isaautora Isa Miranda

A saga da Noite Sombria é uma série de livros ambientado no mundo obscuro das entidades noturnas, ou seja, vampiros. Sinopse: Nocturns. Vampiros. Quando manto sombrio da noite abraça a Terra, é a chamada, a canção do despertar que faz das ruas e becos de Nova Iorque uma trilha perigosa para os seres em sua frágil existência. Quando as criaturas da noite tomam o mundo, apenas o sangue, o poder e a luxúria instigam os imortais rumo à escuridão eterna. Lya Merelyn era mais uma entre eles, vagando noite após noite sem rumo. Até que ele surgiu. Gianni Salvatore. Padre. Caçador. O que poderia ocorrer do encontro entre seres tão opostos? Certamente não era amor o que ambos esperavam, mas foi o que aconteceu. Até que ... Conspirações seculares, rixas raciais, vampiros, lobisomens, a Igreja e caçadores. Em lados opostos do tabuleiro, enquanto Gianni tenta sobreviver nesse mundo infernal, cabe a Lya buscar uma forma de ajudar seu amado e se redimir pelo crime que cometeu. A Dama Negra retrata a rivalidade e o poder vampiresco muito além da carnificina e bestialidade, ilustra uma civilização obscura e poderosa que retorna à essência das criaturas sombrias de mestres como Bram Stoker, Anne Rice e André Vianco. ********* Premiações no Wattpad 2º Lugar Revelações Wattpad 2018 3º Lugar Concurso Pena Dourada 2018 2º Lugar Concurso Flores Vermelhas 2018 1º Lugar Concurso Flores de Ouro 1º Lugar Concurso Leitura Nacional Melhor Antagonista Isabella Bragatti ( Autora Fabi Prieto) 3º Lugar Concurso GGAKA - Vampiros 3º Lugar Concurso Rosas Douradas Concurso Redescobrindo Melhor Vilão - Lya Merelin Concursos participando 2019: 1ª Lugar - Vampiros - "Wattpad Livros Brasil" (WLB) _______________ Revisão: Walter Cavalcanti Preparação de texto: Fabiana Prieto Design Book: Denis Lenzi Copyright ©2019 PLÁGIO É CRIME! Esta é uma obra original que possui registro, qualquer reprodução e/ou cópia da mesma, acarretará nos processos judiciais cabíveis. "LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVERE


Paranormal Vampires Tout public.

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Prólogo Amor em Sangue


"Jesus, salvator mundi

Tue famuli subveni

Quos pretioso sanguine

quos pretioso sanguine

Redemisti"

O silêncio era quebrado por sussurros de alguns fiéis que, ajoelhados diante do altar, oravam pela sua redenção. Era assim que ficavam presos naquela fé sob o olhar de seu "salvador". Ao fundo, um grupo do coro ensaiava cantos religiosos, dando ainda mais ênfase aos que rezavam pedindo perdão pelos seus pecados. A nave tinha um ar melancólico para alguns, e para outros gerava a paz, mas não era o caso de Gianni Salvatore. Em nenhum momento aquele homem alto, de cabelos negros, corte curto e usando um terno desalinhado não conseguia sentir aquela paz que o local proporcionava; a igreja santa que para todos era o refúgio, para ele era o fracasso de uma missão malsucedida que levara à morte dois de seus melhores amigos.

Afastando-se alguns passos do altar em uma expressão cansada, girou o corpo nos próprios calcanhares, caminhando até o cruzeiro. Parado, sentindo o calor emanando de diversas velas, acendeu uma para cada um dos seus amigos, Padre Miguel e Padre João; fechou os olhos em uma rápida prece, encerrando com o sinal da cruz sobre o peito. Soltou um suspiro para aliviar por alguns momentos o coração frustrado. Ergueu a face fitando o local, em seu semblante a decisão de finalizar aquela missão. Afastou-se do cruzeiro caminhando entre os enormes bancos que compunham aquela que era a sede principal do Vaticano.

