felipedrummond Felipe Drummond

Os zumbis dominaram o mundo. Um pai desesperado para encontrar o seu filho perdido é atacado pelos mortos. Infectado, precisa encontrar quem mais ama antes que seja tarde demais, enquanto todo o processo de transformação opera aos poucos em seu corpo e alma.


Histoire courte Tout public.

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Histoire courte
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Diário de um Infectado

Estávamos cercados. Triste fim. Bela, porém maldita, loja de lingeries. Só faltavam as garotas. Havia algumas ali, mortas no chão, infelizmente. Atrás dos vidros, lá fora, muitos zumbis perambulavam tentando nos alcançar como se achassem que poderiam atravessar as vidraças, que por sorte pareciam ser resistentes. Nesse momento nada favorável aconteceu uma coisa que mudaria meus rumos eternamente.

É bem verdade que a dor física que nos surge quando menos se espera é mais do que incômoda. É irritante. Um sentimento de impotência e vulnerabilidade assolava a minha existência durante essa sensação que durou uma eternidade na minha mente, mas milésimos de segundos na prática.

- MERDA, fui mordido. - Olhei com uma visão alerta que revelava espanto para a minha perna manchada pelo meu próprio sangue. Alguns meses dessa infecção generalizada e já havia sido mordido. Eu sou um idiota. QUE MERDA! Na verdade a dor que senti nem importava, sou durão. Eu só estava realmente irritado e indignado com essa situação. Um homem que nem eu não deveria ser abatido tão facilmente. Pura distração. É como se anos de treinamento não tivessem servido para nada.

Em compensação dei uma bela pisada no rosto do morto vagabundo que me fez isso. Ele jamais irá esquecer do meu “carinho”. Caído como quem não quer nada, achei que o andarilho estivesse de fato morto. Triste ingenuidade da minha parte. Após explodir, com muito prazer, a sua cabeça, um pequeno pseudo-alívio interno surgiu em meu interior.

Servi o exército por metade da minha vida e, portanto, sou um homem de honra e dignidade, porém irritado com a situação, infelizmente. Tenho um físico relativamente grande e mesmo aos 50 anos tenho mais disposição que muito adolescente.

Possuo um enorme ponto fraco. Meu querido e, infelizmente, desaparecido filho, Jonas. Pior que eu não sabia nem por onde começar a procurá-lo. Com apenas 12 anos, não poderia sobreviver sozinho. Nesse novo mundo de canibais ele precisava mais do que nunca de mim, seu pai. Se eu virasse um desses mortos, seria um enorme desperdício para o meu filho, que iria deixar de aprender como sobreviver com um pai preparado. Ele morreria por tabela se esses canibais me pegassem.

Soldado ferido não é soldado morto. Lá estava eu. De pé, olhando para o meu vacilo. Enzo, o meu amigo que aceitou me acompanhar na minha jornada em busca de Jonas, olhava a minha perna com um aspecto de nojo e espanto. Vi a cabeça que fora estourada pela sola de aço que possuo e a minha perna sangrando pela mordida. Até que não foi um ferimento tão feio, afinal. Conseguia andar, mas doía um pouco. Essa dor me irritava muito porque eu que deveria maltratar esses bichos e não o contrário.

A essa altura de inicio da epidemia eu não tinha muita informação sobre os mortos, mas sabia que de fato eram praticamente imortais. Tentei, esses dias, estrangular um desses acéfalos, mas sem sucesso. Apertei seu pescoço com tanta força que eu tive certeza que se fosse uma barra de ferro a amassaria. Senti-me um fraco, mas logo vi que o problema não era bem eu. Precisei arrancar a sua cabeça fora. Foi difícil...

- Escuta, você foi mordido. Sei que quer e precisa muito encontrar o seu filho e eu juro que vou te ajudar sempre, mas acho que nós sabemos o que essa mordida significa para você. – Avisou Enzo, nervoso e tentando ser cauteloso com as palavras.

