luraywriter Luray Armstrong

Eijirou é um menino doce e romântico com um crush enorme num garoto do terceiro ano. Tudo estava bem na sua vida até ele decidir se declarar, acidentalmente declarando seu amor à pessoa errada. créditos fanart de capa: bakurishima


Fanfiction Anime/Manga Déconseillé aux moins de 13 ans.

#ninguémficajuntonofinal #amigos #gay #bnha
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Capítulo único — Amigos?

Kirishima assistiu enquanto todos arrumavam a bolsa para ir para casa na sala 3A. Sendo da classe 2B, ele rapidamente terminou as atividades de Educação Física para poder observar os minutos finais da aula de História dos alunos mais velhos antes de todos no colégio serem liberados das atividades do dia.

Ele tinha chegado já em cima da hora e a sala era uma bagunça de conversas, a professora ainda tentando falar, o sinal tocando pela segunda vez para garantir que todos escutaram, muitos alunos já em pé para sair e outros já a caminho do corredor e passando pela porta. Isso, claro, bloqueava a visão de Kirishima de seu crush.

Mais cedo naquele dia, Eijirou havia escapado de sua aula de química no horário de Educação Física da turma 3A. Tendo há muito tempo decorado o horário de aula do garoto de gostava foi muito fácil para ele sair de sua sala e entrar na sala dele, procurar a bolsa vermelha que ele havia acabado de ganhar no dia anterior (Eijirou viu nos stories dele no Instagram) e colocar lá sua cartinha de amor.

Okay, okay, ele sabia que se declarar com uma carta podia ser visto como clichê para os outros, contudo ele achava bem másculo e vendo como Izuku era um doce de pessoa, com certeza ele acharia, no mínimo, fofo.

Como o maior contato que já tivera com seu crush foi segui-lo no instagram e curtir todas as fotos que ele postava desde então além de poucas interações respondendo seus stories, ele não achava que tinha muito o que perder ao se declarar. No máximo, seria rejeitado e aí era só juntar os caquinhos de seu coração, remontar e seguir em frente.

Mas ninguém jamais poderia dizer que ele não havia sequer tentado. Que não havia sido sincero com seus sentimentos. E isso era o importante para Eijirou.

Encostado em um armário de frente para a porta da classe, Kirishima trocou um rápido olhar com seu crush de cabelo verdes quando ele saiu, dois segundos de contato visual antes do amigo dele chamar novamente sua atenção.

Eijirou suspirou. Talvez ainda hoje tivesse sua resposta. Sua carta estava escondida mais ou menos no fundo da bolsa e pelo que sabia Midoriya costumava retirar tudo de sua bolsa todos os dias para estudar, jogando tudo por cima da cama.

Kirishima não podia imaginar qual seria a reação dele ao ver o envelope vermelho desconhecido no meio de suas coisas. Como ele se sentiria ao saber que alguém gostava dele.

Um aluno saindo da sala por último arrancou Kirishima de seus pensamentos com força total. Um loiro vestido de preto, usando maquiagem pesada e piercings em seu rosto abria a porta da sala e caminhava para fora da escola pelo corredor agora lotado. A cara fechada afastava as pessoas ao redor dele e ele não olhava para ninguém, sequer notou Kirishima. Uma batida forte e alta nos fones de ouvidos que parecia agressiva inundou o corredor quando ele passou.

Mas não foi nada disso que arrancou Kirishima de seus pensamentos. E sim a bolsa vermelha que ele carregava.

Kirishima o seguiu com a respiração acelerada e passos cambaleantes. Ele não podia ter feito uma merda dessas, podia? Ele nem sabia quem era aquele garoto!

Mas sim, a bolsa dele era igual à de Izuku, diferentes por alguns bottons de Naruto e Death Note no bolso pequeno da frente que Kirishima não notou, em sua pressa para colocar logo sua carta na bolsa e não ser pego (como explicar fugir de sua classe para mexer na bolsa de um menino de outra turma?).

Kirishima quis chorar quando reparou no que assinaria sua sentença e mudaria o que ele imaginou para seu futuro próximo. O chaveiro com um sharingan que se prendia ao zíper do bolso maior. O chaveiro que Kirishima puxou para abrir a bolsa.