— Padre Salvatore.

Já estava perto da porta principal quando ouviu aquela voz suave e baixa, quase sussurrante, lhe chamar. Padre? Não, não era mais padre... Devido ao seu fracasso resolvera abdicar do seu sacerdócio. Não acreditava mais em sua fé, em sua vocação, não mais. Ao menos assim pensava até encontrá-la e livrar o mundo do demônio, se redimindo com Deus para voltar a ser merecedor daquele título. Era essa a sua punição.

— Irmã Maria, fico grato por sua ajuda. — Pegou a mala trazida pela jovem freira.

Ela o cumprimentou com os olhos marejados por lágrimas.

— Não precisa agradecer, padre, faço de bom‑gosto e... — Ela olhou-o receosa. — Tome cuidado. — Juntou as mãos sobre o peito. — Caçar essa criatura é perigoso, a Dama Negra caminha há séculos pelo mundo e ninguém conseguiu eliminá-la.

— É minha missão e a cumprirei. — Tocou-a no ombro, confortando-a. — Sou abençoado por ter-lhe como amiga, reze por mim. — Virou-se, olhando-a por alguns segundos.

Curvou levemente a cabeça se despedindo. Desceu as escadarias apressado, sabendo que nos olhos de Irmã Maria havia preocupações, mas não tinha como evitar, apenas seguir em frente com sua missão. Tomou o táxi e pouco depois estava no aeroporto.

Seu voo saiu às 18:30 h com destino à Nova Iorque. Exceto por alguns momentos cansativos devido a algumas turbulências, aproveitou para analisar os relatórios que havia retirado dos arquivos para traçar uma estratégia e assim chegar até a Dama Negra. Havia algo naquela vampira do qual não conseguia se desvencilhar; por muitas vezes se questionou por que ainda a seguia. Uma ligação entre ambos que era tão extrema que fizera seus amigos perderem a vida, e agora a insistência em livrar a face da Terra daquele monstro. Enquanto os demais passageiros dormiam, Gianni lia um relatório no qual havia uma ficha sobre a vampira. Os caçadores criavam arquivos com dados de vampiros que caçavam para fins de pesquisas futuras, os quais tinham a missão de mantê-los atualizados. Pegou uma das pastas, abriu-a e analisou os relatórios, anotando pontos principais em sua pequena agenda de couro que carregava sempre consigo, além do seu rosário, que mantinha enrolado no pulso esquerdo.

Lya Frantini Merelyn, nascida por volta de 1782 na ilha da Sicília bourbônica (1734-1860), Itália, segunda metade do século XVIII. Aos 15 anos entra para o convento Irmãs Matriarca do Perpétuo, iniciando os seus estudos religiosos e se tornando noviça aos 18. Em uma viagem para Roma, desaparece misteriosamente. Reaparecendo no final do século XVIII, com inúmeros assassinatos, havia se tornado a besta sedenta por sangue e, devido aos crimes, fora condenada ao extermínio. Desde então vem sendo caçada pelo mundo.

Muitos encontraram a morte diante do demônio chamado de a Dama Negra. O trecho era relido por ele diversas vezes, levando a se perguntar como essa jovem noviça se tornou um monstro. Questionamentos à parte, ele preferia encontrar pontos fracos que o ajudasse a acabar com a criatura.

Horas depois e duas conexões, o avião finalmente pousou no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, no Queens. O agito daquele lugar denunciava o quanto era caótico e conturbado andar pelo salão. Não demorou muito o check-out e já estava no táxi rumo ao hotel, na mesma região. Depois de se hospedar no final da tarde, começou a se preparar para a caçada. Aquela noite seria a decisiva: traçado os locais e possíveis ninhos de vampiros, iria achá-la, pondo fim àquela missão.