Imediatamente um silêncio mental percorreu o ambiente por alguns longos segundos. Nós 2 nos encaramos com firmeza quase que como era no velho oeste, ignorando tudo em volta, inclusive os vários zumbis querendo passar pela vidraça. Tinha dúvidas sobre ele, se iria me matar, ou se eu deveria matá-lo por precaução. Provavelmente ele estava pensando a mesma coisa, mas deus, ele era um amigo. No fim nada disso aconteceu.

- Olha aqui, meu caro, preciso e vou achar o meu filho. Nós não sabemos de nada ainda. – Disse com um sorriso falso.

De fato nós não sabíamos, mas desconfiávamos. Uma infecção generalizada tão forte e rápida assim só poderia ser contagiosa. E uma mordida poderia causar algo terrível que sinceramente evitávamos pensar no que era. Não queríamos nem especular sobre a verdade mais provável, pois ela dói. Curiosamente a situação parece estar mais difícil para Enzo, que levanta a sua arma.

- Se importa se eu começar a desconfiar de você um pouco?

Pude ver o olhar de Enzo direcionado a mim como se estivesse com um nojo preconceituoso de alguém que sofre de Aids. Um amigo de vizinhança estava começando a se tornar um inimigo mortal. Não me importaria muito com sua mudança de atitude, mas é a vida do meu filho que está em jogo. Ninguém, morto ou vivo, irá me atrasar nessa jornada.

- Enzo, eu estou bem. Olhe para mim. Consigo andar. Vamos. – Eu realmente me sentia bem.

Meu amigo é um bom homem, mas sei que provavelmente é do tipo que faria besteira diante do medo e isso me deixa preocupado, pois agora ele sente receio de mim. Se ele também servisse ao exército teria mais facilidade em situações sob pressão, mas não é o caso. Não podia, em hipótese alguma, deixá-lo pensar que eu estava me sentindo mal.

Saímos pela porta lateral da loja que dava para uma farmácia. De lá alcançamos os fundos que nos remetia à rua. Estava ficando fácil novamente. Há horas atrás tínhamos nos metido no meio de um grupo enorme de zumbis e corremos até a loja de lingeries, trancando-a. Pensei que íamos morrer naquela situação, mas felizmente o máximo que aconteceu foi eu ter tomado uma mordidinha de leve. Sangrou muito, mas não foi um ferimento cruel.

De beco em beco chegamos à igreja da cidade. Poucos zumbis pelo caminho, nada muito complicado. Fomos passar a noite na casa do senhor, quem sabe assim não teríamos mais sorte? Meu filho sabe que este é um lugar que seu pai, religioso, ficaria se pudesse. Era inteligente se instalar ali, pois se Jonas, que conhece a igreja, estiver vivo procurará igualmente por mim ali.

Nenhum morto estava dentro da igreja. Entramos e a trancamos a fim de passar a noite. Estava fácil, tranquilo e sereno. Fiquei de vigília durante as primeiras 6 horas para Enzo dormir. Ele me viu caminhar tão bem o tempo todo que deve ter se esquecido que fui mordido, ou já imaginava que eu não era mesmo uma ameaça.

Comecei a sentir uma leve dor de cabeça na metade da minha vigília. Não como nada direito há dias. Lembro-me de avisar Enzo, assim que ele acordar, de irmos a algum mercado resolver isso. De repente meus olhos querem fechar, mas tenho que evitar. Que vontade forte. Preciso fechá-los...

ARK NHAGH. Estou ouvindo. Eles estão por perto. Abro os olhos percebendo que dormi sem querer. Eu imaginei que fiz besteira, mas tive certeza disso ao olhar para o lado. O susto vem como se eu estivesse assistindo um filme de terror em 3D. – ENZO, ACORDA! – precisei gritar. Um número aproximado de 10 mortos estava rodeando o meu amigo que acordou no susto já gritando e se levantando, mas em vão. Estavam muito em cima e só se agitaram mais com o meu grito e com as movimentações bruscas de ambos. O susto foi tão forte que senti meu coração querendo sair pela boca, mas ficou ainda pior. Os mortos agarraram e morderam Enzo. Foi aí que comecei a pensar que tudo estava perdido. Seus gritos entravam pelos meus ouvidos como uma sinfonia macabra e desafinada de ópera. A minha sensação interna agora é indescritível. Os mortos em volta da igreja iriam querer verificar o barulho aqui dentro com certeza e eu estava mais do que fodido.

