vatrushka Bê Azevedo

"Suponho que cada povo tenha os deuses que merece, não acha?" Em 500 a.C., tribos nórdicas ainda desenvolviam-se lentamente - e muito do avanço se atribuiu ao seu comércio com as tribos celtas. E se na época uma mulher celta - druidesa - tivesse se envolvido com um homem nórdico? Como seria viver um romance em um contexto onde a natureza é dada como sagrada, os fenômenos como um mistério e os homens como meros peões dos deuses? *Esta história também foi postada nas minhas contas do Spirit, Nyah! e Wattpad


Historique Interdit aux moins de 18 ans.

#amor-histórico #antiguidade #bruxaria #celta #céltico #deusa #deuses #druida #druidesa #espiritual #europa #ficção-histórica #flidais #germânico #germano #grega #grego #magia #mitologia #mitologia-céltica #mitologia-celta #mitologia-grega #mitologia-nórdica #nórdica #romance #wicca
15
5.2mille VUES
Terminé
temps de lecture
AA Partager

Aatos

Do barro fez-se o homem

E da mulher, fez-se toda a existência.



Aatos pisava no chão com muita cautela.

Não conhecia aquela floresta. Não conhecia nada daquelas terras, na verdade. Não sabia - e nem ousava prever - que tipos de criaturas demoníacas poderiam estar à espreita.

Nem ao menos podia rezar pela proteção de Odin - duvidava que seus poderes tivessem alcance no território de outros deuses.

Cruzara o Mar do Norte com seu pai, comerciante, pela a primeira vez. Não o fizera antes pois, como o primogênito, tinha a obrigação de se encarregar dos negócios do pai enquanto este se ausentava. Seu pai Birger já estava envelhecendo, e portanto, fazia questão de inverter os papéis enquanto ainda estava vivo para auxiliá-lo.

Viera única e exclusivamente por suas obrigações. Nada das terras do sul o atraía - não importava o quão mais desenvolvidos se mostrassem ser, ou o quão menos frio fizesse. Era um homem desconfiado. Ao seu ver, aventuras eram boas apenas se tivessem curta duração.

E sua viagem de volta para as terras escandinavas, sua casa, estava prevista para dali a alguns meses.

‘Mal cheguei e já quero voltar.’ Concluiu mentalmente.

Lembrou-se de Astride, mulher com quem convivera durante toda sua infância: de seus cabelos dourados, sempre trançados, de suas risadas agudas, das sardas de seu rosto. Suas famílias tinham laços próximos, sabia que esperado dele um pedido de casamento em breve.

Não tinha nada contra Astride, era bonita e de companhia agradável - embora ridiculamente baixinha. O que Aatos não tinha era pressa em consolidar um noivado tão cedo.

Uma brisa úmida bateu em seu rosto. Assustado, olhou ao seu redor com o triplo de atenção. Não sabia explicar o quê ao certo, mas algo naquele lugar lhe dava a impressão de que deveria fugir o mais rápido possível. Uma energia densa, talvez. ‘Tudo aqui me dá arrepios.’

Apressou-se, para que pudesse sair dali de uma vez. Tinha de pegar mais folhas secas para embalar os perecíveis do comércio de seu pai - em breve, seu comércio.

Haviam aqueles que vendessem folhas para este fim na feira, mas segundo o velho Birger, “Para quê comprar algo que posso ter de graça?”

Aatos revirou os olhos. ‘Diz isto porquê não é você que tem que se embrenhar nesta floresta sinistra.’ E para seu desespero, a proximidade com o litoral o obrigava a explorar mais o interior da mata para encontrar as folhas secas.

O Sol começava a se pôr, limitando ainda mais a claridade já rara entre altas árvores. Aguçando seus ouvidos, Aatos conseguiu ouvir o barulho do fluxo de um rio ali perto - a água batendo contra as rochas eram música aos seus ouvidos. Suspirou aliviado, pois estava morto de sede.

Andou a passos largos, aproximando-se da fonte de água.

Foi quanto ouviu uma voz feminina cantando.

Sentiu a adrenalina percorrer por todas as suas veias. Apertou seus ouvidos com violência, fechando os olhos. “Sereias! Maldição!”

‘Não posso morrer agora!’ Convenceu-se. ‘Meu pai precisa de mim! Minha família! Astride será mantida por quem?’

Tampar os ouvidos, entretanto, não fora o suficiente para abalar o som completamente. Aos poucos, foi-se permitindo prestar mais atenção na tal voz. Era doce, afinada e suave.

Sentiu seus passos serem guiados em direção à beira do rio - se não por feitiço, por curiosidade. Agachou-se e se escondeu dentre as plantas, para que a tão linda canção não fosse interrompida.