Decidido, Gianni rumou ao distrito de Staten Island, pegando a última balsa para a ilha. Tinha em mãos o mapa do lugar e sabia que a região era grande, por isso não perderia tempo, indo para um possível ninho fora da área residencial. Debruçado na grade da embarcação, olhava as suas anotações sem notar que estava sendo observado.

Os olhos prateados com leve tom esverdeado tornaram-se estreitos, analisando-o conforme se aproximava tão suavemente em passos leves; encostou-se à grade e virou a face para o mar, cujo som das águas batendo no casco quebrava o silêncio daquela noite fria de início do inverno, murmurando em italiano a modo que somente ele pudesse lhe ouvir.

— Liberdade, algo tão simples e ao mesmo tempo impossível de alcançar.

Gianni não notara sua aproximação até ouvir sua voz. Um arrepio subiu pela espinha. Semicerrou os olhos e sua mão direita desceu devagar para dentro de seu casaco.

— A liberdade somente é para os merecedores... — Sacou sua arma e girou o corpo, apontando para a direção de onde vinha a voz suave, delicada e terrivelmente envolvente, fazendo os mais fortes sucumbirem à sua vontade.

A mira apontava para a mulher de pele alva, tão alva que se tornava translúcida, longos cabelos loiros que beiravam abaixo de sua cintura no mesmo tom de sua pele, lábios suavemente corados e estatura baixa. Usava um longo casaco negro que a protegia de um frio do qual não sentia devido à sua condição de ser da noite. Sorriu-lhe, divertindo-se com a situação.

— Sua bênção, prete.

Gianni estremeceu e o calafrio arrepiou ao ouvir aquela voz; a adrenalina aumentando o mantinha em alerta com a aproximação dela.

— Sabe bem que não há como lhe dar a bênção, demone. — Seu tom de voz alto e irritado começava a chamar atenção.

Lya inclinou o corpo para frente, aproximando-se a ponto de o cano da arma tocar-lhe a testa. Fechou os olhos e inspirou baixo.

— Melhor guardar a arma, cacciatore, está chamando atenção. — Abriu seus olhos girando a órbita para o canto a fim de mostrar-lhe que poderia chamar a atenção dos humanos na balsa. — O que pretende fazer, prete? Atirar?

Ele respirava rápido, não queria tirar os olhos dela, mas um barulho de porta abrindo o obrigou a desviar o olhar, guardando a arma por baixo do casaco. Foram segundos, no entanto, o suficiente para ela sair do seu campo de visão, sumindo nas sombras.

— Lya?!

— Sim, Gianni.

Ele ouviu a voz, procurando por ela nas sombras.

— Eu devo exterminá-la, pôr um fim em tudo. — Ele andava e olhava em volta, tentando localizá-la. Aquela vampira deixava-o louco e sem chão, desde que a encontrara dois anos atrás em Roma, na sua primeira missão. — Padre João e Padre Miguel morreram por sua causa, Lya, não tenho mais como evitar. Devo pôr um fim agora mesmo. — A voz embargada em uma mistura de raiva, frustração e agonia.

Atenta aos movimentos dele, das sombras onde havia mergulhado o corpo, escondia a face entristecida.

— Humanos morrem todos os dias, prete, não me culpe pelos erros deles, avisei-lhes que não deveriam seguir-me.

Stai zitta! (Cale a boca!) Sua voz... não me confunda, não acreditarei mais em suas palavras — bufou nervoso, sentindo algo se aproximar dele.

Ela passava ao seu lado, nas sombras, quando lhe tocou o ombro.

Assustando-se, empurrou-a. O baque do corpo contra o metal ecoou pelo convés da balsa. A arma estava apontada para seu peito. Gianni a pressionou, escondendo-a com o casaco para que aqueles que os vissem não notassem nada além de um casal abraçado; fixou o olhar apático nos olhos claros dela.

Lya grunhiu baixo com aquele contato dele, sentiu o aroma de sua pele e o calor, fazendo com que seus olhos avermelhassem. A mão de dedos finos e delicados tocou o peito do seu algoz; afagou-o, apertando o tecido da blusa branca que ele usava.

