou tinha uma reação explosiva, hoje apenas baixa o tom de voz e ouve sem lamentar.
Frieza ou maturidade? Sem tempo pra chegar na resposta ela se deu conta que estava no meio de mais uma discussão daquelas em que só fica ouvindo em silêncio diversas inverdades.
Ele para de falar. Pergunta se está tudo bem.
Vai ficar tudo bem quando eu acordar, só preciso dormir, disse ela pra tudo aquilo parar.
Ele pediu desculpas, ela olhou em silêncio com uma expressão acolhedora.
Houve paz quando os dois se encararam.
Ela ajeitou o travesseiro e virou o rosto para a parede como tem feito frequentemente.
Ele dormiu de barriga para cima, calmo e roncando alto.
Ela não cedeu ao sono. Rapidamente pegou uma enorme tesoura de costura e empalou toda lâmina no crânio através do olho do dorminhoco que não iria mais roncar nem acordar. Ela abraçou o corpo ainda quente, sentiu aconchego.
Frieza ou maturidade? Sem tempo pra chegar na resposta ela adormeceu.
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