Desesperei-me por dentro, mas por fora estava intacto, em choque, olhando meu melhor amigo da vizinhança sendo devorado. Meus olhos pareciam que iam pular de tão abertos. Podia ver suas tripas e órgãos aparecendo diante do meu vasto campo de visão. É horrível de se ver. Eu definitivamente não ia deixar nada disso acontecer ao meu filho, portanto iria sobreviver a qualquer custo.

No auge daquela distração nojenta quase não percebi um medonho pseudo-esqueleto chegando por trás. Senti a sua baforada, o que me alertou. Malditos lugares com pouca luz. Pulei com força para frente e me virei colocando a mão na arma, ou melhor, onde deveria ficar a arma. Para a minha desgraça estava desarmado e, portanto, infeliz. Eu não só fui distraído como também cometi burrice em fazer vigília desarmado. Não pensei direito, me senti seguro demais. A arma estava com Enzo. – Vou cair na porrada com você, seu verme.

Desferi um soco potente no peitoral do morto que me atacou. Ele caiu para trás e virei para continuar vendo o espetáculo exótico que o novo mundo dos mortos oferece. Refeição de carne humana. Rapidamente o zumbi que ataquei se levanta novamente e corre aos belos trôpegos em minha direção e com tanta lerdeza que eu senti uma pequena vontade de rir, até lembrar que não é bom subestimar o inimigo. Tipo de lição aprendida no exército.

Avistei uma milagrosa porta na parede lateral da igreja. Podia ser a solução para o meu problema, então tinha que ir até lá, pois sair pela porta principal seria suicídio visto que a rua é infestada de mortos e viver lá fora só depende de sorte. Ao começar a correr sinto o mundo girar. Parecia ser mais uma maldição além dos mortos que andam, como terremoto, por exemplo, que deus nos ofereceu, mas logo percebi que era um problema interior. Precisei parar para respirar e me acalmar. De fato estava passando mal. Maldita ferida, deve ter infeccionado.

Os mortos vinham em minha direção após terem terminado de degustar meu ex-amigo Enzo. Eu só precisava correr e entrar naquela porta da salvação, mas estava difícil andar. Incrivelmente já havia esquecido de Jonas, meu filho, para pensar em minha própria sobrevivência. Concentrei-me a fim de recuperar forças e deu certo. Corri até a porta, apesar de a perna machucada ter começado a queimar de dor, o que antes não acontecia. Tive que ir mancando mesmo. Estava ferozmente lutando contra o tempo. Lutando contra a dor. Essas criaturas do demônio vinham atrás de mim enquanto eu fugia para a porta num jeito tão desengonçado quanto o deles, mas mais rápido. Achei que a situação já estava ruim o suficiente, mas a lei de Murphy discorda. A porta salvadora estava trancada.

Olhei para trás com uma grande expressão angustiante de dor por conta da minha perna ferida. Debrucei-me na porta enquanto encarava os mortos vindo em minha direção. Não tinha idéia do que fazer. Machucado, em perigo e assustado. Estava completamente desarmado e um pouco indefeso pela ferida. Nem armas brancas havia. Minha garganta estava seca. Percebi que engolir saliva estava doendo. Agora a dor de garganta se aliava a uma tonteira que revelava febre em mim só para eu me ferrar de vez. Deus estava brincando comigo, precisava de alguma solução.

Vontade de arrancar a perna não faltou, mas eu precisava dela para correr. Além disso eu poderia chutar. Foi o que fiz. Com a perna boa pude golpear 2 zumbis com 2 bons golpes em seus quadris que os derrubaram. O segundo morto bateu em outros 2 e eles se desengonçaram numa dança cômica e confusa que resultou na queda do grupo. Que dor, merda. Forçar a perna machucada definitivamente não era a melhor idéia que eu já tive na vida. Pelo menos tive espaço para correr até outro lado numa porta avistada pela sorte no momento. Esta estava aberta e dava para um corredor gigante.

