Falsa Desculpa Suivre l’histoire

O navio navegava pelas calmas águas do mar, permitindo que Buggy tivesse um sono guiado pelo silêncio e escuridão da noite, mas tudo que era bom demais durava pouco na vida dele, principalmente quando o fator determinante a sua não-paz dividia uma cama de beliche com Shanks. Então, quando o ruivo cutucou insistentemente sua bochecha, e após muito fingir que estava em um estado vegetativo, o mesmo se pendurou de cabeça para baixo na cama acima de Buggy, que soube que sua boa noite de sono corria sérios riscos, pois ele não era capaz de prever as ideias que vinham a mente de Shanks — ainda mais em plena madrugada.

— Ei, Buggy, acorda. — com os olhos entreabertos podia ver os cabelos ruivos caídos e algumas nuances de seu rosto pela fraca luz da lua que serpenteava o cômodo. — Não consigo dormir.

— E o que eu tenho a ver com isso, seu paspalho? — resmungou já virando-se para o outro lado e dando as costas para Shanks na fraca esperança de que ele o deixasse em paz, o que clareamento não surtiu o efeito desejado.

— Bom… Estava pensando que se eu me deitar aí junto com você talvez eu possa conseguir dormir.

Primeiro Buggy quase engasgou-se com o próprio ar ao ouvir aquilo sair da boca do companheiro tão naturalmente, esse jeito de ser do ruivo o irritava profundamente. Segundo, questionou a veracidade de suas palavras e conhecendo o outro como ninguém nem precisava ver seu rosto para saber que um sorriso — o típico sorriso — ostentava seus lábios. Terceiro e último, julgou como sendo uma brincadeira com a sua cara, porque Shanks era dado a isso desde que havia pisado naquele navio.

— Vê se vai encher a paciência da sua mãe ou do capitão, ruivo dos infernos. — disse, arrancando uma risada anasalada de Shanks, o que o deixou levemente provocado e teria questionado-o sobre, quando para o seu espanto o mesmo não tivesse descido até sua cama, cobrindo-se em seguida na maior normalidade.

Infelizmente Buggy tinha o famoso pavio curto e com a ação do pirata, uma veia já saltava em sua testa de raiva. Já virou para o lado do ruivo pronto para jogá-lo para fora da cama, porém, como mais uma das coisas que odiava naquele rapaz irritante, ele pareceu prever suas intenções, segurando suas mãos e envolvendo suas pernas uma na outra impedindo-o de fazer o que queria.

— Não seja chato, Buggy. — Shanks bocejou, soltando logo em seguida suas mãos. — Ah, o sono já estava vindo. Boa noite.

E como um anjinho — que Buggy sabia que ele não era — se acomodou também em seu travesseiro, a respiração ficando calma e a vontade de socá-lo crescendo, mas ironicamente, tudo o que fez foi suspirar derrotado. Sabia que o ruivo não estava realmente dormindo e qualquer que fosse sua ideia para tira-lo dali não adiantaria porque o maldito não arredaria o pé até o amanhecer, então entre passar o resto da noite brigando ou dormindo, Buggy escolheu a última opção — mesmo que muito a contragosto.

Quando o sol despontou no horizonte com seus raios iluminando o quarto, qualquer um que entrasse ali, visse essa e falasse que viu Buggy com suas mãos ao redor da cintura de Shanks e sua cabeça apoiada em seu peito com o semblante pacífico de quem dormia bem, seria acusado pelo mesmo de estar louco, vendo coisas que não tinham acontecido. Mas o capitão sempre estaria lá para contradizê-lo em pura provocação e Sh para invadir sua cama à noite com a desculpa esfarrapada de que não conseguia dormir.