Rezando por um pouco de esperança, um pouco de sorte, ele correu e ultrapassou o garoto loiro, tentando ir atrás do doce e adorável baixinho de cabelos verdes que era o original dono da carta.

Já na área aberta da escola, prestes a entrar em um carro com o amigo com quem conversava antes, Kirishima o viu.

A bolsa de Midoriya sequer tinha chaveiro.

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.

Nos dias seguintes, Eijirou fugiu da classe 3A como o diabo fugia da cruz. Ele tentava passar discretamente por eles no refeitório durante o intervalo e se atrasava ou se adiantava para aulas para não cruzar com eles nos corredores. A humilhação e vergonha o corroía.

Quanto mais pensava em sua carta mais o medo crescia. Ele não tinha nenhum rascunho da que entregou e o pânico o fazia esquecer o que tinha de fato escrito, os papéis amassados com frases não consideradas boas o suficiente ou erros ortográficos em sua lixeira não lhe ajudavam a lembrar o que tinha dito.

Então, ele ficava na dúvida. Se ele tinha deixado claro que o garoto que gostava era Midoriya, se tinha mencionado olhos verdes ou cabelos verdes, o garoto saberia que tinha recebido a carta errada e talvez lhe entregasse ou contasse a Izuku ele mesmo. Se não tinha dado nenhum desses indicativos, o garoto podia pensar que era mesmo ele e vir atrás de Kirishima, então ele teria que explicar sua falha pessoalmente, para enterrar mais um pouco seu corpo no fundo do poço.

Kirishima não sabia qual opção era pior.

Por isso fugia como se sua vida dependesse disso. Todavia não podia deixar de se sentir curioso: quem era o garoto que tinha uma bolsa igual à de Midoriya? Ele não parecia nada simpático, seus olhos vermelhos não tinham um pingo da doçura dos vermelhos de Eijirou ou dos verdes de Midoriya.

Não aguentando mais a curiosidade que lhe corroia, ele perguntou baixinho no refeitório aos seus amigos:

— Gente, cês sabem quem é o garoto de bolsa vermelha sentado ali sozinho?

Kirishima tinha, sem querer, começado a reparar mais no garoto que recebeu sua carta. Ele sempre sentava sozinho nos intervalos, mexendo no celular e comendo pouco. Não parecia ter amigos dentro do colégio, mas uma vez Eijirou o viu saindo da escola com um cara de cabelo roxo e um homem negro de cachos volumosos e longos, ambos pareciam mais velhos.

Como imaginava, Sero, Denki e Mina olharam na cara dura para o garoto loiro. Era por isso que eles sequer sabiam sobre ele entregar a carta para Midoriya e nem o erro que cometeu: eles eram dados ao estardalhaço e o escândalo. Não eram discretos e acabariam encarando demais Midoriya e só deus sabia o quanto eles iam xingar o garoto de cabelo verde se Eijirou fosse rejeitado. Sabia que era puro carinho e amor e os amava do jeitinho deles, contudo queria mesmo deixar isso em segredo e lidar sozinho com seus sentimentos. Se desse certo, contaria para eles.

Ou era assim que ele pensava antes de tudo dar errado, agora estava feliz que não tinha contado pois Denki o zoaria eternamente por aquilo.

— O Bakugou? Ele é da 3A. Dizem que é tipo o badboy da escola, que bateu numas pessoas, que vive arrumando briga e anda só com pessoal da faculdade. Mas eu nunca vi ele brigar com ninguém, nunca vi ele fazer nada, na verdade. Só fica na dele, calado e trata qualquer um que se aproximar mal. Só deixar ele na dele que não mexe com ninguém. — Mina respondeu, dando de ombros.

— Você conhece todo mundo do terceiro ano! Como? — Denki perguntou.

— Ué, tenho uma informante secreta.

— Ela ta pegando a Ochaco. — Sero falou, mordendo o cachorro-quente que pingava ketchup e carne moída.

Kirishima e Denki engasgaram com seus respectivos sucos ao mesmo tempo.

— Cê tá pegando uma guria do terceiro ano?! Que foda! — Denki falou, com inveja visível.

Ele não tinha superado seu crush em Jirou, do 3B. Gostava apenas de observar a garota de longe, com uma filosofia de que meras pessoas do segundo ano não deviam se atrever a falar com pessoas do terceiro de qualquer jeito. Eijirou se perguntava de onde vinha aquela noção de hierarquia meio sem sentido.