A perna machucada doía cada vez mais, provavelmente de tanto estar forçando a musculatura da região mordida. Ao fechar a porta e correr pelo corredor, tropecei no meio do caminho e lá fiquei deitado por uns 10 segundos tentando me recuperar da dor e tontura. Nesse momento eu tossia sem parar. Não podia simplesmente permanecer ali, precisava estar em sossego e descansar para, após melhorar, enfim, continuar procurando o meu filho. Levantei e fui parar numa sala grande com uma mesa enorme, de reunião, eu acho. Uma pintura enorme de Jesus na cruz enfeitava a parede dando um aspecto espiritualmente positivo para o ambiente mesmo nesse caos apocalíptico.

Deitei na mesa com dificuldade e passei a mão na ferida. Meu deus, como doía. Fui levantar e não consegui. Febre, dor de garganta e dor de cabeça. A respiração estava ofegante e meus olhos bem abertos olhavam o teto, mas sem prestar atenção nele. “Será que eu estou morrendo?”, pensava. Raciocinei rapidamente sobre toda essa porcaria que a minha vida havia se tornado e no fato de que eu não posso, em hipótese alguma, morrer sem antes encontrar o meu filho. Mas que droga, estar nesse estado numa situação dessas não era o meu merecido. Achei que tivesse sorte por estar num local sagrado. Talvez seja melhor esperar meu filho aparecer milagrosamente, e vivo de preferência.

Meu corpo pedia para apagar de novo, mas não poderia me dar ao luxo visto que havia zumbis que sabiam da minha existência no recinto. Eu precisava do meu filho para me confortar. Se eu morrer sem vê-lo vai ser muito triste. Um fim de vida mais patético é impossível.

Enzo, vi aqueles filhos da puta te pegarem, mas eu me recuso a ter esse fim também. Arranjei forças, com muito custo, para levantar e sair da mesa. Não havia outra porta para entrar que não seja a de onde vim. Droga, eu precisava passar pelos andarilhos novamente. Fiquei na dúvida se era melhor permanecer ali e correr o risco de ser cercado ou se saía da sala podendo ser pego de vez pelos mortos.

Batia a dúvida aliada ao mal estar supremo que ficava cada vez pior no meu interior. Comecei a sentir com mais verdade e convicção que poderia morrer ali, por infecção da mordida ou pelos próprios mortos. Para mim era claro que a ferida infeccionou. Sim, a infecção. Lembrei da desconfiança do Enzo. Ele considerava a possibilidade de eu virar um desses corpos podres e andantes, mas eu não achava ser possível, não até então. Com tudo que ando sentindo percebo que posso estar mesmo passando por isso. Antes Enzo tivesse me atirado, maldito. Nem para isso serviu.

Que lindo, eles arrombaram a porta e agora virão até aqui. Sim, eu fico irônico quando vejo que as coisas estão fodidas de vez. Posso vê-los lá no fundo vindo até mim. É o fim. Penso em golpeá-los a fim de fugir, mas no primeiro passo eu caio no chão já nem vendo as coisas direito. Visão turva que não reconhece mais o ambiente. Ok, confesso, eu sempre soube que estava infectado, mas não podia confessar isso para mim mesmo. É vergonhoso, mas agora já era, foda-se o mundo então. Em breve, eu pertenceria ao mundo dos mortos. Um vacilo ridículo me levou a isso e, portanto, eu sabia que merecia.

Os mortos chegavam até mim e eu já levantava com uma força sobrenatural originária do desespero mesmo sem ver muita coisa. As pernas tremiam como se eu fosse muito pesado para elas. Ao chegarem mais perto, pude golpear um deles no rosto. Ouvi o barulho da queda. Estava lutando quase às cegas. Mesmo sem vantagem alguma acabo me recusando a ser mordido mais uma vez. Outro vem para cima de mim e eu caio no chão com ele. Aquela boca aberta babando e o bafo de defunto não me eram muito convidativos, mas eu sou resistente, apesar de tudo. Golpeei com uma das mãos a sua bochecha e ele caiu para o lado enquanto já me levantava. Observei várias imagens manchadas vindo até mim. Era o máximo que a minha visão me permitia observar. A tonteira ficou mais forte, muitos movimentos bruscos me fizeram mal. Boto a mão na cabeça querendo deitar, mas não posso.