Avistou, na altura da outra margem, uma mulher virada de costas. ‘Provavelmente celta.’ Concluiu. Estava de pé e com os braços erguidos aos céus, em frente ao que parecia ser um altar montado por ela. Os longos cabelos castanhos cacheados da moça percorriam-lhe por completo a extensão das costas. Não enxergou mais ninguém acompanhando-a.

Haviam várias velas acesas no altar - o que Aatos julgou levemente perigoso, considerando que estavam em uma floresta. Mas talvez esta fosse tão úmida que nem tochas arremessadas conseguiriam incendiá-la...

‘E as malditas folhas secas... Direi ao meu pai para desistir e comprá-las de uma vez...’

Do alto do altar, Aatos enxergou um crânio de cervo. Suas galhadas eram grandes e ramificadas, o que indicava que pertenciam a um macho alfa quando em vida.

Aatos coçou a nuca. ‘Deuses celtas são definitivamente esquisitos.’

A mulher virou-se, surpreendendo-o. Seu vestido de seda branco translúcido não cobria o que devia estar coberto - além de estar aberto na frente.

Aatos sentiu seu rosto queimar ao ver a nudez da mulher - embora vergonha não tenha sido a única coisa que sentiu.

Teve que fazer um esforço consciente para subir seu olhar para o rosto da celta.

E de lá seus olhos não conseguiram se desprender tão cedo.

Aquela talvez não fosse uma sereia, mas encantado estava.

E com grande facilidade, esqueceu-se completamente de Astride.

8 Décembre 2020 14:28 4 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
3
Lire le chapitre suivant Devona

Commentez quelque chose

Publier!
Amanda Luna De Carvalho Amanda Luna De Carvalho
Sua história chama a atenção pelos detalhes históricos e pelo desenvolvimento da trama! Parabéns!
January 13, 2021, 06:38

  • Bê Azevedo Bê Azevedo
    Obrigada! Que bom que gostou! January 13, 2021, 14:59
Isís Marchetti Isís Marchetti
Olá! Tudo bem com você? Faço parte do Sistema de Verificação e venho lhe parabenizar pela Verificação da sua história. Olha, muito me interessa histórias sobre deusas, seres místicos, druida e tudo que envolve mitologia de alguma forma, sério, esse é um dos meus temas favoritos e eu, geralmente, sempre acabo me sentindo enfeitiçada com essas histórias. É como se o gênero para mim fosse drogas, haha. Não sendo diferente com seu texto logo no começo me senti completamente presa na leitura. E logo mostrar alguém em frente a um altar no meio do nada em uma floresta, já me deixou com a atenção lá em cima e aposto que não vai ser diferente com qualquer outro leitor. Acredito que essa cena tenha sido a cereja do bolo, com a finalidade de deixar bem claro, logo no começo, de que inúmeras surpresas e seres ainda iriam aparecer. Reforçou mais ainda o fato, quando ela quis acompanhar o homem em sua aventura, até parece que de alguma forma temia por ele caso se encontrasse com alguma coisa ao longo da floresta. Bom, a coesão e a estrutura do texto, até o momento, estão impecáveis. A narrativa está simplesmente maravilhosa e graças a tanto detalhes que você deixou, ajudou a conseguir me imaginar diante de toda a cena e isso foi simplesmente mágico. Pode ser que não, mas a forma com que a cena do altar ficou marcada na minha cabeça, nenhuma outra discrição teria se encaixado melhor. Quanto aos personagens, com alguns poucos capítulos deu a entender que, infelizmente, Aatos não é um homem de grandes ambições e sim aquele tipo de pessoa que vive conforme ele acha que seria o correto. Minha opinião sobre ele só se concretizou mais ainda quando ele diz que as pessoas esperam dele e de Astride, um noivado logo, logo. Já, Devona, acredito que em primeiro lugar ela deve ter de alguma forma ofendido à alguma deusa e por isso espera ser ouvida com uma prece diante de um altar, mas que sabe que não vai ser assim tão fácil, visando que ela mesmo já sabia que não seria respondida. Acredito que esses dois se meterão em grandes enrascadas floresta a dentro e que, provavelmente, algum deus já previu esse encontro. Quanto à gramatica, seu texto está muito bem escrito e foi um prazer poder tido a oportunidade de lê-lo. Obrigada por trazer essa obra para nós. Desejo a você sucesso e tudo de bom! Abraços.
December 12, 2020, 16:37

  • Bê Azevedo Bê Azevedo
    Geente, que bom que gostou!! Muito obrigada pela leitura e pela verificação XD (fico até meio constrangida de não ter uma resposta à altura do comentário, mas muito obrigada mesmo o/) December 13, 2020, 19:05
~

Comment se passe votre lecture?

Il reste encore 9 chapitres restants de cette histoire.
Pour continuer votre lecture, veuillez vous connecter ou créer un compte. Gratuit!