A conversa na mesa dos amigos girou entre as meninas do terceiro ano e o caso de Mina e Ochaco, que estavam apenas ficando por enquanto, entretanto sua amiga parecia bastante envolvida.

Eijirou, no entanto, absorveu a informação. Ótimo, o garoto que recebeu sua carta tinha fama de badboy, brigão e antisocial. Nada parecido com seu Izuku. Por que eles tinham a mesma bolsa?

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Mais algumas semanas depois, perto de fazer um mês desde que entregara a carta, nada havia acontecido. Não para Kirishima , pelo menos.

Midoriya tinha começado a namorar com Todoroki, o riquinho da escola que todas as garotas e garotos gostavam. Kirishima ainda estava tentando digerir o baque e colar de volta os caquinhos de seu coração. O outro parecia tão feliz na foto com seu namorado que Eijirou se convenceu de que tinha que ficar feliz pois ele estava feliz. Mas era difícil.

Hoje, Kirishima estava na sala da diretoria. Suas notas ruins em Gramática e Química as culpadas pela repreensão que levava. A diretora explicava que Eijirou era um bom aluno com bom comportamento, com notas medianas a ótimas em outras matérias e por isso entraria num programa da escola em que alunos mais velhos seriam tutores de alunos mais novos.

Os alunos mais velhos ganham créditos para faculdade e os mais novos poderiam ter ajuda nas matérias que tinham dificuldades. Kirishima comemorou, afinal era uma baita ajuda poder ter alguém com quem estudar que, pelo que a diretora dizia, era mais inteligente e tinha boas notas nas matérias que ele tinha dificuldade.

Finalmente, os humilhados foram exaltados!

Ou foi isso que ele pensou, até a diretora interromper sua alegria.

— Seu tutor em Química e Gramática é do 3A, é um ótimo aluno, com média 10 em Química em todos os três anos do Ensino Médio até agora, ele também é ótimo com Gramática. Eu peço que tenha paciência com o temperamento ruim dele, Eijirou. Ele teve que entrar no programa como punição por brigar com um professor, apesar de estar interessado nos créditos para a faculdade. O nome dele é Katsuki Bakugou, ele irá entrar em contato com você em breve. Nos avise se tiver qualquer problema com ele. Pode voltar pra sala. — ela falou com doçura, lhe sorrindo um sorriso que Eijirou pensou carregar um pouco de pena.

Ele voltou para sala pálido e nervoso. Bakugou? Bakugou não era o nome do garoto que recebeu sua carta? Tinha outro Bakugou no colégio?

Naquele momento Eijirou rezou para que houvesse outro Bakugou no colégio.

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Não tinha outro Bakugou no colégio.

Kirishima estava mudo vendo o garoto loiro de voz profunda e grossa lhe encarar enquanto esperava uma resposta. Ele sequer tinha lhe cumprimentado, apenas empurrado um papel em sua mão e falado algo que ele não escutou de tão nervoso.

— E então? Pode ir na minha casa hoje às 16 horas, ou tá difícil? — ele repetiu, impaciente.

Eijirou assentiu, encarando o piercing do nariz dele ao invés de seus olhos. O metal fino brilhava sob a luz do sol. O tal Bakugou se virou e foi embora ao notar que Eijirou não falaria nada e o ruivo ficou ali em pé no meio do corredor; assustado, nervoso e sozinho.

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De frente para uma porta rosa clara, Kirishima respirou fundo. O papel com marca do suor de suas mãos tinha uma letra delicada que nem parecia combinar com a pessoa que escreveu. Assim como a casa em tons pastéis.

O garoto apertou a campainha.

Um homem loiro com um bigode bagunçado o recebeu, sorrindo. A cada segundo que passava ali, Kirishima sentia que estava na casa errada.

— Olá, você é o garoto que o pivete vai ensinar? Boa sorte. Ele tá lá em cima no quarto. — Uma mulher de cabelos quase brancos e coberta em tatuagens e piercings disse, um sorriso simpático em seu rosto apesar das palavras.

O homem loiro riu.