— Não acredita mais, cacciatore? Então, cumpra a sua missão. — Ergueu o rosto e o aproximou, de forma que Gianni sentisse o roçar da pele fria em sua face. — Atire!

Gianni pressionou o corpo contra o dela, sua mente estava presa àquele olhar. Não queria admitir, mas sabia que sua mágoa não era somente pela morte dos amigos. Sua raiva estava presa àquela vampira, àquele olhar e àquela voz. O caçador que fizera seus votos diante do altar em erradicar o mal havia sucumbido àquela criatura que o tocava como se a ela pertencesse.

Gianni abdicara de seu sacerdócio para caçá-la, para recuperar sua alma e ser merecedor novamente do posto de servo de Deus. No entanto ...

— Não descansarei enquanto existir, demônio. — Engatilhou a arma e pressionou mais o corpo dela contra a parede de ferro da balsa. Sua mão trêmula, seu coração pulsava rápido como se fosse sair pela garganta. Ofegou quando ela o tocou. — Destruiu tudo — falava com dificuldade. — Destruiu minha fé e agora preciso recuperá-la. A minha redenção virá com o seu extermínio.

— Gianni, não destruí algo que já estava destruído. Se sua fé fosse tão fervorosa, não teria sido abalada nem por mim e nem por ninguém. — Os dedos macios tocaram os lábios do ex-padre. — Quando me beijou em Paris, sabia que não era merecedor do título que ostentara no passado.

Ele olhou-a furiosamente, empurrou-a e se afastou. Apontava a arma, mas não conseguia atirar. A tensão fora tamanha que, em fúria, baixou a arma e descarregou a ira em um soco na estrutura de metal da balsa, passando a poucos centímetros da face de Lya.

O impacto chamou atenção de alguns passageiros que haviam acabado de atravessar a proa. Disfarçando, ambos se afastaram. Ele negava com a cabeça, atormentado pelo desejo e suas convicções religiosas. O que aquele demônio fizera consigo? Questionava-se constantemente.

— Está na hora de pararmos com essa brincadeira de caça e caçador, Gianni, esta noite colocaremos um ponto final. — Olhava-o entristecida.

Amor, para quem nunca sentiu nada além da terrível sede de sangue, era algo inusitado e irreal. Há dois anos riria de algo assim com desdém, mas ali, perto dele, só conseguia pensar o quanto queria estar ao seu lado. Era sua obsessão, ter aquele humano para si.

— Exatamente, tudo terminará está noite — Gianni retrucou, rangendo os dentes com olhos frustrados e flamejando de raiva.

A viagem até a ilha fora silenciosa, ambos se olharam quase hipnotizados um pelo outro, presos naquele sentimento irracional, lutando contra as próprias naturezas e convicções. Em alguns momentos, a troca de olhares falava de desejo, do medo, da vontade e da negação. O que mais desejavam era pôr um fim naquele martírio que viviam. O soar da sirene despertou-os daquele duelo silencioso quando a balsa se aproximou e atracou no porto.

Ela caminhou na frente dele. Gianni a seguiu, guardando a arma. Ele percebeu, ao descer da balsa e caminhar atrás dela, um homem se aproximar; um brilho reluziu no cano de uma arma que disparou. Por impulso, ele se lançou, empurrando-a. Um baque aqueceu seu peito e ele baixou o olhar, sentindo algo quente escorrer por dentro do casaco. O tempo passou diante de seus olhos tão rápido que somente notou um gosto de ferro subir a garganta. A visão ficava turva, ao passo que segurava o ombro dela. Tocou onde a dor inflamava e, quando trouxe a mão para seu campo de visão, estava manchada de vermelho. Gemeu baixo ao notar o olhar apavorado da vampira, e tudo escureceu à sua volta.


Continua...

10 Décembre 2020 13:59 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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