Com a cabeça doendo mais que a própria mordida na perna, corri como que num último suspiro entre eles e consegui passar. Que bichos lerdos. Mas perdi as forças e caí no meio do caminho. Eles se viravam contra mim novamente. Já era. Além de não ver quase nada, eu tossia sem parar de novo, a cabeça latejava como se martelassem em meu interior, a garganta já não me deixava engolir saliva e a respiração estava difícil. Estava me arrastando no chão com muita dificuldade sabendo que era em vão, pois o orgulho de ser superior a essas coisas horríveis era muito maior do que a minha própria capacidade, além de existir a vontade de encontrar o meu filho.

Que Jonas esteja vivo. É o máximo que posso fazer, desejá-lo o melhor. De repente, tiros e mais tiros. Não tenho nem forças para tomar um susto. Só ouço os acéfalos caindo. Ao olhar para trás os vejo imóveis no chão.

Alguém se aproxima de mim. – Pai? - Não, não é possível. Não pode ser o meu garoto, ele nem sabe atirar. Estava tendo alucinações. Sinal de que a morte me chamava com mais força. Sinto que o garoto me toca e ouço som de choro. – Jonas, nã...o pod...e ser, imp...osív...el. – eu não podia mais falar com clareza e seu choro só aumentava com isso. Ele me disse coisas que não pude entender. Além da visão a audição começava a ficar comprometida também. Pude sentir a boca cada vez mais seca e não tinha mais muita noção de nada em volta. O mundo havia se tornado uma mancha feia e quase totalmente escura, ou uma cortina parecia estar na minha frente. Eu olhava com dificuldade para frente sem ao menos poder prestar atenção, só lamentava mentalmente.

O meu filho se levanta e vai embora após proferir as palavras que nunca vou saber o que são. Nem sei se isso aconteceu de verdade. A única certeza é de que morri. Ou quase isso. Sei disso porque quando ele foi embora me levantei e andei em direção ao fim do corredor de onde eu vim, mas bem devagar. Estava morto.

Sim, esses merdas me derrotaram, mas até que no fim, pensando bem, não achei tão ruim. Meu nome não foi revelado em momento algum por absoluta vergonha ao que me aconteceu nos últimos tempos. Quero, com a minha história, servir de exemplo para futuras gerações. Não importa o quanto você esteja preparado. Se, nesse novo mundo, houver distração em algum momento será fatal.

Reparei que após estar tanto tempo entre eles, já posso dizer até que seus cheiros me geram simpatia. É o costume. Eles já entram pelas minhas narinas como se fossem visitas íntimas, nem sinto que estão ali. Entretanto, esse fluído podre dos andarilhos encardidos e em decomposição ainda são repugnantes para os vivos.

Essa foi a minha história. Agora, mais de 1 mês depois, encontro-me, ainda, na enorme igreja católica da cidade que está de pé e intacta, mas com vários outros seres irracionais em volta e em seu interior. Eu fico caminhando ali dentro sem rumo com alguns amigos mortos por perto, as vezes esbarrando em alguém sem a mínima educação de se desculpar. Como todo bom e velho homem cristão, foi um ótimo lugar para começar a minha nova e, talvez eterna, vida/morte no novo mundo.

Jonas, caso você tenha sido uma alucinação naquela hora e ainda esteja vivo, não cometa o erro de me procurar, muito menos me espere. E boa sorte, filho.

25 Octobre 2020 23:13 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Felipe Drummond Um escritor amador. Algumas de minhas obras foram publicadas no formato de contos: - "Aquarela" com o conto "Supremacia dos Mortos" (Editora Andross) - "Amor nas Entrelinhas" com o conto "Mil e uma formas de se amar alguém" (Editora Andross) - "Horas Sombrias" com o conto "O Regurgitar das Almas" (Editora Andross) - "Legado de Sangue" com o conto "Mercado Humano" (Editora Andross) - "King Edgar Hotel" com o conto "Déjà vu Macabro" (Editora Andross)

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