— Nós somos os Bakugou. Eu sou Masaru e ela é Mitsuki, pais do Katsuki. Você veio pra ter aulas com ele, né? Só ir pro quarto dele, sobe as escadas, à esquerda, segunda porta. E não vai precisar de sorte. — O homem terminou, lançando um olhar para a esposa.

— O que você sabe que eu não sei? — Mitsuki perguntou, desconfiada.

— Uma coisa ou outra. — Ele respondeu para a esposa, então olhou de novo para Eijirou. — Bem-vindo. Pode ficar à vontade.

Eijirou sorriu e pediu licença enquanto tirava os sapatos e entrava na casa com cuidado. Os pais do tal Katsuki pareciam ter uma dinâmica só deles. O ruivo reparou que toda a casa tinha decoração suave, cores pastéis em todo o cômodo. O fazia se sentir acolhido, entretanto a mãe de Katsuki parecia destoar de toda a casa. Não fosse por ela, ainda teria a impressão de estar na casa errada. Todavia, além de ter um estilo parecido com o do filho, ele também era igualzinho a ela, até o corte do cabelo era semelhante.

Não teve como errar o quarto de Katsuki. No meio do bege da parede, uma porta preta com um dragão roxo pintado parecia não combinar com o resto da casa. Kirishima juntou sua coragem e bateu de leve na porta.

Parecendo ter aberto um portal para outro universo, o tal Katsuki o recebeu. O quarto tinha diversos posters e era pintado todo em preto, com luzes de LED vermelhas que iluminavam uma lua vermelha e outras roxas desligadas. Ao prestar mais atenção, Kirishima notou que a lua era uma reprodução do Tsukuyomi infinito, como no plano Olho da lua do anime Naruto e estava cercada por nuvens vermelhas como no simbolo da Akatsuki.

Pelo menos eles já tinham algo em comum, né? Ambos gostavam de Naruto.

— Pode sentar. — Katsuki falou, gesticulando para o chão do quarto perto de uma mesinha baixinha cheia de livros e cadernos.

— Prazer, sou Eijirou Kirishima. — Eijirou disse, se sentando timidamente.

— Katsuki Bakugou.

Assim que o outro também se sentou a tarde se seguiu e entrou pelo meio da noite, as luzes e a LED roxa iluminando o quarto escuro com uma janela discreta coberta com cortinas, o ar-condicionado sendo o único responsável por não deixar o calor tomar conta do local.

Apesar de meio calado e grosso, sem um pingo de paciência para os erros de Eijirou, o ruivo tinha que admitir que ele sabia ensinar e parecia mesmo inteligente. Ali, com um cuidado mais individual e alguém pra pegar em seu pé sempre que se distraia (ao invés de ser a distração, como acontecia quando tentava estudar com Denki, Sero ou Mina) ele estava entendendo melhor o assunto que eles se dedicaram a estudar hoje, Química Orgânica.

Mais importante ainda, o tal Bakugou parecia sequer lembrar sobre a carta de Eijirou. Apesar de não lembrar exatamente o que escreveu, ele sabia que tinha no mínimo um “eu te amo”, “você é lindo” e “meu nome é Eijiro Kirishima”. Era um mistério o que tinha acontecido com sua carta depois de parar na bolsa errada, mas se o preço para nunca passar pelo constrangimento de explicar a situação a outra pessoa era morrer sem saber disso, ele pagava com satisfação.

Todavia, sua alegria não durou muito. Assim que ele pediu licença a Bakugou para ir ao banheiro depois de duas horas direto estudando, ele voltou para encontrar lanches espalhados pelo quarto, a TV estava ligada e o outro garoto parecia tentar conectar um videogame ao aparelho. A luz principal do quarto desligada e apenas as LEDs vermelhas brilhando, destacando o desenho da lua vermelha na parede preta.

Até aí, Eijirou se animou pensando que ia ganhar sua recompensa por se esforçar tanto nos estudos, mas quando Katsuki notou que ele voltara e se virou as palavras que saíram da boca dele fizeram Kirishima desejar ter ido descarga abaixo com seu xixi quando foi no banheiro.

— Então, sobre sua carta…

— FOI SEM QUERER! — Kirishima gritou, sem pensar muito.

Se pensasse demais não conseguiria se explicar.

— O quê? — A voz de Bakugou soou baixinha no quarto.

— Foi sem querer. Era uma carta para o Midoriya, eu tenho gostado dele por uns meses. Mas eu confundi a bolsa de vocês, a vermelha que é igual a dele e coloquei na sua. Foi um acidente. Desculpa.

Kirishima ergueu o olhar para Bakugou a tempo de vê-lo encarando um pedaço de papel em sua mão e então suspirar e jogar o papel atrás de si de qualquer jeito.

— Pro Deku, huh? Beleza. Acabou o estudo de hoje, pode ir embora. Sexta… sexta não posso. Semana que vem a gente marca na quarta de novo, ta? — Bakugou o perguntou no mesmo tom rude de quando ele tinha respondido uma pergunta errada mais cedo.

Kirishima mordeu sua bochecha. Naquela situação era mesmo melhor ter dito a verdade, mas também não queria aquele clima estranho até o fim do ano se tivesse que continuar estudando com ele.

— Por que vocês têm a mesma bolsa? — Eijirou perguntou baixinho, ainda pensando no que poderia dizer ao outro.

Bakugou suspirou, cansado e irritado.

— Nossas mães são amigas, a gente se conhece desde pirralho. A Inko teve a brilhante ideia de comprar bolsas iguais pro filho dela e pra mim.

— E por que você usou? Não parece que gostou do presente.

— Porque é a Inko. Não gosto do seu crush, mas a mãe dele é um doce, não tem como odiar essa mulher, eu juro que tentei. Parece que ela aprendeu todo prato apimentado da culinária mundial, só porque eu disse que gostava. Ainda tem Kimchi que ela mandou pra gente na geladeira. Ela me deu a bolsa e queria me ver usando, eu não podia simplesmente não usar. A velha insuportável também ia me dar uma surra se eu não usasse. — Bakugou respondeu, o rosto corado e contrariado como se não quisesse admitir aquilo.

Kirishima sorriu. Por mais rude e distante que seu novo professor particular fosse, ele tinha um coração. Escondido em algum lugar. Talvez.

— Que doce. Ah! E o Midoriya não é mais meu crush. Mais ou menos. Ele começou a namorar o Todoroki, então o plano é esquecer ele.

— E você tá seguindo o plano? — Bakugou perguntou, desacreditado.

— Mais ou menos. Não é facil simplesmente desgostar de alguém do nada. — Kirishima admitiu.

— Eu sei. — Bakugou concordou, o tom meio resignado e triste.

— Você… ia me pedir pra ir embora de qualquer jeito, ou foi só porque eu disse que a carta não era pra você? — Kirishima perguntou hesitante.

— Importa?

— Sim. Se você quiser ainda podemos jogar e comer besteira. Que jogos você tem? — Kirishima perguntou, um sorriso de canto em seus lábios.

Bakugou bufou.

— Entra, vamo jogar. — E só então Kirishima notou que ainda estava no batente da porta do quarto do loiro, finalmente entrando.

Ao se aproximar da pequena estante que servia de suporte para a televisão para pegar a pilha de jogos de Bakugou, Kirishima viu um pedaço de papel, que parecia o mesmo que o outro segurava antes.

Bakugou estava pegando chocolates em sua bolsa e jogando em cima da cama.

Sabendo que não devia, entretanto curioso pela mudança de atitude do mais velho quando disse que a carta não era pra ele e achando que aquele papel pudesse ter respostas, Kirishima desdobrou a folha branca de papel.

Um desenho seu enfeitava o papel claro. No desenho, Eijirou estava sentado num banco de madeira, um arbusto florido à sua direita e um livro em suas mãos. Eijirou sabia onde era aquilo. Era o banco da escola onde ele gostava de ler. A única cor a enfeitar o desenho era vermelho, que coloria as flores do arbusto, o cabelo e os olhos de Kirishima, além de seus lábios e suas meias.

Era lindo. Delicado e doce. Kirishima não se lembrava de ser tão bonito quando se olhava no espelho, contudo se era tão bonito quanto aquele desenho mostrava ele devia melhorar sua autoestima imediatamente.

— Quem mandou você mexer nisso? — Bakugou perguntou atrás dele e Kirishima congelou.

O que deveria falar? O que significava aquele desenho?

— Desculpa. Eu vi você jogando o papel aqui quando eu entrei, eu… desculpa. É lindo. Eu to mais lindo aqui do que eu sou de verdade. — Kirishima riu, olhando para o desenho.

— Não. Você é mais bonito que o desenho. Nem ficou tão bom.

Bakugou parecia mais bravo do que tímido, apesar das bochechas coradas. Ele tomou o desenho de suas mãos com cuidado, escondendo-o num caderno e colocando dentro de sua bolsa.

Kirishima não escondia seu rosto da cor de seu cabelo. O vermelho intenso pelo elogio inesperado pintava suas bochechas e ele parecia um morango.

O que aquele desenho significava? Seu coração batia forte e seu último neurônio inteligente lhe fornecia a resposta, contudo ele não conseguia acreditar.

Bakugou se jogou em sua cama com um suspiro frustrado. Eijirou reparou um biquinho fofo nos lábios dele.

— Você já viu a porra do desenho, foda-se essa caralha. A merda tá feita.

Ele fechou os olhos com força, respirando pausadamente e a tensão em Eijirou crescia.

— Eu… sou … er… Ai que inferno, viu? Tão mais fácil se aquela carta fosse pra mim, puta que pariu. Eu gosto de você, beleza? Gosto de você há, sei lá, um ano, eu acho. Esse foi o primeiro desenho que eu fiz seu, só porque eu tava entediado e queria desenhar alguma coisa. Aí comecei a prestar atenção em ti e sei lá. Só aconteceu.

Kirishima não conseguiu responder nada. Alguém gostava dele? Alguém gostava dele de verdade, há tanto tempo?

Ah, não! A carta!

Kirishima não conseguia nem imaginar como seria estar no lugar de Bakugou. Receber uma carta do garoto que você gosta dizendo que gosta de você e depois descobrir que foi um mal entendido? Kirishima estaria destroçado se fosse ele.

Eijirou amaldiçoou sua falta de atenção. Se pelo menos tivesse dado a carta à pessoa certa! Mesmo que fosse rejeitado, ao menos outra pessoa não teria que sair magoada também.

— Se você achou que a carta era pra você até agora por que não falou comigo antes? — Eijirou perguntou.

Pelo menos teriam resolvido o mal entendido antes.

— Eu tava com vergonha. Sei lá, não acreditei que era verdade, pensei que fosse pegadinha e tava tímido de falar com você. No fim, eu tava até certo. — Bakugou falou, amargo.

Kirishima olhou para baixo. Não sabia o que dizer. Nem o que fazer.

Tinha mesmo alguém que gostava dele? Uma pessoa bonita e inteligente como Bakugou?

Por mais que parecesse e até fosse rude, grosso, impaciente, boca suja e antisocial, naquele mesmo dia Kirishima viu uma rachadura no que parecia ser o muro que o outro construiu entre si e os outros. Ele tinha um lado sensível. Sua consideração por Inko e aquele desenho o diziam isso.

— Então… você gosta de mim? — Eijirou perguntou.

— Eu acabei de dizer, né, imbecil. Ai, como eu sou idiota, ainda escolhi você pra tutorar. — Bakugou murmurou, esfregando o rosto com raiva.

— Você me escolheu?! — Kirishima perguntou, surpreso.

— Foi. Eu podia escolher quem ia tutorar. Escolhi você porque achei que era hora de falar com você de uma vez. Serviu pra alguma coisa, pelo menos.

Kirishima mordeu seu lábio inferior. Olhou para Bakugou, claramente sem graça e tímido. Não esperava jamais achá-lo fofo, entretanto era a única palavra para descrevê-lo naquele momento.

Bem, Midoriya já estava namorando outro e muito feliz. Kirishima havia se resignado com seus sentimentos.

Talvez…

— A gente ainda pode ser amigo. — Kirishima rompeu o silêncio. — A gente pode ser amigo, se conhecer e conversar, se você quiser. Eu acho muito injusto usar uma pessoa pra esquecer a outra, então não to falando da gente ficar junto e pronto. Mas a gente pode se conhecer, né? Conversar. A gente pode ser amigo e no futuro, sei lá. No futuro a gente vê. Mas agora cê parece um cara legal com um videogame maneiro e eu adoraria ser seu amigo.

— Então você quer garantir o videogame e um tutor prodígio? — Bakugou perguntou com uma expressão desconfiada, tentando esconder o sorriso em seus lábios.

Mas ele não conseguiu disfarçar o tom brincalhão que mostrava que ele entendeu as intenções de Kirishima.

Não queria usar uma pessoa para esquecer a outra e nem se aproveitar de Bakugou.

Todavia, tinha alguém que gostava dele e que parecia ser alguém interessante e legal, no fundo. Kirishima ainda tinha sentimentos por Midoriya e tinha que resolver isso pro seu próprio bem, também não prometia se apaixonar por Bakugou quando não gostasse mais de Midoriya.

Ele só queria um amigo.

E o que acontecerá no futuro só o futuro poderá dizer.

Agora, ele queria jogar com alguém e comer os chocolates que estavam na cama de Bakugou.

— Não. Eu quero um amigo. Se você acha que a gente pode ser amigo e quiser ser meu amigo, perfeito.

— E o que eu ganho sendo seu amigo? — Bakugou perguntou.

— Eu… sei fazer lasanha. E faço piadas engraçadas. Eu acho. E eu tenho um cachorro muito fofo.

Bakugou semicerrou os olhos em desafio.

— Prove.

Kirishima pegou seu celular e abriu a pasta chamada Maui, dedicada ao seu pitbull, companheiro de dois anos de idade que ele cuidava como se fosse seu filho, porque era. Mostrou o vídeo mais recente para o outro, vendo a expressão dele amolecer ao ver o grande pittbul dormindo debaixo de um cobertor com tema de Moana e abraçando um galo de pelúcia que imitava o animal do filme.

Antes que Bakugou pudesse se recuperar, Kirishima passou para o próximo vídeo, com Maui latindo alto animado chamando o dono para passear, brincando com a própria coleira e pulando pela casa.

— Okay, ele é fofo. Seremos amigos e a próxima aula é na sua casa. — Bakugou falou.

— Não vale ir pra minha casa e não me ensinar e só ficar brincando com meu cachorro. — Kirishima falou, um sorriso brincando em seus lábios.

— Vale sim. Quer apostar? — Bakugou respondeu.

Eles demoraram a decidir qual videogame jogar, e Kirishima duvidou daquela doçura que vira no outro depois de perder três partidas seguidas e descobrir como Bakugou era péssimo vencedor.

Naquele dia, eles comeram, jogaram, riram e brigaram por causa dos jogos, todo o assunto da carta e crushes guardados no fundo de suas mentes para remoer depois, sozinhos.

No dia em que Bakugou foi para a casa de Kirishima o mais novo ficou feliz de não ter apostado, pois Katsuki realmente lhe entregou uma lista de exercicios para responder sozinho e foi brincar com Maui, dando a desculpa de que era para saber quais assuntos Eijirou sabia e quais tinha dificuldade.

Não adiantou dizer que não sabia nada e os assuntos que tinha dificuldade eram todos quando se tratava de Química, Bakugou apenas pegou o primeiro brinquedo que viu pela frente e começou a brincar com Maui pela casa e fugindo para o quintal toda vez que Kirishima tentava ir atrás dele.

Muitas outras aulas se seguiram e de fato, a amizade veio. Junto com outros sentimentos e novos amigos de ambos os lados.

Será que os humilhados serão exaltados e os dois ficarão juntos no final?

Bem, isso permanece um mistério.




notas: espero que tenham gostado! essa fic faz parte do desafio clichê às avessas da Polibio e meu tema era:

20 - Personagem A recebe um bilhetinho anônimo de declaração, por trás de uma coluna o personagem B observa a tudo, sentindo a barriga esfriar... ao perceber que colocou o bilhete na mochila errada.

e eh isto, sexta-feira eu posto a proxima fic desse mesmo desafio com outro tema, até lá <3

15 Juillet 2020 22:11 0 Rapport Incorporer Suivre l’histoire
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La fin

A propos de l’auteur

Luray Armstrong Oiii Sou não binário e pansexual. Pronomes masculinos: ele/dele. Obrigado! Viciado em: SasuNaru, KiriBaku, WangXian. No meu perfil você encontra fics de Naruto, BNHA, PJO e em breve MDZS. Sejam bem viad0s! arte do perfil: Nathy Maki

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